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"Pai, perdoa-lhes." Lc 23.34

O diálogo daquela manhã de sexta-feira foi amargo.

Dos observadores, ouviu-se: "Desça da cruz se você é o Filho de Deus!".

Dos líderes religiosos, "Ele salvou os outros mas não consegue salvar a si mesmo".

Dos soldados, "Se você é o rei dos judeus, salve a si mesmo".

Palavras amargas. Ácidas de tanto sarcasmo. Cheias de ódio.

Desrespeitosas. Já não bastava estar sendo crucificado? Não era suficiente a vergonha de ser equiparado a um criminoso? Os cravos eram insuficientes? A coroa de espinhos era macia demais? Os açoites foram poucos? Para alguns, era o que parecia.

Mateus afirma que "os que passavam lançavam-lhe insultos" (Mt 27.39).

As pessoas não apenas gritavam, falavam ou berravam. Elas "lançavam" pedras verbais. Tinham total intenção de ferir e machucar. "Já quebramos o corpo; agora vamos quebrar o espírito!" Assim, esticaram seus arcos com justiça própria e lançaram afiadas flechas de puro veneno.

De todas as cenas em torno da cruz, essa é a que mais me deixa irritado. Que tipo de pessoa, pergunto a mim mesmo, zombaria de um moribundo? Quem seria tão vil a ponto de derramar o sal do escárnio sobre feridas abertas? Como é baixo e perverso ridicularizar alguém que está fustigado pela dor. Quem se divertiria com uma pessoa que está sentada na cadeira elétrica? Ou quem apontaria para um criminoso que tem em seu pescoço o nó da forca e zombaria dele?

Você pode estar certo de que Satanás e seus demônios eram
a causa de tamanha sordidez.

Então, o criminoso na cruz número dois lança seu golpe.

"Você não é o Cristo? Salve-se a si mesmo e a nós!"

As palavras lançadas naquele dia tinham o propósito de ferir. E não há nada mais doloroso do que palavras cujo propósito seja ferir. É por isso que Tiago comparou a língua ao fogo. Suas queimaduras são tão destrutivas e terríveis quanto as de um maçarico.

Mas não estou lhe contando nada novo. Sem dúvida você já recebeu sua cota de palavras que ferem. Você sentiu a ferroada de uma zombaria bem direcionada. Talvez ainda esteja sentindo. Alguém que você ama ou respeita o derruba no chão com uma calúnia ou algo dito sem pensar. E você fica ali, ferido e ensanguentado. Talvez as palavras tivessem a intenção de ferir, talvez não; mas isso não importa. A ferida é profunda. Os danos são internos. Coração partido, orgulho ferido, sentimentos machucados.

Ou, quem sabe, sua ferida seja antiga. Embora a flecha tenha sido extraída há muito tempo, a ponta dela ainda está alojada… oculta sob sua pele. A velha dor lateja de maneira imprevisível mas decidida, fazendo que você se lembre das palavras duras ainda não perdoadas.

Se você sofreu ou está sofrendo por causa das palavras de outra pessoa, ficará feliz em saber que existe um bálsamo para suas dores. Medite nestas palavras:

Quando insultado, não revidava; quando sofria, não fazia
ameaças, mas entregava-se àquele que julga com justiça.
1Pedro 2.23

Max lucado, em "POR ISSO O CHAMAM SALVADOR"