01 junho 2014

APROVEITAMENTO



by salmo37
Todo viajante que se preza, faz um roteiro, uma lista do que vai levar e um planejamento para os dias em que estará fora. Imprevistos até acontecem, mas quem viaja tem sua programação financeira, material, turística, minimamente agendada. O que não acontece quando você escorrega no meio de uma fase ruim sem suprimentos, sem bússola, sem previsão de nada. O esperado ou inesperado torna-se duramente real.
Nunca se sabe quando o tempo vira, quando se cai de paraqueda, quando o vento sopra forte interminavelmente. Bom seria se soubéssemos que depois da curva estariam tempos difíceis. Poderíamos nos preparar para os anos de vacas magras, assim como previu José, governador do Egito por volta do ano 1.700 AC. Sua história de superação é altamente pedagógica, relatada no livro de Gênesis do capítulo 39 ao 41.
José, um homem de extrema lealdade a Deus, foi um vitorioso depois de todo o deserto pelo qual passou e que parecia não ter fim. Foi feito escravo aos 17 anos e somente aos 30 passou a ser o segundo homem mais poderoso do maior país do mundo da época. Finda sua luta, tornou-se respeitado e salvou todo o povo da fome ao aconselhar que se preparassem para sete anos de seca e miséria. Assim, as pessoas puderam armazenar mantimentos, enfrentaram condições adversas, mas sabiam que tudo aquilo iria passar depois de 84 meses. E passou.
Imagine quantas vezes você "caiu de paraqueda" no meio da tribulação. Muitos dos que por você passaram disseram: "Vai passar"! Cá entre nós: será que esta palavra bastou? Não! Dizer "vai passar" não basta! E aceitar o "vai passar" pode ser menos doloroso, ilusoriamente mais rentável. Mas traz inutilidade ao caminho duramente percorrido. Se é preciso passar pela perda, que seja com qualidade. E se o termo qualidade aqui soar como absurdo, vamos elevar seu conceito a uma categoria diferenciada, a de que dar qualidade ao caos pode surtir marcantes efeitos.
Devido a total falta de linearidade na vida, creio que há dificuldades que jamais passem. Talvez sejam amenizadas, transformadas. Passar mesmo, só no céu! Mas, enquanto isso, como cada peça humana trabalha? Como cada pessoa pode executar seu papel de apoio?
É neste tempo de espera que muitos ouvimos: "Vai passar!" Sentimos o tapinha nas costas, assistimos "sorrisos de paisagem" e retornamos ao ponto de interrogação: "mas vai passar quando?" "O que eu faço enquanto não passa?" "O que você pode fazer por mim enquanto não passa?"
Incontroláveis perguntas. De certo modo, justificáveis, de outro, contundentes. E como já disse a boa e velha publicidade esportiva: no pain, no gain (sem dor, sem vitória).
Creio que vale a busca. Não apenas pela conquista da superação, mas pela melhor forma de vivenciar um período de aflição. Se temos mesmo que passar por ele, que seja com o máximo de aproveitamento, que produza um upgrade (aperfeiçoamento) pessoal.
Mas porque algumas temporadas de aflição custam tanto a passar? Como entender seu tempo? O que fazer enquanto não passam? Tenho certeza de que você e eu procuramos por estas respostas. Poderemos até não ficar satisfeitos com algumas conclusões. Mas o esforço nesta busca fazem parte do processo, da cura, do aprendizado, do maior presente que iremos ganhar: o fim da tenebrosa fase. Ela representa nosso novo eu, mais humano, mais inteiro, mais apegado a Deus...
 Virgínia Martin, em www.prazerdapalavra.com.br 

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