21 novembro 2024

Por que Simão Cireneu foi obrigado a carregar a cruz de Cristo antes da crucificação?

 Postado por Presbítero André Sanchez

Você pergunta: Eu tenho muita curiosidade de entender melhor a história de Simão, o Cireneu, que foi obrigado a carregar a cruz de Cristo. Por que ele teve de fazer isso? Não era o condenado que deveria carregar a cruz até o final como forma de punição pela condenação imposta a ele pelo império Romano? 

 Cara leitora, os momentos finais de vida de Cristo foram muito intensos! E muitos personagens aparecem nos trazendo uma gama incrível de detalhes.

Vem comigo, vamos garimpar na Bíblia esses detalhes para entendermos bem essa história e todos os seus porquês. 

Por que Simão Cireneu, ajudou Jesus a levar a cruz?

(1) Três dos evangelistas narram sobre Simão Cireneu, sendo Mateus 27:32, Lucas 23:26 e Marcos 15:21, o qual veremos a seguir: “E obrigaram a Simão Cireneu, que passava, vindo do campo, pai de Alexandre e de Rufo, a carregar-lhe a cruz”. 

 Marcos é o mais detalhista, citando até mesmo os filhos desse Simão. Para reconstruirmos e compreendermos cada detalhe, veremos que o apóstolo João indica que Jesus começou o caminho da crucificação carregando a própria cruz sozinho:

“Tomaram eles, pois, a Jesus; e ele próprio, carregando a sua cruz, saiu para o lugar chamado Calvário, Gólgota em hebraico” (João 19:17).

(2) Isso nos leva à pergunta: por que Simão Cireneu entrou na história? Para entender isso, precisamos olhar um pouco o contexto anterior: “Então, Pilatos, querendo contentar a multidão, soltou-lhes Barrabás; e, após mandar açoitar a Jesus, entregou-o para ser crucificado” (Marcos 15:15). 

Sim, Jesus apanhou muito, recebeu muitos açoites e, além disso, antes de percorrer o caminho de onde estava até o local da crucificação, ainda recebeu mais violência dos guardas: “Davam-lhe na cabeça com um caniço, cuspiam nele e, pondo-se de joelhos, o adoravam” (Marcos 15:19).

(3) Essas informações nos ajudam a entender que Jesus começou a caminhada carregando a pesada cruz, porém, bastante debilitado pela violência que sofreu, que não foi pequena.

Claro, os soldados perceberam que ele estava muito violentado, machucado e debilitado. Como o objetivo era que a morte se desse na cruz, pela crucificação, não seria aceitável que o prisioneiro morresse no meio caminho, isso traria problemas aos guardas. 

 É aqui que entra Simão Cireneu, que estava passando por ali e é escolhido em meio aos que estavam ali perto. Será que ele tinha um bom porte físico e por isso foi escolhido?

Talvez ele pudesse ter chegado perto por curiosidade e avaliado com uma boa pessoa para ajudar Jesus a carregar a cruz. Foi ali que os guardas o obrigam a carregar a cruz, ajudando o Cristo sofredor!

(4) Não temos muitos detalhes sobre esse homem, mas é possível que esse encontro tenha feito dele um cristão. Afinal, por que Marcos o citaria por nome e ainda citaria seus filhos também por nome?

Quando Marcos cita “Simão cireneu… pai de Alexandre e de Rufo” parece estar querendo falar de alguém que foi conhecido de seus leitores, parece querer identificá-lo aos seus leitores!

Teria Simão se convertido depois de ajudar a Cristo levar sua cruz? Teria virado um cristão fervoroso e conhecido, juntamente com seus filhos?

São coisas possíveis! Alguns, inclusive chegam a pensar que o Rufo citado por Paulo em Romanos 16:13 possa ser o filho de Simão Cireneu, porém isso é só uma especulação que não tem como ser provada!

Por fim, a informação mais clara que temos dele, vem da palavra Cireneu. Isso não é um sobrenome, mas a cidade de onde ele era, Cirene. Cirene era capital da Cirenaica, um distrito da Líbia. A Líbia, por sua vez, era um país localizado no norte da África, a oeste do Egito. Hoje corresponde a região onde fica parte de Marrocos, Argélia, Tunísia, Líbia e Egito.

