Postado por Presbítero André Sanchez
Você Pergunta: Estou estudando a história do encontro de Jesus com o jovem rico e lá aparece a frase de que os últimos serão os primeiros. Mas eu não consegui entender muito bem em que sentido Jesus diz isso. Qual seria a intenção de Jesus nessa fala? Pode me ajudar a entender?
Cara leitora, essa fala de Jesus sobre os últimos serão os primeiros aparece em pelo menos quatro versículos da Bíblia: (1) No final da descrição desse encontro de Jesus com o jovem rico e orientações de Jesus aos discípulos sobre as riquezas (Mateus 19:30), (2) na parábola dos trabalhadores na vinha (Mateus 20:16)…
(3) em Marcos 10:31, mesma descrição de Jesus com o jovem rico e, por fim, (4) em Lucas 13:30, quando Jesus fala sobre a porta estreita. Analisemos o que Jesus quis dizer:
O que significa os últimos serão os primeiros?
(1) O ponto chave que nos ajudará a entender o que Jesus quis dizer com os últimos serão os primeiros está no Seu encontro do o jovem rico.
O jovem rico tinha um bom desejo, que era ser salvo, viver a vida eterna. Mas no diálogo com Jesus viu-se claramente que ele achava que conseguiria a vida eterna unicamente através de suas boas obras.
Porém, Jesus logo desmascara seu coração mostrando que ele amava mais o dinheiro do que a missão que Jesus lhe oferecia de segui-lo: “Tendo, porém, o jovem ouvido esta palavra, retirou-se triste, por ser dono de muitas propriedades” (Mateus 19:22).
(2) A seguir Jesus continua o ensino aos Seus discípulos sobre o perigo de colocar o coração nas riquezas. Pedro, então, faz um contraste com a atitude deles (discípulos) de ter deixado tudo para servir a Cristo:
“Então, lhe falou Pedro: Eis que nós tudo deixamos e te seguimos; que será, pois, de nós?” (Mateus 19:27). Em outras palavras, Pedro questiona qual seria a recompensa deles! Jesus ensina algo maravilhoso e motivador a eles:
“E todo aquele que tiver deixado casas, ou irmãos, ou irmãs, ou pai, ou mãe ou mulher, ou filhos, ou campos, por causa do meu nome, receberá muitas vezes mais e herdará a vida eterna” (Mateus 19:29).
(3) Jesus, porém, arremata Seu ensino deixando claro que “Porém muitos primeiros serão últimos; e os últimos, primeiros” (Mateus 19:30).
Segundo Cristo ensina, muitas pessoas serão surpreendidas, pois, achando que por terem servido a Jesus primeiro (falando aqui de tempo cronológico), criam em seus corações um sentimento de superioridade, de acharem que são “os primeiros da fila” ou os “preferidos de Deus”.
Esses “muitos”, que acham que estão nos primeiros lugares, serão ultrapassados por aqueles que desenvolvem um coração mais excelente diante de Deus, sabendo que qualquer coisa que receberem é a graça de Deus sendo derramada e não seus méritos próprios.
(4) Esse pensamento de Jesus é confirmado a seguir quando Ele conta a parábola dos trabalhadores na vinha, onde novamente volta a repetir esse conceito.
Vários trabalhadores são chamados a trabalhar em uma vinha pelo dono da vinha. Alguns são chamados de madrugada e é combinado com eles um denário como pagamento.
No decorrer do dia o dono da vinha acha mais trabalhadores e manda-os ao trabalho (sem combinar valores). O dono da vinha ordena ao final do dia: “Ao cair da tarde, disse o senhor da vinha ao seu administrador: Chama os trabalhadores e paga-lhes o salário, começando pelos últimos, indo até aos primeiros” (Mateus 20:8).
Todos receberam o mesmo salário, mas os que começaram mais cedo, acharam a atitude do dono da vinha injusta, pois, segundo pensavam, se começaram mais cedo deviam ter recebido mais (eram mais merecedores).
Estes são repreendidos pelo dono da vinha, que mostra a eles que eles receberam exatamente o que fora combinado.
Os últimos serão os primeiros indica que existe só um soberano
(5) Assim, Jesus finaliza Seu ensino mostrando que a graça de Deus é superior ao esforço humano que muitos empregam por achar que terão mais recompensas de Deus.
No final das contas, o que Deus dá a cada um é o necessário e o melhor para cada um. No final, no juízo, muitos se surpreenderão quando descobrirem que não são os primeiros (os melhores entre todos), mesmo achando que são. E se surpreenderão ainda mais ao ver muitos que julgavam que seriam os últimos estarem em sua frente.
O fato é que nosso coração deve servir a Deus não em busca de recompensas e de “lugares e privilégios”, mas com gratidão por tudo que Ele fez, faz e nos dá diariamente.
Não devemos ter inveja de outros ou julgá-los achando-os menos do que nós e nós mais do que eles. Poderemos nos surpreender ao verificar que muitos últimos serão os primeiros e primeiros serão os últimos.
No reino de Deus não cabe presunção e muito menos sentimento de superioridade. O único soberano é o Senhor e nós os Seus servos! O coração de servo é o que nos dá diante de Deus a certeza de que estaremos com Ele, não importando a posição em que estivermos!
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