BÍBLIA A PALAVRA DE DEUS |
A participação do secretário-geral da ONU em um próximo evento no Vaticano promovendo um movimento mundial para combater as alterações climáticas, juntamente com um documento pontifício que preconiza a criação de uma autoridade política, econômica e financeira mundial dirigida pela ONU chamou a atenção de um autor que acredita que esses desenvolvimentos apoiam as previsões de um livro seu de 2012. A conferência do Vaticano "Proteger a Terra, Dignificar a Humanidade", de 28 de abril, que contará com a presença do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, tem como objetivo "elevar o debate sobre as dimensões morais da proteção do meio ambiente" e construir "um movimento global em todas as religiões para o desenvolvimento sustentável e as alterações climáticas". Thomas Horn, co-autor com Cris Putnam de Petrus Romanus: O Papa Final Está Aqui, observa que a conferência do Vaticano antecipa a encíclica do papa Francisco sobre o aquecimento global e o meio ambiente, prevista para publicação em junho ou julho. Horn vê a tentativa do Vaticano em unir forças com as Nações Unidas sobre as questões do aquecimento global e das mudanças climáticas como prova adicional de que o Vaticano está seguindo um plano "para a estruturação de autoridades políticas e econômicas do mundo em um governo mundial centralizado". Ele ressalta que o cardeal Peter Turkson, chefe do Conselho Pontifício Para a Justiça e Paz, ajudou a escrever o primeiro rascunho da encíclica do papa e também escreveu um documento em 2011 em nome do Vaticano apelando ao estabelecimento de uma autoridade global para eliminar as desigualdades econômicas e redistribuir a riqueza. Esperado para participar na conferência do Vaticano está o economista norte-americano Jeffrey Sachs, diretor do Earth Institute da Universidade de Columbia e um assessor especial do chefe da ONU para assuntos de Desenvolvimento do Milênio. Sachs também exerce o cargo de diretor da Rede de Soluções de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas. Horn disse à WND que as pessoas "devem estar atentas e tomar conhecimento" do evento da ONU por causa do documento de 24 de outubro de 2011, do Vaticano, de autoria de Turkson, intitulado "Rumo à Reforma dos Sistemas Financeiros e Monetários Internacionais no Contexto de uma Autoridade Pública Global". Horn disse que o documento "acrescentou a um apelo do Vaticano para uma autoridade política, ambiental e financeira global a ser estabelecida no âmbito das Nações Unidas". No documento, Turkson reconheceu que "um longo caminho ainda precisa ser percorrido antes de se chegar à criação de uma autoridade pública com competência universal". "Parece lógico que o processo de reforma deve prosseguir com a Organização das Nações Unidas como referência", continuou Turkson, "por causa do alcance mundial das responsabilidades da ONU, a sua capacidade de reunir as nações do mundo, bem como a diversidade das suas funções e das suas agências especializadas." Turkson descreveu a visão do Vaticano do que seria um desenvolvimento econômico global eticamente aceitável. "O fruto dessas reformas deveria ser uma maior capacidade de adotar políticas e escolhas que são vinculativos, porque elas têm por objetivo alcançar o bem comum aos níveis locais, regionais e mundiais", escreveu ele. "Entre as políticas, as que dizem respeito à justiça social global parecem mais urgentes: políticas financeiras e monetárias que não vão prejudicar os países mais fracos; e políticas que visem à criação de mercados livres e estáveis e uma distribuição justa da riqueza mundial, o que também pode derivar de formas sem precedentes de solidariedade fiscal mundial, que serão tratadas mais tarde." Em seu livro Petrus Romanus, Horn e Putnam disseram que a diretiva do Vaticano tenta conceber um mandato "moral" para o estabelecimento de "uma autoridade pública global" e "um banco central mundial". Horn, também chamou a atenção para Caritas in Veritate, ou Caridade na Verdade, a terceira e última encíclica publicada pelo papa Bento XVI antes de ter abdicado do papado, que defende uma "autoridade política mundial". Um dos objetivos da entidade global, disse Bento XVI, deve ser o de "gerir a economia global; reavivar economias atingidas pela crise; evitar qualquer deterioração da crise atual e os desequilíbrios maiores que daí resultariam; proporcionar