20 novembro 2024

Qual a diferença entre ressurreição e reencarnação?

Postado por Presbítero André Sanchez

Você Pergunta: Eu tenho uma amiga que é espírita kardecista. Estávamos conversando a respeito da reencarnação, e eu disse a ela que não era bíblico, mas ela me disse algo que me deixou sem resposta: ela me disse que reencarnação e ressurreição são a mesma coisa. Inclusive, que os judeus da época em que a Bíblia foi escrita acreditavam na reencarnação. Não soube contestá-la biblicamente. Pode me ajudar a entender essas duas palavras e se existe diferença entre elas biblicamente? 

 Cara leitora, realmente muitos confundem essa questão, e o espiritismo kardecista usa inclusive em suas obras essa citação de que ressurreição e reencarnação são a mesma coisa e, por esse fato, segundo eles, a reencarnação seria bíblica.

Mas será que é isso mesmo? Vamos analisar à luz da Bíblia se são a mesma coisa para entendermos com mais profundidade.

Reencarnação e Ressurreição são a mesma coisa?

(1) Primeiramente, vamos analisar o significado de cada uma das palavras:

Reencarnação: É a volta à vida “física” de alguém que já morreu. Essa pessoa volta à vida em outro corpo, totalmente diferente do anterior.

A pessoa pode reencarnar diversas vezes segundo critérios do mundo espiritual e baseado na forma com que ela se comportou em vida.

Ressurreição: Tem dois significados na bíblia. Primeiro, quando um morto volta a vida (no mesmo corpo). Exemplo: Lázaro, que foi ressuscitado por Jesus (João 11:43).

Segundo, quando todos os que estiverem mortos, sem exceção, serão ressuscitados por ocasião da segunda vinda de Jesus Cristo (1 Tessalonicenses 4:13-18).

(2) Feitas as explicações sobre as duas palavras, creio que fica evidente que não são a mesma coisa. Vamos pontuar algumas das principais diferenças: Na reencarnação a pessoa volta à vida várias vezes e em corpos diferentes. 

  Na ressurreição, os que estiverem mortos, voltarão à vida apenas uma vez (no mesmo corpo, que será transformado) e isso acontecerá quando Jesus Cristo voltar segunda vez.

Na reencarnação a pessoa volta à vida em um novo corpo mortal (o que contraria Hebreus 9:27). Na ressurreição os mortos voltam à vida num corpo glorificado e imortal:

“num momento, num abrir e fechar de olhos, ao ressoar da última trombeta. A trombeta soará, os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados. Porque é necessário que este corpo corruptível se revista da incorruptibilidade, e que o corpo mortal se revista da imortalidade” (1 Coríntios 15:52-53).

Na reencarnação a pessoa volta sempre em um estado imperfeito, mortal. Na ressurreição a pessoa volta à vida num estado perfeito e final, quando receberá o julgamento de Deus por ocasião do juízo final.

(3) Dessa forma, a Bíblia é bastante clara e rejeita o conceito da reencarnação. Ele é inconsistente e contrário a dezenas de textos bíblicos sobre o assunto, entrando em atrito de forma muito grande com o conceito bíblico da ressurreição.

O que nos faz rejeitar veementemente o ensino da reencarnação, pois não é bíblico. Inclusive, o próprio Jesus usou fortemente o termo ressurreição quando falou de sua autoridade. Mas nunca usou o termo reencarnação, vejamos: “Disse-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá” (João 11:25).   

 Mas e João Batista, que falam que era Elias reencarnado? Vejam palavras do próprio João:

“Então, lhe perguntaram: Quem és, pois? És tu Elias? Ele disse: Não sou. És tu o profeta? Respondeu: Não” (João 1:21).ítero André Sanchez


19 novembro 2024

Noé NÃO LEVOU 2 animais de cada espécie na arca!

 Postado por Presbítero André Sanchez

Você Pergunta: Sempre aprendi desde pequeno que os animais entraram na arca de Noé de dois em dois, ou seja, dois de cada espécie, um macho e uma fêmea. Mas estudando mais detalhadamente o texto vi que existe a menção ali também da entrada de 14 animais de cada espécie, ou seja, sete pares, o macho e a fêmea. Pode me explicar melhor essa questão? 

