TEXTO PRINCIPAL
“Neste deserto cairá o vosso cadáver, como também todos os que de vós foram contados segundo toda a vossa conta, de vinte anos para cima, os que dentre vós contra mim murmurastes.” (Nm 14.29).
RESUMO
A tentação da murmuração contra Deus fez os israelitas perderem uma geração inteira no deserto. Sabemos que Deus libertou Israel da escravidão e que o povo pagou um preço bem alto por ter reclamado do Senhor: toda uma geração morreu no deserto. No Novo Testamento, o apóstolo Paulo adverte os crentes a não seguirem o exemplo de alguns israelitas no deserto, pois estes pereceram pelo destruidor (1Co 10.10).
A Palavra de Deus diz:
__1Co 10.5 Deus não se agrada de murmuradores
— Êx 15.23 Murmuração em Mara
— Êx 17.1,2 Murmuração em Refidim
— Êx 17.7 Deus está conosco ou não?
— Nm 13.32 A terra que consome
— Nm 14.37 Consequência de tentar a Deus
OBJETIVOS
MOSTRAR que os hebreus desprezaram a presença de Deus durante a caminhada rumo à Terra Prometida;
EXPLICAR as consequências de os espias terem infamado a terra que Deus disse que era boa;
EXPOR a causa do atraso de quarenta anos na entrada da Terra Prometida.
Diante das dificuldades o povo de Deus sempre caia na tentação da murmuração.
TEXTO BÍBLICO
Números 13.25-33.25 — Depois, voltaram de espiar a terra, ao fim de quarenta dias.26 — E caminharam, e vieram a Moisés, e a Arão, e a toda a congregação dos filhos de Israel no deserto de Parã, a Cades, e, tornando, deram-lhes conta a eles e a toda a congregação; e mostraram-lhes o fruto da terra 27 — E contaram-lhe e disseram: Fomos à terra a que nos enviaste; e, verdadeiramente, mana leite e mel, e este é o fruto.28 — O povo, porém, que habita nessa terra é poderoso, e as cidades, fortes e mui grandes; e também ali vimos os filhos de Anaque.29 — Os amalequitas habitam na terra do Sul e os heteus, e os jebuseus, e os amorreus habitam na montanha; e os cananeus habitam ao pé do mar e pela ribeira do Jordão.30 — Então, Calebe fez calar o povo perante Moisés e disse: Subamos animosamente e possuamo-la em herança; porque, certamente, prevaleceremos contra ela.31 — Porém os homens que com ele subiram disseram: Não poderemos subir contra aquele povo, porque é mais forte do que nós.
32 — E infamaram a terra, que tinham espiado, perante os filhos de Israel, dizendo: A terra, pelo meio da qual passamos a espiar, é terra que consome os seus moradores; e todo o povo que vimos no meio dela são homens de grande estatura.33 — Também vimos ali gigantes, filhos de Anaque, descendentes dos gigantes; e éramos aos nossos olhos como gafanhotos e assim também éramos aos seus olhos.
INTRODUÇÃO
Fazer um passeio turístico por um deserto, quando se está com roupas apropriadas, um veículo adequado e suprimentos pode ser uma aventura radical. No entanto, andar pelo deserto por 40 anos, sabendo que jamais sairá dele vivo, e consciente de que não verá a promessa de Deus se cumprindo na sua vida, é desanimador.
Veremos que esse foi o preço pago pelos israelitas, que haviam recebido a promessa de Deus, de saírem da escravidão e entrarem numa terra onde seriam donos de sua própria liberdade e ainda teriam a proteção e a bênção de Deus, se fossem obedientes aos seus Mandamentos. Contudo, por terem tentado a Deus, deixaram de receber a promessa do Senhor, e pagaram com suas próprias vidas por sua incredulidade e rebeldia.
