30 junho 2024

O crente pode usar incenso em casa? Isso pode atrair coisas ruins?

 Postado por Presbítero André Sanchez


Você pergunta: Eu tenho muitas dúvidas se o crente pode usar incenso em casa. Já li algumas coisas que dizem que incensos são coisas que estão carregados de espíritos ruins, que usá-los é levar o mal para dentro de casa porque eles são usados em religiões que são muito idólatras. Qual sua opinião sobre isso?  

Caro leitora, diante de uma dúvida como essa é sempre bom analisarmos as escrituras e verificarmos o que elas nos dizem para ter tranquilidade em usar ou rejeitar o uso de determinada coisa, nesse caso, o incenso.  

Crente pode usar incenso em casa?

(1) Na Bíblia Sagrada o incenso já foi usado na época do tabernáculo e do templo: “Arão queimará sobre ele o incenso aromático; cada manhã, quando preparar as lâmpadas, o queimará” (Êxodo 30:7). 

Esse incenso aromático tinha uma receita especial dada pelo próprio Deus (Êxodo 30:34-37). Um detalhe interessante sobre ele é que a receita usada para prepará-lo era exclusiva, ou seja, ninguém podia copiá-la e fazê-la, por exemplo, para colocar em casa:

“Quem fizer tal como este para o cheirar será eliminado do seu povo” (Êxodo 30:38). Por isso, essa receita específica só era usada no tabernáculo e mais tarde no templo.

(2) O incenso era usado também juntamente com sacrifícios oferecidos a Deus. O Aroma agradável representava uma forma de alegrar o Senhor com aquilo que se estava oferecendo, pois o incenso era algo precioso:

“Quando alguma pessoa fizer oferta de manjares ao SENHOR, a sua oferta será de flor de farinha; nela, deitará azeite e, sobre ela, porá incenso” (Levítico 2:1).

É importante ressaltar que o incenso nessa época era algo extremamente valioso devido à dificuldade para encontrar os ingredientes para sua preparação, que eram muito raros e sua extração na natureza não era simples e muitas vezes os elementos que o compunham tinham de vir de longe, fazendo com que fossem bem caros, daí a preciosidade. 

(3) O uso do incenso no tabernáculo e no templo tinha como principal significado atrelado a ele o simbolismo das orações subindo até Deus. Ou seja, a fumaça que saia e ia subindo representava as orações indo até o Senhor: 

“Suba à tua presença a minha oração, como incenso, e seja o erguer de minhas mãos como oferenda vespertina” (Salmos 141:2). Era um aspecto visível de algo invisível que ocorria, ou seja, Deus ouvia o seu povo.

(4) De fato, o incenso era também usado entre diversas religiões, com propósitos de oferendas a deuses, purificação, retirar energias ruins, enfim, o incenso teve (e tem) seu uso no decorrer dos tempos muito atrelado a religiões idólatras, o que fez dele um símbolo nas épocas mais atuais de algo estranho à fé cristã.

Por isso, muitos cristãos têm dúvidas se podem usar esse elemento em suas casas para aromatizar, ficando receosos de estarem cometendo algum tipo de pecado contra Deus. Mas como resolver essa dúvida? Vejamos.

(5) Primeiro, não temos na Bíblia qualquer ordenança para o uso de incensos com fins religiosos após Cristo. Isso significa que se o seu objetivo em usar incensos em casa é com o fim de algum tipo de culto a Deus, está errado, é desnecessário e causa confusão.

Segundo, o cristão não deve, em hipótese alguma, usar incensos com objetivos apoiados em crendices e superstições pagãs, como “limpar as energias”, proteger de “mau olhado”, afastar os “espíritos ruins”, etc.

Essas coisas não são coerentes a fazer, pois são contrárias aos ensinos bíblicos e à fé cristã. Sendo assim, o único uso possível de incenso para um cristão é no caso do uso ser para aromatizar. 

Se o foco é apenas aromatizar um ambiente, trazer determinado cheiro a ele, sem qualquer tipo de uso religioso e baseado em crendices, então, não vejo qualquer problema em usar, pois não existe nenhum poder nos elementos que o compõe, são apenas elementos que, quando queimados, liberam aromas.