Caro leitor, de fato, em muitas historinhas bíblicas, principalmente aquelas contadas para as crianças, o foco que se tem é na entrada na arca de Noé de dois animais de cada espécie (macho e fêmea), no entanto, o texto bíblico tem maiores detalhes sobre isso e nos ensina que não foi exatamente assim. Surpreso?

Vamos aprender mais detalhes sobre isso agora.   

Entraram na arca de Noé dois pares ou sete pares?

(1) Na primeira parte da ordem de Deus a Noé, Deus orienta o seguinte: “De tudo o que vive, de toda carne, dois de cada espécie, macho e fêmea, farás entrar na arca, para os conservares vivos contigo” (Gênesis 6:19).

Para a sua análise aqui, concluindo que Deus teria orientado que apenas dois de cada espécie entrassem na arca. 

 No entanto, a grande regra de ouro da interpretação bíblica é SEMPRE ler o contexto do texto. Isso ajuda a tirar conclusões mais corretas. Vejamos o que o contexto nos mostra:

(2) Na sequência da ordem de Deus, já no período em que Noé iria entrar na arca, Deus detalha muito mais a ordem e diz a ele: “De todo animal limpo levarás contigo sete pares: o macho e sua fêmea; mas dos animais imundos, um par: o macho e sua fêmea” (Gênesis 7:2). 

Observe que agora, sete dias antes de começar o dilúvio, Deus traz maiores pormenores da quantidade de animais de cada espécie. Temos a adição de dois termos: animais limpos e animais imundos.

Dos animais “limpos” Noé deveria levar 7 pares (7 machos e 7 fêmeas = 14 animais de cada espécie). Dos animais “imundos” deveria levar 1 par (1 macho e 1 fêmea = 2 animais de cada espécie ).

Agora sabemos que de algumas espécies eram 2 animais e de outras 14 animais. Mas o que seria esse termo animais limpos e imundos?

(3) O texto não explica em detalhes essa diferenciação. É verdade que em Levítico Deus separa os animais em limpos e imundos, com referência aos animais que o povo de Israel podia ou não podia comer, mas aqui não temos uma diferenciação tão clara.

Algumas hipóteses são que os animais limpos seriam aqueles que poderiam ser comidos mais tarde e, assim, por ser em maior número, poderiam se multiplicar mais rápido para serem alimento. 

 Também já se pensou que essa diferenciação seria entre animais selvagens e não selvagens. Ou mesmo que os limpos seriam os animais que Deus aceitava para serem usados nos sacrifícios que viriam mais tarde.

O fato é que somente Noé tinha essa resposta de forma totalmente detalhada vinda do próprio Deus.

Mas observe que um grupo de animais é citado como limpo: “Também das aves dos céus, sete pares: macho e fêmea; para se conservar a semente sobre a face da terra” (Gênesis 7:3).

(4) Dessa forma, concluímos que na arca de Noé tivemos a entrada de 1 par de cada espécie de animais chamados de “imundos” e também 7 pares de cada espécie de animais chamados “limpos”.

Concluímos também que a primeira parte da ordem de Deus (dada em Gênesis 6) é mais resumida e geral com relação aos animais, porém, depois, mais próximo do momento do dilúvio, a ordem se torna mais detalhada.

Toda essa matemática nos ajuda a entender como Deus cuidou de cada detalhe, como ele de fato cuida de tudo, gerencia tudo, organiza tudo para nos abençoar!

18 novembro 2024

Jesus deu poder aos discípulos para perdoar os pecados das pessoas?

 Postado por Presbítero André Sanchez

Você pergunta: Ao ler João 20:23 fiquei um pouco em dúvida sobre o significado desse texto, pois ali parece que Jesus está dando poder aos Seus discípulos para perdoar os pecados das pessoas. Mas esse poder não é só Deus que tem? Ou era alguma espécie de dom especial que Jesus deu a eles para que conseguissem avaliar o arrependimento das pessoas e darem ou não o perdão a elas? 

Caro leitor, alguns escritos bíblicos sobre coisas que Jesus disse entram em uma categoria que costumo chamar de ditos difíceis de Jesus, ou seja, são frases que nos trazem certas dúvidas sobre seu real significado e que exigem que nos apliquemos mais ao estudo para buscar uma compreensão correta. Mas não é porque são difíceis que são impossíveis de entender com boas doses de estudo!  