um desarmamento imediato e integral, a segurança alimentar e paz; garantir a proteção do ambiente e regulamentar os fluxos migratórios". Bento XVI disse que "em face ao crescimento incessante da interdependência global, há uma necessidade fortemente sentida, mesmo no meio de uma recessão global, de uma reforma da Organização das Nações Unidas, e também das instituições econômicas e financeiras internacionais, de modo que o conceito da família de nações possa ser realmente concretizado". Em um e-mail para a WND, Horn confirmou as conclusões do "Accuracy in Media's Cliff Kincaid" após a publicação da Caritas in Veritate, em 2009. "Kincaid está certo em se preocupar porque o líder da Igreja Católica em todo o mundo, considerado pelos católicos o representante pessoal de Jesus Cristo, se tornou um defensor de uma das organizações mais corruptas na face da terra – as Nações Unidas", disse Horn. "Esses desenvolvimentos têm implicações proféticas para os cristãos, que temem que uma ditadura global vai tomar o poder na terra nos últimos dias." (WND; tradução: Filipe Reis) Nota: Que país tem maior influência sobre a ONU? E que líder mundial tem maior respeitabilidade e crescente influência sobre a entidade? O cenário vai ficando cada vez mais interessante! [MB] |
Posted: 21 Apr 2015 08:00 PM PDT
A Herança Calvinista do DispensacionalismoO moderno dispensacionalismo sistemático chega à casa dos duzentos anos de expressão e desenvolvimento. Vivemos um momento em que o dispensacionalismo e alguns de seus conceitos têm sido propagados e adotados por grupos de diferentes tradições religiosas. Isso não é surpresa, pois nossa época se caracteriza pela anti-sistematização e pelo ecletismo na área do pensamento. Talvez a grande surpresa para alguns seja o fato de que o dispensacionalismo se desenvolveu e difundiu, durante os seus primeiros 100 anos, entre aqueles que se mantiveram na tradição calvinista reformada. Somente de 75 a 50 anos para cá é que o dispensacionalismo e algumas de suas convicções se propagaram, de modo significativo, fora da órbita do calvinismo.Definições Antes de prosseguirmos, preciso estabelecer definições funcionais do que quero dizer com calvinismo e dispensacionalismo. Em primeiro lugar, ao mencionar calvinismo me refiro, principalmente, ao sistema teológico relacionado à doutrina da graça ou calvinismo soteriológico. Incluem-se nessa categoria o calvinismo estrito e o modificado (i.e, o calvinismo de cinco pontos e o de quatro pontos, respectivamente). Refiro-me àquele aspecto do calvinismo que trata da natureza decaída do ser humano e da graça eletiva de Deus. Em segundo lugar, ao mencionar dispensacionalismo, faço alusão ao sistema teológico desenvolvido por J. N. Darby que deu origem à sua moderna ênfase na interpretação literalcoerente; na distinção entre o plano de Deus para Israel e o Seu plano para a Igreja; normalmente, no Arrebatamento pré-tribulacional da Igreja antes da septuagésima semana de Daniel; no pré-milenismo; e na multiforme proeminência da glória de Deus como o propósito final da história. Nisso se incluem alguns que, tendo adotado tal sistema, talvez parem, de repente, de crer no pré-tribulacionismo. O foco da atenção deste artigo é o pré-milenismo dispensacionalista. A lógica teológica Em concordância com o ímpeto calvinista de olhar teocentricamente a história, creio que o pré-milenismo dispensacional propõe o mais lógico final escatológico dos decretos soberanos de Deus quanto à salvação e à história. Visto que os pré-milenistas dispensacionais consideram as promessas divinas, tanto a da eleição de Israel quanto a da eleição da Igreja, como incondicionais e certas no seu futuro cumprimento, tal convicção é lógica e coerente com a Bíblia. Um teólogo aliancista diria que a eleição de Israel era condicional e temporária. Muitos calvinistas são teólogos aliancistas que acreditam na incondicionalidade e irrevogabilidade da eleição dentro da Igreja. Estes entendem que o plano divino para Israel está condicionado à escolha humana, ao passo que o plano de Deus para a salvação no âmbito da Igreja é, em última análise, um ato soberano dEle. Não há simetria em tal lógica. Enquanto isso, os pré-milenistas dispensacionais entendem ambos os atos como uma expressão soberana do plano divino na história, que vem a ser uma aplicação coerentemente lógica da vontade soberana de Deus nas questões humanas. Samuel H. Kellogg, pastor, missionário e educador presbiteriano, escreveu sobre a lógica entre o calvinismo e o "pré-milenismo futurista moderno", que em sua época (1888) era essencialmente dispensacional. "Porém, em geral", comenta Kellogg, "pode-se dizer acertadamente que as relações lógicas do pré-milenismo o aproximam mais intimamente do sistema agostiniano do que de qualquer outro sistema teológico".