23 junho 2022

Lição 10: A justiça e a graça de Deus- Parábolas de Jesus — Advertências para os dias de hoje


Comentarista: Elienai Cabral

TEXTO ÁUREO
“Assim, os derradeiros serão primeiros, e os primeiros, derradeiros, porque muitos são chamados, mas poucos, escolhidos” (Mt 20.16).

VERDADE PRÁTICA
A concessão das bênçãos divinas não é motivada por nossos méritos, mas pela graça do Senhor da Seara.

— 1Co 3.6-8 Cada um receberá o galardão segundo o seu trabalho
— Lc 16.1-13 O Senhor requer fidelidade de seus mordomos
— 1Co 4.1-5 Despenseiros dos mistérios de Deus
— Is 5.1-7 Cristo, o Amado da vinha
— 1Co 3.12-15 A qualidade dos serviços prestados
— Ap 11.18 O Senhor dará recompensa a todos os seus trabalhadores

LEITURA BÍBLICA 
Mateus 20.1-10. 1 — Porque o Reino dos céus é semelhante a um homem, pai de família, que saiu de madrugada a assalariar trabalhadores para a sua vinha.2 — E, ajustando com os trabalhadores a um dinheiro por dia, mandou-os para a sua vinha.3 — E, saindo perto da hora terceira, viu outros que estavam ociosos na praça.4 — E disse-lhes: Ide vós também para a vinha, e dar-vos-ei o que for justo. E eles foram.5 — Saindo outra vez, perto da hora sexta e nona, fez o mesmo.6 — E, saindo perto da hora undécima, encontrou outros que estavam ociosos e perguntou-lhes: Por que estais ociosos todo o dia?
7 — Disseram-lhe eles: Porque ninguém nos assalariou. Diz-lhes ele: Ide vós também para a vinha e recebereis o que for justo.8 — E, aproximando-se a noite, diz o senhor da vinha ao seu mordomo: Chama os trabalhadores, e paga-lhes o salário, começando pelos derradeiros até aos primeiros.9 — E, chegando os que tinham ido perto da hora undécima, receberam um dinheiro cada um;10 — vindo, porém, os primeiros, cuidaram que haviam de receber mais; mas, do mesmo modo, receberam um dinheiro cada um.
 
OBJETIVOS
Descrever as figuras centrais da parábola.
Explicar o principal ensino desta parábola.
Valorizar a graça e a justiça divina.

A mensagem de Jesus aos líderes judeus é clara e taxativa: na ética do Reino quem deseja ser o primeiro deve ser o servo de todos. Portanto, ter elevado conceito de si mesmo, a custa do desprezo das demais pessoas, é atitude reprovável no Reino dos Céus. Deus espera que o sirvamos por amor, ausentes de inveja e sem visar prêmios ou posições privilegiadas. Pense nisso!


Os dados apresentados na parábola. 



INTRODUÇÃO
A Parábola dos Trabalhadores na Vinha apresenta uma das mais extraordinárias lições concernentes ao caráter de Deus. Nesta analogia, o Senhor é comparado a um pai de família que sai de madrugada a fim de recrutar trabalhadores para sua vinha. Estas figuras, “pai de família” e “proprietário de uma vinha”, apresentam-no como Soberano. Todavia, este conceito é complementado pela demonstração de sua justiça e misericórdia. Estes atributos manifestam-se no relacionamento entre Deus e os homens. Podem ser observados não somente no convite a todos os que estavam ociosos nas praças em diversos horários, mas também no final do expediente, no momento em que Deus concede o mesmo salário tanto aos primeiros quanto aos últimos trabalhadores. Jesus ensina que a justiça divina não é conforme a capacidade e mérito pessoal (Mt 20.10), mas segundo a sua misericórdia e graça.

Nesta parábola, Jesus compara o Reino dos céus a um pai de família que, possuindo uma vinha, saiu certo dia a recrutar trabalhadores.

Naquele dia, convocou, desde a hora terceira, diversos obreiros.