Jesus deu aos discípulos o poder de perdoar pecados?

(1) O texto referido é de João 20:23: “Se de alguns perdoardes os pecados, são-lhes perdoados; se lhos retiverdes, são retidos”. Essa fala de Jesus foi dita aos Seus discípulos após a Sua ressurreição, em um domingo, no final da tarde, em uma casa onde eles estavam trancados com medo dos judeus (João 20:19). 

Jesus apareceu milagrosamente no meio deles. O foco da mensagem de Cristo a eles ali naquele momento era sobre a missão que eles teriam: “Disse-lhes, pois, Jesus outra vez: Paz seja convosco! Assim como o Pai me enviou, eu também vos envio” (João 20:21).

A seguir Jesus sopra sobre eles o Espírito Santo: “E, havendo dito isto, soprou sobre eles e disse-lhes: Recebei o Espírito Santo” (João 20:22). E, então, vem a frase objeto desta nossa análise. O que Jesus estava querendo dizer com essa frase?

Os apóstolos receberam um dom especial para perdoar pecados?

(2) Essa é a possibilidade que um exame superficial nos leva a entender, no entanto, é pouco provável que Jesus tivesse realmente dado esse tipo de dom a eles.

Perdoar pecados requer uma análise infalível do coração das pessoas, um conhecimento pleno de fatos ocorridos e do que se passa no coração de alguém. 

Esse tipo de análise, que leva em conta todos esses aspectos, na Bíblia, só pode ser feita plenamente por Deus: “porque o SENHOR não vê como vê o homem. O homem vê o exterior, porém o SENHOR, o coração” (1 Samuel 16:7).

Existe uma menção do apóstolo Pedro declarando algo que se passou no coração de Ananias (Atos 5:3), no entanto, não temos menções ou quaisquer relatos que apoiem a ideia de que os discípulos de Cristo tivessem o poder de perdoar ou não os pecados das pessoas.

Qual o ensino de Cristo sobre esse texto, então?

(3) O mais provável é que Jesus esteja ensinando aos Seus discípulos que eles estavam sendo enviados e equipados com o Espírito Santo para proclamar que o perdão dos pecados no nome de Cristo estava disponível a todos os arrependidos e que, também, a rejeição a Cristo representaria a retenção, ou seja, o não perdão dos pecados das pessoas.

Essa autoridade foi dada aos apóstolos e a todos nós que somos discípulos de Jesus. Nós temos a autoridade para declarar às pessoas o evangelho, a boa notícia sobre o perdão pleno dos pecados pelo sacrifício de Jesus e também de mostrar o quão terrível é manter-se longe Dele. 

Não podemos também excluir aqui a autoridade da igreja de Cristo para ligar e desligar no céu e na terra, ou seja, a aplicação das disciplinas a pessoas que estão em desacordo com as exigências do evangelho.  

(4) Esse entendimento é fortemente apoiado pela observação do que os apóstolos fazem logo após esse encontro com Jesus.

Por exemplo, numa das primeiras pregações do apóstolo Pedro após a ascensão de Jesus, ele declara: “Respondeu-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos vossos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo” (Atos 2:38).

Essa é exatamente a mensagem ordenada por Cristo, o poder de apresentar às pessoas o perdão de Deus disponível pelo sacrifício de Cristo. Observe que Pedro não perdoou ele mesmo os pecados das pessoas, mas levou as pessoas a se arrependerem diante de Deus e crerem no sacrifício feito pelo Senhor Jesus para a remissão dos pecados.

Ao mesmo tempo, aqueles que rejeitaram essa mensagem continuaram com a culpa de seus pecados sobre si mesmos.

17 novembro 2024

Os 3 significados de mistério na Bíblia. Você conhece?

 Postado por Presbítero André Sanchez

Você pergunta: Quando a Bíblia diz que algo é um mistério, isso significa o que exatamente? Gostaria de compreender melhor o significado de mistério na Bíblia e se existem mistérios que ainda não foram revelados para nós hoje. Como compreender tudo isso biblicamente da forma correta?

Cara leitora, quando estudamos palavras de forma isolada dentro da Bíblia, precisamos sempre observar a aplicação dela dentro do contexto.

