Estamos perto do Natal. Parece que nessa época nos aproximamos daquilo que somos: ser humano, pode parecer surpresa, é SER humano. Sorrir, chorar, aborrecer-se, emocionar-se. Inúmeras são as reações intrínsecas ao ser humano, por tantas vezes moldadas de acordo com o ambiente em que ele está inserido.
A igreja é um desses ambientes - ali, felizmente (e teoricamente) podemos viver nossa humanidade, o que geralmente condiz com o que está sendo vivenciado no momento. Mas hoje, estando eu em uma igreja ouvindo belas músicas natalinas, de maneira inéditas as lágrimas que chegaram aos meus olhos não foram necessariamente pela alegria do significado do Natal.
Minha boca cantava, mas minha mente vagou. Pensei em Maria. Pensei na gravidez inesperada de Maria. Pensei na chegada do seu prometido filho - aquele bebê que literalmente dividiu a história da humanidade. Depois, viajei dois mil anos. Pensei no que aconteceu há apenas alguns dias na escola de Sandy Hook. Pensei na vida daqueles pequeninos seres humanos, que foi dissipada também inesperadamente. Pensei na dor dos pais. Pensei na dor de tantas mulheres cujas lágrimas não podem ser contadas - são mães, como Maria.
A minha viagem voltou para Maria. Ela também perdeu seu filho de maneira cruel e extremamente dolorosa. Ela também chorou e sofreu. Ela também não entendeu o motivo e queria ter o poder de proteger seu bebê, agora preso em uma cruz.
Viajei mais um pouco e olhei para baixo. Olhei para o meu ventre e indaguei-me: será que algum dia o meu desejo de ser mãe se tornará real? Será que algum dia entenderei o amor de Maria ou das mães de Sandy Hook? Será que vale à pena querer realizar esse desejo, colocando no mundo cruel tão pequenos, lindos e inofensivos seres?
A minha viagem ainda não acabou. Saí da igreja convencida de que Cristo nasceu em um mundo longe da perfeição. As crianças de Sandy Hook também. Ele ofereceu ao mundo o sentido da vida. Eles são prova de que a humanidade ainda não entendeu.
(Mariana Dias Mendes de Sá)
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