31 outubro 2023

AS REDES SOCIAIS E OS CRISTÃOS SOLITÁRIOS

 

A constatação não é boa: vivemos em dias onde muitos cristãos estão sozinhos. Não, não estou dizendo que eles moram sozinhos ou vivem em cidades pequenas, e sim que, mesmo cercados de pessoas, se sentem sozinhos. Isso, além de triste, é grave; porém, diagnosticando o problema corretamente, podemos encontrar sua cura.
Poderíamos citar diversos fenômenos sociológicos que visualizamos nas redes sociais, desde os indivíduos que se acham "feios" e por isso vivem tentando mostrar que são lindos (maquiagem, roupas da marca X ou Y); pessoas tristes e querem que outras se apiedem delas; pseudo-intelectuais que escrevem sobre tudo, quando, em verdade, não sabem sobre nada.... 
Muitas coisas ocorrem, mas queremos falar dos cristãos solitários. Por esta forma de dizer, me refiro àqueles crentes que fazem das redes sociais o seu espelho, o seu "confessionário evangélico", o seu "melhor amigo", o seu saco de pancadas e, não raro, o seu local onde pode disseminar suas fantasias, isto é, passar uma imagem que não condiz com a realidade. Falo dos crentes que possuem milhares de amigos na internet, mas sentam sozinhos no culto; dos que são adorados virtualmente, mas ninguém os suporta pessoalmente. E por que fazem isso? Porque se sentem sós, ainda que rodeados de pessoas.
Já foi dito com muita propriedade, aqui, sobre as moças cristãs e suas "selfies sedutoras", mas não podemos deixar notar os crentes que tiram fotos de todas as coisas - deles dormindo, da comida, da roupa que estão em dúvida para usar, do cachorro lindo que compraram, do tênis novo, dos músculos na academia, do estudo no seminário... E aqui, não me refiro aos outros, porque eu também faço isso. A questão é: por que fazemos isso? (por que, ó céus?!) Noutras palavras, não questiono informações valiosas que são compartilhadas, e sim aqueles fatos irrelevantes que servem, tão somente, para elevar o nosso ego ou transmitir uma falsa imagem sobre nós, revelando o quanto nos sentimos solitários.
Permita-me o leitor, num momento de descontração, mostrar uma imagem que circula peloFacebook
Fotos do Chapolim, o mestre em nos fazer das risadas, são frequentemente usadas para montagens deste tipo. Todavia, as imagens irônicas, em verdade, refletem algo muito genuíno, afinal, quantas pessoas você não conhece que se enquadram no dizer acima? Quer dizer, quem nunca disse que ficou "horrível" em uma foto 3x4? Quem nunca disse "tira outra, porque eu fiquei feio". Ora, qual o problema em se assumir e dizer que não se é tão lindo? Há algum pecado nisso? Receio, sim, que o pecado esteja em desejarmos transmitir algo que não somos.
Recentemente havia uma febre no Facebook: mulheres se desafiando a postar "fotos sem make" ou em uma linguagem mais popular, "fotos sem maquiagem". Pergunto-me, até hoje, qual a razão disso. Sei que existem crentes fieis que participaram - inclusive uma gentil irmã veio falar comigo isso - e não estou negando o cristianismo de alguém, apenas pretendo levantar a indagação sobre o porquê se tornou tão "extraordinário" postar foto sem maquiagem.
Evidente que os homens também são atingidos. Não faltam fotos de conhecidos meus na academia, com livros do seminário, Bíblias em grego, preparando um sermão, da filha pequena se trocando para ir ao culto, se fazendo parecer o justiceiro na política, o mestre das boas obras, o intocável indivíduo que não se deixa dominar pelas modas do momento... A lista é sem fim. 
Nada nisso, em si, é errado, mas não seria um sinal de que estamos nos sentindo sozinhos? 
Quer dizer, porque não podemos comer algo delicioso e ficar sem postar uma foto sobre isso?! É assim tão desafiador? Por que motivos um "like" nos traz tanta alegria no dia? Por quê? Por quê? Eu realmente não entendo. Por que uma mulher cristã não pode sair de casa sem "make"? Por que um homem cristão não pode ir para a academia e ficar sem postar sobre seu treino? A mulher sai de casa para agradar a outrem e o homem "puxa ferro" para querer aparecer ao próximo? Qual a dificuldade em não sermos "vistos" pela multidão?
Realizamos todas estas coisas e gostamos de as publicar, sem nos percebermos que Cristo já falou de algo muito mais nobre que deveríamos fazer, mas não para agradar a homens! "Guardai-vos de fazer a vossa esmola diante dos homens, para serdes vistos por eles; aliás, não tereis galardão junto de vosso Pai, que está nos céus" (Mt 6.1). Sejamos sinceros: se ajudar o próximo, cuja atitude é excelente, não deve ser feita "diante dos homens", isto é, sem o intuito de aparecer e receber alguma glória, por que desejamos que a multidão virtual nos olhe e perceba que somos atraentes, fortes, estudiosos, desportistas ou qualquer outra coisa? Não estamos indo na contramão da Escritura?
Creio, assim, que a cura para este egocentrismo exacerbado, que acaba nos deixando "solitários", pois não conseguimos ter toda a atenção que gostaríamos, é clara: "É necessário que ele cresça e que eu diminua" (Jo 3.30). Como cristãos, precisamos orar para que o Senhor mude nossos corações. Precisamos orar para que busquemos mais agradar a Deus, do que aos homens.
Querido irmão, sei que a internet é boa quando corretamente utilizada, mas não faça dela a sua união nesta terra. Lembre-se: "O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não hão de passar" (Mt 24.35). "Curtidas", "compartilhamentos" e comentários irão passar, mas a Palavra de Deus permanecerá. Ou como Cristo afirmou noutro lugar, "que aproveitaria ao homem ganhar todo o mundo e perder a sua alma?" (Mc 8.36).
Que proveito temos aos buscarmos a glória diante de uma "multidão", sendo que, não raro, nosso coração está distante de Deus? Qual a validade de nosso pequeno evangelho viawireless, sendo que em nosso dia-a-dia  somos calados e não proclamamos as verdades? Por que você se sente sozinho, isto é, imagina que está sozinho e por isso faz do computador o seu palco de espetáculos para uma multidão, não raro, desconhecida? Há algum crescimento cristão nestas coisas? Pense nisso, crente.
E finalizo dizendo: esta postagem não é para ninguém, e sim escrita por mim e para mim, pois sou o primeiro a errar.
Que Deus nos abençoe.

