03 fevereiro 2013

Lava-te Sete Vezes




LAVA-TE SETE VEZES (II Reis 5:10)


Chefe do Exército do rei da Síria, valoroso, de respeito, porém leproso. Uma menina prisioneira ficou a serviço da mulher de Naamã e disse a sua senhora que se seu senhor estivesse diante do profeta que está em Samaria, ele ficaria curado da lepra.
Notificando-o, o rei da Síria envia carta ao Rei de Israel para que ele o curasse da lepra.
O rei de Israel fica indignado e diz que ele não tinha cura alguma para dar, que ele não estava no lugar de Deus para curar alguém.
Eliseu, o profeta de Deus, ouvindo o que acontecera, disse ao rei de Israel que deixasse ir a ele, e Naamã com sua comitiva se dirigiu e parou à porta da casa do profeta.
Eliseu sabendo que Naamã chegara à sua casa, não lhe apareceu, mas somente mandou um mensageiro, dizendo (II Reis 5:10):
 “... Vai, e lava-te sete vezes no Jordão, e a tua carne te tornará e ficarás purificado...”.
Naamã era um homem que seguia a religião de seu rei, acostumado aos atos cerimoniais utilizados pelos seus ministrantes, consistindo de ações mecânicas e visuais ditadas por fórmulas para impressionar o adorador - a que chamamos de liturgia, e fica indignado, pois no seu anseio e no seu entender ele deveria proceder alguns rituais e se foi dizendo: Eis que eu dizia comigo mesmo:
 “... Certamente ele sairá, por-se-á em pé, e invocará o nome do Senhor seu Deus, e passará a sua mão sobre o lugar, e restaurará o leproso”.
Em seguida considerou a insignificância daquela nação e de seu povo, diante da supremacia da Síria sobre o mesmo, e achou que as águas do Jordão eram muito menos importantes que os rios de Damasco e disse:
 “... Não são porventura, Abana e Farpar, rios de Damasco, melhores do que todas as águas de Israel? Não me poderia eu lavar neles, e ficar purificado? E voltou-se e se foi com indignação”.
O homem, ainda que sincero e valoroso, guarda as tradições que recebeu de seus pais e de sua nação, mormente quando seu País goza de uma hegemonia econômica e cultural elevada em relação aos demais. Ainda que tenha temor de Deus e conhecimentos bíblicos, os recursos avançadíssimos de que dispõe - onde nada terreno lhe falta, os impulsiona a uma forte tendência de confiar na estrutura cultural em que foi criado, mesmo quando está doente. Isso está impregnado em sua mente.
Assim, cuidando buscar o espiritual, ele quer ver uma expressão materializada para sua cura: a fórmula litúrgica.
Por isso é difícil crer que o Senhor, Deus verdadeiro, não precisa de nada disso para realizar a sua obra, que usa o menor quando o maior está comprometido, o simples para confundir o sábio.
Então diante de Naamã, seus servos - mas sábios para Deus, disseram:
II Reis 5:13: “... Meu pai, se o profeta te dissera alguma grande coisa, porventura não a farias: quanto mais, dizendo-te ele: Lava-te, e ficarás purificado”.
O homem que não conhece o projeto de Deus, acostumado ao culto litúrgico que herdou de seus pais e da tradição, tem um complexo de opressões de que precisa ser libertado e o Profeta quando o manda lavar-se sete vezes, fala da purificação total de seus problemas, para que ficasse completamente curado. Parece que é um problema simples, mas o homem está travado dentro de um conjunto:
    I.      VAIDADE          SAIRÁ                         ·.
  II.       ORGULHO        FICARÁ DE PÉ
 III.       PRESUNÇÃO    INVOCARÁ O NOME
 IV.       RELIGIÃO        PASSARÁ A MÃO (MATERIAL)
   V.      MÉRITO           RESTAURÁ O...
 VI.       RAZÃO             ABANA E FARPAR
VII.       REBELDIA        VOLTOU-SE

