06 fevereiro 2015

BÍBLIA A PALAVRA DE DEUS


BÍBLIA A PALAVRA DE DEUS


Posted: 05 Feb 2015 06:00 PM PST

Jesus, Rei dos Reis - Salmo 24:7 –10


Introdução :

Davi conhecia o lugar devido que o Senhor deveria ocupar. Como Deus do universo, criador de todas as coisas.

Desenvolvimento :

As nações tiveram grandes reis :
-Ogue – rei de Basã
-Seon – rei dos amorreus
-Faraó – rei do Egito
-Nabucodonozor – rei de mar a mar
-Alexandre o Grande
-Roma teve os seus grandes imperadores : Nero, Tito, Vespasiano, etc

Hoje nomes de grandes líderes :

Foram reis que estiveram em grande evidencia em suas épocas, e que deixaram para a historia da humanidade suas marcas. Alguns deixaram grandes obras arquitetônicos, outros foram conhecidos pelas suas conquistas, e outros ainda, deixaram como sinais a dureza de seus governos e a tirania.
Davi também foi um grande rei. Teve um grande importância na historia da formação e estabelecimento da nação de Israel.

Ele não deixou grandes obras arquitetônicas, mas teve como característica sua experiência com Deus (salmo 42-2   "A minha alma vem sede de Deus, do Deus vivo").

No Salmo 24, Davi fala de um rei, que é conhecido como o Rei da Glória. Ele pergunta : - Quem é este Rei da Glória ?. Muitos poderiam responder que o rei da glória seria o próprio Davi.

O mundo também poderia eleger os seus melhores reis, mas Davi falava de um Rei, para o qual as portas se levantariam. Não falava de um simples rei, mas do Rei dos Reis, o Rei da Glória, que é o Senhor Jesus!

a-   "levantai ó portas as vossas cabeças"
Jesus entrou em  Jerusalém, montado em um jumentinho, aclamado pela multidão, que dizia : - Hosana ao que vem em nome do Senhor. Porém, Ele entrou para dar a sua própria vida.

b-   "levantai-vos ó entradas eternas"
Jesus será aclamado como Rei dos Reis, mas agora , na Jerusalém Celestial, não mais como homem que veio ao mundo para morrer, mas como Senhor dos Senhores, Reis dos Reis.

c-   "quem é este Rei da Glória?"
A resposta é : porque Ele é forte e poderoso. Forte, porque venceu a morte, ressuscitou. Poderoso, porque Ele voltará para buscar a sua igreja, com poder e grande glória. Poderoso na guerra, virá para buscar Israel.

Conclusão :

"quem é este Rei da Glória, o senhor dos Exércitos, Ele é o Rei da Glória"

Todo o joelho se dobrará, toda a língua confessará que Cristo é o Senhor.(Filipenses, 2,10-11). 

Wallace Oliveira Cruz
Posted: 05 Feb 2015 06:00 PM PST



O TERMO PAI

O termo "Pai" era atribuído pelos fiéis aos mestres e bispos da Igreja Primitiva. Historicamente falando, surgiu devido à reverência e amor que muitos cristãos tinham pelos seus líderes religiosos dos primeiros séculos. Eram assim chamados carinhosamente devido ao amor e zelo que tinham pela igreja. Mais tarde, o termo é atribuído particularmente aos bispos do concílio de Nicéia, e posteriormente Gregório VII reivindicou com exclusividade o termo "papa", ou seja, "pai dos pais".

Com a morte do último apóstolo, João em Éfeso, termina a era apostólica, porém Deus já havia capacitado homens para cuidar de sua Igreja, e começou uma nova era para o cristianismo. Assim, a obra que os apóstolos receberam do Senhor Jesus e a desenvolveram tão arduamente acha-se agora nas mãos de novos líderes que tinham a incumbência de desenvolver a vida litúrgica da Igreja como fizeram os apóstolos.

O período que comumente é chamado de pós-apostólico é de intenso desenvolvimento do pensamento cristão. Seu trabalho e influência garantiram a unidade da Igreja. Para um assunto tão importante, a Igreja convocou grandes assembléias conciliares, os chamados Concílios Ecumênicos, dos quais participavam todos os bispos, que no final promulgavam suas declarações de fé.

Para uma melhor compreensão, podemos dividir os Pais da Igreja em quatro grandes grupos, a saber: Apostólicos, Apologistas, Polemistas e Pós-Nicenos. Todavia, essa divisão não é absoluta, pois podemos enquadrar alguns deles em mais de um desses grupos devido à vasta literatura que produziram para a edificação e defesa do cristianismo, como é o caso de Tertuliano, considerado o pai da teologia latina. Sendo assim, temos:

PAIS APOSTÓLICOS
Foram os mais antigos escritores cristãos fora do Novo Testamento, pertencendo à chamada "era subapostólica". Eles tiveram relação mais ou menos direta com os apóstolos e escreveram para a edificação da Igreja, geralmente entre o primeiro e segundo século. Os mais importantes foram:

CLEMENTE DE ROMA (30-100 d.C.)
Clemente era um cristão que gozava de grande autoridade entre seus contemporâneos. Orígenes e Eusébio de Cesáreia identificam-no como o colaborador de Paulo mencionado em Filipenses: "E peço também a ti, meu verdadeiro companheiro, que ajudes essas mulheres que trabalharam comigo no evangelho, e com Clemente, e com os outros cooperadores, cujos nomes estão no livro da vida" (Filipenses 4.3). Irineu de Lião escreveu que Clemente teria sido o terceiro sucessor do apóstolo Pedro no pastorado da Igreja em Roma. Segundo Tertuliano, ele foi consagrado pelas mãos do apóstolo Pedro. Escreveu uma Epístola chamada de 1º Clemente, escrita de Roma por volta de 95 d.C., para a igreja em Corinto. A obra Atos dos Mártires, do século IV ou V d.C., afirma que Clemente foi exilado para a península de Queronese, na área do mar Negro, foi atirado ao mar com uma âncora amarrada ao seu pescoço.
INÁCIO DE ANTIOQUIA DA SÍRIA (35-108 d.C.)
Conforme se encontra na História Eclesiástica, de Eusébio, Inácio teria sido o segundo bispo de Antioquia: "Mas, depois que Evódio fora estabelecido o primeiro sobre os antioquenos, Inácio o segundo, reinava no tempo do qual falamos".

