Pesquisas relatam que o número de suicídios tem crescido assustadoramente em todo mundo. Em muitos países desenvolvidos, o suicídio é a maior causa de morte não-natural. Para se ter uma ideia, há mais suicídios do que assassinatos no mundo. Estima-se que mais de um milhão de pessoas se suicidam anualmente.
Nem todos os casos de suicídios são iguais. Há suicídios que são cometidos de forma individual e pessoal. Outros suicídios resultam da influência exterior de um grupo ou determinada cultura. Esse último tipo era muito comum na antiguidade, onde em certas civilizações e religiões o suicídio era considerado até um sinal de honra e coragem. Há também os chamados “suicídios sacrificais”, que acontecem quando alguém resolve poupar a vida de outras pessoas em detrimento de sua própria vida.
O suicídio pode ser motivado por inúmeros fatores. Mas estudos mostram que mais de 90% dos suicídios decorrem de transtornos mentais, entre eles: transtornos de humor, onde se destaca a depressão; transtornos de ansiedade; de personalidade; psicoses e demências.
Enquanto alguns suicídios resultam de um longo período de transtorno, outros resultam de um surto agudo. Algumas pessoas simplesmente tiram sua própria vida num momento de extremo stress ou aflição.
Combinado a isto, há também a ligação direta entre os vícios e os casos de suicídio, bem como a interferência de certos medicamentos que podem desenvolver reações químicas que impactam no funcionamento cerebral e levam o paciente a ter intenções suicidas.
Suicídio é pecado?
Obviamente sim! O suicídio é um grave pecado que transgride o sexto mandamento: “Não matarás!” (Êxodo 20:13). O suicídio é um auto-assassinato deliberado e intencional. Em outras palavras, aquele que se suicida assassina a si mesmo.
Portanto, o suicida torna-se o homicida de sua própria vida. Então como qualquer assassinato, o suicídio é um atentado contra o dom da vida dado por Deus, e de sua imagem impressa no homem (cf. Gênesis 9:6). Todo assassinato fere a dignidade da vida humana criada por Deus.
Além disso, o suicídio afronta a autoridade de Deus. Somente Deus tem autoridade para conceder a vida e fazê-la cessar (1 Samuel 2:6). O suicida tenta usurpar para si essa autoridade divina. O apóstolo Paulo diz que “ninguém vive para si, nem morre para si. Se vivemos, vivemos para o Senhor; se morremos, morremos para o Senhor. Quer vivamos quer morramos, pertencemos ao Senhor” (Romanos 14:7,8).
A ideia de suicídio deve ser inconcebível principalmente para o cristão, cujo corpo não lhe pertence, mas é templo do Espírito Santo (1 Coríntios 6:19). O suicídio fere o curso natural da vida. A Bíblia diz que não é comum que alguém odeie a própria carne, antes a alimenta e cuida dela (Efésios 5:29). Os efeitos do terrível pecado do suicídio vão ainda mais além, pois ele se choca com o amor fraternal. O suicida sempre causa um trauma devastador em seus entes queridos.
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Casos de suicídio na Bíblia
A Bíblia registra alguns casos de suicídio. O primeiro a ser citado é o caso de Abimeleque, filho de Gideão. Ele ordenou que seu escudeiro o matasse após ter sido ferido por uma mulher (Juízes 9:54). Naquela época era considerado desonroso ser morto por uma mulher.
Algo semelhante também aconteceu com o rei Saul. Quando percebeu que havia perdido a guerra que lutava e seria capturado pelo exército inimigo, Saul pediu que seu escudeiro o matasse. Mas nesse caso o escudeiro de Saul negou o seu pedido. Então ele mesmo se lançou sobre sua própria espada. Ao ver o que o rei havia feito, seu escudeiro também fez o mesmo (1 Samuel 31:3-6).
Aifoel foi outro que se suicidou. Ele era conselheiro de Absalão, filho do rei Davi. Aifoel não conseguiu lidar com o fato de seu conselho ter sido rejeitado e se enforcou (2 Samuel 17:23). Tempos depois, Zinri, um ex-capitão que se tornou rei de Israel por apenas sete dias, também se matou. Ele incendiou o próprio castelo quando sua cidade foi dominada (1 Reis 16:18,19).
Ainda no Antigo Testamento, algumas pessoas consideram a morte de Sansão como tendo sido um suicídio. Mas no caso de Sansão, seu objetivo principal não foi tirar sua própria vida, mas destruir os filisteus.
Por esse motivo sua morte teve um aspecto sacrifical em favor do bem estar de seu povo. Como um prisioneiro de guerra, pode-se dizer que ele morreu em batalha, e por isto foi considerado um herói (Juízes 13:5; cf. Hebreus 11:32-34). O tipo de morte de Sansão é tecnicamente chamado de suicídio heroico.
Por último, o Novo Testamento registra a morte de Judas Iscariotes. Após ter traído Jesus, Judas foi consumido por remorso diante das consequências de seus atos e se enforcou (Mateus 24:4,5). Nesse processo alguma coisa deu errado, pois ele despencou e foi partido ao meio (Atos 1:18).
É possível um cristão se suicidar?
Essa pergunta geralmente causa muito debate entre os cristãos. Basicamente existem duas interpretações sobre isto:
- Alguns dizem que um cristão que verdadeiramente foi regenerado pelo Espírito Santo, jamais cometerá suicídio. Além disso, parece que todos os casos de suicídio na Bíblia foram cometidos por homens ímpios.