O PASTOR CELESTIAL

 

O pastor cuidava de seu rebanho dia e noite. Durante o dia guiava-o às verdes e agradáveis pastagens, às margens do rio, através de colinas rochosas e florestas.

À noite vigiava-o, guardando-o do ataque de animais selvagens e de ladrões que sempre rondavam por perto.

Com ternura, cuidava das ovelhas fracas e doentes. Tomava os cordeirinhos em seus braços e levava-os no colo.

Não importava o tamanho do rebanho, o pastor conhecia cada uma de suas ovelhas e chamava-as pelo nome.

Do mesmo modo, Cristo, o Pastor celestial, cuida de Seu rebanho espalhado pelo mundo.

Ele nos conhece pelo nome. Sabe onde moramos e quem mora conosco. Cuida de cada um como se não houvesse mais ninguém no mundo todo.

O pastor ia adiante de suas ovelhas e enfrentava por elas todos os perigos. Deparava-se com animais selvagens e ladrões.

Muitas vezes era morto enquanto guardava o rebanho.

Assim o Salvador guarda Seu rebanho de discípulos e vigia sobre ele, indo adiante. Ele viveu na terra, como nós. Foi criança, jovem e adulto.

Venceu a Satanás em todas as suas tentações. Do mesmo modo podemos vencer como Ele venceu. 

Morreu para nos salvar. Embora esteja agora no Céu, não Se esquece de nós um só momento.

Guardará em segurança cada ovelha de Seu pastoreio. Nenhuma delas poderá ser arrebatada pelo grande inimigo.

Um pastor pode ter cem ovelhas, mas se uma faltar, ele não permanecerá no aprisco com as outras, mas irá em busca da que se perdeu. Enfrentando os perigos da noite escura, debaixo de temporais, percorrendo vales e montanhas ele irá e não terá descanso até que a perdida seja encontrada.