I. DESPREZANDO A PRESENÇA DE DEUS NA CAMINHADA
1. As águas amargas em Mara. Moisés registra que, após saírem do Mar Vermelho, os hebreus andaram na direção do deserto de Sur por três dias, sem encontrar água (Êx 15.22). Ao chegar a uma localidade chamada Mara, encontraram água, mas logo descobriram que elas eram amargas (Êx 15.23). Não se consegue matar a sede em um deserto bebendo uma água com sabor desagradável. Na prática, provavelmente se tratava de águas com um sabor diferenciado pela presença de minerais, o que pode ter causado estranheza aos israelitas sedentos. É curioso que os mesmos israelitas que bebiam das águas nada saudáveis do rio Nilo, reclamassem das águas amargas de Mara. Na escravidão, não reclamavam do que eram obrigados a beber, mas bastou ficarem livres que passaram a reclamar de tudo. De qualquer forma, a postura deles não foi buscar a ajuda de Deus em oração, mas sim murmurar contra Moisés (Êx 15.24). Então, o servo de Deus clama ao Senhor, e Este o orienta a lançar um pedaço de madeira na água, e a água ficou boa para beber (Êx 15.25). Ali, naquela situação, Deus os provou (Êx 15.25). Além de tornar a água agradável para o consumo, Deus garantiu aos hebreus que se eles o obedecessem, não teriam nenhuma das enfermidades que foram vistas nos egípcios (Êx 15.26).
2. O envio do Maná. Passados mais alguns dias, os hebreus novamente murmuraram contra Moisés e apresentaram a Arão suas queixas (Êx 16.2). Por qual motivo? Por não terem o que comer. Eles não pediram alimentos a Deus. Era mais fácil colocar a culpa em Moisés, do que se lembrarem de que haviam sido escravos de Faraó. As suas memórias não estavam nos milagres que haviam presenciado, mas nas panelas com carne e nos pães que comiam “até fartar” (Êx 16.3). É importante observar que o esquecimento é muito próximo da ingratidão. Os hebreus não agradeceram a Deus pela liberdade nem pela provisão recebida. Eles preferiram permanecer como escravos bem alimentados e murmuraram contra Deus (Êx 16.7). Em sua bondade, o Senhor proveu a carne e o pão. enviando codornizes de tarde e o maná pela manhã (Êx 16.13). E mesmo com a orientação de Deus, de nos dias da semana, pegarem somente o maná necessário, houve israelitas que se apropriaram de mais do que precisavam, tentando estocar alimentos. A desobediência lhes rendeu bichos e mau cheiro nos alimentos. A lição necessária para que confiassem no Senhor seria aprendida com bastante dificuldade.
3. As águas de Refidim. Como se fossem poucas essas duas ocorrências anteriores. Moisés registra uma nova murmuração dos israelitas contra Deus. Ao chegarem em Refidim, e percebendo que não havia ali água, logo se puseram a reclamar contra Moisés (Êx 17.2). Esse relato nos evidencia duas verdades: era comum o povo reclamar contra Moisés, e essas murmurações eram vistas por Deus como um pecado contra Ele. Os hebreus chegaram a dizer: “Está o SENHOR no meio de nós, ou não” (Êx 17.7). Duvidar da presença de Deus junto a nós pelo fato de faltarem um ou mais elementos essenciais à vida é falta de confiança na provisão divina! Não podemos ser imaturos na fé ao ponto de acreditar que se passamos por dificuldades é porque Deus não está conosco. Na verdade, tanto a fartura quanto a escassez devem nos levar a Ele.
