23 janeiro 2022

A Sunamita: Quando a fé faz a diferença em atitudes



Texto

“E ela disse ao seu marido: Eis que tenho observado que este que passa sempre por nós é um santo homem de Deus” (2Rs 4.9)

A Sunamita nos mostra que a bondade e a generosidade são importantes aos olhos de Deus, e que tais atos têm sua recompensa.

O período da monarquia em Israel não foi dos melhores no quesito liderança, especialmente no Reino do Norte. Mas Deus tinha seus servos ali, que fizeram a diferença.
Falaremos neste dia da Sunamita, uma mulher que se dispôs a ser bênção para o profeta Eliseu, e de como Deus retribuiu suas ações.


I. A MULHER QUE VIVIA EM SUNÉM

1. O contexto. Suném era uma localidade situada no território destinado à tribo de Issacar, no sul da Galileia e ao norte de Samaria. Levando em conta que essa localidade era próxima a Jezreel, pode se entender que Suném não estava distante dos acontecimentos que antecederam o ministério de Eliseu. É provável que Suném fosse um lugar que tivesse espaço para a permanência de grupos grandes de pessoas, pois no reinado de Saul, após a morte de Samuel, os filisteus se acamparam em Suném para atacar os hebreus, naquela que seria a última guerra em que Saul participaria antes de se matar.

No aspecto religioso, poucos anos antes do ministério de Eliseu, Acabe reinava em Israel, Reino do Norte, e implantou com Jezabel a adoração a Baal. Os embates de Elias contra os pecados do rei Acabe e Jezabel mostram a supremacia do Deus Verdadeiro sobre os que se diziam deuses.

2. Uma mulher com recursos e atitudes acolhedoras. A Bíblia diz que a Sunamita era uma mulher com recursos financeiros (2Rs 4.8). Pelo texto sagrado, além de ser uma pessoa abastada, a Sunamita era uma pessoa sensível para com o cuidado com as pessoas. Não há o registro de que naquela localidade houvesse uma estalagem ou outro meio onde um viajante pudesse parar para se alimentar e descansar. Eliseu, como profeta, deveria ter de percorrer diversos lugares, e o convite para comer pão na casa da Sunamita foi bem-vindo como um momento de descanso e comunhão.

Eliseu teve tempo para comer e usufruir da hospitalidade daquele lar. Isso nos mostra que é necessário ter espiritualidade também para fazer vínculos de amizades que agradem a Deus. “[…] E sucedeu que todas as vezes que passava, ali se dirigia a comer pão” (2Rs 4.8).

3. Um santo homem de Deus. Não é possível saber se a Sunamita conhecia o profeta e a importância dele para a nação do Norte, ou mesmo se ela sabia que Eliseu era o sucessor de Elias, mas ela reconheceu nele um homem de Deus. Mais que ser um homem de Deus, ela diz que ele é “um santo homem de Deus” (2Rs 4.9). De alguma forma, a santidade de Deus na vida do profeta havia sido expressa, e isso faz a diferença. Eliseu, pelo relato, somente comia pão na casa daquela mulher, e não há registros de profecias ou milagres nessa parte do texto. Ao que nos parece, a santidade vista no profeta está mais associada ao jeito com que mantinha sua postura. A verdadeira santidade é vista no convívio diário com o próximo.

II. MILAGRE E ADVERSIDADE

1. Um cômodo para o profeta. Estendendo sua prática de hospitalidade, a Sunamita e seu esposo constroem um cômodo onde o profeta poderia descansar. As decisões daquele lar eram tomadas com base no diálogo (2Rs 4.9,10). Quando há diálogo no lar, as ações são tomadas em consenso. Um quarto foi construído, servindo de refúgio para o homem de Deus. Tal atitude foi tão nobre que Eliseu quis saber o que ele poderia fazer por ela.

