23 janeiro 2022

João Batista: Prepare o caminho do Senhor


Texto Lucas 1.5-17.
Hoje falaremos a respeito de João Batista, aquele que foi escolhido para preparar o caminho para a vinda do Filho de Deus ao mundo. Seu nascimento foi um milagre, visto que seus pais já eram idosos quando receberam a notícia de que teriam um filho. Diante do milagre do anúncio de nascimento de um filho, já em idade avançada, seu pai Zacarias não acreditou. Como resposta à sua incredulidade, ele ficou mudo até o nascimento do bebê. Diferente do seu pai, João Batista foi um homem cheio de fé e coragem e exerceu seu ministério com excelência.
A presença de Deus na vida de João Batista fez a diferença para que ele desse cumprimento ao seu ministério

I. UM NASCIMENTO SOBRENATURAL

1. Resposta de oração. A história de João, o Batista, começa com o encontro de Zacarias, sacerdote de Deus, com o anjo Gabriel. O anjo aparece em um momento em que Zacarias vai oferecer o incenso no santuário. O anjo começa sua mensagem dizendo ao sacerdote que ele não deveria ter medo: “[…] a tua oração foi ouvida, e Isabel, tua mulher, dará à luz um filho […]” (Lc 1.13). O sacerdote era um ancião, e sem filhos, pedia em oração para ser pai, e Deus enviou um anjo para dizer que aquela oração foi ouvida. Mas surgiu um problema: Ao invés de ficar contente com aquela novidade, Zacarias duvidou da notícia, e o preço da sua momentânea incredulidade foi o silêncio. Ele só voltou a falar depois que o menino nasceu e o nome dele foi confirmado por Zacarias como João.

2. Será grande diante do Senhor. Uma segunda característica que Gabriel menciona acerca de João era que ele seria grande diante do Senhor. A grandeza de João estava na sua simplicidade e na autoridade com que falava sua mensagem, e também no efeito com que essa causava. Ele se vestia e se alimentava de forma simples. O próprio Jesus se referiu a João como sendo “muito mais do que um profeta” (Lc 7.26). João Batista também não poderia beber vinho nem bebida forte (Lc 1.15).

Era tradição em Israel o consumo do fruto da vide. Sua ingestão remonta ao caso de Noé, que depois do dilúvio, plantou uma vinha e ficou bêbado após consumir o seu suco. Como a água, o mel e o leite, o vinho fazia parte da tradição dos hebreus, exceto no caso dos nazireus (Nm 6.3,4), que se separavam para Deus, e não bebiam vinho, nem mesmo comiam uvas frescas ou secas. Essa característica mostra que João Batista, como profeta, estava separado para Deus, das coisas que no seu tempo poderiam afetar seu ministério como profeta. Abster-se do vinho gerou para João um comentário maligno por parte daqueles que não queriam ter compromisso com Deus: “Porquanto veio João, não comendo nem bebendo, e dizem: Tem demônio” (Mt 11.18). Na prática, pessoas cheias do Espírito não se deixam levar por qualquer elemento — comida, bebida ou hábitos — que deturpe seu entendimento, ou que amorteça a capacidade de tomar decisões de acordo com os mandamentos de Deus.

3. Cheio do Espírito Santo. É dito que João seria cheio do Espírito Santo desde o ventre. Somente uma pessoa capacitada pelo Espírito Santo de Deus poderia fazer as obras que João fazia, com ímpeto. Certamente foi o Espírito que revelou a João que Jesus era o Cordeiro de Deus. Era o Espírito de Deus que atraía as pessoas até João, para serem batizadas. Foi o Espírito que conduziu Jesus até João para ser batizado. E a sua pregação ocorreu em um lugar diferente: no deserto: “[…] Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor; endireitai as suas veredas” (Lc 3.4).

João foi cheio do Espírito desde o ventre de sua mãe, nos moldes da Antiga Aliança. Hoje, experimentamos a plenitude do Espírito quando falamos em línguas, como os discípulos no cenáculo. Esse poder, prometido por Jesus, é dado aos que creem para que possam testemunhar.


II. UM MINISTÉRIO SOBRENATURAL

1. Pregando no deserto. O cenário ao qual João se dirigiu para desenvolver seu ministério foi o deserto da Judeia. Sua mensagem era simples: “Arrependei-vos” (Mt 3.2). Mesmo tendo nascido numa família de sacerdotes, suas palavras mostram que ele havia sido escolhido para ser um profeta impetuoso, confrontando o povo a respeito do pecado. Ele não ia fazer sacrifícios pelo povo; ele os confrontaria a não pecarem. Mesmo os fariseus e saduceus iam ver o que João estava fazendo e ele os confrontava dizendo que deveriam se arrepender de seus pecados. Essa poderia ser uma mensagem dura para ales, pois entendiam que, por serem filhos de Abraão, não precisavam se arrepender. E João lhes diz que se arrependessem assim mesmo, pois Deus tinha poder de fazer com que as pedras nas margens do rio Jordão, onde estavam, fossem transformadas em “filhos de Abraão”. Em suma, Deus exigia mudança de atitudes daqueles que tinham conhecimento da sua Lei, e até mesmo a ensinavam.