O que significa murmurar? Murmurar significa falar mal de alguém ou algo, lamentar-se, queixar-se. A liderança é cara, porque a culpa pela adversidade recai nos líderes. Essas pessoas sabiam que Moisés era homem de Deus; por isso, o pecado também era contra Deus. Grandes experiências com Deus não curam necessariamente o coração mau e queixoso. A murmuração cessa apenas quando crucificamos o eu e entronizamos a Cristo (Ef 4.31,32). A única coisa que Moisés poderia fazer era clamar ao Senhor. Não há dúvida de que teria fornecido água potável em resposta à fé paciente de Israel, se tivessem permanecido firmes. O Senhor às vezes satisfaz nossos caprichos em detrimento da fé. Aqui, as águas se tornaram doces, quando Moisés lançou um lenho nelas, mas a fé de Israel continuou fraca. Desconhecemos o método natural que explica este milagre. Deus usou esta ocasião para ensinar uma lição a Israel, dando-lhes estatutos e uma ordenação. Se as pessoas ouvissem a Deus e obedecessem inteiramente à sua palavra, elas seriam curadas de todas as enfermidades que Deus tinha posto sobre o Egito. Assim como Deus curou as águas amargas de Mara, assim Ele curaria Israel satisfazendo-lhe as necessidades físicas e, mais importante que tudo, curando o povo de sua natureza corrompida. Deus queria tirar o espírito de murmuração do meio do povo e lhe dar uma fé forte.” (Comentário Bíblico Beacon. Volume 1. Rio de Janeiro, CPAD, 2005, p.175).
II. INFAMANDO A TERRA QUE DEUS DISSE QUE ERA BOA
1. Uma honra transformada em uma vergonha. Para que os hebreus pudessem entrar na terra que Deus lhes havia prometido, era preciso saber quem estava residindo nela. Um trabalho de inteligência precisava ser montado para que eles pudessem ser bem-sucedidos na conquista daqueles territórios. O fato de Deus estar com eles não os isentava de serem precavidos e, acima de tudo, observadores. Então, Moisés escolheu representantes das tribos, homens tidos por “cabeças” (Nm 13.3). Isto significa que eram influentes, e tinham poder de convencimento diante de seus irmãos. A missão deles era saber “que terra é, o povo que nela habita; se é forte ou fraco, se é pouco ou muito” (Nm 13.18). Certamente Deus poderia revelar todos esses detalhes a Moisés, sem que fosse necessário escolher homens para uma missão tão arriscada. Mas, aqueles homens teriam a honra de cooperar com o plano de Deus. Eles, até hoje, são lembrados por terem cumprido a sua missão e influenciado negativamente a opinião do povo diante daquilo que Deus havia falado. Em nossos dias, essa cena parece se repetir: pessoas que deveriam ser úteis na obra de Deus, cooperando com o Senhor, acabam influenciando outras pessoas para direções opostas, tornando-se, assim, inúteis.
2. Quando príncipes se veem como insetos. “Éramos aos nossos olhos como gafanhotos e assim também éramos aos seus olhos” (Nm 13.33). Quem fez essa declaração? Os mesmos homens que a Bíblia diz que eram os cabeças dos filhos de Israel (Nm 13.3). A orientação divina era que homens capacitados na liderança fossem enviados para espionar a terra. Eles a espiaram, mas, ao retornarem da missão, falaram coisas ruins da terra que Deus havia dito que era boa. Eles chegaram a dizer que se pareciam com gafanhotos diante dos moradores de Canaã, apresentando igualmente uma opinião do povo da terra sobre eles. Como é triste obedecer a Deus no início da caminhada, e perder a visão do que Ele quer fazer no percurso.
3. Desqualificando o que Deus disse que era bom. “E infamaram a terra, que tinham espiado, perante os filhos de Israel, dizendo: A terra, pelo meio da qual passamos a espiar, é terra que consome os seus moradores; e todo o povo que vimos no meio dela são homens de grande estatura” (Nm 13.32). Da mesma forma que Satanás, no Éden, enganou de forma proposital o primeiro casal desqualificando o que Deus disse, os espias, exceto Josué e Calebe, desqualificaram a terra que por séculos Deus estava preparando para os filhos de Abraão. Toda tentação, em algum nível, busca tornar inútil, ou de pouco valor, aquilo que Deus disse que era bom, e tenta tornar valioso o que Deus disse que não deveria ser valorizado.