2. Uma casa sem filhos. A generosidade da Sunamita trouxe ao profeta Eliseu o desejo de retribuição. O homem de Deus perguntou a ela se havia algum favor que gostaria de receber do rei ou do chefe do exército. Sendo abastada, a Sunamita entendeu que não precisava de nada da parte do profeta. Ela não o acolheu esperando receber bênção alguma, tanto que, quando questionada por Eliseu sobre que tipo de benefício que gostaria de receber, respondeu simplesmente que habitava no meio do seu povo, uma forma de dizer que não tinha falta de nada. Entretanto, no lar da Sunamita não havia filhos, e quem reparou isso foi Geazi, moço de Eliseu. Na cultura judaica, os filhos sempre foram vistos como “herança do Senhor”. Na perspectiva do Antigo Testamento, aquela casa não estava completa. Então, o profeta diz àquela mulher que “segundo o tempo da vida, abraçarás um filho”. A surpresa na declaração do profeta gera uma expectativa na Sunamita, que decorrido o prazo, teve um filho, um menino. Se faltava algo naquela casa, agora não faltava nada.

3. O filho morre. Como em nossos dias, a perda de um filho é sempre traumática, e para os pais, é sempre pior. Apesar de não gostarmos de lidar com esse assunto, a ordem natural da vida, é que os pais passem para a eternidade, e depois, os filhos. Quando essa ordem é rompida, há um processo doloroso de sentimento de perda.

A Sunamita passou por essa situação, com um agravante: Perdeu o único filho que tinha. Pela sua postura de generosidade, recebeu de Deus a oportunidade de ser mãe, desenvolvendo um amor natural materno para com o seu filho. A Bíblia não diz quantos anos tinha o menino quando morreu, mas fala que viveu o tempo suficiente de crescer, se expressar deixando a mulher em desespero. Ela precisava chegar até o profeta Eliseu.
 
III. A AÇÃO DE DEUS NA VIDA DA SUNAMITA

1. Deus não fala nada com o profeta. Um dos pensamentos correntes sobre os profetas era o fato de que Deus falava com eles a todo o momento. Ocorre que isso não aconteceu com Eliseu, pois o profeta não recebeu de Deus qualquer informação para a situação em que estava passando acerca da Sunamita. Os profetas poderiam receber uma visão ou ouvir Deus falando, mas isso não ocorreu nesse caso. A profecia depende exclusivamente da revelação divina, e sem a revelação, sem o desejo de Deus revelar o que está acontecendo, não se pode dizer que há profecia.

2. Deus traz o menino de volta. Dada à insistência da Sunamita, em não se afastar do profeta, este vai até Suném, e se depara com o corpo daquele menino, no próprio quarto do profeta, onde esse descansava quando passava ali. Além de Deus não ter dito nada ao profeta, havia um corpo esperando para ser sepultado. Deus, então, usa seu servo para trazer de volta o menino. Da mesma forma que a Sunamita foi generosa com o profeta, construindo-lhe um quarto para descansar e colocando nele uma cama (2Rs 4.10), Deus foi generoso para com ela, pois a ressurreição do seu filho ocorreu no mesmo quarto que foi construído para abrigar o profeta, na cama em que o corpo do menino havia sido colocado.

3. A proteção de Deus na adversidade. Em outro momento, Eliseu advertiu à Sunamita para que sé retirasse de Israel e fosse peregrinar onde pudesse, pois “o SENHOR chamou a fome, à qual virá à terra por sete anos” (2Rs 8.1). A generosidade que ela demonstrou para com o profeta voltou na forma de uma advertência divina que preservaria a vida da Sunamita e de sua família. Ela teria de abandonar sua terra, suas posses, e retornar quando houvesse bonança na região.

Ao fim dos sete anos, ela retornou, e precisou se dirigir ao rei para pedir suas terras de volta. Como o rei não a conhecia, e estava conversando com Geazi, moço de Eliseu. ouviu que o profeta havia ressuscitado o filho de uma mulher. Naquele momento, ela clamou ao rei, e este foi informado que aquela mulher, e o seu filho, eram as pessoas que Eliseu, por seu ministério, havia abençoado. Então o monarca ordenou que as suas terras, e a renda dessas terras, fossem devolvidas àquela família. Esse foi o resultado de uma atitude generosa daquela mulher para com o homem de Deus.

CONCLUSÃO

A Sunamita nos mostra que podemos usar nossos recursos para fazer a diferença na vida de outras pessoas. Nos fala também que há momentos em que Deus nos permite passar por situações adversas, mas que Ele sempre terá uma solução, E por fim, mostra que nossas ações em benefício de outras pessoas, de forma sincera, são aprovadas por Deus, e que Ele nos retribui no devido tempo.

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