FUGINDO DAS VOZES
de Max Lucado
..O que fazemos com essas vozes?
Enquanto trabalho neste manuscrito, estou usando uma escrivaninha no
quarto do hotel. Estou longe de casa, longe das pessoas que me
conhecem, longe dos membros da família que me amam.
As vozes que encorajam e afirmam estão distantes.
Porém, as vozes que atormentam e seduzem estão muito próximas. Embora
no quarto esteja tudo quieto, se eu escutar, essas vozes são bem
claras. Um folheto no criado-mudo me convida para um passeio no
saguão do hotel, onde posso "fazer novos amigos em um ambiente
relaxante". Uma propaganda no topo da televisão promete que o pedido
de um filme pay-per-view para maiores de idade transformará todas as
minhas "fantasias em realidade". Na lista telefônica, várias colunas
de serviços de acompanhantes oferecem "amor longe de casa". Um volume
atraente, em letras douradas, na gaveta do criado-mudo, acena: O
Livro de Mórmom – O Outro Testamento de Jesus Cristo. Na televisão,
um apresentador de programa de entrevistas discute o tópico do dia:
"Como se dar bem fazendo sexo no escritório".
Vozes, algumas por prazer, outras por poder.
Algumas prometem aceitação, outras prometem carinho. Todas têm algo
para oferecer.
Mesmo as vozes que Jesus ouviu prometiam algo.
"Quando a multidão viu o milagre que Jesus tinha feito, começou a
dizer: `Com certeza este é o Profeta que devia vir ao mundo'. " [João
6:14]
Para um observador distante, essas são as vozes da vitória. Para o
ouvido mal treinado, esses são sons do triunfo. O que poderia ser
melhor? Cinco mil pessoas, mais mulheres e crianças proclamando ser
Cristo "o Profeta". Milhares de vozes avolumando-se em um ruído de
avivamento, em uma aclamação de adoração.
As pessoas tinham tudo que precisavam para uma revolução.
Tinham um inimigo: Herodes. Tinham um mártir: João Batista. Tinham
liderança: os discípulos. Tinham muitos suprimentos: o multiplicador
de pães. E eles tinham um rei: Jesus de Nazaré.
Por que esperar? A hora havia chegado. O reino de Israel seria
restaurado. As pessoas tinham ouvido a voz de Deus.
— Rei Jesus — alguém proclamou. E a multidão repetia, concordando.
Um coro, aclamando poder, contagiava. Não precisavam de cruz, nem de
sacrifício. Um exército de discípulos seguindo as pegadas de Jesus.
Poder para mudar o mundo sem ter de morrer fazendo isso.
A vingança seria doce. Aquele que tomou a cabeça de João Batista está
a apenas alguns metros de distância. Pergunto-me se ele alguma vez já
sentiu uma lâmina fria roçar seu pescoço.
Sim, Jesus ouviu essas vozes. Ele ouviu a sedução. Entretanto, também
ouviu mais alguém.
E quando Jesus o ouviu, ele o buscou:
"Sabendo Jesus que a multidão estava com a idéia de pegá-lo à força
para fazê-lo rei, voltou sozinho para o monte. " [João 6:15]
Jesus preferiu estar sozinho com o verdadeiro Deus a ficar junto à
multidão de pessoas equivocadas.
A lógica não disse a ele para despedir a multidão. A sabedoria
convencional não lhe disse para virar as costas ao exército desejoso.
Não, não era uma voz de fora que Jesus ouviu, era uma voz interior.
A marca de ovelha era o que lhe tornava capaz de ouvir a voz do
Pastor.
"O vigia abre a porta para ele e as ovelhas ouvem a sua voz. Ele
chama as suas ovelhas pelo nome e as leva para fora. " [João 10:3]
A marca de um discípulo é a sua capacidade de ouvir a voz do Mestre.
"Escutem, eu estou à porta e bato. Se alguém ouvir a minha voz e
abrir a porta, entrarei em sua casa e comerei com ele e ele comerá
comigo. " [Apoc 3:20]
O mundo soca a mão na sua porta; Jesus apenas bate. As vozes gritam
por sua adesão; Jesus mansamente pede. O mundo promete prazer rápido;
Jesus promete um jantar tranqüilo... com Deus. "Entrarei em sua casa
e comerei com ele e ele comerá comigo".
Qual voz você escuta?
Deixe-me dizer algo importante. Não há um momento em que Jesus não
esteja falando. Nenhum sequer. Não existe um lugar em que Jesus não
esteja presente, nenhum sequer. Nunca haverá um quarto muito
escuro... um saguão muito envolvente... um escritório muito
sofisticado... que o terno Amigo, sempre marcando presença e que
sempre nos acompanha, implacavelmente não esteja lá, batendo à porta
dos nossos corações, com toda gentileza, esperando ser convidado a
entrar.
Poucos ouvem essa voz. Um número ainda menor abre a porta.
Todavia, não interprete nossa insensibilidade como a ausência dele.
Cercada de promessas evanescentes de prazer, está a promessa eterna
de sua presença.
"E eu estarei com vocês todos os dias, até o fim dos tempos. " [Mt
28:20]"Eu nunca o deixarei; eu jamais o abandonarei." [Heb 13:5]
Não há qualquer outro coro que soe tão alto a ponto de não permitir
que a voz de Deus seja ouvida... se decidirmos ouvi-la. É o que
acontece nesse hotel.
Demorei alguns minutos para encontrá-la, mas encontrei. Não estava
tão visível como o folheto do saguão ou o aviso do filme. Mas estava
lá. Não era tão ornamentada como a bíblia dos Mórmons ou tão atraente
como a propaganda de acompanhantes. Mas eu desistiria de todas essas
mentiras de uma vez por todas, para ficar com a paz que encontrei
nesse tesouro.
Uma Bíblia. Uma simples Bíblia deixada ali pelos Gideões. Gastei
alguns minutos para encontrá-la, mas finalmente encontrei. E quando a
vi, abri em uma das minhas passagens favoritas:
"Não se admirem disso, porque está chegando a hora em que todos os
mortos ouvirão a sua voz e sairão dos túmulos. Aqueles que fizeram o
bem, vão ressuscitar para a vida eterna. Mas aqueles que fizeram o
mal, vão ressuscitar para ser condenados. " [João 5:28-29]
Interessante. Um dia virá em que todos ouvirão a voz dele. Haverá um
dia em que todas as outras vozes serão silenciadas, e somente a voz
dele será ouvida.
Alguns escutarão sua voz desde o primeiro instante. Não é que ele
nunca tenha se pronunciado, mas é que eles nunca a ouviram. Para
esses, a voz de Deus será a voz de um estranho. Eles a ouvirão uma
vez e nunca mais. Vão passar a eternidade fugindo das vozes que
seguiram na terra.
Mas os outros serão chamados de seus túmulos por uma voz familiar,
pois são ovelhas que conhecem seu pastor, são servos que abriram a
porta quando Jesus bateu.
Nesse dia, a porta se abrirá novamente. Somente dessa vez. E não será
Jesus que entrará em nossa casa; seremos nós que entraremos na casa
dele.
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Muito obriagdo pelas visitas. Sua colaboração está sendo uma grande
bênção.===============
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