Foi martirizado em Roma, durante o reinado de Trajano (97-117 d.C.). Inácio quando seguiu para Roma estava disposto a ser martirizado, pois durante a viagem escreveu cartas às igrejas manifestando o desejo de não perder a honra de morrer por seu Senhor. Foi lançado às feras no Anfiteatro romano no ano 108.

Tudo quanto sabemos sobre sua vida é através de suas sete cartas escritas no caminho rumo ao martírio em Roma; Carta aos Efésios, Carta aos Romanos, Filadélfia, Esmirna, Trálios, Magnésia e Policarpo. Inácio é o primeiro escritor a apresentar claramente o padrão de ministério: um bispo numa igreja com seus presbíteros e diáconos. Opôs-se às heresias gnósticas. Sua preocupação principal era com a unidade da Igreja.

POLICARPO (69-155 d.C.)
Foi discípulo do apóstolo João, provavelmente nasceu em 70 d.C. Eusébio declara que não somente foi instruído pelos apóstolos e conviveu com muitos que haviam visto o Senhor, mas também foi instituído bispo da Ásia pelos apóstolos, na Igreja de Esmirna. Aparentemente Policarpo conhecia alguns personagens ilustres de sua época, como Inácio, Irineu, Aniceto de Roma e Marcião. Policarpo resistiu a doutrina de Marcião e chamou-lhe de "primogênito de Satanás". De acordo com Irineu, Policarpo escreveu diversas cartas à comunidade e a bispos em particular, das quais somente a carta aos Filipenses foi preservada.

Em um dos seus escritos que trazem o seu nome é nos dada à narrativa de sua morte. Devido a sua idade, quiseram fazê-lo negar o nome de Jesus e assim escapar com vida, ao que ele respondeu: "Eu tenho servido a Cristo por 86 anos e Ele nunca me fez nada de mal. Como posso blasfemar contra meu Rei que me salvou?".Quando o colocaram na fogueira, dizem que o fogo não o queimou, e então seus inimigos o apunhalaram até a morte e depois o queimaram.

PAPIAS DE HIERÁPOLIS (70-140 d.C.)
Bispo de Hierápolis, de quem somente sabemos alguma coisa através de escritos de Eusébio e Irineu. Ele era um homem curioso, que tinha o habito de inquirir sobre as origens do cristianismo. Foi Papias quem iniciou a tradição que diz que Marcos era interprete de Pedro: "Marcos, que foi interprete de Pedro, pôs por escrito, ainda que não com ordem, o quanto recordava que o Senhor havia feito".

Segundo Irineu de Lião, Papias teria sido discípulo do apóstolo João, conforme Eusébio de Cesáreia, Papias fora discípulo de "outro João, o "presbítero", e não o apóstolo João.

Escreveu uma coleção de relatos sobre ditos e feitos do Senhor e de seus discípulos, da qual restam somente pequenos fragmentos.

PAIS APOLOGISTAS
Foram aqueles que empregaram todas as suas habilidades literárias em defesa do cristianismo perante a perseguição do Estado. Geralmente este grupo se situa no segundo século, e os mais proeminentes entre eles foram:

TERTULIANO (155-220 d.C.)
Nasceu em Cartago, um dos principais centros culturais do Império Romano. Destinado pela família ao estudo das leis, recebeu esmerada educação. Aos vinte anos seguiu para Roma, onde ampliou sua formação. Regressou a Cartago no final do século II e, depois de se converter ao cristianismo, dedicou-se ao estudo das Escrituras, da literatura cristã e profana e dos tratados gnósticos. Iniciou então uma produtiva atividade literária voltada para a consolidação da Igreja no norte da África. Teólogo, foi o principal apologista da igreja ocidental e o primeiro teólogo cristão a escrever em latim. Formado em direito, ensinou oratória e advogou em Roma, onde se converteu ao cristianismo.

Possivelmente as suas maiores contribuições foram suas discussões sobre a Trindade e a Encarnação do Logos. A sua principal obra escrita em defesa do cristianismo foi Apologética.

JUSTINO MARTIR (100-166 d.C.)
Filho de pais pagãos teria nascido perto da cidade de Siquém, onde passou boa parte de sua juventude numa busca filosófica atrás da verdade. Ele foi um filósofo platônico. Seus estudos profundos do platonismo, pitagorismo, do estoicismo e do aristetolismo convenceram-no de que nem toda a verdade está contida na filosofia e que ele precisava continuar inquirindo sobre a verdade.

Vários livros são atribuídos a Justino, porém somente três são aceitos como genuínos. São os denominados dePrimeira Apologia, Segunda Apologia e o Diálogo com Trifo, o judeu. Sua Primeira Apologia é dirigida ao imperador Antonino Pio, que reinou de 138-161 d.C., aos seus filhos Lucius e Marco Aurélio, a todo o senado romano e "a todos os romanos". A Segunda Apologia é dirigida ao senado romano, embora já tivesse sido alcançado pela Primeira. Os dois foram escritos para contestar a perseguição. O Diálogo com Trifo consta de uma conversa de dois dias entre Justino e um douto judeu contemporâneo dele.

