|
III. Razões Culturais para a Expressão de Decência e Ordem (13-16)
Chegamos à parte prática do ensino. Se aceitamos a Palavra de Deus e a ordem divina para decência no culto, temos que determinar exatamente COMO podemos cumpri-la em nossos dias. Essa é a questão mais problemática da passagem.
Fica muito claro que na cultura do primeiro século a maneira principal de demonstrar submissão e satisfação com seus respectivos papéis foi quando os homens ficavam sem véu e as mulheres cobriam a cabeça. E temos que admitir a possibilidade, como algumas igrejas em nossos dias, de que a Biblia tem o direito de mandar na cultura, de determinar práticas culturais. Os Menonitas e a Casa de Oração tem essa prática, assim como a Congregação Cristã do Brasil e outras igrejas.
Mas parece que a ênfase do texto recai muito sobre normas e expressões culturais para cumprir o ESPÍRITO do texto. É por causa desses "poréms" que creio que nossa prática de decência e ordem nos papéis na igreja deve ser diferente, enquanto mantendo o princípio de que homens e mulheres devem ser distintamente homens e mulheres.
Vs. 10 diz que o véu serve como "sinal de autoridade". De fato, a palavra "sinal" não consta no texto original, mas sua idéia está implícita. "A mulher deve ter autoridade sobre a cabeça dela". A idéia é que, de alguma forma ou alguma maneira, ela manifeste a dignidade de mulher.
Vs. 13 contém um desafio: "Julgai entre vós mesmo: é próprio que a mulher ore a Deus sem trazer o véu?" O fato é que nós, hoje, teríamos que dizer que não tem nada a ver. A diferença entre homens e mulheres na nossa cultura não tem nada a ver com o véu na cabeça.
Vs. 14 usa mais um argumento da natureza: "Ou não vos ensina a própria natureza ser desonroso para o homem usar cabelo comprido?" Paulo apela para outra diferença usada para marcar os sexos-o comprimento do cabelo. Nesse caso, poderíamos abrir um grande debate. A nossa sociedade ainda distingue entre homens e mulheres pelo comprimento do cabelo? Eu daria um "Sim" cauteloso. As normas mudaram muito nos anos 60, como manifestação aberta de rebeldia e "anti-estabelecimento", uma libertação em que os papéis foram tracados e homens pareciam como mulheres. Mas novamente, o argumento do apóstolo apela para a natureza.
Vs. 15 nos dá mais uma dica de que formas culturais estão em vista. Diz que o cabelo foi dado para a mulher no lugar de mantilha (ou véu). É fato cientificamente compravado de que Deus fez o cabelo da mulher para crescer mais rápido e por mais tempo que o homem. A palavra para "cabelo comprido" também pode significar "cabelo arrumado", ou seja, feminino e lindo. Mas o próprio cabelo ajuda a distinguir mulheres de homens. Deus deu o cabelo mais comprido como sinal dessa autoridade, mais uma ajuda para manter as distinções entre os sexos.
Vs. 16 termina com mais um argumento de convenção, de tradição e costume. Paulo diz que qualquer um que rejeita essas distinções necessárias para ter um culto decente e que reflete a ordem do universo está sendo contencioso e está rejeitando o que se pratica comumente nas igrejas.
Concluímos que a ênfase do texto não está no véu ou no cabelo em si, embora certamente não existe nada que proibe os dois. O ponto é que, no culto e no corpo cristão, mulheres são mulheres, e homens são homens. Cada um tem seu papel distintivo. Cada um tem sua própria dignidade em Cristo. Cada um deve ficar contente e alegre com sua posição. Ficar "liberto" desses papéis significa voltar a escravidão outra vez do diabo.
|