31 maio 2022

Jesus e a felicidade



Mateus 5.3-11.

Introdução

No mundo, as pessoas têm um conceito materialista de felicidade. Na mente da maioria, ser feliz é ter bastante dinheiro, um bom casamento, um emprego seguro, uma família ajustada. Sem dúvida, tudo isso é desejável e pode ser visto como elementos que contribuem para um estado de espírito feliz. Porém, a verdadeira felicidade começa, quando a pessoa se sente em comunhão com Deus, através de Jesus Cristo, e passa a desfrutar a “paz de Deus, que excede todo o entendimento” e guarda os corações e “os sentimentos em Cristo Jesus” (Fp 4.7). No Sermão da Montanha, Jesus explanou sua visão, mostrando quem são as pessoas felizes, através das nove bem-aventuranças.

A felicidade ensinada por Jesus envolve conceitos e valores sublimes, que só podem ser apreendidos por aqueles que são iluminados pelo Espírito Santo.

I. CONCEITOS IMPORTANTES

1. Origem da expressão. Bem-aventurança significa “grande felicidade, a glória, a felicidade perfeita”. A palavra vem do grego makarismós , com o sentido de “felicidade”.

2. Bem-aventurado. Vem do grego, makários , identificando um indivíduo feliz, bem-aventurado, “livre de sofrimentos e preocupações”. Para os judeus, uma pessoa bem-aventurada deveria ser próspera materialmente. Para o cristão, o conceito de bem-aventurança extrapola a ideia dos gregos e dos judeus. O crente em Jesus pode ser feliz, alegre ou triste, sorrindo ou chorando, desde que suas lutas sejam decorrentes da fidelidade ao Senhor, e como pertencente ao Reino de Deus.

II. OS POBRES, OS QUE CHORAM E OS MANSOS

1. Os pobres de espírito (v.3). São bem-aventurados os humildes de espírito, que se sentem sempre dependentes de Deus. A eles pertence o Reino dos céus. Não se deve confundir com alguém que seja fraco de espírito. No Sermão da Montanha, quer dizer uma pessoa que, espiritualmente, é totalmente dependente de Deus, para a solução de seus problemas. O pobre de espírito não é um alienado, que abdica de sua personalidade, nem precisa viver como um monge. Tem o mesmo sentido do que disse Davi: “Clamou este pobre e o Senhor o ouviu...” (Sl 34.6). Essas pessoas são espiritualmente riquíssimas!

2. Os que choram (v.4). Em contraste com a visão do homem do mundo, que gasta milhões para rir, buscando a felicidade, Jesus afirma que são muito felizes os que choram. São os que choram por causas dos pecados e se arrependem; são os que choram, sentindo pelos outros; esse choro traz alegria, paz e conforto; eles serão consolados (Ap 7.17).

3. Os mansos (v.5). Neste mundo, a ideia dominante é a de que uma pessoa mansa é fraca, por não agredir, não revidar as ofensas. Na visão de Cristo, é diferente. O manso é uma pessoa forte. É capaz de suportar com equilíbrio as afrontas, as calúnias, as injúrias. Um fraco não suporta. É uma pessoa muito feliz. Aos mansos é prometido que herdarão a terra, sem precisar invadir propriedades alheias.

III. OS FAMINTOS E SEDENTOS DE JUSTIÇA, OS MISERICORDIOSOS E OS LIMPOS DE CORAÇÃO

1. Os famintos e sedentos de justiça (v.6). Certo irmão pensava que esse versículo se referia a pessoas que têm fome e sede de vingança. Mas não é isso que Jesus ensinou. Quanto à vingança, a Bíblia diz que pertence a Deus (Rm 12.19). O que Ele ensinou é que são felizes os que desejam a justiça de Deus; sua retidão. Primeiro, para suas vidas (Rm 5.1). Depois, que os outros sejam abençoados pela graça e pela justiça de Deus em suas vidas. A promessa é de que serão fartos.