E tendo-a achado, toma-a nos braços e a leva de volta ao redil. Não se queixa da longa e difícil busca, mas diz com alegria: "Alegrai-vos comigo, porque já achei a minha ovelha perdida." Lc. 15:6.

Assim, o divino Pastor não apenas dispensa seu terno cuidado com as ovelhas que estão no aprisco. Ele diz: "O Filho do homem veio salvar o que estava perdido." Mt 18:11.

"Digo-vos que, assim, haverá maior júbilo no céu por um pecador que se arrepende do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento." Lc. 15:7.

Transcrito Por Litrazini

https://www.kairosministeriomissionario.com/

Graça e Paz 

O que é a shekinah de Deus? Onde encontramos essa palavra na Bíblia?

 Postado por Presbítero André Sanchez

Você Pergunta: Tenho observado muitas pessoas usando hoje em dia a palavra Shekinah como algum tipo de poder sobrenatural de Deus. Muitas igrejas tem esse nome em suas placas, vejo muitas pessoas falando sobre isso. Gostaria muito de saber mais sobre essa shekinah de Deus. Onde na Bíblia podemos encontrar a palavra shekinah e qual o significado dela?

Caro leitor, por incrível que possa parecer essa palavra não se encontra na Bíblia. Mas vou explicar um pouco sobre ela e como ela surgiu para que você compreenda melhor seu significado e se a forma como tem sido usada hoje em dia está correta ou não.

O que significa shekinah?

(1) A primeira explicação necessária é que a palavra shekinah vem do hebraico e tem como significado principal “o que habita” ou “aquele que habita”.

Esse termo era utilizado na literatura rabínica (escritos de rabinos) para descrever a presença gloriosa de Deus (mesmo sendo todo poderoso) habitando no mundo, em meio ao Seu povo, presente na vida do homem.

Essa ideia é baseada em textos que mostram Deus habitando no meio de Seu povo, por exemplo, como em Gênesis 9:27 (acréscimo meu entre parênteses)“Engrandeça Deus a Jafé, e habite (shakan) ele nas tendas de Sem; e Canaã lhe seja servo”.

Observe a palavra hebraica “shakan” de onde se derivou o termo “shekinah”. Significa “instalar, habitar, residir, morar em tenda”. A ideia é de um Deus que “mora” junto ao Seu povo.

(2) Uma segunda aplicação de shekinah está relacionada com a presença de Deus (a glória de Deus) em meio ao povo em momentos especiais.

Por exemplo, no deserto, a gloriosa presença do Senhor habitando no meio do povo por meio da coluna de nuvens e a coluna de fogo que guiava e protegia o povo nas peregrinações até a terra prometida.

A glória de Deus em meio ao templo construído na época do rei Salomão: “E habitarei (shakan) no meio dos filhos de Israel e não desampararei o meu povo” (1 Reis 6:13 – acréscimo meu entre parênteses).

A ideia, portanto, é justamente de Deus habitar em meio ao Seu povo com todos os Seus gloriosos atributos. Portanto, a ideia de “habitação de Deus” também está presente aqui:

“de maneira que os sacerdotes não podiam estar ali para ministrar, por causa da nuvem, porque a glória do SENHOR encheu a Casa de Deus” (2 Crônicas 5:14).

Shekinah no Novo Testamento

(3) No Novo Testamento essa ideia da habitação gloriosa de Deus em meio aos homens ganha um capítulo especial, quando o próprio Deus se fez carne e veio habitar em meio aos homens para trazer-lhes salvação:

“E o Verbo se fez carne e habitou (skenoo) entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai” (João 1:14 – acréscimo meu entre parênteses).

A glória de Deus habita em meio aos homens por meio de Jesus Cristo. O conceito da “shekinah”, Deus habitando em toda a Sua glória em meio aos homens, aplica-se aqui fortemente. Certamente o apóstolo João tinha em mente esse conceito quando escreveu esse verso.

(4) Concluímos, então, que não existe a palavra shekinah na Bíblia. O uso dela como algum tipo de ação mística de Deus não é correto.

