16 fevereiro 2011

Ouro, Incenso e Mirra

 
OURO, INCENSO E MIRRA
Quando os magos do Oriente seguiram a estrela e encontraram a casa em que o Rei dos judeus havia nascido, está escrito: "Entrando na casa, viram o menino com Maria, sua mãe. Prostrando-se, o adoraram; e, abrindo os seus tesouros, entregaram-lhe as suas ofertas: ouro, incenso e mirra" (Mt 2.11). Estes três presentes descrevem de maneira singular o que Jesus Cristo é e o que Ele fez.

Prímeíra oferta: ouro
"Prostrando-se, o adoraram; e, abrindo os seus tesouros, entregaram-lhe as suas ofertas: ouro..." O ouro caracteriza aquilo que Jesus é desde a eternidade: o Rei. Além disso o ouro representa a Sua divindade, Sua perfeição e Sua absoluta pureza. Mas o ouro também nos mostra a finalidade de Sua vinda, isto é, estabelecer o Seu reino divino sobre esta terra. O ouro é mencionado em primeiro lugar porque este é o alvo perfeito e original de Deus.
Nos tempos antigos foi usado muito ouro para o tabernáculo e seus utensílios (comp. Êx 25). Também o traje do sumo sacerdote consistia em grande parte de ouro (comp. Êx 28). Tudo isto aponta para Jesus. Mais tarde foi também usado muito ouro no templo salomônico (1 Cr 22.14). Do mesmo modo, o governo de Salomão é um exemplo do vindouro governo de Jesus Cristo no Milênio. Entre outras coisas, o ouro também caracteriza os bens espirituais que um dia resistirão à prova de fogo diante do tribunal de Cristo (comp. 1 Co 3.11ss).
É um desejo do Senhor que nos tornemos semelhantes a Ele nesta maneira pura e "áurea". Pois um dia reinaremos com Ele como reis e sacerdotes (Ap 1.5-6; 20.6). Por isso o Senhor também se apresenta como um ourives que quer derreter e purificar o ouro (Ml 3.2-3). Os magos lhe renderam homenagem com ouro (Mt 2.2 e 11) porque sabiam quem Ele era. Será que nós também temos tido essa mesma consciência?

Segunda oferta: íncenso
"Prostrando-se, o adoraram; e abrindo os seus tesouros, entregaram-lhe as suas ofertas: ouro, incenso..." A palavra hebraica para incenso é derivada das palavras "branco, brilhante". O incenso tem um alto teor de óleos voláteis e propaga um aroma agradável que fica impregnado nas vestes como perfume.
No tabernáculo e mais tarde no templo, o incenso foi usado como aroma agradável diante de Deus e fazia parte da oferta de manjares (Lv 2.1-16), mas no sacrifício pelos pecados era expressamente proibido (Lv 5.11).
O incenso representa espiritualmente o aroma da vida de Cristo. Ele agradou a Deus, pois procurava fazer a vontade de Seu Pai: "...contudo, não se faça a minha vontade, e sim a tua" (Lc 22.42). Por isso Ele foi "...obediente até à morte e morte de cruz" (Fp 2.8). O incenso simboliza a perfeição da vida de Jesus, totalmente sem pecado. Ele, o Filho de Deus, foi o "Cordeiro sem defeito e sem mácula", branco e brilhante, puro e perfeito (comp. 1 Pe 1.19). Em tudo o que Jesus fez e disse, em todos os Seus passos e obras, Ele foi um aroma agradável diante de Seu Pai.
Como cristãos somos chamados a nos tornar semelhantes ao Senhor em obediência e fidelidade, para sermos um "aroma suave de Cristo". Por isso precisamos escutar muito bem o que Ele nos diz em Sua Palavra, para o que somos exortados em Mateus 17.5: "Falava ele ainda, quando uma nuvem luminosa os envolveu; e eis, vindo da nuvem, uma voz que dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo; a ele ouvi". Por exemplo, podemos proporcionar alegria a Deus:
– exercendo misericórdia: "Ide, porém, e aprendei o que significa: Misericórdia quero e não holocaustos" (Mt 9.13a).
– vivendo separados do pecado para que não se diga de nós o que foi escrito outrora sobre os israelitas: "Entretanto, Deus não se agradou da maioria deles, razão por que ficaram prostrados no deserto" (1 Co 10.5).

Terceíra oferta: mírra
"Prostrando-se, o adoraram; e, abrindo os seus tesouros, entregaram-lhe suas ofertas; ouro, incenso e mirra." A mirra provém de um arbusto espinhoso de madeira cheirosa. O gosto dela é amargo como fel e dentre outras coisas era usada como anestésico.
Esta erva amarga fala dos sofrimentos de Jesus, cuja vida toda foi um aroma suave diante do Pai, mas que foi perseguido por Herodes ainda como bebê, de modo que seus pais tiveram de fugir com ele para o Egito (Mt 2.13). Mais tarde, os homens de Nazaré, onde ele havia sido criado, quiseram precipitá-lo de cima de um monte (Lc 4.29). E quando Ele curava enfermos e possessos, os fariseus e escribas O perseguiam (por exemplo, Jo 5.16) e até tentaram matá-lO (v. 18). Antes da crucificação deram a Jesus "vinho com mirra, ele, porém, não tomou" (Mc 15.23). Ele se tornou pecado por nós (2 Co 5.21), e carregou "em seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados" (1 Pe 2.24) até as últimas conseqüências. Quando esteve pendurado na cruz, consumando a salvação para todo o mundo, Ele sofreu dores atrozes no corpo, na alma e no espírito. E quando José de Arimatéia tirou o corpo de Jesus da cruz em estado deplorável, lemos: "E também Nicodemos, aquele que anteriormente viera ter com Jesus à noite, foi, levando cerca de cem libras de um composto de mirra e aloés. Tomaram, pois, o corpo de Jesus e o envolveram em lençóis com os aromas, como é de uso entre os judeus na preparação para o sepulcro" (Jo 19.39-40). Na sua primeira vinda, Jesus foi como que envolvido por mirra, Ele foi cercado de muitos sofrimentos.
Mas quando a Bíblia fala sobre a segunda vinda de Jesus, a mirra não é citada e somente são mencionados ouro e incenso, por exemplo, em Isaías 60.6: "A multidão de camelos te cobrirá, os dromedários de Midiã e de Efa; todos virão de Sabá; trarão ouro e incenso e publicarão os louvores do Senhor." Por que a mirra não é mencionada aqui? Porque neste texto o profeta Isaías fala sobre a vinda de Cristo em grande poder e glória e a respeito do Seu reino de paz sobre a terra. Então não haverá mais mirra para o Senhor Jesus, e Ele não sofrerá mais. Pois na primeira vez Ele veio como Aquele que carregou os pecados e foi sacrificado uma vez para nos limpar dos pecados. Mas na segunda vez Ele não virá mais como Cordeiro sofredor, e sim aparecerá como o Senhor e Rei para salvação de todos os que esperam por Ele (Hb 9.27-28). (Norbert Lieth)



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