07 agosto 2010

FORA DA BIGORNA


FORA DA BIGORNA 
de Max Lucado 


Enquanto digito a conclusão deste livro, meus pensamentos acabaram de
sofrer um novo impacto. Minha esposa e eu voltamos há pouco de uma
viagem de emergência para ver meu pai. Ele está muito doente. Sofre
da doença Lou Gehrig (Esclerose Lateral Amiotrófica), que ataca os
músculos e para a qual não se conhece cura, nem a sua origem. Fomos
chamados para ir vê-lo sem saber se iríamos encontrá-lo vivo ao
chegarmos. Mas ele estava vivo e ainda continua vivendo. Todavia,
embora tivesse melhorado bastante, nós sabemos (e ele também) que, a
não ser pela intervenção divina, o tempo de sua partida está próximo.

Meu pai é um homem de grande fé. Um professor apto e um líder
influente. Ele jamais deixou qualquer dúvida quanto à sua posição
sobre Deus. Suas primeiras palavras para nós, quando fomos vê-lo na
unidade de terapia intensiva foram: "Estou pronto para ir para o céu.
Penso que chegou a minha hora".

Quando a doença foi diagnosticada, minha mulher e eu nos
encontrávamos nos últimos estágios dos preparativos para trabalhar
como missionários na cidade do Rio de janeiro, no Brasil. Quando
soube que meu pai tinha uma doença terminal, escrevi-lhe oferecendo
para mudar meus planos e ficar com ele. Mas imediatamente me
respondeu, dizendo: "Não se preocupe comigo. Não temo a morte nem a
eternidade. Vá... agrade a Ele".

A vida de meu pai é um exemplo de um coração derretido no fogo de
Deus, formado em sua bigorna e usado em sua vinha. Ele sabia e sabe,
qual o propósito de sua vida. Numa sociedade de dúvidas e confusão, a
vida dele sempre foi definida.

Uma passagem pela bigorna de Deus deve fazer isso por nós: esclarecer
nossa missão e definir nosso propósito.

Quando uma ferramenta emerge da bigorna do ferreiro, sabe-se
perfeitamente para o que serve. Não há qualquer dúvida sobre a sua
aplicação. Basta olhar para a ferramenta e você sabe na mesma hora
qual a sua função. Se pegar um martelo, sabe que foi feito para bater
pregos. A serra foi feita para cortar madeira. A chave de fenda serve
para apertar parafusos.

Quando um ser humano sai da bigorna de Deus, o mesmo deveria
acontecer. Ao sermos provados por Deus, nos lembramos que nossa
função e tarefa é cuidar dos negócios dele; que nosso propósito é ser
uma extensão da sua natureza, um embaixador de sua corte real e um
arauto da sua mensagem. Devemos sair da oficina sem qualquer
indagação sobre o motivo de termos sido feitos. Conhecemos nosso
propósito.

Num mundo de confusão de identidade, de compromissos vacilantes e
futuros incertos, vamos ser firmes em nosso papel. A sociedade
precisa desesperadamente de um grupo de pessoas cuja tarefa seja
clara e cuja determinação seja indiscutível.

Deus não escondeu sua vontade de seu povo. Nosso Mestre não brinca
conosco. Sabemos quem somos. Sabemos para o que fomos feitos. Pode
haver alguma pergunta de vez em quando sobre como e com quem devemos
realizar a sua missão. Mas a verdade subjacente continua a mesma.
Somos o povo de Deus e devemos cuidar dos seus negócios. 

Se vivermos deste modo, poderemos, como meu pai, entrar nos últimos
anos com a segurança de saber que a nossa vida foi bem gasta e que o
céu está à nossa espera.

Existe recompensa maior que essa?

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