23 janeiro 2022
Judas: Quando a proximidade com Jesus não faz a diferença
Texto João 13.1-5,21,22,26-30.
Judas é o exemplo de que uma pessoa pode andar próxima de Jesus, e ainda assim ser corrompida por seus próprios interesses.
Judas Iscariotes entrou para a história como o traidor. Ele esteve perto de Jesus, mas nunca se rendeu a Ele como Salvador e Senhor.
. JUDAS, UM DOS DOZE ESCOLHIDOS
1. Um discípulo de Jesus. A história de Judas se inicia, dentro da perspectiva deste estudo, quando ele é chamado por Jesus para ser um discípulo. Lucas nos diz que “E aconteceu que, naqueles dias, subiu ao monte a orar e passou a noite em oração a Deus. E, quando já era dia, chamou a si os seus discípulos, e escolheu doze deles, a quem também deu o nome de apóstolos” (Lc 6.12,13).
O nome Iscariotes pode ter, segundo se entende, dois significados: Um, referindo-se à possibilidade de Judas ser oriundo de um lugar chamado Queriote, situado na parte Sul da Judeia. Outra possibilidade seria que Judas faria parte de um grupo de homens que portavam adagas, os chamados sicários. A primeira opção nos parece mais razoável, pois os relatos sobre Judas não nos mostram um homem com tendências violentas ou portando qualquer arma.
Notemos que Jesus não escolheu Judas sem antes ter passado a noite em oração, falando com o Pai e ouvindo o Eterno. O homem que venderia o Mestre foi nomeado junto com os outros 11 discípulos: “[…] e Judas Iscariotes, que foi o traidor” (Lc 6.16). Infelizmente, é dada essa referência acerca desse seguidor de Jesus.
Ele andou com o Salvador, ouviu os seus ensinos, viu os milagres operados e demônios sendo expulsos. Cremos que ele estava no grupo de discípulos que voltou com alegria, após terem sido enviados por Jesus, de dois em dois e presenciarem até a libertação de pessoas oprimidas. Ele teve a honra de ser uma das pessoas mais próximas do Senhor, uma oportunidade sem precedentes para os nossos dias. Mas todas essas experiências não foram suficientes para firmar Judas, ou para fazer dele um genuíno seguidor de Cristo.
2. Um homem que lidava com dinheiro. João nos fala que Judas tinha uma incumbência específica: Era o que podemos chamar, em nossos dias, de “tesoureiro” do grupo das pessoas que andavam com Jesus (Jo 12.6). Isso nos mostra que, de alguma forma, ele tratava com questões financeiras no ministério terreno de Jesus, guardando as ofertas e doações que chegavam.
A relação de Judas com o dinheiro foi o ponto chave que o levou a trair Jesus. Foi por dinheiro que entregou Jesus aos sacerdotes. Entendemos que o dinheiro tem um poder de sedução muito forte para pessoas que desejam ter, ao invés de ser; entretanto, não podemos jamais dizer que quem lida com recursos financeiros será como Judas, que era desonesto.
3. Um ladrão. Para Judas não bastava amar o dinheiro, ele roubava valores do ministério de Jesus (Jo 12.4-6). O amor ao dinheiro deturpa até a missão mais nobre, que é a pregação e o ensino da Palavra de Deus e a conversão de perdidos.
Entendemos que todo ministério necessita de recursos financeiros para subsistir, mas o dinheiro é um meio para se chegar a certas realizações, e não a finalidade da obra de Deus. Não raro, cristãos são criticados por pregarem a respeito de finanças de uma forma pouco bíblica, como se o Eterno fosse um deus disposto a dar, de forma irresponsável, dinheiro para os seus seguidores. Cremos na provisão divina, mas também cremos que é preciso gerir os gastos de forma sábia, trabalhar para ter recursos e honrar ao Senhor com as nossas contribuições.