[1] Sua utilização do termo "agostiniano" é uma nomenclatura mais antiga para o termo "calvinista". Kellog salienta as diversas áreas nas quais o calvinismo e o pré-milenismo são teologicamente unânimes. "O pré-milenismo pressupõe uma antropologia fundamentalmente agostiniana. O calvinismo comum declara a completa impotência do indivíduo quanto à sua auto-regeneração e auto-redenção".[2] Ele prossegue: "é evidente que as pressuposições antropológicas, nas quais o pré-milenismo parece se basear, devem trazer consigo uma soteriologia semelhante".[3] Kellogg fundamenta que "a afinidade agostiniana da escatologia pré-milenista fica mais evidente. Não há nada mais acentuado do que a constante insistência dos pré-milenistas de que [...] a atual dispensação é estritamente eletiva".4 "Em suma", conclui Kellogg, "podemos dizer que aquilo que os pré-milenistas simplesmente afirmam ser o macrocosmo, os agostinianos em geral declaram ser o microcosmo".[5] Isso não quer dizer que dispensacionalismo e calvinismo são sinônimos. Eu simplesmente argumento que o dispensacionalismo é compatível com certos elementos do calvinismo, o que proporciona uma resposta parcial para a questão do dispensacionalismo ter se originado do útero reformado. C. Norman afirma: Há, por certo, importantes elementos calvinistas do século XVII no dispensacionalismo moderno, mas estes elementos foram combinados com ênfases doutrinárias provenientes de outras fontes, a fim de formar um sistema diferente que, em muitos aspectos, é completamente estranho ao calvinismo clássico.[6] Apesar disso, o dispensacionalismo de fato se desenvolveu dentro da comunidade reformada e, durante seus primeiros 100 anos, a maioria dos adeptos vinha de um ambiente calvinista. Kraus chega à seguinte conclusão: "Levando tudo isso em conta, ainda é preciso assinalar-se que as afinidades teológicas básicas do dispensacionalismo são calvinistas. A esmagadora maioria de homens envolvidos nos movimentos de conferências bíblicas e proféticas endossava declarações de fé calvinistas".[7] Darby e o Movimento dos Irmãos O dispensacionalismo sistemático moderno desenvolveu-se nos idos de 1830 por J. N. Darby e aqueles que faziam parte do Movimento dos Irmãos. O dispensacionalismo sistemático moderno desenvolveu-se nos idos de 1830 por J. N. Darby e aqueles que faziam parte do Movimento dos Irmãos. Praticamente todos esses homens procediam de igrejas cuja soteriologia era calvinista. "Em se tratando de teologia", relata H. H. Rowdon, historiador do Movimento dos Irmãos, "os primeiros Irmãos eram unanimemente calvinistas".[8] Isso ecoa nas palavras de um dos fundadores dos Irmãos, J. G. Bellet, que começava sua associação com o movimento, quando seu irmão, George, escrevendo a seu respeito, disse: "pois suas convicções decididamente se tornaram mais calvinistas, e acredito que todos os amigos com quem se associara em Dublin, sem exceção, eram desta posição".[9] Qual era a posição de Darby nessa questão? John Goddard comenta que Darby "cria na predestinação de indivíduos e rejeitava o esquema arminiano de que Deus não predestinou aqueles que de antemão sabia que se conformariam à imagem de Cristo".[10] Em sua "Letter on Free-Will" (i.e., "Carta Sobre o Livre-Arbítrio"), Darby deixa claro que rejeita esse conceito. "Se Cristo veio salvar o perdido, o livre-arbítrio não tem mais razão de ser".[11] "Creio que devamos nos apegar à palavra", prossegue Darby, "mas, filosófica e moralmente falando, o livre-arbítrio é uma teoria falsa e absurda. Livre-arbítrio é um estado de pecado".[12] Em virtude de crer na escravidão do pecado, Darby, logicamente, manteve sua crença na graça soberana como condição para a salvação: O desdobramento desse princípio da graça soberana é tal que sem ele ninguém seria salvo, pois não há quem entenda, não há quem busque a Deus, nenhuma pessoa que, por seus próprios esforços, consiga um dia ter vida. O julgamento baseia-se nas obras; a salvação e a glória são fruto da graça".