Por exemplo, a palavra mistério tem pelo menos três aplicações diferentes nos textos. E para saber qual o significado da aplicação dela temos que examinar o texto de forma detalhada. Vamos fazer isso agora na prática?

Mistério na Bíblia, o que significa?

(1) Em primeiro lugar, mistério na Bíblia indica conhecimentos que só Deus têm e que só Deus pode revelar quando, para quem e como desejar. Esse tipo de mistério geralmente é revelado em algum momento, a algum grupo específico que se interessar em saber dele. Por exemplo, vejamos Apocalipse 1:20:

“Quanto ao mistério das sete estrelas que viste na minha mão direita e aos sete candeeiros de ouro, as sete estrelas são os anjos das sete igrejas, e os sete candeeiros são as sete igrejas”.

Evidentemente, somente aqueles que entrarem em contato com o texto, que se interessarem em ouvir sobre ele, saberão desse mistério e como entendê-lo corretamente.

Vejamos mais um texto: “Com efeito, o mistério da iniquidade já opera e aguarda somente que seja afastado aquele que agora o detém” (2 Tessalonicenses 2:7).

Paulo está tratando aqui sobre o anticristo, o aparecimento dele. Apesar do conhecimento revelado de que ele aparecerá, observamos que parte do mistério ainda persiste, pois não é revelado um detalhamento preciso sobre como, quando será, por exemplo.

Veja ainda como Paulo mostra um mistério do qual não havia conhecimento e em seguida o revela: “Eis que vos digo um mistério: nem todos dormiremos, mas transformados seremos todos” (1 Coríntios 15:51).

Aqui ele revela o cenário da segunda vinda de Jesus. Alguns que estiverem vivos quando Jesus voltar não iriam passar pela morte (dormir), mas pela transformação do corpo corruptível para corpo incorruptível iriam passar! 

(2) Em segundo lugar, mistério na Bíblia também é relacionado ao plano de salvação a todas as nações desenhado por Deus através de Jesus Cristo.

Paulo é quem detalha isso de uma forma muito impressionante. Ele diz: “pois, segundo uma revelação, me foi dado conhecer o mistério, conforme escrevi há pouco, resumidamente” (Efésios 3:3). Aquilo que era desconhecido foi revelado a Paulo.

  Na sequência, ele dá maiores detalhes ainda sobre isso:

“o qual, em outras gerações, não foi dado a conhecer aos filhos dos homens, como, agora, foi revelado aos seus santos apóstolos e profetas, no Espírito, a saber, que os gentios são co-herdeiros, membros do mesmo corpo e co-participantes da promessa em Cristo Jesus por meio do evangelho” (Efésios 3:5-6).

Antigo Testamento já falava sobre a inclusão dos gentios no povo de Deus, por exemplo, quando Deus disse a Abraão que através dele toda as famílias da terra seriam abençoadas (Gênesis 12:3). Mas como isso seria feito era um mistério de Deus, que foi revelado aos apóstolos e profetas após Cristo.

(3) O terceiro significado de mistério na Bíblia aponta para coisas desconhecidas (secretas), que podem permanecer desconhecidas dos seres humanos, ou podem ser reveladas por Deus:

“Ao que respondeu: Porque a vós outros é dado conhecer os mistérios do reino dos céus, mas àqueles não lhes é isso concedido” (Mateus 13:11).

O contexto aqui é a parábola do semeador. Muitos ouviam as parábolas e não entendiam e não desejavam entendê-las. Para esses tudo permanecia um mistério. Mas para os servos de Deus, aqueles interessados pelos ensinos do mestre, os mistérios do que Deus estava ensinando seriam revelados.

Aqui nessa categoria ainda podemos incluir, por exemplo, os famosos sonhos citados na Bíblia e depois revelados pelos servos de Deus.

O faraó do Egito sonhou um grande mistério e este foi revelado por Deus a José do Egito que o comunicou (Gênesis 41:25-32).

Podemos também lembrar de uma mão que apareceu e escreveu palavras misteriosas na parede, diante do rei Belsazar. Somente Daniel conseguiu revelar o mistério das palavras escritas ali (Daniel 5:1-31).

16 novembro 2024

O que significa que de dia não te molestará o sol, nem de noite, a lua no Salmos 121:6?