2. Os misericordiosos (v.7). No sentido popular, misericórdia significa “compaixão suscitada pela miséria alheia”. No Novo Testamento, o sentido tem a ver com alguém capaz de se colocar no lugar do outro, sentindo sua dor, seu sofrimento. Os misericordiosos têm a promessa de que alcançarão misericórdia. É preciso ter cuidado, pois o juízo será severo contra quem não usa de misericórdia (Tg 2.13).

3. Os limpos de coração (v.8). São muito felizes os que têm o coração limpo e puro, ante o “Raio-X” de Deus, que é a sua Palavra. Na Palavra de Deus, limpo de coração é aquele “que não entrega a sua alma à vaidade, nem jura enganosamente” (Sl 24.4). Esses têm a promessa de que verão a Deus.

IV. OS PACIFICADORES, OS PERSEGUIDOS E OS INJURIADOS

1. Os pacificadores (v.9). Estes são os que promovem a paz. No grego paz é eirene e em hebraico, shalom . Na Bíblia, a paz de Deus não significa apenas ausência de guerra, de problemas, mas se refere a um estado de bem-estar pleno. A bem-aventurança dos pacificadores contraria o espírito agressivo que domina o mundo presente. Em muitas igrejas, há pessoas em guerra contra outras. Em muitos lares, há um campo de batalha. Por quê? Simplesmente porque não dão lugar ao fruto do Espírito Santo, que lhes dá paz (Gl 5.22). O pacificador é alguém que, antes de tudo, tem paz em si mesmo. E é capaz de dar de comer e de beber ao inimigo (Rm 12.20). Esses serão chamados filhos de Deus.

2. Os perseguidos (v.10). Como pode ser muito feliz uma pessoa perseguida? Esta pergunta pode ser feita pela lógica do homem natural. Notemos que a bem-aventurança é para os perseguidos “por causa da justiça”. Hoje, fica difícil entender esse conceito ensinado por Jesus. Os cristãos primitivos o entenderam muito bem. Foram crucificados, entregues às feras, queimados vivos, amarrados aos postes, untados com óleo, para servirem de “lâmpadas” no palácio de Nero. Os crentes, no início da evangelização do Brasil, foram perseguidos por causa da justiça de Deus. Ainda hoje, há quem sofra perseguição por causa do evangelho. A esses o Senhor promete que “deles é o reino dos céus”. É preciso seguir o ensino de Jesus sobre o que o mundo pode fazer conosco (Jo 15.18-20; ver 1Pe 2.18-25).

3. Os injuriados (v.11). Os injuriados, no texto, são os perseguidos por algum tipo de agressão verbal, acusados injustamente pelo fato de serem servos do Reino de Deus. Contra eles, dizem todo o mal por causa de Jesus. Nos primórdios do evangelho pentecostal, crentes eram acusados por padres de serem “comedores de crianças”, filhos do Diabo, etc. Hoje, há quem sofra injúria e perseguição por ser crente em repartições, em empresas, e, infelizmente, até algumas igrejas, por não compartilharem das injustiças que o mundo perpetra contra a Igreja do Senhor. Mas aos que permanecerem fiéis ao Rei Jesus, é prometido que o seu galardão é grande nos céus.

CONCLUSÃO

As bem-aventuranças, proclamadas por Jesus, se constituem uma das mais belas páginas das Escrituras Sagradas. Nelas, vemos um elevadíssimo padrão ético-espiritual, o qual, em conjunto com os demais ensinos do Sermão da Montanha, ainda não foi alcançado por muitos que se dizem cristãos. É fácil buscar felicidade no hedonismo ou no liberalismo. Difícil é ser feliz por ser humilde, por chorar, ser manso, sedento de justiça, misericordioso, limpo de coração, pacificador, perseguido e injuriado. Mas para cada um desses, há promessas gloriosas, que só os vencedores por Cristo alcançarão.

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