[13] Outra evidência do calvinismo de Darby é que ele, pelo menos em duas ocasiões, foi convidado por calvinistas não-dispensacionalistas para representá-los na defesa do calvinismo. Um dos biógrafos de Darby, W. G. Turner, registrou a sua defesa no debate ocorrido na Universidade de Oxford: Foi numa data mais remota (acredito que em 1831) que F. W. Newman convidou o Sr. Darby para ir a Oxford: um momento memorável por sua refutação pública dos argumentos levantados pelo Dr. E. Burton que rejeitavam as doutrinas da graça defendidas pelos reformadores e sustentadas não somente por Bucer, P. Mártir e pelo bispo Jewell, mas também pelos artigos IX-XVIII da Igreja Anglicana.[14] Noutra ocasião, Darby foi convidado para ir à cidade de Calvino, Genebra, na Suíça, a fim de fazer uma defesa do calvinismo. Turner declara que "ele refutou o 'perfeccionismo' de John Wesley, para alegria da Igreja Livre da Suíça".[15] Darby foi condecorado pelos líderes de Genebra com a medalha de honra ao mérito.[16] E ainda, quando algumas doutrinas reformadas foram criticadas dentro da igreja a que outrora servira, "Darby assinalou sua aprovação do artigo XVII", que trata da eleição e predestinação, "incluso nos trinta e nove artigos da declaração doutrinária da Igreja Anglicana".[17] Darby afirmou: De minha parte, em sã consciência, reputo como sábio o artigo XVII. Talvez possa dizer que se trata da mais sábia e condensada declaração humana, que eu conheça, sobre o conteúdo em questão. Estou plenamente satisfeito em interpretá-lo em seu sentido literal e gramatical. Creio que a predestinação para a vida é o propósito eterno de Deus, por meio do qual, antes que os fundamentos do mundo fossem estabelecidos, Ele decretou firmemente salvar dentre a raça humana aqueles que escolhera em Cristo, pelo Seu conselho que nos é secreto, e apresentá-los, por intermédio de Cristo, como vasos de honra, para a eterna salvação.[18] Scofield, Chafer e o Seminário Teológico de Dallas A Bíblia de Scofield com Referências é considerada por muitos como a ferramenta mais eficaz na disseminação do dispensacionalismo nos Estados Unidos. Foto: C. I. Scofield. C. I. Scofield (1843-1921), Lewis Sperry Chafer (1871-1952) e o Seminário Teológico de Dallas (fundado em 1924) foram importantes veículos na propagação do dispensacionalismo nos Estados Unidos e no mundo. Tanto Scofield quanto Chafer eram pastores ordenados pela Igreja Presbiteriana. A Bíblia de Scofield com Referências é considerada por muitos como a ferramenta mais eficaz na disseminação do dispensacionalismo nos Estados Unidos.[19] Scofield se converteu a Cristo na meia-idade e, primeiramente, foi discipulado por James H. Brookes em Saint Louis. Foi ordenado ao ministério da Primeira Igreja Congregacional de Dallas em 1882 e transferiu suas credenciais ministeriais para a Igreja Presbiteriana dos Estados Unidos em 1908.[20] Conseqüentemente, seu ministério se desenvolveu num contexto calvinista. Scofield foi a maior influência no desenvolvimento teológico de Chafer. John Hannah menciona que "é impossível entender Chafer sem que se perceba a profunda influência de Scofield".[21] Na realidade, "Chafer sempre comparava esse relacionamento ao de pai e filho".[22] Tal relacionamento originou-se do aprendizado de Chafer sob a tutela de Scofield na Conferência de Northfield e da transformação de vida incentivada pelos estudos de Scofield à frente da Primeira Igreja Congregacional de Dallas nos primórdios de 1900. Scofield disse a Chafer que seus dons relacionavam-se mais com a área de ensino do que com a de evangelismo na qual este tinha atuado. Em seguida, "os dois oraram juntos e Chafer dedicou a sua vida inteira ao estudo e ao ensino da Bíblia".[23] Scofield e Chafer foram dois dos maiores dispensacionalistas americanos e ambos desenvolveram sua teologia a partir de um contexto reformado. Scofield é conhecido por sua Bíblia de Estudo e Chafer pela publicação de sua Teologia Sistemática e pelo Seminário Teológico de Dallas. Jeffrey Richards descreve as características teológicas de Chafer mencionando que "têm muito em comum com toda a tradição reformada. Com exceção da escatologia, Chafer é teologicamente parecido com os expoentes da teologia de Princeton, tais como Warfield, Hodge e Machen. Reconhecia, de modo semelhante, doutrinas como, por exemplo, a soberania de Deus [...] a depravação total da humanidade, a eleição, a graça irresistível e a perseverança dos santos".