20 junho 2022

Lição 3: A diferença entre o justo e o injusto- Parábolas de Jesus — Advertências para os dias de hoje

 Comentarista: Elienai Cabral

TEXTO ÁUREO
“O campo é o mundo, a boa semente são os filhos do Reino, e o joio são os filhos do Maligno” (Mt 13.38).

VERDADE PRÁTICA
O dia da separação está chegando, quando o trigo do Senhor será recolhido e o joio do maligno, que cresceu entre o trigo, destruído.

— Mt 13.36-43 O significado do trigo e do joio
— Is 5.11,12 O trigo de Canaã em lugar do maná do deserto
— Jz 6.11 Trigo no lagar, portanto fora do lugar
— Pv 11.26 Porque não devemos reter o trigo
— At 27.18,38 Porque lançaram trigo ao mar
— Mt 13.30,40-42 O joio será atado e queimado

LEITURA BÍBLICA  
Mateus 13.24-30. 24 — Propôs-lhes outra parábola, dizendo: O Reino dos céus é semelhante ao homem que semeia boa semente no seu campo.25 — Mas, dormindo os homens, veio o seu inimigo, e semeou o joio no meio do trigo, e retirou-se.26 — E, quando a erva cresceu e frutificou, apareceu também o joio.27 — E os servos do pai de família, indo ter com ele, disseram-lhe: Senhor, não semeaste tu no teu campo boa semente? Por que tem, então, joio?28 — E ele lhes disse: Um inimigo é quem fez isso. E os servos lhe disseram: Queres, pois, que vamos arrancá-lo?29 — Porém ele lhes disse: Não; para que, ao colher o joio, não arranqueis também o trigo com ele.30 — Deixai crescer ambos juntos até a ceifa; e, por ocasião da ceifa, direi aos ceifeiros: colhei primeiro o joio e atai-o em molhos para o queimar; mas o trigo, ajuntai-o no meu celeiro.
 
OBJETIVOS
Narrar a parábola destacando as figuras principais.
Distinguir os tipos de sementes e seu significado espiritual.
Explicar os elementos escatológicos da parábola. 

INTRODUÇÃO
A Bíblia usa os termos trigo, cevada e cedro em contraste com o cardo, joio e espinhos. Os três primeiros são relacionados àquilo que é bom, nobre ou legítimo, enquanto que os três seguintes, com o que é mau, sem valor ou ilegítimo (Jó 31.40; 2Rs 14.9; Mt 13.25; Hb 6.7,8). O uso negativo da simbologia do cardo, joio e espinho deve-se ao contexto da maldição de Gênesis 3.18 e Números 33.55.

Nesta parábola, mais uma vez, o contraste é utilizado para acentuar as diferenças em termos de qualidades morais e espirituais entre os filhos do Reino e os do Maligno (Mt 13.38). O conceito de “filhos do maligno”, no Antigo Testamento, era conhecido como “filhos de belial” (1Sm 2.12), cujos atos eram a idolatria (Dt 13.13), embriaguez (1Sm 1.16), sacrilégio (1Sm 2.17,22), desrespeito à autoridade (1Sm 10.27), falta de hospitalidade (1Sm 25.17), perjúrio (1Rs 2.10,13) e maledicência (Pv 6.12). Estes serão reunidos, julgados e condenados ao sofrimento eterno, queimarão como o joio, o espinho e o cardo. Enquanto os filhos do Reino, assim como o trigo, serão recolhidos ao celeiro, para desfrutarem da glória do Reino de Deus.
Mais uma parábola do divino Mestre em torno da vida agrícola daqueles tempos. Nesta parábola, há fatos e situações semelhantes a anterior, porém, com sentidos diferentes. A parábola do Trigo e do Joio ressalta o fato de que há na presente era uma semente de Satanás semeada aqui no mundo, paralelamente à da Palavra de Deus. A coexistência do povo do Maligno com o povo de Deus na dimensão visível e atual do reino dos céus (v.24) terminará somente com a vinda do Senhor.


I. O CAMPO DE PLANTIO (v.24)
As parábolas do evangelho devem ser devidamente interpretadas. Disso Jesus também deu exemplo ao interpretar as duas primeiras. Nisso, considere-se inicialmente que na Bíblia não há contradição; a analogia geral na Bíblia é um fato inconteste.