III. UM ATRASO DE QUARENTA ANOS
1. Quando a promessa de Deus é mudada. Os israelitas descobriram, ao longo dos 40 anos seguintes, que desprezar a Deus e a sua Palavra tinha consequências terríveis. O deserto não havia sido escolhido para que eles perdessem suas vidas (Êx 13.17). Deus sabia que os hebreus não tinham experiência de combate, e por isso os conduziu por outro caminho. O que muitas vezes acreditamos ser uma provação de Deus pode ser, na verdade, uma forma de livramento que Ele nos está dando, para que a sua promessa se cumpra em nossas vidas. Mas, por causa da rebeldia do seu povo, e as constantes murmurações com a quais tentaram ao Senhor, Deus reverteu sua promessa para aquela geração. O Todo-Poderoso não falhou em seus desígnios. Uma geração de hebreus libertos entrou na Terra Prometida, mas foi somente aquela que cresceu no deserto e valorizou a terra que Deus concedeu. Às vezes, Ele nos permite passar por dificuldades para que possamos entender o valor da bênção que Ele reservou para nós.
2. Tentar a Deus é pecado. O que devemos entender diante das narrativas que tratam dos primeiros dias do povo no deserto, é que tentar o Senhor é pecado: “Não tentarás o Senhor, teu Deus” (Mt 4.7). Por não verem a Deus, os hebreus queixavam-se dos homens que Ele havia escolhido para libertá-los e conduzir rumo à Terra Prometida. A geração que saiu do Egito teve todas as oportunidades de vivenciar duas experiências marcantes: a liberdade da escravidão e a chegada no lugar que Deus lhes reservara. Contudo, por causa da tentação, os homens que infamaram a terra “morreram de praga perante o SENHOR” (Nm 14.37), e os demais hebreus, que se deixaram levar, perderam suas vidas no deserto.
3. Vale a pena desagradar a Deus? Os hebreus precisavam confiar no que Deus havia prometido. Eles já tinham visto o poder do Senhor contra os egípcios, mas, mesmo assim, preferiram atentar para as circunstâncias e tentaram a Deus com sua incredulidade.
Já fomos alcançados pela salvação, mas precisamos aprender a agradar a Deus com nossas ações. Agradamos ao Senhor dando crédito ao que Ele nos diz.
“O julgamento de Deus veio de forma que as pessoas mais temiam. O povo tinha medo de morrer no deserto. Deus o puniu fazendo peregrinar lá até a morte daquela geração.” (Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD. p.11).
CONCLUSÃO
Da mesma forma que Deus não tenta a ninguém, não podemos tentá-lo com nossas palavras, pensamentos ou ações, pois essas são formas de ingratidão contra aquEle que nos salvou e nos tirou da escravidão do pecado. Que jamais sejamos ingratos ou esquecidos das bênçãos que temos recebido dEle.
— Êx 15.23 Murmuração em Mara
— Êx 17.1,2 Murmuração em Refidim
— Êx 17.7 Deus está conosco ou não?
— Nm 13.32 A terra que consome
— Nm 14.37 Consequência de tentar a Deus
OBJETIVOS
MOSTRAR que os hebreus desprezaram a presença de Deus durante a caminhada rumo à Terra Prometida;
EXPLICAR as consequências de os espias terem infamado a terra que Deus disse que era boa;
EXPOR a causa do atraso de quarenta anos na entrada da Terra Prometida.
Diante das dificuldades o povo de Deus sempre caia na tentação da murmuração.
TEXTO BÍBLICO
Números 13.25-33.25 — Depois, voltaram de espiar a terra, ao fim de quarenta dias.26 — E caminharam, e vieram a Moisés, e a Arão, e a toda a congregação dos filhos de Israel no deserto de Parã, a Cades, e, tornando, deram-lhes conta a eles e a toda a congregação; e mostraram-lhes o fruto da terra 27 — E contaram-lhe e disseram: Fomos à terra a que nos enviaste; e, verdadeiramente, mana leite e mel, e este é o fruto.28 — O povo, porém, que habita nessa terra é poderoso, e as cidades, fortes e mui grandes; e também ali vimos os filhos de Anaque.29 — Os amalequitas habitam na terra do Sul e os heteus, e os jebuseus, e os amorreus habitam na montanha; e os cananeus habitam ao pé do mar e pela ribeira do Jordão.30 — Então, Calebe fez calar o povo perante Moisés e disse: Subamos animosamente e possuamo-la em herança; porque, certamente, prevaleceremos contra ela.31 — Porém os homens que com ele subiram disseram: Não poderemos subir contra aquele povo, porque é mais forte do que nós.