I -  VAIDADE:    Ele saírá: Naamã tinha mentalidade de homem soberano, onde Deus é representado por homens que lhe obedecem e sentiu a sua vaidade ferida porque o Profeta não foi recebê-lo e só mandou um recado. Era a primeira coisa que precisava ser lavada (purificada).
II-ORGULHO:   Ficará de pé: Naamã entendia que em segundo lugar o Profeta deveria ficar de pé, na sua presença, por se tratar de uma grande autoridade, um general, pois na sua terra ele seria reverenciado dessa forma. Era o segundo mergulho para purificação de seu orgulho.
III-PRESUNÇÃO: Invocará o nome de seu Deus: No sistema litúrgico que conhecia ele precisava ouvir o profeta invocar o nome do seu Deus: Ele mandava e profeta obedecia, o profeta invocava e o seu deus obedecia (era o seu sistema). Em Israel, com o Deus verdadeiro não era assim, essa presunção precisava ser lavada nas águas do Espírito Santo (3º mergulho);
IV-RELIGIÃO:   Passará a mão sobre o local. Tratava-se de seus conceitos de convivência com o material, ele teria que passar a mão e ele sentir o toque material, porque sua religião era todo no material. Esse conceito precisava ser purificado no 4º mergulho;
V-MÉRITO: Restaurará o leproso. Não entendia que a purificação junto ao povo de Deus tratava-se de uma operação do Senhor, seu entendimento era que os atos materiais trariam a solução, visto que ele tinha méritos para isso: era uma boa pessoa, um bom general, um bom servidor dentro dos padrões de sua terra. Deveria entender que o homem não tem mérito nenhum na purificação do 5º mergulho;
VI-RAZÃO: Naamã disse que os rios de Damasco Abana e Farpar, eram melhores do que o “insignificante” Jordão de Israel. Aqui há 1 rio, lá em Damasco nós temos dois muito melhores: Noção de mais de um salvador, de mais de um Deus. Na sua razão, Damasco está mais adiantado em cultura, em ciência e outras coisas muito mais que Israel, em religião também. Essas razões humanas seriam purificadas no 6º mergulho;
VII-REBELDIA: Voltou-se indignado. Tudo que pensava foi contrariado. Não era capaz de aceitar uma orientação de Deus. Seu sistema composto de vaidade, orgulho, conceitos religiosos o deixou revoltado e voltava com sua lepra para a Síria, quando seus servos lhe disseram: Se o projeta pedisse uma coisa grande o senhor não faria? Naamã se entrega e desce Jordão.
Quando desce ao Jordão, em cada mergulho ele recebe uma libertação: primeiro da vaidade, depois do orgulho, depois da presunção, depois da religião, depois do mérito, depois da razão e por fim da rebeldia, e fica completamente restaurado.
II Reis 5:14: “Então desceu, e mergulhou no Jordão sete vezes, conforme a palavra do homem de Deus; e a sua carne tornou, como a carne dum menino, e ficou purificado”.
Então Naamã purificado da lepra, convertido, com novo entendimento, confiando agora não no sistema religioso e material que aprendeu junto aos seus, mas conhecendo o Deus eterno, volta a Eliseu e diz:
II Reis 5:15 “... Eis que tenho conhecido que em toda a terra não há Deus senão em Israel...”.
Compreende a verdadeira adoração, que seus atos litúrgicos na religião de seu rei não leva à necessidade interna do homem, compreende que a obra de Deus é por fé e realizada pelo poder de Sua Palavra (não no material):
II Reis 5:17-18: “E disse Naamã: Seja assim, contudo dê-se a este teu servo uma carga de terra dum jugo de mulas: porque nunca mais oferecerá este teu servo holocausto nem sacrifício a outros deuses, senão ao Senhor. Nisto perdoe o Senhor a teu servo: Quando meu senhor entra na casa de Rimom para ali adorar, e ele se encosta-se à minha mão, e eu também me tenha de encurvar na casa de Rimom...”.
A MENINA:             Figura da Igreja - Jesus, que aponta o caminho da salvação (cura) do leproso.                            
                               Nunca em Israel houve cura de leprosos, mas ela tem a profecia;
O REI:                    (no sentido genérico): Figura do pai que não aceita pedidos senão pelo filho;
O PROFETA:          O Espírito Santo, que orienta o que homem deve fazer. É a revelação invisível, que não se toca, mas se crê (Eliseu não apareceu, mandou um recado).
Eliseu não aceita a recompensa de Naamã, mas Geazi corre atrás dele e recebe dele bens: 2 talentos de prata e 2 mudas de vestidos, retorna para casa, e chega ao profeta como se nada tivesse acontecido.
Eliseu lhe perguntaDonde vens Geazi? 
E Geazi responde com palavras dissimuladoras, evasivas (não disse nada) que o denunciou, próprias de quem está comprometido, de mau crente: Teu servo não foi nem a uma nem a outra parte.
Eliseu então declara a situação dele: Moço do profeta, mas não era profeta; fala do caminho, mas não anda no caminho; sua mente está envolvidade e tomada do material. Ele tomou 2 talentos de prata e 2 mudas de vestidos, mas Eliseu - profeta, revela o que estava no seu coração:
II Reis 5:26 “... Era isto ocasião para tomares prata, e para tomares vestidos, e olivais, e vinhas, e ovelhas, e bois e servos e servas?...” Então saiu de diante dele leproso, branco como a neve.”“.
Era o verdadeiro leproso; sua adoração não era sincera; no seu coração só existia: material, material, material; mente profissional - leprosa, que usa de tudo para ganhar, até das coisas de Deus.
A adoração a Deus consiste em uma experiência viva com Ele. A liturgia é uma fórmula material que não alcança a obra, por mais inteligente que seja o homem e por mais avançada que seja sua nação.
O Senhor não precisa de homens superdotados para realizar a sua obra, mas usa aqueles que se dispõem a obedecê-lo e buscar uma experiência com ele.
Há muitos homens na liturgia, no partidarismo, no sectarismo, no individualismo, no bairrismo, transmitida a eles por tradição, que virão às águas do Espírito Santo para uma experiência com Deus.
Há também alguns que terão a sua parte com Geazi, acomodando-se ao presente século.

Wanderson Santana
http://almdaletra.blogspot.com.br/

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