Postado por Presbítero André Sanchez
Você pergunta: Muita gente fala que Zaqueu era ladrão, por isso, disse a Jesus que devolveria o dinheiro a quem de direito segundo a lei. Mas o texto em nenhum momento fala que Zaqueu era ladrão. Ele disse “se” tivesse defraudado alguém devolveria e não que tinha defraudado alguém. Creio ser equivocada a interpretação de que ele era um ladrão. O que você acha?
Caro leitor, creio ser bastante claro que Zaqueu era sim um homem corrupto e ladrão. Podemos ver esses motivos de forma clara no texto. Vou demonstrar na análise abaixo para que não fiquem dúvidas:
Zaqueu era ladrão e corrupto?
(1) A Bíblia relata que Zaqueu era maioral dos publicanos: “Eis que um homem, chamado Zaqueu, maioral dos publicanos e rico” (Lucas 19:2).
Os publicanos eram judeus que trabalhavam coletando impostos para o governo romano.
A fama deles era muito ruim perante a população, pois os consideravam traidores e, em muitos casos, eram também desonestos, extorquindo pessoas para enriquecer indevidamente.
Zaqueu é mencionado como sendo uma espécie de chefe dos publicanos (maioral). Aqui já temos uma consideração importante a ser feita, pois o chefe dos publicanos, ou sabia dos roubos realizados pelos seus subordinados e se servia deles para ficar rico e era conivente, ou sabia dos roubos e era omisso na punição da corrupção.
Nos dois casos Zaqueu estaria agindo errado. É quase impossível sustentar a ideia de que Zaqueu era um chefe honesto que não sabia das falcatruas realizadas nas coletas de impostos, já que naqueles tempos ser publicano era quase sinônimo de ser ladrão.
(2) Após Zaqueu se esforçar para chamar a atenção de Jesus e Jesus ter indicado que iria se hospedar na casa dele, houve uma reclamação geral das pessoas de que Jesus estava indo para a casa de um pecador dos mais odiados pelo povo.
Zaqueu, então, se levanta e dirige a Jesus uma palavra surpreendente. Primeiro, resolveu dar metade da sua riqueza aos pobres (Lucas 19:8). Segundo, se houvesse defraudado alguém restituiria quatro vezes mais.
Sabemos que a Lei de Moisés exigia que se restituísse com 20% de indenização (Levítico. 6:5; Números. 5:7), mas Zaqueu foi além disso, oferecendo uma devolução maior, o que indica que ele realmente estava com uma mudança de vida impressionante em curso.
(3) Alguns argumentam que Zaqueu teria feito essa oferta além até do que a Lei exigia, pois sabia que não tinha feito nada.
Porém, esse argumento não se sustenta, pois não haveria a necessidade de Zaqueu mencionar um possível e grave erro se estivesse certo de que não o tinha cometido.
Além disso, é pouco provável que Zaqueu estava citando perante Jesus uma hipótese de um crime, quando disse “se nalguma coisa tenho defraudado alguém”.
O termo a seguir usado por Zaqueu é “restituo”, no grego “apodidomi” e está sendo usado no tempo presente, o que indica que Zaqueu estava considerando isso como um fato já decidido, da mesma forma que a resolução de dar metade dos seus bens aos pobres quando disse “resolvo”.
(4) Sendo assim, fica claro que Zaqueu estava confessando diante de Jesus seus erros mais graves e fazendo reparação deles conforme a Lei de Moisés e até mesmo acima do que ela exigia.
Daí compreendemos a fala de Jesus de que havia ocorrido salvação naquela casa (Lucas 19:9). Jesus via a verdade na vida de Zaqueu através de palavras e atitudes concretas e não apenas oratória persuasiva e vazia.
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