Estes 5 princípios bíblicos vão te ajudar a ser próspero nas finanças mesmo nas crises

  Postado por Presbítero André Sanchez

Vacas gordas e vacas magras. Essas são duas situações que todos nós passaremos mais cedo ou mais tarde em nossas vidas. Há dias em que temos fartura e há dias (às vezes muitos) em que vivemos dificuldades grandiosas até mesmo para ter o essencial para uma vida digna. 

O grande fato, porém, é que existem na Bíblia pelo menos cinco princípios muito poderosos que vão nos ajudar a passar por esses dias (sejam de vacas gordas ou muito magras) de uma forma mais tranquila, sendo prósperos em nossas finanças, mas claro, se os aplicarmos com sabedoria.

Você quer aprender esses cinco princípios? Então continue comigo até o final!

5 princípios bíblicos para ter sucesso nas finanças

(1) Ter em mente que dias difíceis aparecerão mais cedo ou mais tarde

Quando temos um emprego e certa estabilidade nas finanças, quando ganhamos um salário que nos atende muito bem em nossas necessidades ou quando tudo vai bem em nossa vida, costumamos ter um certo “otimismo prejudicial” que nos deixa distraídos para uma verdade incontestável:

Os dias difíceis aparecerão! José do Egito tinha claramente esse princípio em mente quando disse ao Faraó:

“Seguir-se-ão sete anos de fome, e toda aquela abundância será esquecida na terra do Egito, e a fome consumirá a terra” (Gênesis 41:30). 

Ter em mente que dias difíceis aparecerão nos torna mais prudentes em nossos gastos, em nossa forma de administrar, em nossa forma de lidar com o dinheiro e com tudo aquilo que conquistamos com nosso trabalho.

Quando anos de abundância estão diante de nós costumamos esbanjar, desperdiçar, administrar de forma distraída os nossos recursos, o que nos levará a grande dor nos dias difíceis. Por isso, pense hoje: Será que amanhã enfrentarei dias difíceis? Como posso me preparar hoje para eles?

(2) Tenha planos claros para enfrentar os dias difíceis

Quando a crise chegar e desestabilizar suas finanças e sua vida o que você vai fazer? Se perder o emprego, se houver cortes de salário em sua empresa ou se seu negócio vender menos do que nos anos de vacas gordas, o que você fará? Qual é o seu plano para os dias de vacas magras?

José do Egito tinha em mente que deveria haver um plano para enfrentar os dias de vacas magras, que era preciso refletir agora, quando tudo estava bem, a respeito do que precisaria ser feito agora para que os dias difíceis não tivessem tanto impacto negativo sobre suas vidas:

“Faça isso Faraó, e ponha administradores sobre a terra, e tome a quinta parte dos frutos da terra do Egito nos sete anos de fartura. Ajuntem os administradores toda a colheita dos bons anos que virão, recolham cereal debaixo do poder de Faraó, para mantimento nas cidades, e o guardem. Assim, o mantimento será para abastecer a terra nos sete anos da fome que haverá no Egito; para que a terra não pereça de fome” (Gênesis 41:34-36). 

Para ser próspero nas finanças, mesmo nos momentos de crise, é preciso ter planos claros e realizáveis para nos guiar nos momentos de fartura e também nos momentos de crise que poderão vir. 

(3) Siga os planos religiosamente

Não adianta ter planos e não os seguir. José do Egito apresentou um grandioso plano ao Faraó: guardar 20% de toda a colheita que fosse realizada nos bons anos.

Era um plano inteligente, porém, não era fácil de ser colocado em prática. Onde guardar tudo isto? Certamente precisariam construir grandes celeiros de estocagem. Também foi necessário sacrifício para não mais gastar tudo que era produzido, antes, todos precisariam economizar.

Foi necessário o convencimento de todos e a participação de todos os envolvidos. Foi necessário foco para que a administração fosse precisa: quanto colhemos? Quando precisamos para sobreviver? Quanto iremos guardar? Onde podemos cortar para não consumirmos mais do que o necessário?

A administração dos planos é um princípio essencial para vencermos os tempos de crise antes mesmo que eles cheguem. 

(4) Faça poupança

Não existem milagres na matemática. Se você gasta mais do que ganha, se compromete a maioria da sua renda com dívidas ou se gasta muito com supérfluos, passará por graves problemas nos tempos de vacas magras.