II. JUDAS, O TRAIDOR
1. O pecado da proximidade. Além do fato de a Bíblia dizer que Satanás entrou em Judas a fim de entregar Jesus, não nos é dito outro motivo além da ganância do discípulo. É provável que ele estivesse esperando que Jesus pegasse em armas e conduzisse Israel numa cruzada contra os romanos, ou que usasse seu poder para expulsar os invasores e restaurar a autonomia nacional que os hebreus tinham antes do período do cativeiro. Talvez tenha pensado que os poderes sobrenaturais que Jesus recebeu do Eterno pudessem ser aproveitados ou direcionados para finalidades nacionalistas. Mas o projeto de Deus era outro. Tentado pelo dinheiro, com o coração dominado por Satanás, Judas entregou Jesus, cumprindo assim a profecia, de que Jesus seria traído.
Judas era um homem que poderia ser comprado. Os sacerdotes e doutores da Lei procuravam uma chance de prender e matar Jesus. Eles detestavam os ensinos de Jesus, transmitidos com autoridade. Eles viam as multidões seguindo ao Senhor, tinham conhecimento dos milagres realizados por Ele, e acharam em Judas a pessoa ideal para quebrar as barreiras que impediam seus planos de serem executados. O preço de Judas foi trinta moedas de prata.
2. Uma profecia cumprida. A Palavra de Deus nos mostra que o Filho de Deus seria traído. Essa situação havia sido registrada pelo profeta Davi, no Salmo 41.9. O Salmo registra uma traição realizada por uma pessoa próxima a Davi, e esse texto tem sido aplicado também à forma como Judas tratou o Senhor.
3. O traidor precisava tirar a própria vida? A profecia diz que o Messias seria alvo de traição, mas não diz que o seu traidor deveria tirar a própria vida. Entendemos que Judas poderia ter um destino diferente, ainda que tenha sido instrumento de Satanás para entregar Jesus à morte. Há pessoas, que como Judas, se deixam levar pelo desgosto de seus atos e encerram não apenas a própria vida, como também a possibilidade de serem restauradas por Deus.
III. COMO JESUS TRATOU JUDAS
1. Jesus o amou até o fim. A declaração de João 13.1 mostra que Jesus não fez acepção de pessoas, mesmo sabendo que Judas o trairia. Ele não tratou Judas de forma diferente da forma que tratou os demais discípulos naquela noite. A traição de Judas não mudou a atitude do Senhor em relação a ele, nem fez de Jesus um traidor. É preciso lembrar de que os demais discípulos deixaram Jesus sozinho, não deram assistência ao Senhor quando esse foi preso. Ainda assim, eles foram trazidos de volta à comunhão com o Senhor. Até Pedro, que negou Jesus diante das pessoas, foi restaurado, e posteriormente, cheio do Espírito no Pentecostes e muito usado por Deus.
2. Jesus deu a ele a ceia. É preciso deixar claro que Jesus deu, com seu exemplo, oportunidades para que Judas se arrependesse. A forma como Jesus tratou seu discípulo deve nos desafiar como exemplo.
3. Jesus lavou os pés dele (Jo 13.12). Jesus não deixou de fora seu traidor, dando-nos uma Lição de humildade e de Liderança servil. Ele sabia que Judas o trairia, e por isso disse: “[…] Ora, vós estais limpos, mas não todos” (Jo 13.10). Judas, consumido pelo seu desejo de dinheiro, teve seus pés lavados, mas sua alma ainda estava contaminada.
Somente o servo de menor importância lavava os pés das pessoas que chegavam na casa. As estradas poeirentas da palestina deixavam os pés sujos, e junto com o cansaço natural da caminhada, deixavam os pés com um aspecto ruim para os viajantes. Ter seus pés Lavados trazia alívio da caminhada e limpeza para os pés. Somente após ter ceado e ter seus pés lavados por Jesus, é que Judas foi consumar a traição.
CONCLUSÃO
Judas poderia figurar entre os apóstolos na história da Igreja. Poderia ter visto o Senhor ressurreto. Poderia ter sido batizado no Espírito Santo no dia de Pentecostes. Mas entrou para a história como um traidor, e seu nome representa ainda hoje, essa imagem. Os demais discípulos também deixaram a desejar quando abandonaram Jesus em seus últimos momentos de vida, mas foram trazidos de volta à comunhão pelo próprio Messias ressuscitado. Apenas Judas perdeu tais oportunidades não apenas por ter traído Jesus, mas também por ter dado fim à sua vida. Que possamos entender que em Deus sempre há restauração, desde que tenhamos fé para crer no perdão que Ele nos concede e abandonar aquilo que lhe desagrada.
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