28 novembro 2011

A política do pão e circo na igreja

 
A política do pão e circo na igreja
Na Roma antiga, a escravidão na zona rural fez com que vários camponeses perdessem o emprego e migrassem. O crescimento urbano acabou gerando problemas sociais e o imperador, com medo que a população se revoltasse com a falta de emprego e exigisse melhores condições de vida, acabou criando a política "panem et circenses",  a política do pão e circo. Este método era muito simples: todos os dias havia lutas de gladiadores nos estádios (o mais famoso foi o Coliseu) e durante os eventos eram distribuídos alimentos (trigo, pão). O objetivo era alcançado, já que ao mesmo tempo em que a população se distraia e se alimentava também esquecia os problemas e não pensava em rebelar-se. Foram feitas tantas festas para manter a população sob controle, que o calendário romano chegou a ter 175 feriados por ano.
Esta situação ocorrida na Roma antiga é muito parecida com o Brasil atual. Aqui o crescimento urbano gerou, gera e continuará gerando problemas sociais. A quantidade de comunidades (também conhecidas como favelas) cresce desenfreadamente e a condição de vida da maioria da população é difícil. O nosso governo, tentando manter a população calma e evitar que as massas se rebelem criou o "Bolsa Família", entre outras bolsas, que engambela os economicamente desfavorecidos e deixa todos que recebem o agrado muito felizes e agradecidos. O motivo de dar dinheiro ao povo é o mesmo dos imperadores ao darem pão aos romanos. Enquanto fazem maracutaias e pegam dinheiro público para si, distraem a população com mensalidades gratuitas.
Muitas igrejas também têm adotado esta política, pois ao fazerem da instituição religiosa um eficiente meio de arrecadar dinheiro em troca de promessas que não se realizam, promessas de riqueza e prosperidade material. Isto geraria imensa insatisfação em seus membros se igualmente não fosse o pão e o circo.
O pão é a Palavra de Deus, o "pão da vida" porém contaminada com o fermento, uma teologia distorcida com liturgias de forma simplista e descontraída onde o "evangelho politicamente correto" é anunciado. Na verdade, ouso afirmar que mediante o pluralismo eclesiástico de nosso tempo, encontramos uma variedade enorme de igrejas que anunciam o evangelho de Cristo segundo o gosto do freguês. Isto se vê nitidamente nas pregações temáticas com palestras para empresários, endividados, adoecidos na alma e etc. Quanto aos assuntos abordados são absolutamente humanistas; aonde a inspiração para a homília vem exclusivamente da psicanálise. A palavra do pastor tem que ser para cima. Falar em pecado é contra produtivo, não leva a lugar algum, é melhor falar de vitórias, de bênçãos e prosperidade.
Já o circo é representado pelos shows que ocorrem na igreja aonde a musica cantada deve ter as mais variadas manifestações e estilos musicais que vão do mantra ao funk, o que importa é agradar o cliente. O culto tem que ser descontraído e animado, com muitas luzes e atrações, com teatro, danças e muita música gospel cujas letras infundem uma visão teológica diferente daquela apresentada na Bíblia, com a finalidade de agradar a todos, porque lá freguês tem que se sentir bem, pois caso contrário a política do pão e circo pode fracassar.
 Autor: Rogério L. Rocha
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