13 dezembro 2022

Qual o significado do número sete na Bíblia? Por que ele é tão usado?

Você pergunta: Sou novo convertido e em minhas leituras bíblicas estou notando que a bíblia usa muito o número sete e seus múltiplos. Gostaria de entender melhor esse uso do número sete na Bíblia, se ele é literal, se é simbólico e por que ele se repete tantas vezes nos textos.

Como em qualquer língua, nas línguas originais em que a Bíblia foi escrita (hebraico, aramaico e grego) tínhamos sistemas de numeração que tinham o objetivo de facilitar a contagem.

Mas sabemos que na Bíblia os números não eram usados apenas para esse objetivo, mas também de formas muito simbólicas. Vamos meditar um pouco nesse tema, especialmente o uso do número sete na Bíblia.

O que significa o número sete na Bíblia?

(1) A primeira coisa que temos de saber é que o uso do número sete na Bíblia, em grande parte dos textos, simbolizava nas épocas em que foram escritos os textos, a plenitude ou a perfeição de algo ou alguém.

Por exemplo, logo na criação observamos que Deus fez a criação (criação e dia de descanso) em sete dias:

“E, havendo Deus terminado no dia sétimo a sua obra, que fizera, descansou nesse dia de toda a sua obra que tinha feito” (Gênesis 2:2).

Temos aqui um uso claro do número sete para demonstrar a perfeição. Deus usou desse número símbolo para demonstrar isso, já que Ele, como Deus, podia ter criado o mundo em um dia só se quisesse. Temos claramente aqui esse simbolismo do número sete.

(2) Observemos um outro exemplo interessante: o Faraó da época de José do Egito teve um sonho que o perturbou. No sonho vemos o número sete aparecendo novamente como símbolo da plenitude da vontade de Deus que seria feita no Egito:

Do rio subiam sete vacas formosas à vista e gordas e pastavam no carriçal. Após elas subiam do rio outras sete vacas, feias à vista e magras; e pararam junto às primeiras, na margem do rio” (Genesis 41:2-3).

Temos aqui Deus usando o simbolismo já conhecido do número sete para demonstrar que toda Sua vontade aconteceria conforme o sonho que foi interpretado por José como sendo sete anos de fartura seguidos de sete anos de fome.

Além da literalidade do tempo (7 anos) temos a simbologia da plenitude da vontade de Deus sendo feita.

(3) Observe ainda um outro exemplo interessante: na punição que Deus deu aos israelitas do reino sul (Judá), o tempo de punição foi um múltiplo de sete (setenta), indicando uma punição completa de Deus ao Seu povo, que foi levado cativo para a Babilônia:

“Acontecerá, porém, que, quando se cumprirem os setenta anos, castigarei a iniquidade do rei da Babilônia e a desta nação, diz o SENHOR, como também a da terra dos caldeus; farei deles ruínas perpétuas” (Jeremias 25:12).

Esses exemplos citados até agora mostram que, além do uso literal do número sete e seus múltiplos, temos também atrelados a ele o uso simbólico demonstrando a perfeição e completude daquilo que está sendo mencionado.

(4) No novo testamento também temos esse uso do número sete, seja de forma literal, literal e simbólica ao mesmo tempo, ou somente simbólica.

Vejamos este exemplo, onde Jesus usa o número sete para demonstrar simbolicamente que devemos perdoar o próximo quantas vezes for necessário, algo ilimitado:

“Respondeu-lhe Jesus: Não te digo que até sete vezes, mas até setenta vezes sete” (Mateus 18:22).

Pedro pensava que perdoar sete vezes seria o número perfeito de vezes a perdoar alguém. Jesus adiciona uma multiplicação ao número sete para demonstrar a Pedro que precisaria ir muito mais além no exercício do perdão.

(5) Por fim, não podemos deixar de falar do uso do número sete no livro de Apocalipse. Ele segue a mesma significação que no restante da Bíblia, usado sempre com o sentido de perfeição ou plenitude de algo ou alguém, mas não podemos deixar de notar que Apocalipse usa o número sete de uma forma muito característica, na maioria das vezes de forma simbólica, com simbolismos interessantíssimos (e difíceis muitas vezes) de estudar.

Vejamos este interessante: “Ao anjo da igreja em Sardes escreve: Estas coisas diz aquele que tem os sete Espíritos de Deus e as sete estrelas: Conheço as tuas obras, que tens nome de que vives e estás morto” (Apocalipse 3:1).

Aqui, apontam muitos estudiosos, sete espíritos de Deus seria uma menção à plenitude do Espírito Santo, presente junto a ação de Jesus Cristo, que é Aquele que enviou o Espírito Santo à Sua igreja após a Sua morte e ressurreição.

Os crentes da igreja de Sardes estavam como que mortos espiritualmente e precisavam ser reavivados pela ação plena do Espírito Santo em suas vidas (daí o número sete).

Já as sete estrelas mencionadas, simbolicamente, são os sete anjos das igrejas (alguns pensam que esse anjo seria o pastor de cada igreja), como o próprio Jesus explica:

“Quanto ao mistério das sete estrelas que viste na minha mão direita e aos sete candeeiros de ouro, as sete estrelas são os anjos das sete igrejas, e os sete candeeiros são as sete igrejas” (Apocalipse 1:20).

Presbítero André Sanchez

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