Você pergunta: Hoje vemos muitas pessoas que têm o hábito de fumar. Nunca encontrei nada na Bíblia específico proibindo o uso do tabaco. Será que a Bíblia proíbe realmente alguém de fumar? Ou podemos concluir que pelo fato dela não mencionar nada sobre o fumo não seja pecado fumar?
Muito oportuna sua pergunta. Realmente não encontramos nada especifico o bastante a respeito do fumo na Bíblia. Não existe o décimo primeiro mandamento: “não fumarás”.
Porém, é muito simplista crermos que a Bíblia é apenas um livro de leis que dizem o que pode ou não pode ser feito. A Bíblia é muito mais do que isso.
Ela traz princípios que nos ajudam a avaliar qualquer tipo de situação e tomarmos a melhor e mais sábia decisão em qualquer tempo da nossa vida. Assim, o fato de não constar nenhum versículo específico não faz do ato de fumar algo liberado e lícito.
Mas fumar é ou não é pecado?
Bom, para respondermos a isso devemos analisar o que significa fumar e o que está envolvido nesse ato e confrontarmos com a Bíblia para vermos se esse ato passa pelo crivo da Palavra de Deus.
(1) Fumar é um vício. Todos sabem que a nicotina presente no cigarro vicia. Existem aqueles fumantes que dizem que param quando quiserem, mas sabemos que a realidade não é bem essa.
O tabaco vicia em um nível muito profundo, trazendo dependência química séria. Nesse sentido já temos um elemento contrário ao fumo. Vícios não condizem com a vida de um crente resgatado por Cristo.
A meu ver o vício de fumar é contrário a busca que o crente deve ter do domínio próprio (Gálatas 5:23).
(2) Fumar faz mal à saúde. Nunca é demais lembrar que o cigarro contém cerca de 5000 substâncias tóxicas e que seu uso pode resultar em câncer e diversas outras doenças graves e algumas mortais.
A Bíblia é clara em apontar que nosso corpo é templo do Espírito Santo e que devemos glorificar a Deus através desse corpo:
“Acaso, não sabeis que o vosso corpo é santuário do Espírito Santo, que está em vós, o qual tendes da parte de Deus, e que não sois de vós mesmos? Porque fostes comprados por preço. Agora, pois, glorificai a Deus no vosso corpo.” (1 Coríntios 6.19-20).
Não consigo imaginar como alguém que faz uso de uma substância tão maléfica ao organismo possa glorificar a Deus em seu corpo com essa atitude.
(3) Fumar é semelhante a outros vícios condenados pela Bíblia. Alguns defendem o uso do tabaco apoiando-se no fato da Bíblia não condenar diretamente o tabaco.
Mas é óbvio que as listas de pecados condenados presentes na Bíblia não são exaustivas. Se o tabaco não é mencionado, pode ser porque não era um problema na época como é hoje.
Em uma de suas listas, Paulo diz o seguinte: “Ora, as obras da carne são conhecidas e são (…) bebedices, glutonarias e coisas semelhantes a estas“ (Gálatas 5:19, 21).
Não vejo dificuldade alguma em comparar o vício do tabaco com, por exemplo, as glutonarias e bebedices citadas por Paulo. São muito semelhantes. Certamente esse vício do tabaco pode ser encaixado em “coisas semelhantes a essas” se considerarmos todo o contexto que trabalhamos acima.
(4) Fumar prejudica a vida do próximo. Hoje já se sabe que mesmo as pessoas que não querem fumar, mas que ficam próximas a fumantes, também acabam colhendo os males do cigarro.
São os fumantes passivos. A maioria dos fumantes em algum momento acabam cedendo ao vício e fumando próximo de alguém (alguns até próximo de seus filhos dentro de casa), prejudicando essa pessoa. Tudo isso por causa da força do vício.
Apesar de todas as leis buscando “proteger” os não fumantes, sabemos que na prática as coisas não funcionam tão bem assim.
Considero isso como uma atitude de violência contra o próximo, já que a pessoa prefere dizer sim ao vício a dizer sim a saúde do próximo.
Conclusão:
É preciso salientar que o fator viciante do uso do tabaco pode fazer com que o seu uso vire uma doença na vida da pessoa.
O vício fica tão forte que nem com muita força de vontade consegue largar. Ou seja, não podemos reduzir esse vício prejudicial apenas ao âmbito espiritual.
Às vezes serão necessários medicamentos, acompanhamento psicológico e outras ajudas médicas para ajudar a pessoa a se libertar desse maldito vício. E, é claro, a ajuda espiritual tão necessária.
Por isso, a igreja deve acolher essas pessoas e orientá-las corretamente a respeito dessa questão. Mas, é claro, o fator fundamental é a pessoa reconhecer o seu erro e o prejuízo dele a si mesma e aos outros. Esse é o primeiro passo para a libertação plena.
Presbítero André Sanchez,
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