[24] C. Fred Lincoln descreve a obra de Chafer intitulada Systematic Theology (Teologia Sistemática – publicada em português pela Editora Hagnos. N.T.), como "completa, calvinista, pré-milenista e dispensacionalista".[25] Desde a sua fundação em 1924 com o nome The Evangelical Theological College (mudado em 1936 para Dallas Theological Seminary), o Seminário de Dallas causou um impacto de proporções globais a favor do dispensacionalismo. Seu principal fundador foi Chafer. Entretanto, William Pettingil e W. H. Griffith-Thomas também desempenharam um papel importante na sua fundação. Pettingil, à semelhança de Chafer, era presbiteriano. Griffith-Thomas, um anglicano, escreveu um dos melhores comentários sobre Os Trinta e Nove Artigos (de Fé) da Igreja Anglicana,[26] que até hoje são largamente utilizados por anglicanos e episcopais conservadores. Os Trinta e Nove Artigos são fortemente calvinistas. Esses dois homens eram claramente calvinistas. O Seminário de Dallas, especialmente antes da Segunda Guerra Mundial, se considerava calvinista. Certa feita, num folheto de propaganda, Chafer caracterizou a escola como "plenamente de acordo com a fé reformada e sua teologia é estritamente calvinista".[27] Numa carta escrita a Allan MacRae, do Seminário Teológico de Westminster, Chafer declarou: "Você provavelmente sabe que somos calvinistas declarados em nossa teologia".[28] "Em 1925, quando se referia ao corpo docente do Seminário, Chafer fez uma observação de que quase todos eram procedentes de igrejas presbiterianas das regiões Sul e Norte do país".[29] Além disso, escrevendo a um pastor presbiteriano, Chafer afirmou: "Eu me alegro em afirmar que não existe instituição, que eu saiba, mais calvinista como um todo, nem mais ajustada, por inteiro, a esse sistema de doutrina, defendido pela Igreja Presbiteriana".[30] Visto que muitos dos primeiros formandos de Dallas ingressaram no ministério presbiteriano, iniciou-se uma reação ao seu pré-milenismo dispensacionalista nos idos de 1930. Não era uma questão de serem ou não calvinistas na sua soteriologia, mas uma questão referente à sua escatologia. No final da década de 1930, "o Seminário Teológico de Dallas, embora professasse firmemente ser uma instituição presbiteriana, foi deixado fora do movimento conservador presbiteriano dissidente".[31] Em 1944, os presbiterianos do Sul dos EUA emitiram o relatório de um comitê de investigação da compatibilidade do dispensacionalismo com a Confissão de Fé de Westminster. O comitê decretou que o dispensacionalismo não se harmonizava com a confissão de fé da igreja. Esse "relatório de 1944 foi o golpe que acabou com todas as espectativas futuras do pré-milenismo dispensacionalista dentro do presbiterianismo do Sul do país".[32] Essa deliberação fez com que muitos ex-alunos do Seminário de Dallas deixassem seus ministérios em denominações de fé reformada e ingressassem no movimento de Igrejas Bíblicas independentes. Um aumento na aceitação do dispensacionalismo Ainda que o dispensacionalismo tenha tido, já na década de 1880, uma modesta penetração entre os batistas, através de representantes como, por exemplo, J. R. Graves,[33] um calvinista convicto, estes foram repelidos pelos não-calvinistas até meados da década de 1920, quando elementos da teologia dispensacionalista começaram a ser adotados por alguns pentecostais numa tentativa de rebater a crescente ameaça do liberalismo. Kraus explica: Alguns professores declararam explicitamente que o pré-milenismo era um escudo de defesa contra a teologia racionalista. Assim, não é de se admirar a descoberta de que rudimentos teológicos normativos do dispensacionalismo tenham concorrido diretamente contra a ênfase da "Nova Teologia" em desenvolvimento.