Conforme expomos, a ideia dos rabinos quando a criaram era demonstrar, criar um conceito teológico para explicar como a Bíblia mostra Deus habitando em meio ao Seu povo de formas especiais, de forma gloriosa e grandiosa. O que passa disso é invenção humana.

5 dicas bíblicas para enfrentar e vencer as mais difíceis perdas da vida

 Postado por Presbítero André Sanchez

Você pergunta: Eu perdi a minha mãe há cerca de um mês. Vou ser bem sincera, minha vida parece que acabou. Não consigo entender porque Deus levou a minha mãe, ela era uma pessoa tão boa para os outros e Deus a leva de mim. Estou afastada da igreja por causa disso, essa perda acabou com a minha vida. Deus acabou com a minha vida levando a minha mãe. Não consigo dormir direito, estou triste e não consigo perdoar Deus por ter feito isso. Mas ao mesmo tempo sei que preciso sair desse poço sem fundo em que estou. O que devo fazer?

Cara leitora, todos nós passamos pelas perdas. Algumas não nos impactam tanto, mas outras nos impactam profundamente e dolorosamente, como a perda de um ente querido, no seu caso a sua mãe.

Seja a perda de alguma coisa importante (um emprego, por exemplo) ou a perda de uma pessoa importante, precisamos saber biblicamente como lidar com as perdas para que consigamos seguir no caminho que Deus tem para nós.

É por isso que quero compartilhar cinco dicas bíblicas para lidar com a perda de coisas ou pessoas. Seguindo essas dicas será muito mais fácil passar pelas perdas da vida de uma forma que agrada a Deus.

Como enfrentar as mais difíceis perdas da vida?

(1) Sabendo que não é pecado sofrer pelas perdas

Nós somos seres providos de sentimento, Deus nos fez assim. Sentir as perdas, chorar, até entristecer-se, não é pecado. Quando Lázaro morreu e Jesus chegou e viu toda a tristeza da família, é relatado algo que Jesus fez: “Jesus chorou. Então, disseram os judeus: Vede quanto o amava” (João 11:35-36).

Colocar os sentimentos para fora de maneira positiva não é pecado. Porém, nossos sentimentos podem nos levar a pecar se os deixarmos descontrolados.

Um sentimento de perda descontrolado pode nos levar à descrença, a jogarmos tudo para cima, à revolta, à murmuração. Jesus chorou, mas manteve sua fé em Deus.

(2) Sabendo que não compreenderemos plenamente os propósitos de Deus de imediato

Quando sofremos perdas queremos saber os motivos. Mas nem sempre os descobrimos. Por que você perdeu sua mãe? Por que Deus a levou neste momento e não mais tarde quando ela estivesse bem velhinha? Não sabemos!

Quando Jesus certa vez foi questionado do porque fazia determinado ato, Ele respondeu aos seus discípulos: “Respondeu-lhe Jesus: O que eu faço não o sabes agora; compreendê-lo-ás depois” (João 13:7).

Devemos descansar o nosso coração na certeza de que Deus tem propósitos abençoadores até mesmo em nossas perdas.

Muitos desses propósitos não serão compreendidos por nós de imediato. Foi o que Jó concluiu após sofrer diversas perdas e sequer saber porque elas ocorreram:

“Quem é aquele, como disseste, que sem conhecimento encobre o conselho? Na verdade, falei do que não entendia; coisas maravilhosas demais para mim, coisas que eu não conhecia” (Jó 42:3).

Saber disso deve criar em nosso coração uma fé na plenitude da justiça de Deus, uma fé que faz o nosso coração descansar diante das perdas.

(3) Sabendo que Deus é soberano sobre as nossas perdas

A Bíblia afirma a soberania de Deus em todas as coisas. Isso significa que também em nossas perdas mais difíceis existe a soberania de Deus atuando.

Isso nos faz descansar o coração sabendo que Deus está fazendo aquilo que é correto e justo, ainda que não entendamos.

Quando descansamos o nosso coração nesse fato, estaremos fortalecendo a nossa fé para superar da melhor maneira possível as nossas perdas.

(4) Não abandonar a fé nunca

Quando perdemos algo, a atitude humana mais natural é achar alguém que possamos culpar. Quando não achamos ninguém, ou mesmo quando a situação que passamos é muito dolorosa, culpamos a Deus. Deus deveria ter feito alguma coisa, pensamos!