2. Importa que Ele cresça. Em certo momento do ministério de João, alguém lhe disse que Jesus estava fazendo mais discípulos do que ele. É provável que tal comentário fosse inspirado no desejo de ver dois homens de Deus discutindo entre si, para saber quem tinha mais influência diante das pessoas, ou quem atraía mais seguidores e tinha mais status.

João não se deixou levar por tal comentário. Ele sabia de sua missão, e não desejava nada além daquilo que Deus tinha para ele. João já havia batizado Jesus e identificado o Senhor como o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo, e essas ações foram públicas.

Apesar de ser mais velho que Jesus, João entendia que ele estava ali por causa de Jesus, e não Jesus por causa dele, e com a tranquilidade de quem é grande diante de Deus, disse: “É necessário que ele cresça e que eu diminua” (Jo 3.30). Tal resposta vai contra a arrogância ou o orgulho humano, mas somente é dada por quem entende que sua atuação faz parte de um grande projeto eterno.

3. Ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo. Antes de ver ao Senhor Jesus, João já havia dito que “aquele que vem após mim é mais poderoso do que eu; não sou digno de levar as suas sandálias; ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo” (Mt 3.11). O batismo com o Espírito Santo (com evidência do falar em outras línguas) nos concede poder para testemunhar. No tocante à palavra fogo, nas palavras de João Batista, nos parece razoável que se refira a um julgamento divino para com aqueles que não se arrependerem de seus pecados. Essa palavra, “fogo”, é mencionada na pregação de João em Lucas 3.9,16 e 17, onde se lê, no verso 9, que o fogo consumirá as árvores que foram cortadas por não terem bons frutos. No verso 17, após a colheita do Senhor na sua eira, será queimada a palha, e não o trigo. Há um julgamento final para os que ouvirem a respeito do Evangelho e não se arrependerem de seus pecados.

III. FIEL ATÉ O FIM

1. “És tu aquele que esperávamos?”. Um dos momentos mais intrigantes do ministério de João ocorreu quando ele esteve preso e enviou dois dos seus discípulos até o Senhor Jesus com o seguinte questionamento: “És tu aquele que havia de vir ou esperamos outro?” (Mt 11.3). Como poderia tal questionamento partir justamente da pessoa que batizou Jesus, do homem que disse às pessoas que Jesus era o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo? Naquela prisão, de onde só sairia para ser decapitado. João teve dúvidas sobre a messianidade de Jesus.

É possível que ele tenha colocado em xeque o fato de ter sido usado por Deus para a pessoa certa. Mas a resposta do Messias aos mensageiros deixa claro que João não estava errado quando foi usado por Deus para apontar Jesus: “Ide e anunciai a João as coisas que ouvis e vedes: Os cegos veem, e os coxos andam; os leprosos são limpos, e os surdos ouvem; os mortos são ressuscitados, e aos pobres é anunciado o evangelho” (Mt 11.4.5). O Mestre não chama João de incrédulo, nem o condena pela pergunta feita, Ele apenas solicita aos discípulos que digam a João acerca do que Ele estava fazendo, pois seus atos confirmavam sua missão messiânica.

2. O maior dos profetas. Jesus deixou claro que João era, da Antiga Aliança, o maior dos profetas: “Em verdade vos digo que, entre os que de mulher têm nascido, não apareceu alguém maior do que João Batista; mas aquele que é menor no Reino dos céus é maior do que ele” (Mt 11.11). O maior dos profetas veio para preparar o caminho do Senhor e endireitar as veredas por onde Ele passaria (Mt 11.10). João Batista não deixou nada escrito e também não há registros de que ele tenha realizado milagres. Não ressuscitou os mortos nem expulsou os demônios e foi morto numa prisão, decapitado. Ainda assim, pelo próprio Senhor Jesus, foi considerado o maior dos profetas foi João.

3. Prepare o caminho (Lc 3.4). A vida de João Batista se resume em sua missão: preparar o caminho para que Jesus passasse. Em liberdade, pregou de forma destemida, desafiou os fariseus, batizou pessoas e ainda anunciou a Jesus como o Salvador. Seu testemunho permanece por séculos, como aquele que foi chamado desde o ventre para anunciar a vinda do Messias, o cumprimento do plano da Salvação.

Seu exemplo desafia qualquer cristão de nossa época. O que temos feito para que o caminho por onde o Eterno passará, esteja pavimentado? Deus poderia trabalhar sozinho, sem a ajuda de falhos humanos, mas preferiu delegar a nós a tarefa de colaborar fazendo com que a sua mensagem se torne conhecida.

Em outro aspecto, até que ponto temos esperado que Deus faça tudo, e que bênçãos caiam dos céus sobre nós, sem que façamos nada? Prepare o caminho do Senhor. Faça a sua parte. O que nós devemos fazer, é nossa responsabilidade — trabalhar, estudar, gerir recursos, ser fiéis para com o Senhor e com nossos irmãos — Ele não vai fazer. Nós é que devemos ter tal iniciativa, para que quando Deus vier, encontre o caminho preparado.

CONCLUSÃO

Aqui cabe um questionamento: Até onde temos preparado o caminho por onde Deus vai agir? Ser cheios do Espírito, como foi João, não pode nos eximir de ser pessoas cujas atitudes pavimentem a obra de Deus. O Eterno espera que estejamos disponíveis. Se queremos vê-lo agindo, é preciso que façamos a nossa parte, preparando o caminho do Senhor.

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