Foi um dos homens mais competentes do seu tempo e um dos principais defensores da fé Cristã. Seus livros que ainda existem, oferecem informações valiosas sobre a vida da Igreja nos meados do segundo século. Foi martirizado em Roma, no ano de 166

PAIS POLEMISTAS
Diferentemente dos apologistas do segundo século, que procuraram fazer uma explanação e uma justificação racional do cristianismo para as autoridades, os polemistas empenharam-se em responder os desafios dos falsos ensinos heréticos, condenando veementemente esses ensinos e seus mestres.

Os pais desse grupo não mediram esforços para defender a fé cristã das falsas doutrinas surgidas fora e dentro da Igreja. Apesar de a maioria ter vivido no Oriente, os grandes polemistas vieram do Ocidente:

IRINEU (130-202 d.C.)
Oriundo da Ásia Menor, em sua juventude foi discípulo de Policarpo, de acordo com Eusébio de Cesáreia. Irineu escreveu a Florino, um ex-condiscípulo de Policarpo, que apostatara tornando-se valentiniano: "Pois os estudos de nossa juventude cresceram com nossa mente e se uniram a ele com tamanha firmeza, que também posso dizer até o lugar em que o bendito Policarpo costumava se sentar e discursar; e também suas entradas, suas saídas, o caráter de sua vida e a forma de seu corpo, e suas conversas com as pessoas, e seu relacionamento familiar com João, conforme costumava contar, bem como sua familiaridade com os que haviam visto o Senhor. Também a respeito de seus milagres, sua doutrina, tudo isso era contado por Policarpo, de acordo com as Sagradas Escrituras, conforme havia recebido das testemunhas oculares da doutrina da salvação".

A maior parte de sua obra desenvolveu-se no campo da literatura polêmica contra o ensino gnóstico, que acreditava na existência de um mundo distinto de Deus. Sua primeira obra, Adversus Haereses, título em latim que significa "Contra Heresias", escrita entre 182 e 188 d.C., salienta-se por sua habilidade, moderação e pureza na apresentação do cristianismo, condenando os ensinos de Marcião.

ORÍGENES (185-254 d.C.)
Orígenes foi o maior dos intérpretes alegóricos e o mais prolífico da antiguidade cristã. A maior parte das informações sobre a vida de Orígenes pode ser localizada no sexto livro da História Eclesiástica, de Eusébio de Cesáreia. Nasceu em Alexandria, no Egito, onde foi aluno de Clemente, o que o faria sucessor deste anos mais tarde. Ficou à frente da escola catequética por 28 anos, levando uma vida extremamente ascética e piedosa. Devido ao seu zelo, interpretou literalmente o texto de Mateus 19.12, que diz: "Porque há eunucos que assim nasceram do ventre da mãe; há eunucos que foram castrados pelos homens; e há eunucos que se castraram a si mesmos por causa do Reino dos céus. Quem pode receber que o receba", e mutilou-se a si mesmo.

Seu pai Leônidas morreu martirizado em 202, o que fez com que ele sentisse o mesmo sentimento, a ponto de dizer ao pai que se encontrava preso: "Não vás mudar de idéia por causa de nós". Em 212 esteve em Roma, Grécia e Palestina. A mãe do imperador Alexandre Severo, Júlia Maméia, chamou-o a Antioquia para ouvir suas lições. Morreu em Cesáreia durante a perseguição do imperador Décio.

A produção literária de Orígenes foi enorme. Segundo estimativa, ele foi o autor de seis mil pergaminhos. Uma vez que seus conhecimentos bíblicos eram enormes e estava consciente de que o texto das Escrituras continha ligeiras variantes, compôs a "Hexapla", uma obra monumental de erudição bíblica que não foi conservada na íntegra.

CIPRIANO (200-258 d.C.)
Thascius Cecilius Cyprianus era de família nobre e influente de Cartago. Converteu-se ao cristianismo em 246 d.C., sendo posteriormente eleito bispo em sua cidade natal, por volta de 249 d.C. Exerceu um ministério pastoral influente produzindo vários escritos antes de ser perseguido e decapitado nos dias do imperador Valeriano.

As principais obras de Cipriano são: Tratado Sobre a Unidade da Igreja e Dos Caídos, escrito em 251 d.C., enviadas aos confessores romanos da fé. De habitu virginum (249 d.C.), De mortalitate (252 d.C.), De opere et eleemosnynis (252 d.C.) e uma coleção de cartas. Algumas de suas obras são revisões dos escritos de Tertuliano, a quem Cipriano chamava de mestre.

AGOSTINHO DE HIPONA (354-430)
O Protestantismo e o Catolicismo Romano tributam honra à contribuição que Agostinho deu à causa do cristianismo. Polemista capaz, pregador talentoso, administrador episcopal competente, teólogo notável, ele criou uma filosofia cristã da história que em sua essência, continua válida até hoje. Vivendo num tempo em que a velha civilização clássica parecia sucumbir diante dos bárbaros, Agostinho se posicionou entre dois mundos, o mundo clássico e o novo mundo medieval. Para ele, os homens deveriam olhar adiante para a "Cidade de Deus", uma civilização espiritual, uma vez que a velha civilização clássica estava passando.

Agostinho nasceu em 354, na casa de um oficial romano na cidade de Tagasta, ao norte da África. Sua mãe, Mônica, dedicou a vida à sua formação e conversão à fé cristã. Seus primeiros anos de estudos foram feitos na escola local, onde aprendeu latim à força de muitos açoites, e odiou tanto o grego que jamais o aprenderia fluentemente. Foi enviado para uma escola em Madaura e daí para Cartago, para estudar retórica. Livre dos limites familiares, Agostinho fez o mesmo que a maioria dos estudantes de então, e se entregou às paixões da união ilegítima com uma concubina. Seu filho, Adeodato, nasceu dessa união, em 372. Em 373, na busca pela verdade ele aceitou o ensino maniqueísta; no entanto, por considerá-lo insuficiente, voltou à filosofia com a leitura de Hortênsio, de Cícero, e dos ensinos do neoplatonismo. Ensinou retórica em sua cidade natal e em Cartago, até ir para Milão, por volta de 384.

