17 abril 2022

PESSACH – A Ceia de Páscoa


Autor: Rev. Welfany Nolasco Rodrigues
 


“Lançai fora o velho fermento, para que sejais nova massa, como sois, de fato, sem fermento. Pois também Cristo, nosso cordeiro pascal, foi imolado” I Coríntios 5.7

-Introdução: Páscoa significa passagem (מֶּסַח = pesach)1, com sentido original de ‘saltar’ ou pular. Um dos momentos mais importantes da história do povo de Deus. A celebração da Páscoa perdura por séculos como ordena as Escrituras (Êxodo 12.14). Inicialmente chamada de “festa dos pães asmos” (Êxodo 23.15 e 34.18), a Páscoa relembra a trajetória do povo de Deus pelo Êxodo no deserto, em direção à terra prometida.
Para o cristianismo, o sentido da Páscoa é a passagem da morte para a vida através de Cristo (II Timóteo 1.10) e a transformação pessoal através do sacrifício de Jesus (Romanos 6.4). Esta é a consumação do plano de Deus para a humanidade através da redenção em Cristo (João 5.24). A Páscoa só pode se cumprir através de Jesus Cristo que faz o ser humano passar da morte para a vida (I João 3.14).
Para não confundir com a ceia judaica oficial, leia as OBSERVAÇÕES na Conclusão.

Como é Ceia de Páscoa?
Você é convidado a fazer a passagem da Páscoa e aprender com os textos bíblicos que falam da Ceia de Páscoa e seus elementos:

1- Ervas Amargas – AMARGURA: Êxodo 1.12-14 e 2.23-25
O primeiro elemento são ervas amargas. Podem ser verduras que tenham gosto amargo como rúcula, almeirão ou até mesmo boldo. O objetivo é refletir sobre a amargura da vida sem Deus, enquanto se come a erva amarga.
As ervas amargas representam a amargura que o povo de Israel viveu sob a escravidão no Egito. Deus viu o sofrimento de seu povo e os livrou da opressão. Do mesmo modo quando não estamos com Deus nossa vida também amarga sofrimento.
Jesus veio ao mundo e sofreu por nós. Também foi ao Egito e fez a mesma jornada do seu povo (Mateus 2.15) e enfrentou o deserto e solidão (Mateus 4.1-11).
A vida sem Deus é amarga!

2- Pães Asmos – PRESSA: Êxodo 12.37-39
Os pães asmos são semelhantes aos chamados ‘pães sírios’, que podem ser encontrados no comércio. Mas se preferir fazer a receita bíblica “a tua oferta for de manjares cozida na assadeira, será de flor de farinha sem fermento amassada com azeite” (Levítico 2.5), que é somente a farinha de trigo integral amassada com azeite.
Os pães asmos eram pães sem fermento, que por isso não cresce. O primeiro motivo para o pão sem fermentar foi a pressa de sair do Egito que não deu tempo de esperar as massas dos pães crescerem. Além disso o fermento ou levedura eram símbolos do pecado e por isso não poderiam ser usados em cerimônias sagradas (Êxodo 13.3 e 7).
Jesus morreu por sua vida para tirar toda amargura do pecado (Hebreus 12.15), então não há porque esperar, “eis, agora, o tempo sobremodo oportuno, eis, agora, o dia da salvação” (II Coríntios 6.2).
Quando encontramos uma oportunidade de sair da amargura, devemos ter pressa e não deixar ‘fermentar’ com os desejos do mundo (I Coríntios 5.7). Não há tempo a perder. Saia rápido desta vida de amargura e pecado.
Volte depressa para Deus!

3- Carne do Cordeiro - PERDÃO: Êxodo 12.2-14
A carne do cordeiro também pode ser de carneiro, que também era usada em sacrifícios (Êxodo 29.1-30). A diferença entre cordeiro e carneiro é que o cordeiro é animal jovem de até um ano (Êxodo 12.5) e o carneiro já está adulto. Segundo o costume, deve ser assado e não cozido em água (Êxodo 12.9). Podem ser picados pedaços pequenos ou desfiado depois de pronto para servir facilmente.
O cordeiro é símbolo do perdão de pecados desde que o homem pecou e Deus faz vestes de pele (Gênesis 3.21) e então, através do sacrifício substitutivo de Isaque através de Abraão, o cordeiro passou a ser oficialmente o objeto sacrificial (Gênesis 22.7,8), embora o que Deus proveu na verdade foi um carneiro (Gênesis 22.13).
Jesus é o Cordeiro de Deus (João 1.29) que morreu pelo perdão de nossos pecados (I Pedro 1.19). Ele cumpriu a profecia bíblica (Isaías 53) ao se oferecer em sacrifício por nós (Atos 8.32). Este sacrifício de Jesus é único e suficiente, não precisa ser repetido (Hebreus 9.23-26). Portanto o cordeiro servido na ceia de páscoa é apenas ilustrativo e não tem poder algum para perdão de pecados (Hebreus 10.12).
Jesus morreu para perdoar você!