José do Egito usa o princípio da poupança para resolver o problema das vacas magras, da crise que iriam viver. Esse princípio é poderoso! Poupe o máximo que puder. Não importa se é pouco, mas poupe. O que você poupar hoje poderá te alimentar amanhã. José estipulou que 20% fosse poupado. Esse é um bom número.

Se você consegue poupar 20% do que ganha, em 5 meses consegue poupar o sustento de 1 mês. Isso fará muita diferença quando as vacas magras baterem a sua porta. Faça da poupança um plano inegociável.

Durante 7 anos, o povo do Egito foi obrigado a poupar 20% de sua produção. Obrigue-se também a poupar. Não negocie, faça acontecer como José do Egito fez, custe o que custar!

(5) Não seja relaxado em nenhum momento

A abundância torna as pessoas relaxadas (descuidadas) na administração de seus ganhos. José do Egito mais uma vez nos ensina que não se pode baixar a guarda quando o assunto é a administração de nossos ganhos. 

Mesmo nos sete anos de vacas magras que ele viveu com os egípcios, quando estavam com os celeiros cheios pela prudência de sua boa administração, não deixou de trabalhar e aumentar seus ganhos:

“Assim, comprou José toda a terra do Egito para Faraó, porque os egípcios venderam cada um o seu campo, porquanto a fome era extrema sobre eles; e a terra passou a ser de Faraó” (Gênesis 47:20).

Aqueles que foram prudentes na época das vacas gordas, venceram a crise e cresceram ainda mais seu patrimônio, enquanto aqueles que foram relaxados, perderam seus bens pela imprudência da sua administração.

Seja prudente com seus ganhos, assim, não só poderá vencer os tempos de vacas magras, como também poderá socorrer pessoas e fazer muitos bons negócios para crescer ainda mais nos tempos de crise!

29 junho 2024

Por que estou passando por tantas provações se deixei o pecado e sou fiel a Deus?

 Postado por Presbítero André Sanchez

Você pergunta: Eu não entendo! Enquanto eu estava longe de Deus parece que as coisas não eram tão difíceis. Parece que a partir do momento em que fiz um propósito de ser santo e ser fiel a Deus as coisas ficaram mais difíceis. Não aguento mais tantas provações. Se sou fiel a Deus as coisas não deveriam ser diferentes? 

Caro leitor, em primeiro lugar gostaria de te dizer que me solidarizo com suas provações. Sofrimentos não são fáceis e realmente desequilibram nossa vida. Mas gostaria de pontuar algumas questões bíblicas importantes para que os que passam por provações possam compreender essa questão.  

Sou fiel a Deus e é só provação na minha vida! 

(1) Hoje é muito difundido no meu cristão que o servo de Deus deve ter uma vida abundante financeiramente falando. Usam o texto de João 10:10 para declarar que servos de Deus não podem ser pobres, não podem passar por tribulação, não podem ficar doentes, etc., etc. Isso é uma inverdade.

Vida abundante é uma vida dentro dos propósitos de Deus, ainda que esses propósitos sejam desafiadores. Observe, por exemplo, aqueles que a Bíblia cita como heróis da fé em Hebreus 11:36-40.

Esses servos de Deus passaram por grandes provações e foram considerados como pessoas de vida abundante, pois andaram nos caminhos do Senhor mesmo diante das contrariedades.

(2) Jesus Cristo deixou claro aos seus discípulos que o caminho de Deus é apertado e que a porta é estreita (Mateus 7:13-14). Porém, é o caminho da vida que está em Jesus (João 14:6). Jesus também alertou que no mundo passaríamos por aflições, mas deveríamos nos espelhar Nele, que venceu a todas (João 16.33). 

Jesus disse que o verdadeiro discípulo deveria levar a sua cruz, ou seja, pagar o preço de ser um seguidor de Jesus (Mateus 10:38). Jesus não enganou ninguém, deixou claro que o caminho de Deus é o melhor de todos os caminhos, porém, não é o mais fácil.

 (3) Os inimigos do servo de Deus sempre se levantam quando este vive uma vida piedosa. Quando você disse que antes de conhecer a Deus sua vida era “melhor”, na realidade, não sabe exatamente o que está dizendo.