Postado por Presbítero André Sanchez

Você Pergunta: Não compreendi muito bem o ensino do Salmos 121:6. Sei que o sol pode nos prejudicar com seus raios ultravioletas, mas como a lua poderá nos prejudicar, já que o texto fala de molestar? Gostaria de compreender com mais profundidade esse verso. Pode fazer um estudo para me ajudar nessa compreensão? 

 Caro leitor, a Bíblia tem centenas de usos figurados e poéticos de diversas expressões para tratar situações da nossa vida; expressões essas que nos ajudam a compreender de forma mais profunda e poética muitas das verdades a respeito da vida e de Deus.

Hoje iremos estudar com detalhes essa que você citou “de dia não te molestará o sol, nem de noite, a lua” no salmos 121:6.   

O que significa que de dia não te molestará o sol, nem de noite, a lua?

(1) O Salmos 121 trata a questão das incertezas e perigos que podemos sofrer em meio a essa vida. O salmista começa observando e perguntando: “Elevo os olhos para os montes: de onde me virá o socorro?” (Salmos 121:1). Alguém em busca de ajuda está em foco aqui. 

Esse que busca o socorro encontra-o em Deus: “O meu socorro vem do SENHOR, que fez o céu e a terra” (Salmos 121:2). Na sequência temos uma série de afirmações a respeito do cuidado de Deus pelos Seus servos:

(2) O Senhor não permitirá o tropeço destrutivo (Salmos 121:3), pois Ele está sempre alerta, não dorme (Salmos 121:3-4). Ele guarda e protege, estando sempre ao lado desse servo Dele (Salmos 121:5).

Agora, chegamos no verso de nossa análise: “De dia não te molestará o sol, nem de noite, a lua” (Salmos 121:6). 

(3) Comecemos analisando a palavra molestará. No hebraico é “nakah”, significa “golpear, açoitar, atingir, bater, sacrificar, matar”.

Como podemos perceber, essa palavra indica perigos, seja dos mais leves ou dos mais graves, violências que alguém pode sofrer.

Muitos se confundem na sequência desse verso, fazendo uma interpretação literal desse texto, pensando que Deus irá proteger dos “efeitos” negativos do sol e de algum efeito negativo da lua (se é que existe).

Mas dentro do contexto deste salmo isso faz pouco sentido. Sol e lua (entendidos de forma literal) não teriam qualquer efeito aqui sobre o salmista, que precisasse de uma ajuda de Deus.

(4) Isso nos leva, então, a compreender que o salmista faz um uso figurado, muito comum nos livros poéticos. Mas qual seria a figura? 

Temos aqui uma figura que nos aponta para uma proteção de Deus de dia (sol) e de noite (lua). Sabemos que sol e lua são usados como os luminares marcadores especiais do dia e da noite.

Sendo assim, o contexto nos indica que a proteção de Deus é o tempo todo, mesmo nas condições mais difíceis, seja de dia ou de noite (daí o uso de sol e lua).

É por isso que ele fala nos versos anteriores que Deus não dorme (Salmos 121:4), ou seja, é uma proteção permanente (do Senhor) nas diferentes condições de vida que vivemos no dia a dia.

(5) Dessa forma concluímos diante deste lindo salmo que o salmista reflete sobre onde buscar o socorro e que ele encontra esse socorro no Senhor.

Não um socorro fraco, parcial, mas um socorro completo, em todos os momentos, socorro do Todo Poderoso, sem defeito, pleno, total. Essa confiança é fruto da fé e da comunhão com o Senhor!

Aqueles que O buscam O encontrarão e receberão Dele o socorro, a bênção, a força, não em um só momento, mas em todo tempo, na vida toda! Glórias a Deus! 

03 novembro 2024

Como interpretar sonhos

 Autor Rev. Welfany Nolasco Rodrigues

Gênesis 40.8 “Eles responderam: Tivemos um sonho, e não há quem o possa interpretar. Disse-lhes José: Porventura, não pertencem a Deus as interpretações? Contai-me o sonho.”

Introdução: Os sonhos podem ser instrumentos de Deus para nos revelar os seus sinais, mas para entender isso é preciso buscar a interpretação do significado da visão espiritual noturna. Através da Palavra de Deus é possível alcançar o discernimento de coisas espirituais, separando de outras coisas que são naturais do ser humano.

Como interpretar os sonhos?