Com esse pensamento Deus passa a ser em nosso coração como uma espécie de inimigo. Porém, pensar e agir assim tornará a nossa perda em algo destrutivo para nosso coração.

Tão difícil quanto sofrer uma perda é sofrer uma perda e ir para longe de Deus. Paulo, no final de sua vida, com orgulho santo, declarou: “Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé” (2Timóteo 4:7).

Esse apóstolo passou por grandes perdas. Mas ele orgulhava-se de ter guardado a fé. Ele não a perdeu, não a abandonou. Creu em Deus sobre todas as coisas, venceu, superou tudo!

(5) Não se isolar

Quando sofremos perdas o desejo de ficar isolado, de se fechar, aparece de forma muito acentuada. Abandonar a igreja, não conversar com as pessoas, enfim, sofrer de forma isolada agravará o nosso estado.

É evidente que momentos a sós são importantes para a reflexão pessoal, mas esses momentos não podem acontecer o tempo todo. Mesmo diante das perdas precisamos saber que a vida continua!

Temos uma missão, precisamos abençoar vidas, atuar na obra de Deus, cumprir o nosso papel no mundo. Fazemos isso nos envolvendo com outros. Envolver-nos com outras pessoas ajuda a superar as perdas, ajuda-nos a ver que lá fora existe muito a ser feito e que nós podemos ser agentes de bênção.

Quando Elias foi ameaçado de morte pela rainha Jezabel, ele fugiu, se isolou, ficou deprimido, se trancou em uma caverna. Mas veja o que Deus diz a ele:

“Ali, entrou numa caverna, onde passou a noite; e eis que lhe veio a palavra do SENHOR e lhe disse: Que fazes aqui, Elias?” (1 Reis 19:9).

A seguir Deus mostra a Elias que o isolamento e a lamentação não o levariam ao caminho que Deus tinha para ele: “Disse-lhe o SENHOR: Vai, volta ao teu caminho para o deserto de Damasco e, em chegando lá, unge a Hazael rei sobre a Síria” (1 Reis 19:15).

A vontade de Deus nunca é que fiquemos isolados nas cavernas da vida. Ele nos quer lá fora, superando tudo e fazendo a vontade Dele!

30 outubro 2023

"PORÉM EU E A MINHA CASA SERVIREMOS AO SENHOR"