Em 386, aconteceu sua crise de conversão. Um belo dia, meditando num jardim sobre a sua situação espiritual, ouviu uma voz próxima à porta que dizia: "Tome e leia". Agostinho abriu sua Bíblia em Romanos 13.13-14:

"Andemos honestamente, como de dia; não em glutonarias, nem em bebedeiras, nem em desonestidades, nem em dissoluções, nem em contendas e inveja. Mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo, e não tenhais cuidado da carne em suas concupiscências".

Essa leitura trouxe-lhe a luz que sua alma não havia conseguido encontrar nem no maniqueísmo nem no neoplatonismo. Separou-se de sua concubina e abandonou sua profissão de retórica. Sua mãe que tanto orara por sua conversão, morreu logo depois do seu batismo. De volta a Cartago, foi ordenado sacerdote em 391. Cinco anos depois foi consagrado bispo de Hipona. Daí até sua morte, em 430, dedicou sua vida à administração episcopal, estudando e escrevendo. Ele é apontado como o maior dos pais da Igreja. Deixou mais de 100 livros, 500 sermões e 200 cartas.

Talvez a obra mais conhecida de sua lavra sejam as Confissões, uma das maiores obras autobiográficas de todos os tempos. Nas páginas dessa obra, Agostinho abre a sua alma. Os livros I a VII descrevem sua vida antes da conversão; os dois livros seguintes narram os acontecimentos posteriores à sua conversão, inclusive a morte de sua mãe e sua volta ao norte da África; os livros XI a XIII são comentários aos primeiros capítulos de Gênesis, em que Agostinho recorre à alegoria com frequência.

Os cristãos de todos os tempos têm sido abençoados com a leitura dessa obra escrita por Agostinho para louvor de Deus, cuja graça alcançou um pecador como ele. O livro traz no primeiro parágrafo a citadíssima frase: "Tu nos fizestes para ti e nosso coração não descansará enquanto não repousar em ti". A consciência de seu pecado e a força do mal, evidenciado por sua vida imoral apaixonada, levaram-no a clamar: "Dá-me a castidade e a continência, mas não ainda". Essa necessidade só foi preenchida por sua experiência da graça de Deus.

Agostinho escreveu ainda tratados teológicos dos quais De Trinitate, sua obra sobre a Trindade, é o mais importante. Os primeiros sete livros da obra são dedicados a exposição bíblica dessa doutrina. Seu breve trabalho Enchiridion ad Laurentium resume sua ideias teológicas e de certo modo completa outra de suas obras, Retractationes, dando ao leitor uma imagem mais nítida e resumida de sua teologia. Agostinho escreveu também muitas obras polêmicas para defender a fé dos falsos ensinos e das heresias dos maniqueístas, dos donatistas e, principalmente dos pelagianos. Sua De Haeresibus é uma história das heresias.

O bispo de Hipona escreveu obras práticas e pastorais, além de muitas cartas das quais ainda restam umas 240. Essas obras e cartas tratam de muitos problemas práticos que um administrador eclesiástico enfrenta no decorrer dos anos de ministério.

Sua grande obra apologética e sobre a qual reside sua maior fama, é o tratado De Civitate Dei, popularmente conhecida como A Cidade de Deus (413-426). O próprio Agostinho considerava ser essa sua grande obra.

A formulação de uma interpretação cristã da história deve ser considerada uma das contribuições permanentes deixadas por esse grande erudito cristão. Nem historiadores gregos nem romanos foram capazes de compreender tão universalmente a história do homem. Agostinho exalta o poder espiritual sobre o temporal, ao afirmar a soberania do Deus que se tornou o Criador da história no tempo. Deus é Senhor da história e nada o limita como ensinara o filósofo Hegel. Tudo o que vem a ser é uma consequência de sua vontade e ação. Antes mesmo da criação, Deus tinha um plano em vista para sua criação.

Mas Agostinho também contribuiu com alguns erros para o pensamento cristão. Contribuiu para a formulação da doutrina do purgatório com todas as suas consequências nocivas; enfatizou tanto o valor dos dois sacramentos que a doutrina da regeneração batismal e da graça sacramental se tornaram consequências lógicas de sua posições; sua interpretação do milênio, que ele via como o período entre a Encarnação e a segunda vinda de Cristo em que a Igreja venceria o mundo.

Essa ênfase de Agostinho não deve nos impedir de ver o significado de sua obra para a Igreja Cristã. Os Reformadores encontraram em Agostinho um aliado inestimável na sua crença em que o homem escravizado pelo pecado, necessita da salvação através da graça de Deus pela fé somente. No período entre Paulo e Lutero, a Igreja não teve mais ninguém da estatura moral e espiritual de Agostinho.

PAIS PÓS-NICENOS
Entre os Concílios de Nicéia (325) e de Calcedônia (451), vários dos mais capazes Pais da Igreja Cristã desempenharam seu ministério. Eles procuraram estudar a Bíblia em bases científicas a fim de desenvolverem o seu significado teológico. Sem dúvidas, Agostinho foi o maior deles.

Eles seguiram a escola de Antioquia ou Síria de interpretação, destacando o estudo histórico-gramatical da Bíblia com intenção de descobrir o significado que o escritor sagrado tinha em mente para aqueles a quem escreveu. Evitaram a tendência alegorizante praticada pelos seguidores da escola alexandrina, que seguiam o exemplo de Orígenes.