- Outros dizem que é possível que um cristão verdadeiro num momento de desespero, angústia ou desequilíbrio mental, seja levado ao suicídio. Isto acontece porque ele ainda tem em si uma velha natureza que é fraca e sujeita ao pecado. Além disso, a Bíblia indica apenas um tipo de pecado como sendo imperdoável: a blasfêmia contra o Espírito Santo (Mateus 12:31).
Mas esta discussão não é nem um pouco produtiva. O grande foco desse debate sempre é querer colocar o suicida no céu ou no inferno. Particularmente penso que seria muita presunção de nossa parte pensar que somos capazes de determinar isto. Somente Deus é quem sonda os corações e conhece todas as coisas.
De fato o suicídio é um sério motivo para que se tenha dúvida da genuinidade da fé de qualquer pessoa que professa a Cristo e toma esse caminho. Mas o limite deve ser este, e jamais devemos ir além dele.
Não temos autoridade para nos colocarmos como juízes dessas pessoas no que diz respeito a sua salvação eterna. Penso que devemos confiar que Deus sabe tratar desses casos de acordo com a sua perfeita justiça e graça, e Ele não precisa da nossa ajuda para isto. O julgamento do suicida pertence ao próprio Deus e não a nós.
Em vez de perdermos tempo discutindo coisas que pertencem exclusivamente à soberania de Deus, nos ocupemos de amparar os aflitos. Devemos deixar claro a eles que o suicídio é um grave pecado que nunca deve ser considerado. Nenhuma situação serve de justificativa legítima para defender tal prática.
A ética cristã e o problema do suicídio
O suicídio é um tema que deve sempre estar em pauta nas comunidades cristãs. Infelizmente muitas pessoas negligenciam esse tema por causa de ideias ignorantes e falta de conhecimento bíblico.
Por exemplo: a depressão tem sido apontada como a principal causa de suicídios. Mas durante muito tempo a depressão foi vista por boa parte dos cristãos como uma opressão maligna, um tipo de possessão, ou mesmo o fruto de um pecado. Sem dúvida Satanás se empenha em oprimir as pessoas, e pode haver casos de depressão dessa ordem. Mas está mais do que provado que os distúrbios mentais e psicológicos também são doenças que devem ser tratadas.
Até existe um dito popular que diz que aquele que se mata não avisa. Claro que isto é mentira! A maioria das pessoas que se suicidam dão sinais claros de suas intenções. O problema é que às vezes as demais pessoas estão muito ocupadas para perceber isto.
A Igreja deve estar atenta a essas situações. Como irmãos em Cristo devemos apoiar e se importar uns com os outros. Precisamos reconhecer que apesar de termos nascidos de novo, ainda estamos sujeitos a sofrimentos, aflições e tentações intensas.
Precisamos reconhecer que até mesmo os verdadeiros homens de Deus em determinados momentos podem sentir desprezo pela vida e vontade de morrer. Embora os motivos tenham sido distintos, Moisés, Elias, Jonas e Jeremias foram pessoas que desejaram a morte (Números 11:15; 1 Reis 19:4; Jonas 4:3; Jeremias 20:14-18).
Se um homem como Moisés pôde sentir um stress tão grande a ponto de querer morrer; ou se alguém como o profeta Jeremias pôde se deprimir de tal forma que o levou a querer nunca ter nascido, o mesmo também pode acontecer com qualquer um de nós.
É verdade que Eles não cederam ao desejo pela morte a ponto de dar cabo da própria vida, apesar do intenso sofrimento. No entanto, há pessoas que não demonstram a mesma firmeza desses homens, e ousam ir além do desejo de morrer. Por isto a verdadeira ética cristã encara o suicídio como um problema realmente grave que deve ser combatido.
O suicídio e a confiança em Deus
Além de todo acompanhamento, especialmente o acompanhamento médico, como cristãos devemos confortar e aconselhar aquelas pessoas que estão tendo que lidar com motivações suicidas. Precisamos fazê-las se atentar para a preciosidade da vida humana criada à imagem e semelhança de Deus. Somente o Criador é quem pode decidir sobre o início e o fim de nossas vidas.
Aqui podemos citar o caso do carcereiro do episódio de Paulo e Silas na prisão. Após o terremoto, o carcereiro rapidamente desembainhou sua espada com a intenção de se suicidar. Naquela ocasião ele estava enfrentando um momento de stress muito grande diante da possibilidade de todos os prisioneiros terem fugido. Mas tão logo o apóstolo Paulo lhe disse que não fizesse aquele mal.
O texto bíblico termina mostrando o mesmo carcereiro que quase se suicidou, recebendo a salvação pela graça de Deus juntamente com todos de sua casa (Atos 16:30-34). Se você está enfrentando esse tipo de desejo suicida; se está tendo que lidar com a sensação de desesperança, saiba que a morte não é a solução para o seu problema.
Lembre-se do gracioso convite de Jesus: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei” (Mateus 11:28). Lance sobre Ele toda sua ansiedade porque Ele é Aquele que tem cuidado de você (1 Pedro 5:7). Talvez você se pergunte: Por que ainda estou vivo? A resposta é simples: Porque Deus quer que você viva! Esta verdade é um conforto que supera qualquer adversidade!
O mundo diz que a esperança é a última que morre. Mas a Bíblia nos revela que em Deus encontramos a esperança que jamais morre, uma esperança que é âncora da alma, porque Ele é o Deus de esperança (Romanos 15:13). Muitas vezes não entendemos o motivo de tanto sofrimento, mas devemos ter a certeza de que nosso Deus está no controle de todas as coisas, e nossas vidas pertencem a Ele.
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