"Porém eu e a minha casa serviremos ao Senhor" -Sermão pregado dia 10.04.2011 
Nosso texto: "Porém eu e a minha casa serviremos ao Senhor" (Js 24.15).Os versículos que antecedem nosso texto, falam de um homem que avisara o povo de Deus sobre determinadas condutas que vinham tendo diante do seu Senhor e alertava-lhes sobre a necessidade de retornarem aos caminhos do Senhor, haja vista já terem presenciado grandes bênçãos e benfeitorias divinas em seu favor.Um dos propósitos do livro de Josué é ensinar às gerações futuras de Israel como servir ao Senhor nas batalhas, na distribuição da terra prometida entre as tribos e a renovação de sua aliança com Deus.Antes de Josué proferir o famoso versículo - que há tempos atrás era comum encontrarmos em adesivos, camisetas, bonés, etc. - é importante notarmos que há um explicação a ser feita sobre o contexto que o cercava. Dentre muitas coisas que poderíamos salientar sobre essa passagem e os versículos anteriores do referido capítulo (1-15), gostaria de enfatizar 4 aspectos da narrativa de Josué:1. O povo de Israel era indesculpável diante de Deus."Os vossos olhos viram o que eu fiz no Egito" (v.7). Josué diz àquele povo que eles muito bem sabiam o que havia lhes acontecido e as maravilhas que Deus havia operado em seu meio. Eles tinham testemunhado o constante cuidar do Senhor para com seu povo durante toda a sua jornada rumo à terra prometida.Tal versículo nos é por demais importante, pois constantemente somos levados a nos esquecermos da história - tanto pessoal como eclesiástica. Em um primeiro momento podemos pensar que o fato de estarmos reunidos esta noite não abriga nada de especial e que desde sempre foi assim. Contudo, quando olhamos para as miríades de missionários que deram suas vidas pela causa do evangelho - aqui e em todo o mundo -, dos homens e mulheres que disseram que suas vidas não eram nada diante da gloriosa missão que lhes estava incumbida, acabamos entendemos que o simples culto dominical já é uma dádiva de Deus.Talvez você conheça a história de Jim Elliot: Aquele missionário que tinha tudo para ser um grande homem na vida, pois era talentoso e dedicado aos estudos. Embora fosse tido como um homem promissor, sua verdadeira paixão estava em levar a palavra de Deus às tribos indígenas. Ele constantemente orava: "Consuma minha vida, Senhor. Eu não quero uma vida longa, mas sim cheio de Ti, Senhor Jesus. Satura-me com o óleo do teu Espírito...".Após muita oração e a companhia de alguns amigos, ele resolve ir para os índios Quechua. Pouco tempo depois, Jim se lembra dos índios aucas (hoje conhecidos como Huaoranis) que tinham a fama de serem muito violentos e que não possuíam nenhum contato com o mundo exterior. Com o propósito de levar o evangelho aos índios huaoranis, o grupo começou a elaborar um plano que ficou conhecido como Operação Auca.Pouco tempo depois o grupo resolve adentrar e estabelecer contato com aquela tribo. Ao chegarem na praia de seu acampamento, Nate e Jim avisaram aos outros que os aucas estavam vindo. Munidos de armas decidiram não utilizá-las. Pouco tempo depois chegaram os aucas e pouco esses cinco jovens puderam fazer. Seus corpos foram encontrados brutalmente perfurados por lanças e machados.As esposas desses missionários, apesar da grande dor que sofreram, decidiram continuar com a missão, e algum tempo depois foram sucedidas na evangelização dos aucas. A tribo foi evangelizada e alguns anos mais tarde, o assassino de Jim Elliot, agora convertido ao Senhor Jesus e líder da igreja na aldeia batizou a filha de Jim e Elizabeth no rio onde seu pai tinha sido morto.Jim Elliot procurou servir a Jesus com todas as suas forças e a maior parte de sua vida e de seu ministério é contado por sua esposa Elizabeth em dois livros publicados posteriormente. Sua célebre frase, encontrada em seu diário nos inspira a entregar sem reservas a nossas vidas nas mãos do Mestre: "Aquele que dá o que não pode manter, para ganhar o que não pode perder, não é um tolo".¹Assim como Jim Elliot e seus amigos sabiam que viver para Cristo era o que mais lhes importava, também devemos ter a mesma e seguirmos as palavras de Paulo que dizem: "Prossigo para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus" (Fp 3.14).2. Quando Deus guia seu povo, ele os abençoa."Porém eu não quis ouvir a Balaão; pelo que ele vos abençoou grandemente e eu vos livrei da sua mão" (v.10). Queridos, vemos aqui como Josué discorre dizendo ao povo o quanto Deus havia protegido-os de inúmeros ataques e maldições que os outros povos desejam lançar contra eles. Sabemos que Balaão havia sido chamado por Balaque, rei de Moabe (v.9), para lançar maldição sobre Israel - mas Deus não permitiu que tal coisa fosse feita.Neste momento nos lembramos do Salmo 91.7,10 que diz: "Mil cairão ao teu lado, e dez mil à tua direita, mas não chegará a ti. Nenhum mal te sucederá, nem praga alguma chegará à tua tenda".