01 dezembro 2011

O cansaço e a vida cotidiana

O cansaço e a vida cotidiana
Construir um lar da harmonia em meio ao estresse de todos os dias. Leia as dicas
     Chega-se cansado em casa. O cansaço é legítimo. O mau humor, não. Convém lembrar que o homem cansado é propenso ao mau gênio, já que tem as defesas baixas e os nervos destemperados.


     O cansado tende ao hermetismo. Não é comunicativo.

     É preciso dar ao cansado um tempo para decantar as fadigas e preocupações de um dia de trabalho. Deve-se permitir ao guerreiro deixar suas armas, desmontar e recompor-se.

     Procura desfazer-se o quanto antes de sua mercadoria. Interrompe quando não deve, tem mais pressa quanto mais deve esperar. É a hora heróica dos pais.

     O carinho dos filhos vale mais que o esgotamento.

     Ao chegar em casa, nenhum pai pode abrir a porta e dizer: "Missão cumprida".

     Se ele acha que a casa é o lugar das compensações egoístas, um pai de família se perdeu. A recompensa verdadeira é a de ver-se rodeado por afeto.

     O carinho dos filhos não é um carinho abstrato, teórico. É tangível. Percebe-se. Toca-se.

     Os olhos das crianças estão dizendo: "Seja meu pai. Tu és forte, mais forte que o cansaço".

    Isolar-se dos filhos ao chegar em casa é dizer-lhes: "Vocês não me interessam".

     Um pai sempre cansado ou que pede que o tratem como um homem cansado, é um pai enfermo. A casa não é uma clínica de repouso, onde se cuida religiosamente do silêncio para não atrapalhar os pacientes.

    O lugar onde descansa o papai não é "zona de hospital", como tampouco a sala de estar deve ter o cartaz de "crianças jogando".

    Quando os filhos são pequenos são como brinquedos do pai. Quando se está de bom humor, lhes dá corda. Quando o jogo cansa ou aborrece, lhes guarda ou lhes arquiva. Em muitos casos, a televisão serve, lamentavelmente, de arquivo.

     Se os filhos são considerados um incômodo porque perturbam o descanso do pai, exige-se à mãe que os faça evaporar para que não criem problemas.

     O guerreiro considera que já teve suficientes aborrecimentos em seu trabalho, ofício ou negócio.

Cultivar a vida familiar

     A vida familiar deve ser cultivada, sob o risco de que se torne um campo abandonado.

     Incrementa-se com a conversação, com as celebrações, com ritos familiares, com tradições, com uma linguagem que tem pontos de referência comuns.

     Sem vida de família, passa-se do trabalho ao trabalho como por um túnel. Agradeçamos que a jornada se interrompa para estar com os que se ama.

     O cansaço de uma jornada dura se recupera na vida em família. A graça do filho pequeno faz mudar a vista cansada. Em casa não nos aceitam por nossa eficácia nem por nosso rendimento: nos acolhem com carinho. E a vida em família é mais amável quando é enfrentada com amabilidade, quando não impacienta a avidez de um filho por contar suas coisas, a do outro que assalta com pedidos, a de um terceiro... O lar não é um monastério onde se ouve o silêncio. As crianças não são objetos imóveis que fazem parte da decoração. A casa não é casa de repouso para doentes dos nervos. O carinho torna amáveis até as interrupções



Fonte: ACI Digital