12 fevereiro 2023

A oração do Pai Nosso


A oração do Pai Nosso é uma oração tipicamente judaica e foi ensinada pelo Senhor aos seus discípulos em um período de transição entre o período da Lei e a Igreja, que seria criada em Pentecostes. Veja as características do Antigo Testamento que aparecem na oração, claramente contrárias àquilo que vemos nas epístolas pós-cruz, quando o evangelho da graça passou a ser pregado.

Na oração do Pai Nosso, o que ora deve pedir perdão a Deus e
o perdão é condicional. “Perdoa-nos as nossas dividas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores... Porque SE perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celestial vos perdoará a vós. SE PORÉM não perdoardes...” (Mt 6:12s.). Resumindo:

1. Você
tem que pedir perdão a Deus. 2. Deus perdoa SE você antes perdoar seu próximo.

Agora veja o imenso contraste que acontece após a morte e ressurreição de Cristo, após a Cruz.

“Antes sede uns para com os outros benignos, misericordiosos, perdoandovos uns aos outros, como TAMBÉM DEUS VOS PERDOOU em Cristo.”

(Ef 4:32).

“...perdoando-vos uns aos outros, se alguém tiver queixa contra outro;

ASSIM COMO CRISTO VOS PERDOOU, assim fazei vós também.”

(Cl 3:13).

Aqui vem
PRIMEIRO o perdão recebido e o perdão do crente passa a ser apenas uma consequência disso, não uma condição. Inverteu-se a ordem. Por quê? Porque está falando de pessoas JÁ SALVAS por Cristo e com a bendita certeza disto. Já contam com o perdão completo de Deus e agora não precisam mais pedir perdão a Deus, mas apenas confessar seus pecados, como ensina 1 João. O perdão que receberam é garantido, pleno e abrangente.

Experimente fazer uma busca em sua Bíblia no computador e não encontrará nenhum convertido pedindo perdão apos os evangelhos, ou qualquer menção de que um convertido deva fazê-lo. O pedido de perdão aparecerá sempre associado a incrédulos ou inconversos. O convertido deve, isto sim, confessar seus pecados. Não precisamos pedir aquilo que já recebemos completo, o perdão, quando cremos no sacrifício substitutivo de Cristo na cruz.

O mesmo se aplica às obras. Na Lei o judeu tinha que fazer algo
PARA receber algo (o mesmo sentido do “SE perdoares” da oração do Pai Nosso). O convertido a Cristo irá fazer algo, não para receber algo em troca, mas porque já recebeu tudo. O “fazer” do convertido a Cristo nesta nova dispensação tem o sentido de uma consequência da salvação já recebida por graça.

“Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie; Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andemos nelas.”

(Ef 2:8).

Percebe a ordem das coisas? Primeiro a salvação recebida por graça independente de obras. Depois as “boas obras” preparadas por Deus para seus 
filhos andarem nelas. Se entender isto entenderá que todas as ordenanças da Lei, do tipo causa-efeito, obrarecompensa, obediência-benção não se aplicam mais senão como princípio moral. Na prática a relação causa-efeito agora passou a ser fé-salvação, graçaperdão, etc., partindo tudo de Deus e revertendo em glória para ele, não para o homem.

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