No versículo 16, o Senhor repete um princípio citado em Mateus 19.30: “Os derradeiros serão primeiros, e os primeiros, derradeiros, porque muitos são chamados, mas poucos, escolhidos”. Ensina esse preceito que Deus não faz diferença quanto ao tempo de trabalho, e sim quanto à disposição para ouvir o seu chamado e executar a tarefa no devido tempo.

I. DEUS, O VINHATEIRO (Mt 20.1)
A parábola apresenta um pai de família que cultiva uma vinha para o sustento de sua casa. Figuradamente, representa Deus que, para manter a sua obra, contrata os trabalhadores.

1. Demonstração da graça e do senhorio do Vinhateiro. A autoridade do vinhateiro é destacada no próprio texto quando este o identifica como “pai de família”, denotando-lhe o poder de liderar o que é seu. Deus é o Pai da grande família denominada Igreja, emanando dele tanto a ordem de trabalho como a visão da vinha que Ele mesmo plantou durante o seu ministério terreno. Sua justiça impele-o a dar a cada um o justo pagamento, independentemente da quantidade ou tempo de serviço. Por isso os trabalhadores da undécima hora, que são os últimos, recebem tanto quanto os que trabalham o dia inteiro.

2. Distribuição do trabalho na vinha (vv.3-6). O vinhateiro distribuiu o trabalho em horas distintas: na primeira, na terceira, na sexta, na nona e, finalmente, na undécima. Entre os judeus, o dia é dividido em 12 horas. E na linguagem bíblica, dependendo do contexto, as horas tem uma simbologia especial.

Nessa parábola, Jesus utiliza o dia-a-dia judaico para dar-nos uma preciosa lição acerca dos trabalhadores do Reino dos céus. Ele divide o dia em cinco tempos: 1ª hora (6 horas), pois aquele senhor saiu de madrugada; 3ª hora (9 horas); 6ª hora (12 horas, meio-dia); 9ª hora (15 horas); e, por último, 11ª hora (undécima, 17 horas).

A hora undécima antecedia o pôr do sol. Em todas estas horas, aquele senhor convocou trabalhadores para a sua vinha.

3. O vinhateiro preocupava-se com o resultado final do trabalho (v.16). A parábola deixa claro que a preocupação de Jesus era mostrar que a recompensa não era medida pela duração do trabalho, mas sim, pela diligência, fidelidade e qualidade do trabalho feito (1Co 4.2; 2Tm 2.2; Tt 2.10; Pv 28.20; Lc 16.10).

Quando Jesus declara que “os derradeiros serão primeiros, e os primeiros, derradeiros” (Mt 20.16), quis ele deixar bem patente que a soberania divina não será exercida em prejuízo quer da justiça quer da graça de Deus.

O contrato de trabalho indicava um pagamento específico pela tarefa realizada. Por conseguinte, o vinhateiro não foi injusto com nenhum daqueles trabalhadores, pois lhes pagou o salário de acordo com o contrato firmado com cada um. Os trabalhadores da 1ª hora serão recompensados tanto quanto os da hora undécima.

II. A VINHA (Mt 20.1)
Nesta parábola, “o reino e a vinha” tem um destaque especial. O texto começa falando no “Reino dos céus” que significa o domínio de Deus sobre todas as coisas. É a amplitude e a superioridade do Reino de Deus, porque este vem do alto. Deus plantou uma vinha neste mundo e conta conosco para cultivá-la, a fim de que esta venha a produzir abundantes frutos.

1. A figura da vinha. No Antigo Testamento, Israel é apresentado como o povo eleito de Deus, sendo comparado à “vinha” (Is 5.7; Jr 12.10), à “oliveira” (Rm 11.17) e à “figueira” (Lc 21.29). O Novo Testamento usa a figura da vinha para ilustrar a Igreja de Cristo (Jo 15.1-8). Nesta nova dispensação, a Igreja é a nova vinha de Deus na terra.

