20 junho 2012

A Brecha no Muro





O profeta Ezequiel é enfático em mostrar o dia em que Deus se desiludiu na tentativa de salvar a cidade ameaçada de destruição. O profeta que estava no exílio, viu esta ameaça, como um muro fendido, que pode ser restaurado ou ir à ruína, dependendo do nível de resposta de seus habitantes.  Deus procurou nas pessoas que tinham influência suficiente para impedir que a cidade sucumbisse: profetas, sacerdotes, príncipes e o povo, mas ninguém se apresentou. Todos estavam encastelados na capital e, de alguma forma, comprometidos com o sistema iníquo que levou a cidade ao caos.
            
 Pela ordem do texto, Deus esperava primeiro que os profetas se manifestassem de forma barulhenta, gritando pelas ruas, encenando o final da história, caso a cidade não se arrependesse. Eles falharam, pois, como leões famintos, roubavam as pessoas e devoravam suas almas. Eram hábeis para mentir, assassinar e inventar profecias que funcionavam como anestesia para a ferida do povo, diziam que era Deus que estava falando, sem que tivessem ouvido a Deus. (Ez 22.28) Hananias (Jr. 28) era o profeta da prosperidade sem arrependimento, era porta voz do trono de Zedequias e não do trono de Deus.
             
Os olhos de Deus se voltam aos sacerdotes, pois na aplicação de sua Lei estaria a salvação do povo. Que frustração, o juiz tornara-se profano, era o primeiro a tratá-la com desprezo, sem discernimento, cego e desobediente. Os responsáveis pela aplicação da Lei faziam parte da ferida, alimentavam-se dela e nada podiam acrescentar para a cura.
             
No seu afã de salvar a nação, Deus se volta aos príncipes, líderes políticos, maiorais das famílias, quem sabe eles se interessassem pela causa da cidade, pois dela vinha sua sobrevivência. Mas eles estavam comprometidos com os roubos, homicídios, extorsão, enriquecimento ilícito e opressão ao pobre.  
             
O povo, por sua vez, reproduzia os costumes de seus líderes.
             
Montaram uma CPI, Comissão “Pralamentar” de Inquérito. Lá, o profeta acusou o sacerdote de ter enriquecido violando a lei, o sacerdote apontou as obras pilantrópicas do profeta, implantadas com a verba iníqua vinda dos príncipes.  Chegou-se à seguinte conclusão: já que todos tinham banhado na mesma cachoeira, melhor seria  celebrar na pizzaria da Dona Súcia.
             
Pouco tempo depois, a cidade caiu.

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