“... estai sempre preparados para responder com mansidão e temor a todo aquele que vos pedir a razão da esperança que há em vós” (I Pedro 3.15)
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Alguns fiéis me procuraram bastante preocupados com a matéria
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especial de capa da revista Época (no 292, 22/12/03), intitulada “A Bíblia Reescrita Pela Ciência”. A matéria, assinada por Marcelo Ferroni, apresenta as conclusões dos arqueólogos Neil Asher Silberman e Israel Finkelstein sobre alguns relatos bíblicos.
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Segundo esses autores, as recentes pesquisas arqueológicas estariam desmentindo as versões mais aceitas dos relatos bíblicos, tais como: o Dilúvio (que seria o resultado da elevação do nível do Mar Mediterrâneo e o transbordamento pelo Estreito de Bósforo, inundando a planície onde hoje estálocalizado o Mar Negro); o Êxodo (por não haver qualquer registro arqueológico da existência de Moisés ou dos fatos descritos na Bíblia); as Dez Pragas (que seriam apenas um desastre ecológico natural em cadeia); a conquista de Canaã (que seria de forma gradual e não por intermédio de Josué na batalha de Jericó – aliás, nem teriam existido muralhas nesse período); a saga de Davi (não haveria qualquer evidência de suas conquistas); o império de Salomão (teria sido apenas um pequeno líder tribal de Judá); e a existência ou não do Jesus histórico (que até hoje causa controvérsias entre os estudiosos).
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Surge, então, uma questão importante: a Bíblia é passível de ser contestada pela ciência? A arqueologia comprova ou não a Palavra de Deus?
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Em certo sentido a arqueologia não serve para comprovar a veracidade da Bíblia. Isso porque se baseia em interpretações dos vestígios coletados nos
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sítios arqueológicos. Alguns dos artefatos são evidências cristalinas de fatos históricos reais; ao passo que em diversas outras vezes o pesquisador precisa preencher as lacunas existentes entre uma evidência e outra para que possa haver alguma coerência com todos os dados descobertos. Mesmo os cientistas mais respeitados discordam entre si na interpretação dos mesmos vestígios. Isso acontece porque seus valores e crenças pessoais (e até descrenças), acabam por interferir em sua conclusão final. A arqueologia, portanto, não comprova a Bíblia; apenas pode contribuir para atestar se certos eventos e passagens bíblicas possuem evidência histórica ou não.
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Werner Keller, por exemplo, iniciou suas pesquisas para escrever um livro que contestasse veementemente a Bíblia à luz da arqueologia. Todos os seus questionamentos, no entanto, não encontraram embasamento científico sólido. O famoso pesquisador não teve outra alternativa senão atestar a historicidade dos relatos bíblicos, conforme registrado em seu livro “E a Bíblia Tinha Razão ...”.
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“O papel da arqueologia, de confirmar a Bíblia corretamente, é secundário, visto que os benefícios espirituais da verdade bíblica não podem ser apropriados pelo mero conhecimento e pelas provas externas de veracidade, mas sobre a base da fé nas suas declarações internas e na evidência que ela apresenta de ser a Palavra de Deus”.
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(UNGER, Merril F. Arqueologia do Velho Testamento. 3. ed. São Paulo: IBR, 1989. p. 05).
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Muitos outros arqueólogos e estudiosos igualmente importantes atestaram como históricos diversos relatos bíblicos, dentre eles: Nelson Glueck, William F. Albright, John Warwick Montgomery, H. H. Rowley, Merrill Unger, Millar Burrows, Sir Frederic Kenion e Bernard Ramm.
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A existência dos hititas, por exemplo, foi comprovada pelo Dr. Hugo Winckler entre 1906 e 1910, através de inscrições hieroglíficas e textos cuneiformes sobre tabletes de argila, em Boghar – Keui, na Turquia (o paísmoderno onde aquele povo residia na Ásia Menor). Até esta data, os críticos da Bíblia zombavam das Escrituras pelo fato de ela citar um povo cuja existência não havia sido comprovada cientificamente.
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Contrariando a matéria da revista Época, durante as escavações dos restos de Jericó, encontrados no Tell es-Sultan (1930 a 1936), o Dr. John Garstang, diretor da Escola de Arqueologia de Jerusalém e do Departamento de Antiguidades do Governo da Palestina, descobriu algo surpreendente: haviam cerâmicas e escaravelhos que evidenciam que a cidade tinha sido destruída cerca
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de 1.400 a.C., coincidindo com o tempo de Josué; e que muros haviam caído de dentro para fora de modo tão completo que os atacantes poderiam escalar as suas ruínas e penetrar na cidade.
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Em Ur, cidade de Abraão, o Dr. C. L. Woolley encontrou, em 1929, entre várias camadas de ocupação humana, grande veio de lama de barro e limo solidificados, de 2,6 m de espessura, sem mistura de resíduos humanos. A civilização que ficava sob o sedimento de barro era tão diferente da que ficava acima do mesmo que o Dr. Woolley interpretou como sendo uma interrupção brusca na continuidade da história. Acredita-se que seja uma evidência do Dilúvio bíblico.
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Podemos concluir, então, que não é por causa da falta de dados históricos que as pessoas não crêem na Bíblia. Em vez disso, é pela falta de humildade intelectual que muitos não crêem na Palavra de Deus.
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“... Digo-vos que, se estes se calarem, as pedras clamarão” (Lc 19.40)
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KELLER, Werner. E a Bíblia Tinha Razão .... 19. ed. São Paulo: Melhoramentos, 1998.
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McDOWELL, Josh. Evidência Que Exige um Veredito: Evidências Históricas da Fé Cristã. 2. ed. São Paulo: Candeia, 1996.
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UNGER, Merril F. Arqueologia do Velho Testamento. 3. ed. São Paulo: IBR, 1989.
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Deivinson Gomes Bignon é mestre em Ciências da Religião com especialização em Bíblia e é formado em Letras (Português e Literaturas); exercendo as seguintes atividades: pastor auxiliar da Igreja Evangélica Congregacional de Vila Paraíso, professor, conferencista, escritor e cartuni
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