"Ora, o nascimento de Jesus Cristo foi assim: Que estando Maria, sua mãe, desposada com José, antes de se ajuntarem, achou-se ter concebido do Espírito Santo." (Mateus 1:18)
Meu falecido pai nasceu na Espanha em 1939, época da segunda guerra mundial. Suas memórias de infância era marcadas por dificuldades, desafios, restrições, limitações. Ele lembrava de um tempo no qual tudo ficou dificil. Viveu o golpe militar no Brasil em 1964, suas lembranças da época eram amargas. Eu não me lembro de nada disso, nasci no final dos anos 1960. Minhas memórias de infância são bem diferentes das de meu pai. Meus filhos nasceram no final do século XX, suas memórias são de internet, câmeras digitais, celulares.
Quando não vivemos uma determinada experiência, parece que só faz sentido para quem as conta. Meus filhos não conseguem entender uma máquina de escrever, uma lista telefônica ou uma casa sem internet. E o Natal? Será que só ficou na memória e lembrança dos vivos da época, quase 2000 anos atrás? É a impressão que me passa.
Vivemos dias de consumismo, futilidade, quase nada de amor fraternal, egoísmo, individualismo, ganância - retrato fiel dos últimos dias descritos nas escrituras sagradas. A lembrança do nascimento do Salvador mal tem sido tocada até mesmo nas igrejas. Fazemos festa, comemoramos, nos alegramos, damos trégua nas intrigas, mas poucos se lembram do sentido verdadeiro do feriado.
Será que estamos condenados a viver pela memória dos outros? Será que Deus não tem nada novo para minha geração? Será que devemos apenas nos contentar e condicionar com o que está ao nosso redor? Eu me nego a ir por este caminho.
Conto aos meus filhos desde bem pequenos as histórias da Bíblia. Ensino a eles que Jesus nasceu, não importa em que data exata mas eles sabem claramente que isso ocorreu. O fato em si deveria ter mais valor do que seus detalhes. Se o aniversário de Jesus seria em abril, daria na mesma, nossa sociedade continuaria comemorando sem saber o quê. A essência não é essa.
Devemos virar totalmente nosso discurso na direção do fato real e verdadeiro de que o Deus Todo Poderoso se fez carne e nasceu de uma mulher para viver entre nós como Sua expressão completa, do Seu Reino e do Seu grande amor por mim e por você. O fato está distante na cronologia, mas encostado em nós no senso de realidade. Eu celebro o nascimento, a morte e a ressurreição Daquele que decidiu vir e tomar a minha dor, meu sofrimento, minhas enfermidades, meu preço a pagar. Comemoro alegremente e aproveito a data do Natal de dezembro para isso, não por que o dia me importa, mas por que o fato me enche os olhos de lágrimas ao imaginar a cruz, a morte, o sofrimento - que deveriam ser meus. Se vivemos longe historicamente, devemos compensar e viver próximos no espírito, na emoção e no coração.
Se depender de mim e dos meus discípulos, o discurso natalino sempre será como o de Mateus: o nascimento de Jesus Cristo foi assim... Pouco me importa o dia exato, pouco me importa como vamos celebrar, pouco me importa se vamos dar presentes uns aos outros. O aniversariante é Jesus de Nazaré, filho de Seu José e Dona Maria, nazareno, Unigênito de Deus, gerado pelo Espírito Santo, Deus encarnado para trazer vida para mim e para você.
Te convido neste Natal a dar um presente ao aniversariante. Entregue a Ele a única coisa que Ele quer ganhar neste Natal, mesmo que o aniversário real dele possa ter sido em Julho. Entregue a Ele seu coração, sua mente, sua alma, sua vida. Dê a Ele de presente VOCÊ, alvo do Seu amor e motivo do Seu nascimento. Passe adiante a mensagem de uma memória ofuscada pelo tempo e pela indiferença da humanidade: ELE NASCEU, por mim e por você.
"Senhor, não me permita relegar a memória do que fizeste por mim ao esquecimento ou indiferença. Ensina-me a manter preservada a alegria e a gratidão de estar e andar Contigo."
Mário Fernandez
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