[34] Até esse ponto na história, aqueles que eram de tradição arminiana e wesleyana estavam mais interessados nas questões relativas à santificação pessoal no presente, do que à atenção calvinista em explicar a obra soberana de Deus no decurso da história. Contudo, o surgimento da controvérsia fundamentalista-liberal na década de 1920 despertou um interesse pela defesa da Bíblia contra os ataques anti-sobrenaturalistas dos críticos liberais, que ultrapassava o âmbito do calvinismo. O dispensacionalismo foi visto como uma resposta bíblica e conservadora ao liberalismo, não apenas no meio fundamentalista, mas também, e cada vez mais, entre os pentecostais e outros grupos. Timothy Weber faz a seguinte observação: Em tempo, o dispensacionalismo também teve seus adeptos dentro da tradição wesleyana. Outros grupos radicais da denominação Holiness repercutiram as predições dispensacionalistas de declínio da ortodoxia e da consagração nas igrejas; e os pentecostais descobriram no dispensacionalismo uma ocasião para o derramamento do Espírito num dia de "chuva serôdia" antes da Segunda Vinda.[35] O desenvolvimento do dispensacionalismo no pós-guerra Os movimentos fundamentalista/evangélico e pentecostal/carismático se alastraram rapidamente pelos Estados Unidos depois da Segunda Guerra Mundial e o dispensacionalismo, por estar relacionado com tais movimentos, também cresceu rapidamente. Muitas pessoas nascidas durante o "baby-boom" do pós-guerra cresceram no ambiente de igrejas pentecostais e carismáticas tendo o dispensacionalismo e o Arrebatamento pré-tribulacional como parte de sua estrutura doutrinária. Portanto, nem lhes passava pela cabeça que o dispensacionalismo não era inerente às características específicas de sua teologia da restauração. Além disso, quando o fundamentalismo não-calvinista se expandiu depois da Segunda Guerra, especialmente nos círculos batistas independentes, houve uma ruptura ainda maior dos distintivos dispensacionalistas em relação às suas raízes calvinistas. De outro lado, o expurgo do dispensacionalismo por parte do cristianismo reformado, iniciado no final da década de 1930, foi plenamente concluído. Um exemplo típico dessa polarização verifica-se em livros como Wrongly Dividing The Word Of Truth: A Critique of Dispensationalism ("Manejando Mal a Palavra da Verdade: Uma Crítica ao Dispensacionalismo") de John Gerstner.[36] Enquanto, por um lado, admite que "o estranho no dispensacionalismo é que parece ter tido seus mais fortes defensores em igrejas calvinistas",[37] Gerstner se opõe tão fortemente ao dispensacionalismo que se tornou cego para perceber a verdadeira natureza calvinista de tal teologia teocêntrica. Gerstner alega que ele e outros teólogos reformados levantaram "um forte questionamento sobre o dispensacionalismo e suas reivindicações calvinistas".[38] Parece que pelo fato de o dispensacionalismo ter se originado numa tradição reformada, como um rival da teologia aliancista, alguns querem dizer que não pode logicamente ser calvinista. Esse é o argumento de Gerstner. Entretanto, apesar do seu sofisma nessa questão,[39] Gerstner não pode anular o fato histórico de que o dispensacionalismo foi gerado em meio à mentalidade bíblica de uma teologia nitidamente teocêntrica, por aqueles que defendiam firmemente o calvinismo soteriológico. A provável razão pela qual a comunidade reformada tomou a dianteira na crítica da teologia dispensacionalista se encontra no fato de que o dispensacionalismo nasceu num contexto reformado. Conclusão O dispensacionalismo é mais bem entendido como um sistema teológico que compreende Deus como o Soberano Governante dos céus e da terra e a história como uma lição na concretização da glória de Deus exibida tanto no céu quanto na terra. É justamente pelo fato de que o dispensacionalismo penetrou em quase todas as formas de protestantismo, que muitos, hoje em dia, talvez fiquem surpresos em conhecerem de onde procede a sua herança. Em nossos dias de irracionalismo pós-moderno em que a virtude se constitui em NÃO verificar a coerência dos pontos da teologia de uma pessoa, precisamos nos lembrar que a teologia da Bíblia é uma peça de roupa elaborada sem costura. Tudo se sustenta em conjunto. Se alguém começa a repuxar ou esgarçar um único fio de linha, o tecido todo corre o risco de se desmanchar. O dispensacionalismo é mais bem entendido como um sistema teológico que compreende Deus como o Soberano Governante dos céus e da terra; o homem como um vice-regente rebelde (junto com alguns anjos); Jesus Cristo como o Herói da história que salva algumas pessoas por Sua Graça; a história como uma lição na concretização da glória de Deus exibida tanto no céu quanto na terra. O dispensacionalismo é uma teologia que, segundo creio, procede exatamente do estudo bíblico e que reconhece Deus como Deus. |
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