Vamos aprender sobre como interpretar sonhos biblicamente:

 

1- O Dom da Interpretação

I Coríntios 2.13,14 “Disto também falamos, não em palavras ensinadas pela sabedoria humana, mas ensinadas pelo Espírito, conferindo coisas espirituais com espirituais. Ora, o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente.”

Biblicamente existe um dom espiritual de interpretação e discernimento coisas espirituais como línguas estranhas e os mistérios de Deus que devem ser interpretados espiritualmente (I Coríntios 12.10; 14.5,13,26).

Dois personagens bíblicos que tinham o dom da interpretação são José do Egito e o profeta Daniel. Ambos estavam em terras pagãs e no meio de misticismos em torno de interpretações, as de forma diferente eles levaram a revelação de Deus.


José do Egito

Gênesis 41.14-16 “Então, Faraó mandou chamar a José, e o fizeram sair à pressa da masmorra; ele se barbeou, mudou de roupa e foi apresentar-se a Faraó. Este lhe disse: Tive um sonho, e não há quem o interprete. Ouvi dizer, porém, a teu respeito que, quando ouves um sonho, podes interpretá-lo. Respondeu-lhe José: Não está isso em mim; mas Deus dará resposta favorável a Faraó.”

José era um jovem sonhador (Gênesis 37.19) e entendia de sonhos. Foi usado por Deus para interpretar os sonhos de dois companheiros de cela (Gênesis 40.5-8) e depois do sonho do faraó (Gênesis 41.1-8), livrando o seu povo de uma grande fome.


Profeta Daniel

Daniel 5.12 “porquanto espírito excelente, conhecimento e inteligência, interpretação de sonhos, declaração de enigmas e solução de casos difíceis se acharam neste Daniel, a quem o rei pusera o nome de Beltessazar; chame-se, pois, a Daniel, e ele dará a interpretação.”

O profeta Daniel tinha o dom de interpretar coisas difíceis como sonhos e línguas (Daniel 5.7-26). Em vários momentos Daniel é usado para interpretações de coisas difíceis (Daniel 1.17)

I Coríntios 12.31 “Entretanto, procurai, com zelo, os melhores dons.”

Biblicamente podemos pedir a Deus os seus dons, então devemos orar buscando o discernimento de sonhos quando não entendemos.

 

2- Como buscar a interpretação de sonhos

O exemplo do profeta Daniel nos ensina o que fazer quando sonhamos e precisamos buscar a interpretação.


ESPERAR

Daniel 2.16 “Foi Daniel ter com o rei e lhe pediu designasse o tempo, e ele revelaria ao rei a interpretação.”

A interpretação pertence a Deus, bem como os sonhos e nunca podemos determinar quando vamos sonhar, nem quando vamos receber o significado, então devemos esperar no Senhor a sua revelação. Não podemos querer de imediato para não precipitar. O tempo que Daniel pediu serviu para o próprio rei Nabucodonosor que estava ameaçando os sábios da Babilônia (Daniel 2.8-13).


ORAR

Daniel 2.17,18 “Então, Daniel foi para casa e fez saber o caso a Hananias, Misael e Azarias, seus companheiros, para que pedissem misericórdia ao Deus do céu sobre este mistério, a fim de que Daniel e seus companheiros não perecessem com o resto dos sábios da Babilônia.”

Enquanto esperamos devemos orar em consagração ao Senhor que nos conceda a revelação. A consagração em jejum e oração preparam o ambiente espiritual para Deus revelar o seu propósito (Amós 3.7).


LOUVAR

Daniel 2.19-22 “Então, foi revelado o mistério a Daniel numa visão de noite; Daniel bendisse o Deus do céu. Disse Daniel: Seja bendito o nome de Deus, de eternidade a eternidade, porque dele é a sabedoria e o poder; é ele quem muda o tempo e as estações, remove reis e estabelece reis; ele dá sabedoria aos sábios e entendimento aos inteligentes. Ele revela o profundo e o escondido; conhece o que está em trevas, e com ele mora a luz.”

Toda revelação de Deus é para a sua glória. Se algo não glorificar ao Senhor, então não é de Deus. O louvor nos leva ao trono de Deus onde o Senhor se revela a nós porque “a intimidade do Senhor é para os que o temem, aos quais ele dará a conhecer a sua aliança” (Salmos 25.14). Enquanto adoramos Deus se faz presente e nos mostra o seu querer.