32 — E infamaram a terra, que tinham espiado, perante os filhos de Israel, dizendo: A terra, pelo meio da qual passamos a espiar, é terra que consome os seus moradores; e todo o povo que vimos no meio dela são homens de grande estatura.33 — Também vimos ali gigantes, filhos de Anaque, descendentes dos gigantes; e éramos aos nossos olhos como gafanhotos e assim também éramos aos seus olhos.
INTRODUÇÃO
Fazer um passeio turístico por um deserto, quando se está com roupas apropriadas, um veículo adequado e suprimentos pode ser uma aventura radical. No entanto, andar pelo deserto por 40 anos, sabendo que jamais sairá dele vivo, e consciente de que não verá a promessa de Deus se cumprindo na sua vida, é desanimador.
Veremos que esse foi o preço pago pelos israelitas, que haviam recebido a promessa de Deus, de saírem da escravidão e entrarem numa terra onde seriam donos de sua própria liberdade e ainda teriam a proteção e a bênção de Deus, se fossem obedientes aos seus Mandamentos. Contudo, por terem tentado a Deus, deixaram de receber a promessa do Senhor, e pagaram com suas próprias vidas por sua incredulidade e rebeldia.
I. DESPREZANDO A PRESENÇA DE DEUS NA CAMINHADA
1. As águas amargas em Mara. Moisés registra que, após saírem do Mar Vermelho, os hebreus andaram na direção do deserto de Sur por três dias, sem encontrar água (Êx 15.22). Ao chegar a uma localidade chamada Mara, encontraram água, mas logo descobriram que elas eram amargas (Êx 15.23). Não se consegue matar a sede em um deserto bebendo uma água com sabor desagradável. Na prática, provavelmente se tratava de águas com um sabor diferenciado pela presença de minerais, o que pode ter causado estranheza aos israelitas sedentos. É curioso que os mesmos israelitas que bebiam das águas nada saudáveis do rio Nilo, reclamassem das águas amargas de Mara. Na escravidão, não reclamavam do que eram obrigados a beber, mas bastou ficarem livres que passaram a reclamar de tudo. De qualquer forma, a postura deles não foi buscar a ajuda de Deus em oração, mas sim murmurar contra Moisés (Êx 15.24). Então, o servo de Deus clama ao Senhor, e Este o orienta a lançar um pedaço de madeira na água, e a água ficou boa para beber (Êx 15.25). Ali, naquela situação, Deus os provou (Êx 15.25). Além de tornar a água agradável para o consumo, Deus garantiu aos hebreus que se eles o obedecessem, não teriam nenhuma das enfermidades que foram vistas nos egípcios (Êx 15.26).
2. O envio do Maná. Passados mais alguns dias, os hebreus novamente murmuraram contra Moisés e apresentaram a Arão suas queixas (Êx 16.2). Por qual motivo? Por não terem o que comer. Eles não pediram alimentos a Deus. Era mais fácil colocar a culpa em Moisés, do que se lembrarem de que haviam sido escravos de Faraó. As suas memórias não estavam nos milagres que haviam presenciado, mas nas panelas com carne e nos pães que comiam “até fartar” (Êx 16.3). É importante observar que o esquecimento é muito próximo da ingratidão. Os hebreus não agradeceram a Deus pela liberdade nem pela provisão recebida. Eles preferiram permanecer como escravos bem alimentados e murmuraram contra Deus (Êx 16.7). Em sua bondade, o Senhor proveu a carne e o pão. enviando codornizes de tarde e o maná pela manhã (Êx 16.13). E mesmo com a orientação de Deus, de nos dias da semana, pegarem somente o maná necessário, houve israelitas que se apropriaram de mais do que precisavam, tentando estocar alimentos. A desobediência lhes rendeu bichos e mau cheiro nos alimentos. A lição necessária para que confiassem no Senhor seria aprendida com bastante dificuldade.
