16 abril 2022

O 4º Poder


Autor: Rev. Welfany Nolasco Rodrigues

 



Isaías 33.22
Introdução: Um país democrático é regido por 3 poderes: Judiciário, Legislativo e Executivo1. Mas existe um quarto poder: a Igreja. Na idade média a igreja exerceu poder político equivocado deixando seu papel sacerdotal. Desde a separação entre igreja e estado2, o mundo tem desprezado o poder da Igreja e esta também tem se esquecido de exercer seu papel espiritual sobre a sociedade. Todo e qualquer poder só é legítimo quando reconhece o poder de Deus.

Qual é o quarto poder?
Vamos analisar cada um dos 3 Poderes e depois sobre o 4º Poder, concluindo que todos os poderes pertencem a Deus:

1- JUDICIÁRIO
Isaías 33.22ª “o SENHOR é o nosso juiz”

O poder Judiciário é o que julga e faz valer as leis, promovendo a justiça. Age em todas as instâncias, federal, estadual e regional através das comarcas. Os juízes, promotores e advogados são os personagens mais comuns no judiciário. Quando uma causa não satisfaz ao requerente, este pode recorrer a uma instância superior.
As injustiças vistas todos os dias têm levantado questionamentos e mostrado como a justiça humana é falha (Jeremias 17.5). Por isso recorremos a um Poder Superior (I Samuel 24.15). A Deus pertence a justiça, pois “Deus é justo juiz, Deus que sente indignação todos os dias” (Salmos 7.11). Todo juiz é passível do próprio julgamento que faz e está sujeito às leis, podendo ser condenado da mesma forma (Romanos 2.21). Mas Deus está acima de tudo isso porque as “suas obras são perfeitas, porque todos os seus caminhos são juízo; Deus é fidelidade, e não há nele injustiça; é justo e reto” (Deuteronômio 32.4). A justiça Divina é imparcial porque “Deus julgará o justo e o perverso” (Eclesiastes 3.17).
Sabemos que “que a justiça de Deus se revela no evangelho” (Romanos 1.17). Diante das injustiças deste mundo, confie que “não fará justiça o Juiz de toda a terra?” (Gênesis 18.25). Nunca tente fazer justiça com as próprias mãos (Hebreus 10.30), nem confie na justiça humana, embora deva exigir seus direitos legais. O mais importante é confiar que Deus fará justiça “porque está escrito: A mim me pertence a vingança; eu é que retribuirei, diz o Senhor” (Romanos 12.19). No último dia Deus fará um grande julgamento onde toda a verdade será revelada (Apocalipse 20.12). Se justiça humana falhar, Deus não falha.
Confie na Justiça de Deus!

2- LEGISLATIVO
Isaías 33.22b “o SENHOR é o nosso legislador”

O poder Legislativo é responsável por formular as leis e fiscalizar o seu cumprimento. Os vereadores, deputados estaduais e federais, bem como o senado, são os representantes do legislativo. Os temas discutidos e aprovados pelos legisladores determinam as leis do país.
Muitas leis são aprovadas com base na opinião popular. Contudo, não podemos esquecer que Deus é o supremo Legislador (Tiago 4.12) e que a Sua vontade deve ser considerada para “observai os meus estatutos, guardai os meus juízos e cumpri-os; assim, habitareis seguros na terra” (Levítico 25.18). As primeiras leis foram criadas por Deus e até as normas da natureza foram estabelecidas por Ele (Gênesis 1.16-18). Quando o homem muda as leis de Deus cria desordem e caos.
A Palavra de Deus declara “Ai dos que decretam leis injustas, dos que escrevem leis de opressão” (Isaías 10.1). Leis justas defendem os direitos dos oprimidos e evitando que venham legislar em causa própria (Salmos 94.20). As leis devem ser imparciais para todo o povo (Levítico 24.22), pois “dois pesos e duas medidas, uns e outras são abomináveis ao SENHOR” (Provérbios 20.10).
Somente a “lei do Senhor é perfeita” (Salmos 19.7) e toda lei humana é passível de erro. Precisamos ter a Palavra de Deus como princípio ético e moral para a sociedade (Isaías 8.20). Por isso a Igreja deve influenciar nas leis fazendo valer seus direitos como cidadãos (Isaías 8.12,13). A inversão de valores tem prejudicado as famílias, mas “ai dos que ao mal chamam bem e ao bem, mal; que fazem da escuridade luz e da luz, escuridade; põem o amargo por doce e o doce, por amargo” (Isaías 5.20). A Palavra de Deus é imutável, por isso deve servir de baliza para as leis humanas.
As leis de Deus são eternas!