 

3- Significados dos símbolos nos sonhos

Deuteronômio 13.1-3 “Quando profeta ou sonhador se levantar no meio de ti e te anunciar um sinal ou prodígio, e suceder o tal sinal ou prodígio de que te houver falado, e disser: Vamos após outros deuses, que não conheceste, e sirvamo-los, não ouvirás as palavras desse profeta ou sonhador; porquanto o Senhor, vosso Deus, vos prova, para saber se amais o Senhor, vosso Deus, de todo o vosso coração e de toda a vossa alma.”

Um sério problema é pensar que alguém pode ter um manual de interpretação de sonhos com significados pré-estabelecidos. Isso gera misticismo e muitas pessoas caem em enganos (Judas 1.8).


Os significados dos símbolos nos sonhos são:


CLAROS

Os sonhos de Deus são muito claros e nunca trazem confusão (I Coríntios 14.33). Alguns significados são muito simples como por exemplo a luz, as trevas que sempre vão representar o bem e o mal (Gênesis 1.3,4 e João 1.5).

Alguns exemplos de símbolos que são claros na bíblia:

- PORTA: significa oportunidade (I Coríntios 16.8), o próprio Jesus disse: “Eu sou a porta” (João 10.7-9).

- ÓLEO: representa unção e cura (Tiago 5.14) pelo poder do Espírito Santo (I João 2.20).

- POMBA: simboliza o Espírito Santo (Lucas 3.22), como sinal de pureza e esperança (Gênesis 8.8-11).

 

ÚNICOS

Os sonhos de Deus também são únicos e só se repetem para confirmar o significado como os dois sonhos de Faraó (Gênesis 41.25 e 32). Em cada pessoa especificamente e em cada visão Deus se revela de uma forma nova.

Alguns significados de símbolos que podem ser ambíguos:

- FOGO: pode significar tanto provação (Isaías 43.2) como poder do Espírito Santo (Lucas 3.16).

- ÁGUA: simboliza tribulação (Salmos 124.5) ou também a Palavra de Deus (Efésios 5.26).

- SANGUE: pode representar tanto a morte (Apocalipse 6.9,10), como também a vida (Deuteronômio 12.23).

- PEDRA: tropeço ou problema (Mateus 16.23) e também firmeza (Mateus 16.18).

 

4- Características dos sonhos de Deus

Daniel 2.27,28 “Respondeu Daniel na presença do rei e disse: O mistério que o rei exige, nem encantadores, nem magos nem astrólogos o podem revelar ao rei; mas há um Deus no céu, o qual revela os mistérios, pois fez saber ao rei Nabucodonosor o que há de ser nos últimos dias. O teu sonho e as visões da tua cabeça, quando estavas no teu leito, são estas”

Existem características essenciais de sonhos que vêm de Deus. Quando o profeta Daniel foi perante o rei Nabucodonosor declarou que somente Deus pode revelar o significado dos sonhos (Daniel 2.30).

As principais características de sonhos de Deus são:

- INESQUECÍVEL: os sonhos e visões que vêm de Deus nunca serão esquecidos, porque são muito nítidos e cada detalhe é importante (Daniel 2.1).

- PROPÓSITO: todo sonho que vem de Deus tem um propósito especial (Daniel 2.29), porque “a manifestação do Espírito é concedida a cada um visando a um fim proveitoso.” (I Coríntios 12.7).

- ADORAÇÃO: os sonhos que vêm de Deus glorificam a Deus e não ao homem (Daniel 2.30 e 46).

 

Busque os sonhos de Deus!

CONCLUSÃO

Joel 2.28 “E acontecerá, depois, que derramarei o meu Espírito sobre toda a carne; vossos filhos e vossas filhas profetizarão, vossos velhos sonharão, e vossos jovens terão visões”

A revelação do sonho de Deus é um dom espiritual que o Senhor nos concede segundo a sua vontade e também nos mostra o seu significado. A promessa do derramamento do Espírito Santo é nos conceder estes sonhos e visões como dom de Deus. Então devemos buscar do Senhor este discernimento e compreender os nossos sonhos espiritualmente.

Isso é possível através da fé!