JOÃO CRISÓSTOMO (345-407)
João, chamado Crisóstomo devido à sua eloquência, logo depois de sua morte, mereceu literalmente o nome de "boca-de-ouro". Nasceu por volta de 345 numa família rica, da aristocracia de Antioquia. Sua mãe apesar de ter enviuvado aos 20 anos, recusou-se a casar de novo para poder se dedicar totalmente à educação do filho. Crisóstomo foi aluno do sofista Libânio, amigo do Imperador Juliano. Libânio instruiu-o bem nos clássicos gregos e na retórica, o que lhe deu as bases para sua excelente oratória.

Por algum tempo exerceu a advocacia, mas após seu batismo em 386, tornou-se monge. Com a morte da mãe em 374, passou a viver uma vida ascética e bem rigorosa até 380. Nessa época viveu numa caverna de uma montanha perto de Antioquia. A saúde debilitada o obrigou a abandonar o regime rigoroso. Ordenado em 386, pregou em Antioquia alguns de seus melhores sermões até o ano de 398. Nesse ano foi escolhido como patriarca de Constantinopla, posição que manteve até ser banido em 404 pela Imperatriz Eudóxia, denunciada por ele por usar roupas extravagantes e por colocar uma estátua de prata de si mesma próxima a Santa Sofia, onde ele pregava. Morreu no exílio em 407.

Talvez alguns anos de estudo com Diodoro de Tarso tenham algo a ver com sua capacidade como orador. Cerca de 640 de suas homilias sobreviveram, e basta uma leitura rápida para se ter uma idéia de seu talento nessa área. A maioria de suas homilias ou sermões se constituem em exposições das epístolas de Paulo. Por não conhecer o hebraico, não fez uma investigação crítica dos textos do Antigo Testamento. Mas destacou a importância do contexto e procurou descobrir o sentido literal dado pelo autor e fazer uma aplicação prática desse sentido aos problemas das pessoas de sua época. Essas aplicações morais práticas do evangelho eram marcadas por grande integridade moral. Para ele não deveria haver divórcio entre moral e religião; a cruz e a ética devem caminhar juntas. Não é por acaso que ele foi e continua sendo um dos maiores oradores sacros que a igreja Oriental já teve.

TEODORO (350-428)
Outro notável pai da igreja da Mopsuéstia. Ele estudou a Bíblia com Diodoro de Tarso. Essa ótima instrução foi possível por ter nascido de família rica. Ordenado presbítero em Antioquia em 338, tornou-se bispo da Mopsuéstia, na Cilícia em torno de 392. Teodoro foi chamado apropriadamente de "o príncipe dos exegetas antigos". Ele se opôs ao sistema alegórico de interpretação e propôs uma compreensão que levasse em conta a gramática e a formação histórica do texto, a fim de descobrir o sentido que o autor quis dar. Deu atenção especial ao contexto imediato e remoto do texto. Esse método fez dele um comentarista e teólogo dos mais competentes. Teodoro escreveu comentários sobre livros da Bíblia como as cartas aos colossenses e aos tessalonicenses. Tanto ele como Crisóstomo enriqueceram notavelmente a interpretação da Bíblia no seu tempo. A obra de ambos contrastava com as forçadas interpretações da Bíblia geradas pelo uso do método alegórico de interpretação.

EUSÉBIO DE CESARÉIA (260-340)
Um dos pais da Igreja mais amplamente estudados é Eusébio de Cesaréia, merecedor do título de pai da História da Igreja quanto Heródoto o é do título de pai da História. Depois de receber uma boa instrução por parte de Panfílio em Cesaréia, ajudou o amigo a organizar sua biblioteca nessa cidade. Eusébio era estudante interessado e lia tudo o que pudesse ajudar em suas pesquisas. Ele se serviu tanto da literatura profana quando da sacra.

A personalidade de Eusébio era adequada aos seus alvos de erudição. Tinha um espírito refinado e cordato e detestava querelas suscitadas pelas heresia ariana. Tomou um lugar de honra ao lado de Constantino no Concílio de Nicéia e, como ele, preferiu uma solução de reconciliação entre os partidos de Atanásio e Ário. Foi o Credo de Cesaréia, escrito por Eusébio de Cesaréia, que o Concílio de Nicéia modificou e aceitou.

Sua maior obra literária é a História Eclesiástica, um panorama da história da Igreja dos tempos apostólicos até 324. Seu propósito era fazer um relato das dificuldades passadas da Igreja, ao fim desse longo período de luta e começo de uma história de prosperidade. A obra continua sendo útil até hoje, uma vez que Eusébio teve acesso à excelente biblioteca de Cesaréia e dos arquivos imperiais.

Eusébio é até hoje nossa melhor fonte sobre a história da Igreja durante os três primeiros século de sua existência, embora eruditos lastimem que não tenha feito notas de rodapé mais precisas sobre suas fontes de informação, a exemplo do que fazem os historiadores contemporâneos. Apesar de suas monótonas divagações e de sue estilo inconstante, a obra tem sido de inestimável valor para a Igreja ao longo dos séculos.

JERÔNIMO (331-420)
Jerônimo, natural de Veneza, foi batizado em 360 e durante vários anos dedicou-se aos estudos, viajando por Roma e pelas cidades da Gália. Na década seguinte visitou Antioquia e adotou a vida monástica, ocasião em que aprendeu o hebraico. Em 382, tornou-se secretário de Dâmaso, bispo de Roma, que lhe sugeriu a possibilidade de fazer uma nova tradução da Bíblia. Em 386, Jerônimo foi para a Palestina e lá, graças à generosidade de Paula, uma rica senhora romana a quem tinha ensinado hebraico, viveu num retiro monástico em Belém por quase 35 anos.

A maior obra de Jerônimo foi uma tradução latina da Bíblia conhecida como Vulgata. Antes de 391, ele tinha completado a revisão do Novo Testamento latino cuidadosamente cotejado com o grego. A versão da Bíblia feita por Jerônimo tem sido amplamente usada pela Igreja Ocidental e foi, até recentemente, a única Bíblia oficial da Igreja Católica Romana desde o Concílio de Trento.

