Postado por Presbítero André Sanchez,
Eu gostaria de compreender melhor o ensino de Jesus que nos diz que nossa palavra deve ser sim, sim ou não, não, é o que disso passar é do maligno. Jesus estava ensinando que não podemos ficar em dúvida sobre uma questão ou que sempre temos que nos posicionar em tudo de um lado e de outro?
Cara leitor, o ensino de Jesus que você citou está descrito assim: “Seja, porém, a tua palavra: Sim, sim; não, não. O que disto passar vem do maligno” (Mateus 5:37).
Olhando o verso assim, de forma isolada, acaba nos levando a tirar conclusões equivocadas, pois nesse texto, Jesus não está ensinando que não podemos ter dúvidas e nem que em muitos momentos possamos nos abster de dar alguma opinião em algo!
Mas o que ele está querendo dizer, então? A resposta passa pelo estudo do contexto. É o contexto que vai explicar exatamente o que queremos saber!
Só podemos dizer sim, sim ou não, não para alguma questão?
(1) Esse texto está dentro do conhecido sermão do monte. Uma coleção de ensinamentos dados por Jesus a Seus discípulos. Nesse contexto que compreende Mateus 5:33-37, Jesus está falando a respeito de juramentos.
O pensamento geral, propagado pelos religiosos era o seguinte: “Também ouvistes que foi dito aos antigos: Não jurarás falso, mas cumprirás rigorosamente para com o Senhor os teus juramentos” (Mateus 5:33).
Esse ensino não estava errado, porém, a forma como era usado no dia a dia estava totalmente equivocada.
(2) Jesus prossegue fazendo uma repreensão na forma como usavam os juramentos: “Eu, porém, vos digo: de modo algum jureis; nem pelo céu, por ser o trono de Deus…” (Mateus 5:34).
O mais interessante é que Jesus não estava aqui proibindo todo tipo de juramento, pois haviam juramentos necessários ao bom andamento da sociedade e também juramentos que refletiam uma comunhão com Deus.
Mas existiam certos juramentos manipuladores que estavam em desacordo com a Palavra de Deus!
(3) Os próximos dois versos mostram que os religiosos e as pessoas simpatizantes da religião usavam os juramentos fora do propósito deles:
“nem pela terra, por ser estrado de seus pés; nem por Jerusalém, por ser cidade do grande Rei; nem jures pela tua cabeça, porque não podes tornar um cabelo branco ou preto” (Mateus 5:35-36).
As pessoas estavam usando os juramentos porque não eram confiáveis. Não davam bom testemunho. Não tinham uma palavra honesta, reta uns para com os outros nos papéis que desempenhavam dentro da sociedade!
Sendo assim, o juramento funcionava como um tipo de garantia manipulada, usando o que era sagrado para a maioria (cidade, templo, etc) e até o nome do próprio Deus!
Dessa forma, então, resolviam-se algumas demandas. A pessoa era corrupta, mentirosa, manipuladora, mas quando precisava que o próximo confiasse em sua palavra, usava o nome de Deus e coisas superiores a ela como garantia de que AGORA seria honesta!
É esse tipo de atitude que está sendo revisada por Jesus! No reino do Senhor não podia ser assim. Mas como deveria ser?
(4) Exatamente como Ele ensinou no último verso dessa sequência: “Seja, porém, a tua palavra: Sim, sim; não, não. O que disto passar vem do maligno” (Mateus 5:37).
Aqui Jesus está dizendo que a retidão, a boa palavra, o bom testemunho, o cumprimento dos compromissos, dos acordos, de tudo aquilo que uma pessoa faz no seu dia a dia, deveria se basear na retidão de caráter.
Ou seja, quando alguém dissesse um sim para algo, não seria necessário um juramento, pois essa pessoa deveria ser honesta e reta naquilo que disse, cumprindo e honrando a palavra e o compromisso feito!
Ao mesmo tempo, quando dissesse um não, deveria, da mesma forma, ser confiável que iria cumprir a palavra que disse. Aqui também os juramentos não seriam necessários.
(5) Então, observe que Jesus está chamando Seus discípulos a expressar, através de atitudes honestas, bom testemunho, um andar digno e correto, a confiança necessária das pessoas.
Sendo assim, juramentos manipulados não devem fazer parte da vida de um servo verdadeiro de Deus. Esse servo, com um proceder claro, inspira confiança, mostra que é honesto, verdadeiro e digno! Esse é o cidadão do reino que Jesus quer construir na vida de cada discípulo.
Isso deve levar cada um de nós, dentro de nossos papéis (filhos, pais, trabalhadores, obreiros na obra de Deus, etc.) a expressarmos o sim, sim ou não, não com uma vida reta, com uma palavra confiável, que se vê na construção diária de nosso testemunho de vida íntegro diante de Deus e diante das pessoas!
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