A vida sem Deus é uma vida de morte, o caminho sem Deus também leva a morte (Provérbios 14:12,27). O que ocorre é que quando você vivia de acordo com o que agradava o mundo este não oferecia nenhuma resistência a você.

Mas quando você decide viver uma vida que agrada a Deus os inimigos se enfurecem. Paulo disse isso claramente na sua carta ao jovem pastor Timóteo: “Ora, todos quantos querem viver piedosamente em Cristo Jesus serão perseguidos.” (2 Timóteo 3:12).

(4) Mas você deve saber que a provação não é uma maldição. A Bíblia mostra a provação de uma outra forma, veja: “Meus irmãos, tende por motivo de toda alegria o passardes por várias provações, sabendo que a provação da vossa fé, uma vez confirmada, produz perseverança. Ora, a perseverança deve ter ação completa, para que sejais perfeitos e íntegros, em nada deficientes.” (Tiago 1:2-4).

(5) É evidente que a provação não é gostosa e a Bíblia não nos manda sermos masoquistas. O xis da questão é a forma como a vemos.

Se compreendermos quem somos, nossa missão de vida, os inimigos que lutam conosco e a soberania de Deus sobre todas as coisas, inclusive sobre as nossas provações, iremos enfrentá-las com outro ânimo e crescer a partir das lutas contra elas.

Jesus é o exemplo máximo de alguém que transformou provação em bênção. É por isso que Tiago diz para termos alegria quando estamos enfrentando as provações. Ele sabia que não as estava enfrentando sozinho, ele sabia porque elas vinham sobre ele, ele sabia que podia transformá-las em crescimento e bênção, por isso, podia ter alegria ao passar por elas, ainda que fossem dolorosas.

Os animais têm corpo, alma e espírito? O que a Bíblia diz?

  Postado por Presbítero André Sanchez

Você pergunta: Eu sou apaixonada por bichinhos desde de criança. E todos que têm bichinhos sabem que a nossa maior dor é quando eles morrem. Sempre me perguntei se os animais têm alma, se são como nós, mas nunca achei essa resposta na Bíblia. Você pode me ajudar a compreender essa questão? 

Cara leitora, essa é realmente uma pergunta muito interessante. Quero te convidar a analisarmos juntos à luz da Bíblia aquilo que é revelado sobre se os animais têm alma. 

 Animais têm alma? O que a Bíblia diz?

(1) A primeira coisa que precisamos definir é o que entendemos por alma. Na Bíblia, alma e espírito são sinônimos e apontam para a parte imaterial do ser humano em todos os aspectos. 

É por isso que algumas vezes a Bíblia se refere, por exemplo, aos nossos sentimentos como alma (Salmos 13:2) e, em outras, usa alma para falar do nosso ser espiritual (Ezequiel 18:4).

  Agora que definimos o que é alma, vamos considerar em nossa análise se os animais têm alma como os seres humanos têm.

(2) Quando analisamos a criação observamos a criação dos animais em Gênesis 1:20-25. Nessa criação não existe qualquer detalhamento falando a respeito de alma ou espírito.

Mas nos chama a atenção que é revelado que Deus fez os animais “conforme as suas espécies”. Isso nos ajudará a entender melhor a situação daqui a pouco.

Continuemos: Já na criação do ser humano, encontramos dentro do detalhamento dado por Deus, que o ser humano foi criado à imagem e semelhança de Deus (Gênesis 1:26) e também que Deus o criou com corpo e alma ou espírito (Gênesis 2:7). Aqui temos uma diferença fundamental entre animais e seres humanos.

(3) Feitas essas colocações podemos concluir algumas coisas: os animais não têm uma alma como os seres humanos têm, ou seja, uma parte imaterial imortal, sendo imagem e semelhança de Deus.  

O que os animais possuem é o instinto. O instinto foi dado por Deus a eles quando os criou “segundo as suas espécies”.

Deus escreveu dentro deles leis naturais que cada espécie iria seguir. É por isso que cada espécie de animal age de uma forma, que algumas são selvagens enquanto outras se deixam domesticar, e outras diversas ações características de cada espécie. O instinto é o fôlego de vida do animal.

(4) Não podemos negar, no entanto, que existe certo nível de emoções e inteligência dentro do ser de cada animal. Veja este texto: “O boi conhece o seu possuidor, e o jumento, o dono da sua manjedoura…” (Isaías 1:3).