2. O trabalho na vinha (Mt 20.1). O texto deixa implícito que há muito trabalho na vinha, pois esta requer constantes cuidados. Para tanto, é necessário que se tenha persistência até ao tempo da colheita (Tg 5.7). A Igreja é uma vinha especial; requer dos viticultores dedicação para que produza bom vinho. A qualidade de seu fruto depende muito do desvelo dos trabalhadores com a terra, com a cepa e com os seus ramos. Por isso requer-se a necessária qualificação dos obreiros (2Tm 2.15).

Hoje, em muitos lugares da vinha do Senhor, é grande o estrago e prejuízo causado por maus trabalhadores neste tempo de colheita final de almas para Deus e de “fazer discípulos” para o seu reino (Mt 28.19).

III. OS TRABALHADORES DA VINHA
O Apóstolo Paulo exortou a Timóteo: “Porque o exercício corporal para pouco aproveita, mas a piedade para tudo é proveitosa, tendo a promessa da vida presente e da que há de vir. Esta palavra é fiel e digna de toda a aceitação. Porque para isto trabalhamos e lutamos, pois esperamos no Deus vivo, que é o Salvador de todos os homens, principalmente dos fiéis” (1Tm 4.8-10). Esta escritura indica que os servos de Deus devem empenhar-se sempre para executar, com zelo, a tarefa que dEle receberam, evidenciando, assim, que realmente o amam.

1. A ociosidade, uma ameaça para a vinha de Deus. A ociosidade, no contexto desta parábola, deve ser vista sob dois aspectos. O primeiro envolve os que se achavam ociosos por não haverem sido, ainda, contratados. Eles tinham experiência, porque, tão logo foram convocados pelo pai de família, apresentaram-se ao trabalho. O segundo poderia representar comodismo, preguiça, desqualificação e desinteresse. Infelizmente, a tecnologia tem tomado o lugar das pessoas até mesmo no seio da igreja, destruindo a alegria de se fazer a obra de Deus.

2. É tempo de trabalhar. Durante todo o dia, o pai de família buscou obreiros para cuidar de sua vinha. Na 1ª, 3ª, 6ª e 9ª hora, o vinhateiro encontrou obreiros que iam, apesar do mormaço do dia, cumprindo suas obrigações de acordo com o combinado. Entretanto, foi somente no crepúsculo do dia, antes que o sol se pusesse no horizonte, que o dono da vinha pôde completar o número de trabalhadores de que precisava.

Na história da Igreja Cristã, entramos na undécima hora. É o crepúsculo do último trabalho da Igreja na terra, quando se fará a grande colheita para o Reino de Deus! Todos os que trabalharam na vinha do Senhor, da primeira à nona hora, tornaram possível este momento. Não podemos, portanto, correr o risco de lamentar o tempo perdido e confessar como Israel: “Passou a sega, findou o verão, e nós não estamos salvos” (Jr 8.20). O apóstolo João previa esse tempo, quando nos exortou: “Filhinhos, é já a última hora” (1Jo 2.18).

IV. A UNDÉCIMA HORA (Mt 20.6)
A justiça divina não é baseada em critérios humanos; os que trabalharam na undécima hora são tratados com igualdade em relação aos que começaram nas primeiras horas do dia.

1. O tempo de trabalho não é relevante no Reino de Deus (Mt 20.8-12). Há uma verdade imprescindível nesta parábola: cada trabalhador receberá aquilo a que fizer jus. A obra feita não é medida pelo tempo. Quer tenhamos trabalhado no primeiro turno, quer no undécimo, teremos o mesmo salário. Pois este não tem como critério a quantidade, mas a qualidade. É o próprio Senhor quem o diz: “os derradeiros serão primeiros, e os primeiros, derradeiros”(Mt 20.16).

2. A ideia básica do ensino de Cristo. No Reino de Deus, não há discriminação, nem favoritismo. Os trabalhadores da undécima hora são tão importantes quanto os da primeira. Pois o mérito do serviço, aos olhos de Deus, não depende da quantidade; depende do espírito com que é feito o trabalho.

CONCLUSÃO
Não se trabalha na vinha de Deus visando recompensas ou vantagens. A recompensa não é maior nem menor, porque é direito de todos. Pequenos e grandes, pobres e ricos, todos são tratados de igual modo na vinha do Senhor.

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