É por demais salutar que entendamos que o cristão não pode ser atingido por praga alguma feita contra ele. É totalmente estranho às Escrituras o fato de pessoas professarem a fé cristã e mesmo assim viverem temendo "forças ocultas" ou "trabalhos de macumba" feitos contra ela. Certo estou de que não devemos subestimar o inimigo - pois o único capaz de derrotá-lo é Deus e não nós -, contudo, nos deparamos com muitas pessoas na igreja que dizem crer num Deus soberano e onipotente em suas vidas, mas constantemente negam sua fé na prática, pois vivem temendo mais ao Diabo do que a Deus (já escrevi sobre isso - A quem devemos temer?).3. Não são as armas humanos que conquistam a vitória.
"Não foi a espada e o arco que lhes deram a vitória" (v.12). Após discorrer sobre como eles haviam presenciado a mão protetora do Senhor, que havia os tirado do Egito, os havia protegido contra o inimigo e os havia feito vitoriosos diante de inúmeras batalhas, agora ele passa a instar-lhe para não confiarem em suas armas, tampouco acharem que estas foram a razão de sua vitória.Lembremos de Gideão (posterior a Josué), quando derrotou o exército de midianitas - que ficavam invadindo a terra dos israelitas - de forma inesperada e ousada. O Senhor já havia dito a Gideão: "Muito é o povo que está contigo, para eu dar aos midianitas em sua mão; a fim de que Israel não se glorie contra mim, dizendo: A minha mão me livrou" (Jz 7.2). Assim como o Senhor falou a Gideão e os seus, também salientou ao povo - por meio de Josué - para que não pensasse que a sua própria força havia sido a causa das suas conquistas.Precisamos atentar para que, embora o homem seja responsável diante de Deus - e acredite, isso é muito, mas muito importante mesmo -, essa responsabilidade de modo algum fere a soberania do Senhor. Devemos levar cativo que nossa responsabilidade está subordinada à soberania plena de Deus sobre todos os eventos do mundo - quer sejam bons, quer sejam maus. Se não fosse assim, como José conseguiria ter controlado o curso de sua vida? De que modo Moisés conseguiria operar tantos milagres no Egito e abrir o mar Vermelho com sua própria força? Como Gideão teria vencido aquele exército que "subiam com os seus gados e tendas; vinham como gafanhotos, em grande multidão que não se podia contar, nem a eles nem aos seus camelos; e entravam na terra, para a destruir" (Jz 6.5)?Salmo 20.7 nos diz qual a atitude de um crente diante das batalhas da vida: "Uns confiam em carros e outros em cavalos, mas nós faremos menção do nome do SENHOR nosso Deus". Assim como estes homens deveriam saber que suas forças não estavam em artifícios humanos, nós também devemos fazer o mesmo.Paulo também expressou essa certeza ao dizer: "Mas pela graça de Deus sou o que sou; e a sua graça para comigo não foi vã, antes trabalhei muito mais do que todos eles; todavia não eu, mas a graça de Deus, que está comigo" (1Co 15.10).4. Devemos seguir ao Senhor acima de todas as coisas."Porém eu e a minha casa serviremos ao Senhor" (v.15). Josué já havia dito ao seu povo: "Agora temam o Senhor e sirvam-no com integridade e fidelidade. Joguem fora os deuses que os seus antepassados adoraram além do Eufrates e no Egito, e sirvam ao Senhor. Se, porém, não lhes agrada servir ao Senhor, escolham hoje a quem irão servir, se aos deuses que os seus antepassados serviram além do Eufrates, ou aos deuses dos amorreus, em cuja terra vocês estão vivendo" (v.14,15) . Josué aqui fala com ironia contra o povo de Deus, dizendo-lhes que restavam apenas duas opções: Servir aos deuses que os seus antepassados serviram além do Eufrates (v.15) ou servir ao deuses dos amorreus, em cuja terra vocês estão vivendo.Vejamos que Josué lhes expõe duas opções ruins - não há o Deus verdadeiro para eles escolherem! Josué fala de tal modo para lhes mostrar a gravidade da situação em que estão e para que visualizassem que estão à beira da ruína.O livro de Juízes retrata como foi a vida do povo de Israel após a morte de Josué. Nos é dito que constantemente eles "fizeram o que o Senhor reprova" (Jz 2.11; 3.12; 3.17; 4.1; 6.1; 10.6; 13.1).A passagem de hoje deseja mostrar-nos que mesmo que todos ao nosso redor venham a desviar-se e passem a seguir outros deuses - que "são vaidade... como a palmeira, obra torneada, porém não podem falar; certamente são levados, porquanto não podem andar" (Jr 10.3,5) - o verdadeiro cristão deve e permanecerá firme.Que possamos crescer na sabedoria e confiança no Senhor, "para que não sejamos mais meninos inconstantes, levados em roda por todo o vento de doutrina, pelo engano dos homens que com astúcia enganam fraudulosamente" (Ef 4.14).Amém.
Filipe Machado