Você Pergunta: Na Bíblia diz que para Deus 1 dia é como 1000 anos e 1000 anos é como 1 dia. Quando Deus fala isso, existe algum significado profético disso em nosso mundo ou tem algum outro significado? Como podemos entender esse texto em termos práticos na nossa época?
Caro leitor, o que determina o significado de uma expressão dentro de um texto é o contexto, é aquilo sobre o que o autor está falando dentro desse texto.
Se isso não for observado, corre-se o risco de interpretações equivocadas, como essa questão de significado profético de uma coisa que não tem nada de profético. Vou te dar um exemplo bem simples:
Se eu te perguntar o que significa “um instrumento”, o que me responderia? Talvez pensaria em instrumentos musicais se você gosta de música, ou, se for da área da saúde, pensaria em instrumentos usados em procedimentos médicos. Ou ainda, se gostar de aviação, pensaria em instrumentos usados para pilotar um avião.
Agora se eu revelar o contexto de alguém que está dentro de uma loja de equipamentos para música, perguntando que instrumento é aquele na parede, logo, você consegue, pelo contexto, responder com exatidão que é um determinado instrumento musical! Acho que ficou claro, não é mesmo?
Vejamos o texto da nossa dúvida:
“Há, todavia, uma coisa, amados, que não deveis esquecer: que, para o Senhor, um dia é como mil anos, e mil anos, como um dia” (2 Pedro 3:8).
Sem o contexto, qualquer coisa que falarmos em cima desse verso, será achismo, será palpite, terá grande chance de ser algo equivocado. Então, vejamos:
O apóstolo Pedro está falando sobre os últimos dias, trazendo à mente dos seus leitores a importância de pensar que nesses últimos dias muita coisa vai acontecer, inclusive com o levantamento de muitos perseguidores e zombadores de Deus:
“tendo em conta, antes de tudo, que, nos últimos dias, virão escarnecedores com os seus escárnios, andando segundo as próprias paixões” (2 Pedro 3:3).
Qual é a mensagem desses zombadores? Eles caçoam daqueles que esperam a volta de Cristo, eles riem dos que têm esperança do retorno do Rei:
“e dizendo: Onde está a promessa da sua vinda? Porque, desde que os pais dormiram, todas as coisas permanecem como desde o princípio da criação” (2 Pedro 3:4).
Com base nos anos que já se passaram em nosso mundo, eles concluem que a promessa de Deus é falsa, pois, na cabeça deles, esse dia “nunca chega”!
O apóstolo relembra que Deus já derramou juízo nesse mundo, quando ninguém esperava, e isso através do grande dilúvio da época de Noé:
“Porque, deliberadamente, esquecem que, de longo tempo, houve céus bem como terra, a qual surgiu da água e através da água pela palavra de Deus, pela qual veio a perecer o mundo daquele tempo, afogado em água” (2 Pedro 3:5-6).
Sendo assim, as promessas de Deus irão se cumprir. Pedro reforça o que ocorrerá no futuro, o juízo de Deus virá!
“Ora, os céus que agora existem e a terra, pela mesma palavra, têm sido entesourados para fogo, estando reservados para o Dia do Juízo e destruição dos homens ímpios” (2 Pedro 3:7).
Fogo aqui é símbolo do juízo de Deus e da purificação que Deus fará, punindo os ímpios severamente no seu Dia do Juízo Final!
No entanto, Pedro explica que Deus não está preso à nossa expectativa quanto ao tempo. Para nós o tempo pode até parecer longo, porém, para Deus, o tempo não é algo que o atinge, que o envelhece ou que o enfraqueça!
Dessa forma, o uso da expressão 1 dia e 1000 anos tem esse foco, mostrar apenas que Deus não está preso ao nosso calendário, às nossas expectativas e que o tempo que nos atinge como humanos, não faz nada em Deus! Ele está acima disso!
Para aprofundar ainda mais a questão, Pedro explica que essa aparente “demora”, em nossa visão humana, nada mais é do que Deus realizando Seu plano e sendo misericordioso conosco!
“Não retarda o Senhor a sua promessa, como alguns a julgam demorada; pelo contrário, ele é longânimo para convosco, não querendo que nenhum pereça, senão que todos cheguem ao arrependimento” (2 Pedro 3:9).
Como já ficou claro, está totalmente fora de contexto o uso de 1 dia é como 1000 anos para fazer “numerologia” na Bíblia, ou seja, ficar tentando inventar cálculos para tentar descobrir coisas “secretas” que Deus teria deixado nos números e até letras da Bíblia, usadas de formas “soltas”!
Essa expressão é apenas simbólica e deve ser aplicada dentro do contexto em que aparece, ou seja, como figura de linguagem e não para fazer cálculos mirabolantes de datas que Deus não revelou em sua Palavra!
Fuja de interpretações de pessoas que tiram os textos do contexto e buscam aplicar a eles um aspecto diferente daquele que a Bíblia objetivamente aplica no texto!
Postado por Presbítero André Sanchez
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