A igreja é o conjunto de todos os “filhos do reino” (Mt 13.38), os quais são comparados às genuínas plantas de trigo. O joio nada tem a ver com o trigo, apesar de possuir semelhanças. É falsa a semente e a planta do joio. Aprendemos nesta parábola que o campo da semeadura pertence a Deus por direito de criação. A expressão “seu campo” (vv.24,27,38) indica que Ele é o proprietário. O Diabo, que é “ladrão e salteador”, procura se apropriar daquilo que pertence unicamente a Deus, o Senhor (Sl 24.1). Este campo é a esfera atual da habitação humana juntamente com seus moradores, o mundo que Deus amou acima de tudo (Jo 3.16).

II. OS DOIS SEMEADORES (Mt 13.24,25)
Jesus referiu-se aos dois semeadores como “o homem e o seu campo” (v.24), e “o inimigo” (v.25), que às escondidas entrou ali e semeou o joio do mal. Há também uma distinção entre os dois semeadores em termos de caráter e propósito. O primeiro, o dono do campo (que é o Senhor, visto anteriormente), é revelado como “o pai de família” (v.27) e “o Filho do Homem” (vv.37,41). O segundo, como já vimos, é o Diabo que sem trégua procura prejudicar a semeadura do trigo. É “o inimigo” do Filho do Homem (vv.25,28,39) e o “maligno” (v.38).

1. Jesus, o semeador de seu próprio campo. Jesus não semeia em campo estranho, mas no seu próprio campo (v.24). Seus servos estão conscientes disso (v.27 “teu campo”). O Diabo apossou-se do mundo por ter o homem, no princípio, se vendido ao pecado e perdido o seu mandato outorgado pelo Criador (Gn 1.26; Rm 7.14; Lc 4.5,6). O trigo é símbolo de alimento, nutrição, e energia para as almas famintas espiritualmente. O pão proveniente do trigo é um alimento generalizado e utilizado por todos os povos, culturas e idades. Além de nutritivo, o pão é também dietético. Ao entrar o povo de Israel em Canaã, Deus fez cessar de vez o maná e imediatamente o povo comeu do trigo de sua nova terra (Js 5.10,12). Há nisso uma mensagem implícita destinada à igreja de hoje. Todo pecador transformado pelo poder de Cristo é semente plantada e desenvolvida nesta seara pertencente ao Criador, Jesus.

2. O Diabo, o inimigo, semeia o joio no trigal de Cristo. Na parábola, o semeador maligno é um elemento estranho ao campo de trigo. Ele é “inimigo” do dono do campo (vv.25,28). Jesus o denomina como o “Diabo” (v.39). Ele é adversário de tudo que se refere a Deus, por isso, vive a tramar contra as coisas de Deus e profanar, contaminar e arruinar tudo que é santo. Ele chegou a tentar o próprio Jesus (Mt 4.1-11). Vemos, pelo ensino de Jesus na parábola, que o Diabo está sempre se infiltrando no meio da lavoura e da colheita do Senhor para prejudicá-la (1Co 3.9). Há neste mundo uma trindade maligna que batalha contra a Trindade Divina. O mundo como instrumento do Diabo opõe-se a Deus (1Jo 2.15; 5.19); a natureza carnal e propensa ao pecado, ao Espírito (Gl 5.17) e o Diabo, a Cristo (Gn 3.15; Ap 12.4b).

III. OS DOIS TIPOS DE SEMENTES (Mt 13.24,25)
O maligno ao espalhar dolosa e ocultamente a sua má semente no campo do Senhor usou a cilada da semelhança, porquanto o joio é muito parecido com o trigo. Hoje, o Diabo continua fazendo isso através de falsos crentes, falsas bíblias, falsas igrejas, falsos milagres, falso batismo com o Espírito Santo, falsas línguas estranhas, falso louvor, etc. Muito cuidado, pois você é planta do Senhor!

1. O joio (v.25). O que é joio? É uma planta herbácea parecida com o trigo no período de folhagem, no entanto, torna-se diferente ao florescer e frutificar. Na parábola, enquanto os semeadores de trigo estavam “dormindo” (v.25), o inimigo veio e semeou o nocivo joio, ou seja, os “filhos do Maligno” (Mt 13.38). Só é possível perceber a distinção entre ambos no momento em que surge a espiga do trigo, pois “o joio” produz grãos pardos e embaçados, ao passo que o trigo produz grãos alourados à medida que estes amadurecem.

