Às vezes dou dinheiro no final do sermão. Não para pagar os ouvintes (embora alguns possam achar que o mereçam). Ofereço um dólar a qualquer um que o aceite. Dinheiro de graça. Um presente. Convido qualquer um, que queira o dinheiro, a vir pegá-lo.
A reação é previsível. Uma pausa. Alguns pés se arrastam. Uma esposa cutuca o marido, e ele sacode a cabeça. Um adolescente começa a levantar-se, mas então se lembra de sua reputação. Uma criança de cinco anos começa a mover-se pelo corredor, e sua mãe a puxa de volta. Final¬mente algum corajoso (ou pobre de espírito) levanta-se e anuncia:
— Eu irei pegá-lo.
O dólar é dado, e a aplicação se inicia.
— Por que vocês não aceitaram a minha oferta? — Pergunto ao restante.
Alguns dizem que ficaram embaraçados. O ganho não compensa o sofrimento. Outros temiam uma pegada. E há aqueles cujas carteiras estão gordas. O que significa um dólar para que tem cem?
E então vem a indagação óbvia: "Por que as pessoas não aceitam o dom gratuito de Cristo?" As respostas são similares: Alguém está muito embaraçado. Aceitar perdão é admitir pecado, um passo que somos lentos em dar. Outros temem um truque. Quem sabe se não há algum detalhe do acordo escrito em letras miúdas na Bíblia? Outros pensam: Quem precisa de perdão, quando se é tão bom quanto eu?
Embora a graça seja disponível a todos, é aceita por poucos. Muitos preferem permanecer sentados e desconfiados, enquanto poucos escolhem levantar e confiar.
Comumente, esse é o fim. A lição é completada, eu fico um dólar mais pobre, alguém fica um dólar mais rico, e todos nós ficamos um pouco mais sábios. De qualquer modo, aconteceu algo, há umas duas semanas, que deu à prática uma nova dimensão. Myrtle foi quem disse sim ao dólar. Eu fizera a oferta, e estava esperando por um aceitador, quando ela levantou a voz:
— Eu aceito!
Ela veio rapidamente, e eu dei-lhe o dólar. Ela retornou ao assento, eu terminei minha prédica, e todos voltamos para casa.
Procurei-a, alguns dias depois, e perguntei-lhe pelo dinheiro de meu sermão.
— Você ainda está com o dólar?
— Não.
— Gastou-o?
— Não, dei-o — respondeu ela. — Quando voltei a sentar, um menino perguntou-me se poderia ficar com ele. "Claro", disse eu. "Foi um presente para mim; é um presente para você".
Puxa, isto não diz nada? Tão simplesmente como o recebeu, ela o deu. Tão facilmente quanto veio, se foi. O menino não implorou, nem ela relutou. Como podia ela, a quem fora dado um presente, não dar outro em retribuição? Ela estava presa nas garras da graça.
A Graça liberta-nos.
Max Lucado, em "NAS GARRAS DA GRAÇA"
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