Você Pergunta: Eu sempre tive uma curiosidade de saber por que em muitos momentos Deus muda o nome de pessoas na Bíblia? Digo isso porque uma mudança de nome não é algo tão simples, implica muitas coisas, não é verdade? Qual seria o objetivo dessas mudanças de nomes que vemos na Bíblia?
Temos várias vezes mencionado na Bíblia essas mudanças de nome. Em algumas vezes podemos observar que o próprio Deus é quem muda o nome de algumas pessoas.
Em outras vezes observamos que são pessoas que mudam os nomes das outras e até mesmo a própria pessoa prefere ser chamada por outro nome. Vejamos algumas informações importantes sobre isso.
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A importância do nome na Bíblia
(1) Quando estudamos a Bíblia precisamos entender que as histórias ali contadas estão dentro de culturas bem diferentes das nossas.
Dentro da cultura antiga, principalmente da cultura judaica, o nome era algo extremamente importante e significativo na vida da pessoa, da família e da sociedade. Ele não era apenas algo que nomeava uma pessoa e a diferenciava das demais. Os nomes podiam representar, por exemplo, situações em que uma pessoa viveu, coisas que faziam parte da história dela ou da família.
Veja o nome que Moisés dá ao seu filho quando estava fugido do Egito por ter sido jurado de morte pelo Faraó: “a qual deu à luz um filho, a quem ele chamou Gérson, porque disse: Sou peregrino em terra estranha” (Êxodo 2:22).
O nome desse filho de Moisés retrata que naquele momento Moisés era um estrangeiro em outras terras. Veja, por exemplo, um dos filhos de Jacó com Lia:
“De novo concebeu e deu à luz um filho; então, disse: Esta vez louvarei o SENHOR. E por isso lhe chamou Judá; e cessou de dar à luz” (Gênesis 29:35). Judá significa “louvado”.
Ou, às vezes, o nome representava homenagens a Deus ou características Dele que os pais queriam enaltecer. Alguns nomes bíblicos, por exemplo, têm significados interessantes: Rafael (Deus cura), Ezequiel (Deus fortalece), Emanuel (Deus conosco), Miguel (Aquele que é semelhante a Deus), etc.
Por que Deus mudou o nome de pessoas na Bíblia?
(2) Uma das coisas interessantes que observamos é que geralmente, quando Deus muda nomes de pessoas na Bíblia, é com o objetivo de apontar para mudanças na vida daquela pessoa ou no futuro dela.
Podemos ver, por exemplo, que Deus muda o nome de Abrão para Abraão. Abrão significa algo como “antepassado famoso” (uma referência a alguém do passado dele) e Abraão significa “pai de uma multidão” (uma referência a promessa de Deus de fazer dele uma grande nação).
Também temos a mudança do nome de Jacó (Aquele que segura o calcanhar) para Israel (O que luta com Deus). Temos também várias outras mudanças de nomes na Bíblia: Sara para Sarai (Gênesis 17:15-16).
Simão para Pedro (Mateus 16:16-18). Oseias para Josué (Números 13:16).
(3) Em outros casos, Deus não mudou nomes, mas Ele mesmo atribuiu nomes a pessoas que nasciam. Veja o caso de Jesus, onde o próprio Deus orientou José sobre qual nome deveria ter o menino:
“Ela dará à luz um filho e lhe porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos pecados deles” (Mateus 1:21). Jesus significa “Jeová é salvação”.
Ou quando Ele disse que o primo de Jesus, deveria se chamar João: “Disse-lhe, porém, o anjo: Zacarias, não temas, porque a tua oração foi ouvida; e Isabel, tua mulher, te dará à luz um filho, a quem darás o nome de João” (Lucas 1:13).
Por que pessoas mudavam os nomes de outras?
(4) Não é somente Deus que muda nomes na Bíblia. Temos também o relato de outras mudanças de nomes, feitas por autoridades.
Veja, por exemplo, que o nome de Daniel, Hananias, Misael e Azarias é mudado pelo chefe dos eunucos na Babilônia, onde eles se encontravam cativos:
“O chefe dos eunucos lhes pôs outros nomes, a saber: a Daniel, o de Beltessazar; a Hananias, o de Sadraque; a Misael, o de Mesaque; e a Azarias, o de Abede-Nego” (Daniel 1:7).
Geralmente essas mudanças serviam para retratar a nova vida da pessoa, ou para demonstrar poder de uma cultura sobre a outra, no caso da cultura babilônica sobre a cultura judaica, que tinha muitos nomes exaltando o Senhor e, claro, não agradava os babilônicos que adoravam a diversos deuses.
(5) Temos ainda o uso de nomes diferentes do de “batismo” por escolha da própria pessoa. Por exemplo, Saulo, que era um nome de origem hebraica e que apontava para o passado de Paulo como perseguidor da igreja de Cristo, foi sendo menos usado por ele, que preferiu usar o nome “Paulo”, um nome mais comum entre os gentios:
“Todavia, Saulo, também chamado Paulo, cheio do Espírito Santo, fixando nele os olhos, disse…” (Atos 13:9).
(6) Para finalizar, ainda sobre a questão de Deus e os nomes, temos Deus dando nomes um tanto estranhos para crianças para fazer do nome delas algo profético, enviando uma mensagem para as pessoas. Por exemplo, veja o nome que Deus manda que Isaías coloque em um de seus filhos:
“Fui ter com a profetisa; ela concebeu e deu à luz um filho. Então, me disse o SENHOR: Põe-lhe o nome de Rápido-Despojo-Presa-Segura” (Isaías 8:3).
Veja ainda o nome que Deus manda que Oseias coloque em uma de suas filhas: “Tornou ela a conceber e deu à luz uma filha. Disse o SENHOR a Oseias: Põe-lhe o nome de Desfavorecida, porque eu não mais tornarei a favorecer a casa de Israel, para lhe perdoar” (Oseias 1:6).
Postado por Presbítero André Sanchez
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