Jerônimo foi também um exímio comentarista, tendo escrito muitos comentários que são usados até hoje. Sua grande dedicação e seu enorme conhecimento dos clássicos ajudaram-no na interpretação das Escrituras, embora nos últimos anos de sua vida desaprovasse o saber clássico.

AMBRÓSIO (339-397)
Ambrósio demonstrou grande capacidade nos campos da administração eclesiástica, pregação e teologia. Seu pai ocupara o alto cargo de prefeito da cidade da Gália, e sua família procedente dos altos círculos imperiais de Roma, proporcionou-lhe uma formação na área jurídica, pretendendo que ele se voltasse para a carreira política. Alcançou logo o cargo de governador imperial da área em torno da cidade de Milão. Com a morte do bispo de Milão em 374, o povo pediu unanimemente a sua ascensão ao cargo. Crendo ser este um chamado de Deus, ele aceitou o cargo, distribuiu seus bens aos pobres, tornou-se bispo e começou a estudar intensamente a Bíblia e teologia.

Ambrósio provou ser um administrador ousado e capaz na condução dos negócios da Igreja. Levantou-se contra as poderosas facções arianas e não hesitou em se opor ao imperador Teodósio. Em 390 ou 391, Teodósio reuniu o povo de Tessalônica, cujo governador fora assassinado, numa praça da cidade e ordenou o massacre deles. Quando ele veio a igreja tomar a ceia, Ambrósio recusou-se a admiti-lo na comunhão até que ele humilde e publicamente, se arrependesse desse ato.

Embora suas interpretações e exposições práticas da Bíblia tenham sido prejudicadas pelo uso do método alegórico, Ambrósio foi um talentoso pregador. Sua pregação na catedral de Milão foi um instrumento para levar Agostinho de Hipona ao conhecimento do cristianismo, resultando mais tarde na conversão deste. Possivelmente foi ele que introduziu o cântico de hinos e a salmódia antifonal na Igreja Ocidental. Ambrósio foi também um teólogo de grande talento, embora só tenha estudado teologia depois de ordenado bsipo.

J. DIAS
www.santovivo.net

Fontes:
Modulo 4 de Teologia da FTB - Editora Betesda
História da Igreja Cristã - Editora Vida
O Cristianismo Através dos Séculos - Editora Vida Nova
História Eclesiástica - Eusébio de Cesaréia - Editora Paulus
Santo Agostinho - Editora Record
Posted: 05 Feb 2015 02:27 PM PST

A MORDOMIA DO CORPO http://bibliaapalavradedeus.blogspot.com.br/2014/07/mordomia-crista-mordomia-do-corpo.html

A MORDOMIA DA ALMA http://bibliaapalavradedeus.blogspot.com.br/2014/08/mordomia-crista-mordomia-da-alma.html

A MORDOMIA DO ESPÍRITO http://bibliaapalavradedeus.blogspot.com.br/2014/08/mordomia-crista-mordomia-do-espirito.html

A MORDOMIA DO DINHEIRO http://bibliaapalavradedeus.blogspot.com.br/2014/08/mordomia-crista-mordomia-do-dinheiro.html

A MORDOMIA DO DIZIMO http://bibliaapalavradedeus.blogspot.com.br/2014/08/mordomia-crista-mordomia-do-dizimo.html

 A MORDOMIA DO TEMPO http://bibliaapalavradedeus.blogspot.com.br/2014/08/mordomia-crista-mordomia-do-tempo.html

A MORDOMIA CRISTÃ DOS TALENTOS http://bibliaapalavradedeus.blogspot.com.br/2014/08/mordomia-crista-dos-talentos.html

 A MORDOMIA DA FAMÍLIA CRISTÃ http://bibliaapalavradedeus.blogspot.com.br/2014/08/mordomia-crista-mordomia-da-familia.html

A MORDOMIA DA ADORAÇÃO CRISTÃ http://bibliaapalavradedeus.blogspot.com.br/2014/08/mordomia-crista-mordomia-da-adoracao.html

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Posted: 05 Feb 2015 04:24 AM PST

"Porque tive fome, e destes-me de comer; tive sede, e destes-me de beber; era estrangeiro, e hospedastes-me;"  (Mateus 25 : 35) 
"Porque tive fome, e não me destes de comer; tive sede, e não me destes de beber;"  (Mateus 25 : 42)