3. As águas de Refidim. Como se fossem poucas essas duas ocorrências anteriores. Moisés registra uma nova murmuração dos israelitas contra Deus. Ao chegarem em Refidim, e percebendo que não havia ali água, logo se puseram a reclamar contra Moisés (Êx 17.2). Esse relato nos evidencia duas verdades: era comum o povo reclamar contra Moisés, e essas murmurações eram vistas por Deus como um pecado contra Ele. Os hebreus chegaram a dizer: “Está o SENHOR no meio de nós, ou não” (Êx 17.7). Duvidar da presença de Deus junto a nós pelo fato de faltarem um ou mais elementos essenciais à vida é falta de confiança na provisão divina! Não podemos ser imaturos na fé ao ponto de acreditar que se passamos por dificuldades é porque Deus não está conosco. Na verdade, tanto a fartura quanto a escassez devem nos levar a Ele.
O que significa murmurar? Murmurar significa falar mal de alguém ou algo, lamentar-se, queixar-se. A liderança é cara, porque a culpa pela adversidade recai nos líderes. Essas pessoas sabiam que Moisés era homem de Deus; por isso, o pecado também era contra Deus. Grandes experiências com Deus não curam necessariamente o coração mau e queixoso. A murmuração cessa apenas quando crucificamos o eu e entronizamos a Cristo (Ef 4.31,32). A única coisa que Moisés poderia fazer era clamar ao Senhor. Não há dúvida de que teria fornecido água potável em resposta à fé paciente de Israel, se tivessem permanecido firmes. O Senhor às vezes satisfaz nossos caprichos em detrimento da fé. Aqui, as águas se tornaram doces, quando Moisés lançou um lenho nelas, mas a fé de Israel continuou fraca. Desconhecemos o método natural que explica este milagre. Deus usou esta ocasião para ensinar uma lição a Israel, dando-lhes estatutos e uma ordenação. Se as pessoas ouvissem a Deus e obedecessem inteiramente à sua palavra, elas seriam curadas de todas as enfermidades que Deus tinha posto sobre o Egito. Assim como Deus curou as águas amargas de Mara, assim Ele curaria Israel satisfazendo-lhe as necessidades físicas e, mais importante que tudo, curando o povo de sua natureza corrompida. Deus queria tirar o espírito de murmuração do meio do povo e lhe dar uma fé forte.” (Comentário Bíblico Beacon. Volume 1. Rio de Janeiro, CPAD, 2005, p.175).
II. INFAMANDO A TERRA QUE DEUS DISSE QUE ERA BOA
1. Uma honra transformada em uma vergonha. Para que os hebreus pudessem entrar na terra que Deus lhes havia prometido, era preciso saber quem estava residindo nela. Um trabalho de inteligência precisava ser montado para que eles pudessem ser bem-sucedidos na conquista daqueles territórios. O fato de Deus estar com eles não os isentava de serem precavidos e, acima de tudo, observadores. Então, Moisés escolheu representantes das tribos, homens tidos por “cabeças” (Nm 13.3). Isto significa que eram influentes, e tinham poder de convencimento diante de seus irmãos. A missão deles era saber “que terra é, o povo que nela habita; se é forte ou fraco, se é pouco ou muito” (Nm 13.18). Certamente Deus poderia revelar todos esses detalhes a Moisés, sem que fosse necessário escolher homens para uma missão tão arriscada. Mas, aqueles homens teriam a honra de cooperar com o plano de Deus. Eles, até hoje, são lembrados por terem cumprido a sua missão e influenciado negativamente a opinião do povo diante daquilo que Deus havia falado. Em nossos dias, essa cena parece se repetir: pessoas que deveriam ser úteis na obra de Deus, cooperando com o Senhor, acabam influenciando outras pessoas para direções opostas, tornando-se, assim, inúteis.