4- Maná – Alimento Espiritual: Êxodo 16.11-18
O maná era um alimento único enviado por Deus para seu povo. Para representar o maná pode-se usar um pão doce, bem leve, como pão de leite adoçado com mel.
Continuando a passagem do povo de Deus saindo do Egito em direção à terra prometida, o seu alimento foi o maná que Deus proveu do céu para eles diariamente enquanto caminhavam pelo deserto até o dia em que entraram na terra prometida (Josué 5.12).
Deus quer nos alimentar para nos dar forças para caminhar nos desertos da vida. Elias andou quarenta dias depois que comeu o pão enviado por Deus (I Reis 19.8). Jesus é o “pão da vida” (João 6.35 e 48) que nos sustenta e multiplica este pão para nos saciar todos os dias (Mateus 14.17-19).
Muitos cristãos não conseguem continuar a sua caminhada no deserto desta vida, porque não se alimentam espiritualmente. O alimento espiritual do crente é a Palavra de Deus (Mateus 4.4). Por isso devemos orar sempre (I Tessalonicenses 5.17) e buscar a fé que vem da Palavra (Romanos 10.17).
Alimente sua vida espiritual!

5- Uvas – EXPERIÊNCIA COM DEUS: Números 13.17-24
As uvas podem ser sem semente ou qualquer outra. O ideal é ser uvas doces. Seu primeiro significado é alegria.
Quando os espias foram enviados antes de entrar na terra prometida, trouxeram grande cachos de uvas para demonstrar o que havia na terra a ser conquistada. Do mesmo modo em nossas vidas, recebemos experiências que são trazidas da glória da presença de Deus até nós.
Deus nos mostra coisas maravilhosas que estão por vir em nossas vidas quando estamos em sua presença (Salmos 27.13). O fruto do Espírito Santo em nossas vidas é como um cacho de virtudes que Deus quer trazer a nossas vidas (Gálatas 5.21-23). Quando conhecemos o poder de Deus e recebemos o Espírito Santo, são dádivas vindas do céu, a nossa terra prometida.
Deus quer te dar experiências sobrenaturais!

6- Leite e Mel – VIDA ABUNDANTE: Números 13.25-27
O leite pode ser servdo em copos descartáveis pequenos já misturado com o mel ou então os dois podem ser entregues separados um após o outro.
A expressão ‘mana leite e mel’ era usada como sinônimo de fartura. O povo de Deus caminhou no sol quente do deserto na esperança de um dia chegar à terra prometida. Seu anseio era conhecer esta terra que “mana leite e mel” (Êxodo 13.5) e esquecer todo sofrimento da escravidão no Egito.
O leite é o primeiro alimento que conhecemos, deste modo “desejai ardentemente, como crianças recém-nascidas, o genuíno leite espiritual, para que, por ele, vos seja dado crescimento para salvação” (I Pedro 2.2). Já o mel é símbolo de doçura e prazer (Salmos 19.10). Juntos, a pureza do leite e a doçura do mel, simbolizam a vida abundante que Jesus proporciona aos que o recebem (João 10.10). Deus quer que você tenha uma vida agradável e cheia de bênção, após deixar o mundo de pecado, os desgostos e decepções desta vida.
Receba a vida abundante em Cristo!

Faça a passagem!
-CONCLUSÃO:
Você percebeu como as coisas foram melhorado? Começou com ervas amargas, depois com um pão duro e seco, então veio a carne do cordeiro, em seguida um pão doce agradável, uvas deliciosas e por fim o leite com mel. Assim acontece com quem faz a passagem da morte para a vida. Tudo o que era ruim se transforma.
OBSERVAÇÕES:
- Para a celebração desta Pessach, seguimos textos bíblicos em ordem usando apenas elementos citados na Bíblia, na busca de um retorno ao princípio das Escrituras. Portanto esta não é uma ceia judaica e sim uma proposta diferente. Caso queira uma ceia judaica pesquise em comunidades de judeus.
- Respeitamos profundamente as comunidades messiânicas e os judeus, que têm sua tradição e não queremos deturpar seus costumes, embora esta seja uma versão diferenciada da Pessach, que foi assumindo diferentes formatos pelas gerações incrementando outros elementos como ovos, maçãs, figos, cebolas, batatas e vinho, que não são citados na festa bíblica.
- O propósito desta Ceia é apenas didático, para o conhecimento da história Bíblica e não é um ritual com sentido místico.
- O objetivo não é trazer costumes do judaísmo para a Igreja, pois a Ceia cristã é a Santa Ceia instituída por Jesus (Mateus 26.26-29).
- Este estudo pode ser usado tanto como uma liturgia ou apenas para estudar sobre o assunto. No caso da liturgia, os elementos podem ser servidos na ordem citada durante a celebração, cantando cânticos nos intervalos entre os elementos, ou servir após toda a explicação da ceia.

A páscoa é a passagem da morte para a vida!

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