FORA DA BIGORNA de Max Lucado Enquanto digito a conclusão deste livro, meus pensamentos acabaram de sofrer um novo impacto. Minha esposa e eu voltamos há pouco de uma viagem de emergência para ver meu pai. Ele está muito doente. Sofre da doença Lou Gehrig (Esclerose Lateral Amiotrófica), que ataca os músculos e para a qual não se conhece cura, nem a sua origem. Fomos chamados para ir vê-lo sem saber se iríamos encontrá-lo vivo ao chegarmos. Mas ele estava vivo e ainda continua vivendo. Todavia, embora tivesse melhorado bastante, nós sabemos (e ele também) que, a não ser pela intervenção divina, o tempo de sua partida está próximo. Meu pai é um homem de grande fé. Um professor apto e um líder influente. Ele jamais deixou qualquer dúvida quanto à sua posição sobre Deus. Suas primeiras palavras para nós, quando fomos vê-lo na unidade de terapia intensiva foram: "Estou pronto para ir para o céu. Penso que chegou a minha hora". Quando a doença foi diagnosticada, minha mulher e eu nos encontrávamos nos últimos estágios dos preparativos para trabalhar como missionários na cidade do Rio de janeiro, no Brasil. Quando soube que meu pai tinha uma doença terminal, escrevi-lhe oferecendo para mudar meus planos e ficar com ele. Mas imediatamente me respondeu, dizendo: "Não se preocupe comigo. Não temo a morte nem a eternidade. Vá... agrade a Ele". A vida de meu pai é um exemplo de um coração derretido no fogo de Deus, formado em sua bigorna e usado em sua vinha. Ele sabia e sabe, qual o propósito de sua vida. Numa sociedade de dúvidas e confusão, a vida dele sempre foi definida. Uma passagem pela bigorna de Deus deve fazer isso por nós: esclarecer nossa missão e definir nosso propósito. Quando uma ferramenta emerge da bigorna do ferreiro, sabe-se perfeitamente para o que serve. Não há qualquer dúvida sobre a sua aplicação. Basta olhar para a ferramenta e você sabe na mesma hora qual a sua função. Se pegar um martelo, sabe que foi feito para bater pregos. A serra foi feita para cortar madeira. A chave de fenda serve para apertar parafusos. Quando um ser humano sai da bigorna de Deus, o mesmo deveria acontecer. Ao sermos provados por Deus, nos lembramos que nossa função e tarefa é cuidar dos negócios dele; que nosso propósito é ser uma extensão da sua natureza, um embaixador de sua corte real e um arauto da sua mensagem. Devemos sair da oficina sem qualquer indagação sobre o motivo de termos sido feitos. Conhecemos nosso propósito. Num mundo de confusão de identidade, de compromissos vacilantes e futuros incertos, vamos ser firmes em nosso papel. A sociedade precisa desesperadamente de um grupo de pessoas cuja tarefa seja clara e cuja determinação seja indiscutível. Deus não escondeu sua vontade de seu povo. Nosso Mestre não brinca conosco. Sabemos quem somos. Sabemos para o que fomos feitos. Pode haver alguma pergunta de vez em quando sobre como e com quem devemos realizar a sua missão. Mas a verdade subjacente continua a mesma. Somos o povo de Deus e devemos cuidar dos seus negócios. Se vivermos deste modo, poderemos, como meu pai, entrar nos últimos anos com a segurança de saber que a nossa vida foi bem gasta e que o céu está à nossa espera. Existe recompensa maior que essa?
07 agosto 2010
FORA DA BIGORNA
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