07 novembro 2011

{ O Andar no Espírito - O Quarto de Oração

 

O Quarto de Oração

Tendo saído do meu emprego na serraria, eu não sabia o que fazer com o meu tempo. Então, pensei sobre a igrejinha que eu e Rosalie tínhamos começado há apenas alguns meses. (Embora eu houvesse começado a igreja, eu pedia a um ministro de uma outra cidade que viesse toda semana para pregar. Naquela época, eu ainda não tinha coragem para pregar).
Os cultos eram feitos numa construção antiga de um local para boliche. Eu tinha recentemente dividido um cômodo de 2 x 2 m2 com divisórias, onde uma vez ali tinha sido uma cantina, transformando-o, assim, em um minúsculo berçário. Decidi que iria usar aquele quartinho como meu "quarto de oração". Eu pensei que, de alguma maneira, se orasse a mesma quantidade de horas que normalmente trabalhava, Deus iria me "pagar", suprindo as nossas necessidades.
Eu não imaginava o quão difícil seria cumprir minha decisão de orar oito horas por dia. Naquela primeira manhã, eu entrei no quarto, fechei a porta, ajoelhei-me e comecei a orar em inglês: "Oh, Deus, agora eu estou tempo integral no ministério. Oh, Deus, mantenha nossa despensa cheia. Não permita que nossos filhos passem fome. Use minha vida, Deus, por favor, use-me!" (Passei muito tempo implorando a Deus. Eu era apenas um menino "Santo" que ainda não havia aprendido quase nada sobre a fé).
Eu orei por tudo o que pude pensar: por todos os missionários ao redor do mundo que eu conhecia, e até mesmo passei um tempo amaldiçoando as baratas no quarto, ordenando que elas morressem em Nome de Jesus. Mas apesar de todo o meu esforço, eu esgotei as súplicas de oração em apenas quinze minutos.
Então, apenas para sobreviver às longas horas que viriam pela frente, às quais eu me comprometi a orar, comecei a orar em línguas. Eu não comecei a orar em línguas porque sabia que era algo bom a fazer, mas a verdade é que eu nem sabia se era biblicamente correto! Algumas pessoas "santas" haviam me dito que eu não poderia orar em línguas quando eu quisesse, embora tenha ouvido de outras que eu poderia, sim, usar as línguas como linguagem de oração.
Eu não tinha certeza de qual pensamento estava certo e tudo o que eu sabia é que tinha que ficar naquele quarto porque havia me demitido do meu emprego. Comecei a orar em línguas naquele primeiro dia, naquele quarto, apenas para matar as horas.
Finalmente, a sirene da serraria tocou às dez horas. Era hora do intervalo do café! Corri até ao café, comi algumas roscas, e voltei rápido para o meu quarto de oração. Na minha cabeça, eu tinha que estar em posição para oração em quinze minutos — na mesma hora em que os trabalhadores da serraria recomeçavam seus trabalhos.
Eu continuei orando em línguas. Orei o que pareciam várias horas, mas ainda nem era meio-dia!
Então o apito da sirene da serraria me trouxe de volta à realidade do trabalho diário dos meus amigos e da escolha radical que eu tinha feito para mim mesmo. Era o intervalo do almoço para os trabalhadores da serraria e a escuridão do quarto parecia me fechar.
Os meus antigos amigos de trabalho haviam passado aquelas últimas quatro horas à luz do Sol, cortando e acertando as madeiras que seriam transportadas para o mundo todo. Ao som da sirene, todos levavam suas marmitas e sentavam nos bancos para comer, relaxavam e contavam piadas. Eu sabia o que os homens estavam fazendo, mas eu não estava com eles. Será que eu realmente acreditava em Deus? Será que isto realmente funcionaria? Eu tinha de acreditar que sim.
          
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