INTRODUÇÃO
Na Bíblia, o ser humano, visto sempre em relação com Deus, é, antes de tudo, apresentado como criatura. Criado à imagem e semelhança de Deus, não tem em si mesmo sua origem, nem sua razão de ser. O Antigo Testamento expressa simbolicamente essa dependência e a fragilidade da vida humana com a imagem do ser humano "plasmado da argila" (Gn 2,7).
A enfermidade põe em evidência a fragilidade e a precariedade da existência humana. Ao mesmo tempo, abre a pessoa enferma para a tomada de consciência dos valores permanentes e transcendentes. O enfermo, entregue aos cuidados dos outros, é levado também a descobrir a solidariedade como essencial para a realização humana. A recuperação da saúde pode então assumir o aspecto de uma "ressurreição", de uma vida nova.
Deus não criou o ser humano para a morte, mas para a vida (cf. Jo 10,10). Por isso, ele é chamado a esforçar-se por preservar a vida e a saúde. Afirma o Ritual da Unção dos Enfermos e sua assistência pastoral, em sua Introdução: "Por disposição da divina providência, o homem deve lutar ardentemente contra toda doença e procurar com empenho o tesouro da saúde, para que possa desempenhar o seu papel na sociedade e na Igreja, contanto que esteja sempre preparado para completar o que falta aos sofrimentos do Cristo pela salvação do mundo, esperando a libertação da criatura na glória dos filhos de Deus" (Ritual, introdução, nº 3).
Em Jesus Cristo, a fragilidade humana, assumida até à paixão e à morte na cruz, adquire um valor redentor, tornando-se meio de expressão de um amor fiel e total (cf. Fl 2,6-8). A Igreja, num mundo marcado pela doença e a morte, revela-se como sacramento universal da salvação (cf. Concílio Vaticano II, LG 48) e, como tal, assume como suas "as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias" dos homens, preferencialmente dos mais pobres. Seguindo Jesus Cristo, que veio para libertar o ser humano da escravidão do pecado, a Igreja anuncia eficazmente a vida e a ressurreição em Cristo, manifestando e ao mesmo tempo operando, o mistério do amor de Deus para com o homem (cf. Concílio Vaticano II, GS 45).
A enfermidade não diminui a dignidade da pessoa humana. Os enfermos são sinais e imagens do Cristo Jesus. Servir aos doentes é servir ao próprio Jesus Cristo em seus membros sofredores: "Estive enfermo e me visitastes… cada vez que o fizestes a um desses meus irmãos mais pequeninos, a mim o fizestes" (Mt 25,36.40). Aqui situa-se a pastoral da saúde e, dentro dela, o direito do enfermo em receber assistência e o dever dos discípulos de Cristo em prestar essa assistência.
A Pastoral da saúde visa à promoção integral da saúde individual e social, a partir de uma visão evangélica do ser humano. Vai ao encontro dos enfermos tanto nos hospitais como nas casas de moradia. Daí a importante distinção entre Pastoral da saúde hospitalar e Pastoral da saúde domiciliar.
A Pastoral da saúde nos hospitais será tanto mais fácil quanto melhor for o relacionamento dos agentes de pastoral com a equipe hospitalar. Por isso, é preciso que os agentes de pastoral da saúde tenham formação adequada e conheçam os seus direitos e deveres.
O presente trabalho apresentará os direitos do enfermo em receber assistência religiosa em entidades civis e militares de internação coletiva, de acordo com o Código de Direito Canônico e com a legislação estatal. Evidentemente, direitos e deveres são correlatos. Ao direito do enfermo, corresponde o dever dos agentes de pastoral da saúde em prestar assistência religiosa.
A LEGISLAÇÃO
A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 garante o direito à assistência religiosa aos cidadãos que estiverem em locais de internação coletiva, conforme o artigo 5º, inciso VII: "é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva". Inclusive há uma lei federal de 14 de julho de 2000, que dispõe sobre esse inciso constitucional. Segundo a Lei nº 9.982/2000, artigo 1º, a assistência religiosa prevista na Constituição Federal compreende o seguinte:
"Aos religiosos de todas as confissões assegura-se o acesso aos hospitais da rede pública ou privada, bem como aos estabelecimentos civis e militares, para dar atendimento religioso aos internados, desde que em comum acordo com estes, ou com familiares em caso de doentes que não mais estejam no gozo de suas faculdades mentais".
A mesma Lei, no seu artigo 2º, afirma:
"Os religiosos chamados a prestar assistência nas entidades definidas no artigo 1º deverão, em suas atividades, acatar as determinações legais e normas internas de cada instituição hospitalar ou penal, a fim de não por em risco as condições dos pacientes ou a segurança do ambiente hospitalar ou prisional".
Observe-se que não é o Estado brasileiro o responsável pela prestação de serviço religioso, mas é a Igreja e os representantes habilitados das diversas religiões. Aqui não se trata de capelães militares, que ministram assistência religiosa junto às Forças Armadas. Os agentes de pastoral da saúde devem conhecer e respeitar as normas de cada estabelecimento.
O direito de receber assistência religiosa, portanto, está destinado às pessoas que se encontram confinadas em alguma entidade civil ou militar de internação coletiva, tais como instituições asilares, presídios, abrigos e internatos de crianças e adolescentes e entidades militares onde haja pessoal internado sem acesso à liberdade. Todas as pessoas que se encontrem asiladas por quaisquer motivos em algum lugar fechado poderão receber, se assim o desejarem, a visita de representantes habilitados da Igreja ou de cultos da religião ou doutrina que professem.
O Acordo entre a República Federativa do Brasil e a Santa Sé relativo ao estatuto jurídico da Igreja Católica no Brasil, assinado na Cidade do Vaticano em 13 de novembro de 2008 e ratificado pelo Congresso Nacional em 2009, no seu artigo 8º, dispõe o seguinte:
"A Igreja Católica, em vista do bem comum da sociedade brasileira, especialmente dos cidadãos mais necessitados, compromete-se, observadas as exigências da lei, a dar assistência espiritual aos fiéis internados em estabelecimentos de saúde, de assistência social, de educação ou similar, ou detidos em estabelecimento prisional ou similar, observadas as normas de cada estabelecimento, e que, por essa razão, estejam impedidos de exercer em condições normais a prática religiosa e a requeiram. A República Federativa do Brasil garante à Igreja Católica o direito de exercer este serviço, inerente à sua própria missão".