3- EXECUTIVO
Isaías 33.22c “o SENHOR é o nosso Rei”

O poder executivo tem a tarefa de fazer cumprir as leis. Os prefeitos, governadores e principalmente o presidente da república, são os representantes do poder executivo nos níveis municipal, estadual e federal. Dentre os outros dois poderes, este é um dos mais visados pelo povo, porque tem a função administrativa de fazer chegar à população os seus direitos.
Quando lemos na Bíblia sobre reino e reis, podemos entender o que é para nós hoje a república “pois do SENHOR é o reino, é ele quem governa as nações” (Salmos 22.28). No tempo antigo as nações eram governadas por reis em um regime de dinastia que passava de pais para filhos. Muitos reinos eram conquistados por meio de guerras. Embora ainda existam países com regime monárquico, sua monarquia geralmente não é absoluta como antes, dependendo também de parlamentares e outras instâncias governamentais (Daniel 3.2,3 e 6.7). Hoje podemos eleger os nossos governantes e influenciar diretamente nas suas decisões.
Nossos governantes precisam temer a Deus porque “se o governador dá atenção a palavras mentirosas, virão a ser perversos todos os seus servos” (Provérbios 29.12). Se um governante comete um erro, muitas pessoas são prejudicadas (Eclesiastes 10.5). A Igreja deve ajudar a sociedade e “lembra-lhes que se sujeitem aos que governam, às autoridades; sejam obedientes, estejam prontos para toda boa obra” (Tito 3.1). Antes das eleições é o momento certo de definir quem vão ser os nossos representantes, depois não adianta se rebelar e reclamar como pessoas que “também rejeitam governo e difamam autoridades superiores” (Judas 1.8). O povo de Deus deve ser o primeiro a dar exemplo de obedecer às leis e fazer o que é certo. Reconhecemos que “Deus é o Rei de toda a terra” (Salmos 47.2 e 7), mas devemos obedecer às nossas autoridades instituídas por Deus através de nós (I Pedro 2.13-17).
Deus é o Rei de toda a terra!

4- ECLESIÁSTICO
Isaías 33.22d “ele nos salvará”

O quarto poder pertence à Igreja de Cristo. O poder eclesiástico exerce a função de levar a salvação para todas as pessoas. Este poder é espiritual e não apenas humano. Apenas exercemos este poder sob a direção e mandato Divino.
O mesmo poder que Deus deu ao homem para “dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus e sobre todo animal que rasteja pela terra” (Gênesis 1.28), mas que com o pecado, a humanidade cedeu esta autoridade ao diabo (Lucas 4.6), Deus requer novamente para si novamente através de Jesus (I Coríntios 15.24), que por sua vez nos cedeu “autoridade para pisardes serpentes e escorpiões e sobre todo o poder do inimigo, e nada, absolutamente, vos causará dano” (Lucas 19.10). O poder do diabo sobre o mundo foi destituído por Cristo (I João 3.8). Então através de Jesus o homem volta a ter poder sobre a terra, porque “os céus são os céus do SENHOR, mas a terra, deu-a ele aos filhos dos homens” (Salmos 115.16).
A separação da Igreja e estado garantiu a liberdade religiosa para todos. A Igreja deve aproveitar esta oportunidade para exercer seu papel evangelístico. Infelizmente a secularização tem avançado sobre a Igreja tentando que esta deixe de influenciar a sociedade positivamente. Não podemos nos aproveitar disso para usufruir de influências políticas. A Igreja deve exercer o poder de Deus sobre o mundo e não o poder do mundo sobre a igreja. Usar de artifícios políticos através da igreja, ou usar a igreja para alcançar postos políticos é um grave engano que as lideranças eclesiásticas precisam evitar. Mesmo assim, podemos ter representantes da igreja em todos os setores da sociedade, como grandes líderes da Bíblia que exerceram funções políticas em outras nações, por exemplo, Daniel, Neemias e Ester.
Não podemos esquecer que somos os “eleitos de Deus” (Romanos 8.33). Como servos do Senhor, “somos embaixadores em nome de Cristo” (II Coríntios 5.20). Jesus nos deu até mesmo “poder e autoridade sobre todos os demônios, e para efetuarem curas” (Lucas 9.1). Não podemos esquecer que todo poder pertence a Cristo (Efésios 1.21) e que somente em seu nome temos autoridade (Atos 4.12). Jesus nos chamou para ser “sal e luz” deste mundo (Mateus 5.14). Devemos usar nossa autoridade espiritual para abençoar nossa terra, pois Deus “nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus” (Efésios 2.6) e temos livre acesso ao maior de todos os poderes que pode transformar todas as coisas.
A Igreja tem poder espiritual sobre a terra!

Todo poder pertence a Deus!

CONCLUSÃO
Mateus 28.18 “Jesus, aproximando-se, falou-lhes, dizendo: Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra”.

Acima de tudo não podemos esquecer “que o poder pertence a Deus” (Salmos 62.11). Não podemos desprezar as autoridades “porque não há autoridade que não proceda de Deus; e as autoridades que existem foram por ele instituídas” (Romanos 13.1). Por isso precisamos entender o papel de cada poder e assumir a nossa parte, além de render a Deus o que lhe é devido (Lucas 20.25).
O 4º Poder confere ao povo de Deus a autoridade espiritual para ligar na terra o que Deus tem ligado no céu (Mateus 16.19). Através de Cristo, podemos entrar na presença do Rei dos reis em seu trono de graça (Hebreus 10.20). Com isso, o Corpo de Cristo, que é a Igreja (I Coríntios 12.27), deve estar presente nos outros três poderes, para criar leis justas, executar a justiça e julgar corretamente, levando a presença e a vontade de Deus em cada área da sociedade.
As maiores decisões não são tomadas nos palácios ou tribunais e sim nos quartos fechados onde há alguém em oração diante de Deus (Mateus 6.6).
IGREJA: exerça seu papel na sociedade!

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