"Naquele mesmo tempo me disse YHWH:  Alisa duas tábuas de pedra, como as primeiras, e sobe a mim ao monte, e  faze-te uma arca de madeira; E naquelas tábuas escreverei as palavras que  estavam nas primeiras tábuas, que quebraste, e as porás na arca. Assim, fiz uma  arca de madeira de acácia, e alisei duas tábuas de pedra, como as primeiras; e  subi ao monte com as duas tábuas na minha mão. Então escreveu nas tábuas,  conforme à primeira escritura, os dez ditos [asseret hadevarim], que YHWH vos  falara no dia da assembléia, no monte, do meio do fogo; e YHWH mas deu a mim; E  virei-me, e desci do monte, e pus as tábuas na arca que fizera; e ali estão,  como YHWH me ordenou." (Devarim/Deuteronômio 10:1-5)
Ao ler este texto me perguntei o porque do Eterno pedir que  Moshe alisasse (talhar, cortar) duas tábuas de pedra.
Entendem-se pelo verso que Moshe precisava aplainar duas  pedras. A palavra tábua já dá esse sentido, de algo reto, plano.
Obviamente não é fácil tornar uma pedra plana.
Pergunto-me: Sendo YHWH o dono de todo o poder, porque Ele  mesmo já não deixou a pedra aplainada já que era Ele mesmo quem iria  escrever?
Porque para aplainar as pedras Ele pediu a Moshe?
É interessante essa passagem, pois aqui, nos é mais uma vez  revelado que o Eterno é amoroso e que nos deixa livres para escolhermos. 
As instruções (Torah) de Yahweh seriam escritas nas tábuas.  Claro que se a pedra estivesse com imperfeições, a leitura ficaria prejudicada.  Era de extrema importancia que a pedra estivesse alisada, para que o texto  ficasse legível.
Moshe tinha a opção de dizer que não talharia as  pedras.  Ele poderia escolher não se dar o trabalho de "lapidar" as pedras.  
Comparo aqui essas pedras com o coração do homem. Por mais  endurecido que seja um coração, ele pode ser trabalhado e receber as palavras do  Eterno. Para isso, o coração precisa se dispor.
Vemos que, pois mais duro que seja uma pedra, até o diamante  que é considerado a pedra mais dura, se deixa ser lapidado. É uma questão de  escolha. 
Assim como quando Yeshua foi ao túmulo de Lázaro afim de  ressuscitá-lo dos mortos. Yeshua poderia com seu poder, retirar a pedra do  túmulo. Mas, deixou à escolha daqueles que ali estavam, retirar ou não. Caso  ninguém retirasse a pedra, o milagre possivelmente não teria acontecido.
Cada a nós escolhermos receber a Palavra do Eterno,  escolhermos obedece-la ou não. O milagre da nossa vivificação está em  permitirmos sermos lapidados. 
E porque duas tábuas, e não somente uma?
Os dez ditos, como conhecemos, são dividios em 2  partes:
1 - Lidando com assuntos relacionados ao Eterno
2 - Lidando com assuntos relacionados aos homens.
A aliança do Eterno é feita entre duas partes: O Eterno e o  homem.
As duas pedras, num nível sod de interpretação, podem  representar:
- o coração de pedra do homem, que necessita ser lapidado,  trabalhado para receber a Palavra do Eterno (Ez 36:26 / 2 Co 3:3)
- A Rocha inabalável da nossa salvação. 
Há um ciclo que não pode ser quebrado nesse conceito: Sem o  homem, o Eterno não seria a salvação (salvação para quem?). Sem a instrução, o  caminho da salvação, não haveria coração para ser lapidado. 
Aliança já diz isso. Um anel, um ciclo fechado. Uma relação  entre o homem e seu Criador. 
O homem que não deseja ter essa relação com seu Criador,  continua sendo uma "pedra" não trabalhada, coração endurecido, onde não é  possível inserir a Toráh.
A lapidação só ocorre quando aceitamos. E não há pedra tão  dura que não se deixe ser lapidada.
O meu coração e o seu, são "pedras" dispostas a serem  trabalhadas, só depende de cada um de nós aceitarmos ou não. 
E mais, Moshe foi aquele que com suas mãos, trabalhou aquelas  pedras. Nós podemos ser "lapitadores" de nossos amados, quando oramos por eles,  falamos de Yeshua, da Torah, e com a prática da nossa fé nos tornamos cartas  vivas para aqueles que nos rodeiam. Muitas vezes nossas palavras se tornam vãs  diante de nosso testemunho. Nossas orações e nossas práticas poderão lapidar  muitos corações de pedras, a começar pelos os de nossa casa. 
Que nossos coraçãos sejam sempre dispostos a serem  trabalhados. E que possamos ser nós, instrumentos de lapidação daqueles que  amamos.
Shalom e Shabat Shalom.
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Andressa Dias Bragança Domingos
 
 
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