12 outubro 2020

A esponja da Cruz, o vinagre e o banheiro



O banheiro dentro de casa se popularizou na Europa em 1668, quando o comissário de policia de Paris emitiu um decreto determinando que todas as casas construídas na cidade dali para frente, deveriam ter sempre este cômodo. Bem … como o banheiro francês de 1668 tornou-se nosso aconchegante local de relaxamento e leitura diária de jornais é outra história, pois hoje queremos mesmo é falar dos banheiros antigos. Banheiros dentro de casa foram inventados muito antes do nosso ilustre comissário. Escavações na Índia encontraram vestígios de banheiros internos de cerca de 3.000 anos antes de Cristo. Infelizmente o ocidente teve uma evolução um tanto diferente.

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Os gregos gostavam de usar o ar livre, já os romanos apesar de também o fazerem ao ar livre ou em pínicos, gostavam mesmo destas coisas em grupo, tanto o banho quanto suas necessidades fisiológicas.

Em 500 antes de Cristo os banheiros públicos romanos já era comuns, chamavam de latrinae, e a expansão do império levou a latrina a inúmeros lugares do mundo antigo. Ele consistia em uma construção sobre valetas, onde se sentava sobre uma bancada de pedra com vários buracos, um para cada romano. A pessoa escolhia o buraco e o usava para urinar ou defecar. Já perto da época em que Cristo andou na terra, algumas dessas valetas possuíam um sistema de água que corria e levava os dejetos, quase um projeto de esgoto.

Obviamente as latrinas femininas e masculinas eram separadas, mas mesmo assim era tudo meio coletivo, as pessoas faziam suas necessidades na frente de outras pessoas, e geralmente usavam este tempo para conversarem e porem assuntos de diversas áreas em dia, inclusive os políticos.

Você já se perguntou como era feita a limpeza do corpo após fazer o número 2?

Bem…., em frente aos buracos de evacuação, existia uma mesa baixa de pedra com água e vasilhas com vinagre, as pessoas dispunham de um caniço, uma espécie de vareta, com uma esponja amarrada na ponta. O usuário da latrina molhava a esponja na água e a usava em suas partes, e ao final da sua limpeza o embebia em vinagre para fazer a assepsia do objeto, e logo em seguida entregava a ferramenta para seu companheiro mais próximo que estivesse pronto a utiliza-la. Quando a esponja estivesse desgastada era jogada fora e substituída por uma nova peça.

Sim essa é a hora de agradecer por aquele papel higiênico branquinho e macio que tem ali no seu banheiro privativo dentro da sua casa! Por mais simples que seja seu banheirinho, mesmo que não tenha lajotinhas nas paredes, nem um box para separar seu vaso sanitário do espaço do chuveiro, é bem mais agradável do que a cena vivida pelos romanos né!

 

O VINAGRE E A CRUZ

 

Agora caro amigo, quero te levar a uma reflexão sobre uma cena descrita pelos evangelistas bíblicos.

“Estava, pois, ali um vaso cheio de vinagre. E encheram de vinagre uma esponja, e, pondo-a num hissopo, lha chegaram à boca.” – João 19:29
Reflita comigo, de onde veio o vaso cheio de vinagre e a esponja?

E mesmo que você diga que não vieram da latrina, que eram novos e não haviam sido usados. Nesse ato os soldados romanos compararam a boca de Jesus com a parte do corpo humano usada para defecar. Compreende que mesmo que o vinagre e a esponja fossem novos, mesmo assim esta cena é terrivelmente abaladora!

Alguns historiadores até relatam que o vinagre era uma espécie de vinho ruim e misturado com fel ou mirra se tornava um anestésico, e que Ele se recusou a beber pois não queria ser anestesiado, queria sentir a dor que carregava em suas costas naquele momento. De fato ele recusou beber o vinagre como relata Mateus “Deram-lhe a beber vinagre misturado com fel; mas ele, provando-o, não quis beber, e havendo-o crucificado repartiram suas vestes” Mateus 27:34-35, porém este momento em que ele recusou o vinagre com fel como anestésico aparece somente em Mateus, e indica ser antes do ato da crucificação, pois Mateus relata isso antes de citar que Ele foi levado à cruz, portanto não sendo o mesmo fato que Lucas e João relatam como a esponja molhada no vinagre.

João deixa bem claro que Jesus bebeu esse vinagre no caniço: “E, quando Jesus tomou o vinagre, disse: Está consumado. E, inclinando a cabeça, entregou o espírito.” João 19:30.
E Lucas ressalta que foi um momento em que os romanos escarneciam dele e não uma tentativa de anestesia-lo: “E também os soldados o escarneciam, chegando-se a ele, e apresentando-lhe vinagre.” Lucas 23:36
João mostra que Jesus disse “tenho sede” e que devido a isso lhe foi dado o vinagre a beber ao invés de água. E que ao beber do vinagre logo morreu. Mas ele fala algo mais interessante: “Depois, sabendo Jesus que já todas as coisas estavam terminadas, para que a Escritura se cumprisse, disse: Tenho sede.” – João 18:28
Ele fala que as escrituras se cumpriram pois o salmo 69, escrito pelo menos 1400 anos antes do acontecimento cita essa exata cena, como se a pessoa que a escreveu soubesse exatamente como ocorreria, tanto o acontecimento de Mateus com o fel, quanto o de João e Lucas com o vinagre. “Deram-me fel por mantimento, e na minha sede me deram a beber vinagre.” – Salmos 69:21

O mais importante neste artigo é que Mesmo sabendo como seria terrível, Ele não desistiu de passar por cada fato da cena da crucificação. Ele nunca desistiu de nósmesmo sabendo como seria.

Pense nisso!


BIBLIOGRAFIA BÁSICA:
Bíblia Arqueologia Edição 2014.
Anita Shapira, Israel: uma história (Rio de Janeiro/São Paulo: Paz & Terra, 2018).
Benny Morris, Um Estado, dois Estados: soluções para o conflito Israel-Palestina (São Paulo: Sêfer, 2014).
Shlomo Aloni, Arab-Israeli Air Wars 1947-1982(Botley: Osprey, 2001).
John Laffin, The Israeli Army in The Middle East Wars 1948-73 (London: Osprey, 1982).
Samuel Katz, Israeli Elite Units Since 1948 (London: Osprey, 1988).



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