2. O trigo (v.25). É digno de nota que o próprio Senhor Jesus comparou-se ao grão de trigo (Jo 12.24). Como já foi dito, na parábola anterior, “a boa semente” é a Palavra de Deus. Nesta parábola, “a boa semente” é o resultado dessa preciosa palavra recebida, entendida e obedecida, isto é, aqueles que por meio dela tornaram-se “filhos do reino”. Ler 1Pe 1.23.

IV. O TEMPO DA CEIFA
A mensagem de Jesus é clara e final concernente a futura e inevitável separação entre o trigo e o joio, ou seja, “os filhos do reino” e “os filhos do maligno” (v.38). Aprendemos esta verdade por meio de duas respostas objetivas do “Senhor do Campo” às duas perguntas dos “servos”, a seguir.

1. A primeira pergunta (v.27). “Senhor, não semeaste tu no teu campo boa semente? Por que tem, então, joio?”. O joio do Maligno está entre nós, disfarçado de crente. Na igreja do Senhor, o campo foi semeado com “boa semente”, porém nos deparamos constantemente com “sementes daninhas” que aparecem a fim de envenenar a vida dos verdadeiros servos de Deus. Muitos crentes imaturos e descuidados só vêm a perceber a hostilidade de Satanás contra o povo do Senhor, quando esta (a hostilidade) se torna bem manifesta e visível. Eles não se dão conta de que a hostilidade espiritual e invisível do inimigo é ainda pior, como vemos em Efésios 6. Por isso, o discernimento do Espírito é imprescindível aos santos.

2. A segunda pergunta (v.28). “Queres, pois, que vamos arrancá-lo?”. Uma lição bem patente desta parábola é que operando o Senhor, Satanás entra em ação para realizar sua obra maligna na vida do povo. Outra lição evidente é que ele age muito pelo processo de imitação, isto é, pelo engano. Na resposta do Senhor à segunda pergunta, aprendemos que não é nossa missão eliminar o joio do mal aqui. Os anjos farão isso no futuro (vv.29,30,40-42). Quanto à igreja do Senhor como corpo, a disciplina bíblica deve ser mantida internamente e com amor (1Co 5.11-13; Mt 18.15-17; Hb 12.7-11; 2Co 6.15-17).

3. O tempo da ceifa. A colheita, como Jesus explicou, é o juízo inevitável que se aproxima para os ímpios (vv.30,39-43). A ceifa só ocorrerá no tempo próprio, quando então os anjos farão a separação entre o trigo e o joio. O senhor do campo ensinou aos seus trabalhadores que não é missão deles eliminar precocemente o joio. A mensagem do dono do campo é: “Deixai crescer ambos juntos até a ceifa” (Mt 13.30). A igreja é constituída de pessoas e, inevitavelmente, teremos de conviver com as sinceras e falsas, justas e injustas até o tempo da ceifa. Temos que saber conviver aqui com a existência do mal, sem acatá-lo, sem admirá-lo, sem aplaudi-lo e muito menos praticá-lo. Assim, poderemos entender a oração sacerdotal de Cristo pelos seus discípulos quando orou ao Pai: “Não peço que os tires do mundo, mas que os livres do mal” (Jo 17.15).

A disciplina bíblica e corretiva na igreja é necessária para a limpeza do campo devido ao pecado e seus males (v.41), todavia a disciplina sem misericórdia acaba destruindo também o trigo.

4. A ceifa no Juízo Final. Diz o texto: “Por ocasião da ceifa, direi aos ceifeiros: colhei primeiro o joio e atai-o em molhos para o queimar; mas o trigo, ajuntai-o no meu celeiro” (Mt 13.30). O tempo da colheita será no “fim do mundo”, isto é, no tempo do juízo final de Deus (vv.39,40). Nesta referência, no original, “mundo” não é somente uma era ou época do tempo, mas também o comportamento ímpio do povo dessa mesma era. Nesse tempo do fim, o Senhor fará a separação entre o trigo e o joio. Na vinda do Senhor Jesus, todo o trigo (os salvos) será recolhido para o celeiro celestial (1Ts 4.15-17).

CONCLUSÃO
Aprendemos nesta parábola o fato da coexistência da igreja com o mal no tempo presente. Cumpre-nos, pois, observar o que diz a Palavra em Tt 2.12: “Vivamos neste presente século sóbria, e justa, e piamente”. Devemos viver com sabedoria, prudência e firmeza na fé, sem nos deixar envolver com o mal, com o pecado e com a injustiça.

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