A Igreja Católica tem o dever e o direito de prestar assistência espiritual aos internados em estabelecimentos de saúde e o Estado brasileiro reconhece e garante esse direito e, consequentemente, o direito do paciente em receber assistência religiosa.
No Código de Direito Canônico, encontram-se os seguintes cânones referentes aos deveres dos presbíteros (párocos, capelães e sacerdotes em geral):
Cânon 530 – As funções especialmente confiadas ao pároco são as seguintes:
1° – administrar o batismo;
2° – administrar o sacramento da confirmação aos que se acham em perigo de morte, segundo o cânon 883, n.3;
3° – administrar o viático e a unção dos enfermos, salva a prescrição do cânon 1003, §§ 2 e 3, e dar a bênção apostólica;
4° – assistir aos matrimônios e dar bênção nupcial;
5° – realizar funerais;
6° – benzer a fonte batismal no tempo pascal, fazer procissões fora da igreja, e dar bênçãos solenes fora da igreja;
7° – celebrar mais solenemente a Eucaristia nos domingos e festas de preceito.
Cânon 566 § 1. É necessário que o capelão esteja munido de todas as faculdades requeridas para um cuidado pastoral adequado. Além das que são concedidas por direito particular ou por delegação especial, o capelão, em virtude de seu ofício, tem faculdade de confessar os fiéis entregues a seus cuidados, pregar-lhes a palavra de Deus, administrar- lhe o Viático e a unção dos enfermos, como também conferir o sacramento da confirmação aos que se encontram em perigo de morte.
Cânon 843 – § 2. Os pastores de almas e os outros fiéis, cada um conforme o seu próprio múnus eclesiástico, têm o dever de cuidar que todos os que pedem os sacramentos estejam preparados para recebê-los, mediante devida evangelização e instrução catequética, segundo as normas dadas pela autoridade competente.
Cânon 1001 – Cuidem os pastores de almas e os parentes dos enfermos que estes sejam confortados em tempo oportuno com esse sacramento.
Cânon 1003 – § 1. Todo sacerdote, e somente ele, pode administrar validamente a unção dos enfermos.
§ 2. Têm o dever e o direito de administrar a unção dos enfermos todos os sacerdotes encarregados da cura de almas, em favor dos fiéis confiados a seus cuidados pastorais; por causa razoável, qualquer outro sacerdote pode administrar esse sacramento, com o consentimento, ao menos presumido, do sacerdote acima mencionado.
Veja-se que a assistência pastoral compreende verdadeira evangelização, instrução catequética e celebração dos sacramentos, de acordo com o cânon 843 § 2.
Sobre os direitos do paciente, pode-se ler:
Cânon 213 – Os fiéis têm o direito de receber dos Pastores sagrados, dentre os bens espirituais da Igreja, principalmente os auxílios da Palavra de Deus e dos sacramentos.
Cânon 843 § 1. Os ministros sagrados não podem negar os sacramentos àqueles que os pedirem oportunamente, que estiverem devidamente dispostos e que pelo direito não forem proibidos de os receber.
O cânon 213 apresenta um dos principais direitos dos fiéis: o direito à Palavra de  Deus e aos sacramentos da Igreja. Repete quase textualmente o começo do texto da Constituição dogmáticaLumen Gentium, nº 37. Com uma diferença, no entanto. O documento conciliar refere-se aos fiéis leigos. O Código, apoiado no Concílio, aplica esse direito a todos os fiéis sem distinção, sem esquecer a correlação de direitos e deveres. Ao direito dos fiéis, corresponde o dever dos pastores em anunciar a Palavra e celebrar os sacramentos.
O cânon 843 §1 estabelece os critérios para a celebração válida dos sacramentos da Igreja: a oportunidade, a devida disposição e a ausência de impedimentos.
Especificamente, quanto ao sujeito do sacramento da unção dos enfermos, o cânon 1004 §1 estabelece que "a unção dos enfermos pode ser administrada ao fiel que, tendo atingido o uso da razão, começa a estar em perigo por motivo de doença ou velhice".
De acordo com esse cânon, para a recepção válida da unção dos enfermos, requer-se que o sujeito seja batizado, tenha atingido o uso da razão, possua a devida intenção e comece a estar em perigo de morte, por doença ou velhice. Quando o Código fala em começar em estar em perigo, não se refere ao chamado articulum mortis, ou seja, aos instantes que precedem imediatamente a morte. Para Hortal, trata-se de qualquer estado de saúde que inspire cuidados, pondo em risco a vida, mesmo que esse risco se preveja como ainda algo afastado.
CONCLUSÃO
A Pastoral da Saúde, na sua dimensão político-institucional, recomenda que os cidadãos procurem se informar como funcionam os Conselhos de Saúde nas suas cidades, quem são os conselheiros e quais são as suas atribuições, a fim de conscientizar a população dos seus direitos e deveres.
A Pastoral da Saúde, na sua dimensão solidária, requer agentes de pastoral com formação adequada. No programa de formação específica, deve constar o estudo da legislação eclesial e estatal. Para uma visita hospitalar, os agentes de Pastoral da Saúde devem conhecer e respeitar as normas do hospital e a administração do estabelecimento de saúde deve garantir o direito do paciente em receber assistência religiosa. Direito reconhecido e protegido pela Constituição Federal do Brasil.
Em contextos diferentes e sempre novos, o cristão é chamado a reviver a parábola do bom samaritano (Lc 10,30-35.36-37), seguindo o exemplo de Jesus Cristo.
Na última ceia, Jesus Cristo inclinou-se para lavar os pés dos apóstolos, antecipando o sacrifício da cruz. Com esse gesto, convidou os seus discípulos a entrar na lógica do seu amor. Na cruz de Cristo, o sofrimento foi associado ao amor: o amor que cria o bem, que tira o bem do mal, que se entrega, especialmente aos mais pobres e necessitados.
BIBLIOGRAFIA
CNBB. Pastoral da Saúde. Disponível em www.pastoraldasaudenacional.com.br
CNBB. Pastoral da Unção dos Enfermos. Disponível em www.cnbb.org.br
CÓDIGO DE DIREITO CANÔNICO. 2ª Ed. São Paulo, Loyola, 1987.
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL. Disponível em www.planalto.gov.br
DOCUMENTOS DO CONCÍLIO VATICANO II. Disponível em www.vatican.va
HORTAL, J. Os sacramentos da Igreja na sua dimensão canônico-pastoral. São Paulo, Loyola, 1987.
RITUAL DA UNÇÃO DOS ENFERMOS E SUA ASSISTÊNCIA PASTORAL. 7ª Ed. São Paulo, Paulus, 2000.

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