2. Quando príncipes se veem como insetos. “Éramos aos nossos olhos como gafanhotos e assim também éramos aos seus olhos” (Nm 13.33). Quem fez essa declaração? Os mesmos homens que a Bíblia diz que eram os cabeças dos filhos de Israel (Nm 13.3). A orientação divina era que homens capacitados na liderança fossem enviados para espionar a terra. Eles a espiaram, mas, ao retornarem da missão, falaram coisas ruins da terra que Deus havia dito que era boa. Eles chegaram a dizer que se pareciam com gafanhotos diante dos moradores de Canaã, apresentando igualmente uma opinião do povo da terra sobre eles. Como é triste obedecer a Deus no início da caminhada, e perder a visão do que Ele quer fazer no percurso.
3. Desqualificando o que Deus disse que era bom. “E infamaram a terra, que tinham espiado, perante os filhos de Israel, dizendo: A terra, pelo meio da qual passamos a espiar, é terra que consome os seus moradores; e todo o povo que vimos no meio dela são homens de grande estatura” (Nm 13.32). Da mesma forma que Satanás, no Éden, enganou de forma proposital o primeiro casal desqualificando o que Deus disse, os espias, exceto Josué e Calebe, desqualificaram a terra que por séculos Deus estava preparando para os filhos de Abraão. Toda tentação, em algum nível, busca tornar inútil, ou de pouco valor, aquilo que Deus disse que era bom, e tenta tornar valioso o que Deus disse que não deveria ser valorizado.
III. UM ATRASO DE QUARENTA ANOS
1. Quando a promessa de Deus é mudada. Os israelitas descobriram, ao longo dos 40 anos seguintes, que desprezar a Deus e a sua Palavra tinha consequências terríveis. O deserto não havia sido escolhido para que eles perdessem suas vidas (Êx 13.17). Deus sabia que os hebreus não tinham experiência de combate, e por isso os conduziu por outro caminho. O que muitas vezes acreditamos ser uma provação de Deus pode ser, na verdade, uma forma de livramento que Ele nos está dando, para que a sua promessa se cumpra em nossas vidas. Mas, por causa da rebeldia do seu povo, e as constantes murmurações com a quais tentaram ao Senhor, Deus reverteu sua promessa para aquela geração. O Todo-Poderoso não falhou em seus desígnios. Uma geração de hebreus libertos entrou na Terra Prometida, mas foi somente aquela que cresceu no deserto e valorizou a terra que Deus concedeu. Às vezes, Ele nos permite passar por dificuldades para que possamos entender o valor da bênção que Ele reservou para nós.
2. Tentar a Deus é pecado. O que devemos entender diante das narrativas que tratam dos primeiros dias do povo no deserto, é que tentar o Senhor é pecado: “Não tentarás o Senhor, teu Deus” (Mt 4.7). Por não verem a Deus, os hebreus queixavam-se dos homens que Ele havia escolhido para libertá-los e conduzir rumo à Terra Prometida. A geração que saiu do Egito teve todas as oportunidades de vivenciar duas experiências marcantes: a liberdade da escravidão e a chegada no lugar que Deus lhes reservara. Contudo, por causa da tentação, os homens que infamaram a terra “morreram de praga perante o SENHOR” (Nm 14.37), e os demais hebreus, que se deixaram levar, perderam suas vidas no deserto.
3. Vale a pena desagradar a Deus? Os hebreus precisavam confiar no que Deus havia prometido. Eles já tinham visto o poder do Senhor contra os egípcios, mas, mesmo assim, preferiram atentar para as circunstâncias e tentaram a Deus com sua incredulidade.
Já fomos alcançados pela salvação, mas precisamos aprender a agradar a Deus com nossas ações. Agradamos ao Senhor dando crédito ao que Ele nos diz.
“O julgamento de Deus veio de forma que as pessoas mais temiam. O povo tinha medo de morrer no deserto. Deus o puniu fazendo peregrinar lá até a morte daquela geração.” (Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD. p.11).
CONCLUSÃO
Da mesma forma que Deus não tenta a ninguém, não podemos tentá-lo com nossas palavras, pensamentos ou ações, pois essas são formas de ingratidão contra aquEle que nos salvou e nos tirou da escravidão do pecado. Que jamais sejamos ingratos ou esquecidos das bênçãos que temos recebido dEle.
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