Como um boi ou um jumento poderiam “conhecer” o seu dono se não existisse algo dentro dele que o possibilitasse interagir dessa forma como os seres humanos?

Alguns entendem que isso poderia ser um indicativo de que os animais têm alma como nós seres humanos temos, no entanto, isso é pouco provável.

O mais provável é que dentro do instinto dos animais exista essa capacidade, especialmente em espécies de animais domésticos; uma capacidade que permite que eles interajam com o mundo a sua volta, especialmente com os seres humanos. 

(5) Alguns ainda usam o texto de Eclesiastes 3:16-22, principalmente o verso 19 para afirmar que os animais têm alma: “Porque o que sucede aos filhos dos homens sucede aos animais; o mesmo lhes sucede: como morre um, assim morre o outro, todos têm o mesmo fôlego de vida, e nenhuma vantagem tem o homem sobre os animais; porque tudo é vaidade” (Eclesiastes 3:19).

Analisando, porém, esse texto e o seu contexto, observamos que quando o autor fala de “fôlego de vida” não está falando da alma, mas do corpo e da morte como algo que atinge homens e animais, que quando morrem voltam ao pó.

Logo mais à frente o autor fala sobre a alma dos homens de forma detalhada e esclarecida: “e o pó volte à terra, como o era, e o espírito volte a Deus, que o deu” (Eclesiastes 12:7). 

(6) Assim concluímos que, biblicamente, não temos elementos claros para afirmar que os animais têm alma como nós seres humanos temos.

Antes, eles têm o seu instinto que os capacita a cumprir a missão que Deus deu a cada espécie dentro da natureza e também na interação com o ser humano dentro do período de vida de cada um.

28 junho 2024

O que a Bíblia ensina sobre corpo, alma e espírito?

 Postado por Presbítero André Sanchez

Você Pergunta: Tenho uma grande dúvida a respeito dessa questão de sermos corpo, alma e espírito. Não consigo identificar bem cada parte, principalmente a diferença entre alma e espírito. E mais: Por exemplo, quando morremos, morre o corpo, o espírito volta a Deus, mas e a alma? Onde ela fica? Isso tudo me deixa bem confuso. O que a Bíblia ensina sobre essa questão de corpo, alma e espírito? 

Caro leitor, essa é uma questão que confunde muitas pessoas, mas que, na realidade, não é tão complicada de compreender quando analisamos o que a Bíblia ensina sobre isso.

Somos corpo, alma e espírito?

(1) Algumas pessoas afirmam que nós somos compostos por três partes distintas, que são corpo, alma e espírito. Geralmente, usam algumas citações bíblicas que existem e que mencionam corpo, alma e espírito, e também alguns textos bem interessantes como, por exemplo, Hebreus 4:12: 

“Porque a palavra de Deus é viva, e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até ao ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e propósitos do coração”.

Baseados em textos como esse, afirmam que somos compostos por três partes distintas, que são interligadas de certa forma.

(2) No entanto, uma análise mais profunda da Bíblia nos mostra que esse pensamento não se sustenta. Quando a Bíblia usa em muitas de suas passagens “alma” e “espírito”, as usa como sinônimos, ou seja, se referem a parte imaterial do ser humano. Vejamos dois exemplos:

“Não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma; temei, antes, aquele que pode fazer perecer no inferno tanto a alma como o corpo” (Mateus 10:28).

Observe que nesse texto “alma” é usada para designar a parte imaterial do ser humano. Além disso, Jesus usa o termo corpo e alma para designar o ser humano em sua completude, em suas duas partes de que é composto. Jesus não usa corpo, alma e espírito.

Vejamos um outro texto: “Ambas se tornaram amargura de espírito para Isaque e para Rebeca” (Gênesis 26:35). Aqui temos a palavra espírito sendo usada também para designar a parte imaterial do ser humano. 

No caso, as esposas que Esaú tomou para si feriram o coração, a alma, os sentimentos de Isaque e Rebeca, ou seja, a parte que é imaterial! 

(3) Mas como explicar o texto de Hebreus 4:12 citado no ponto 1 deste estudo? Simples. Ali nós temos a citação de Paulo “dividir alma e espírito” mostrando que a palavra de Deus penetra no mais profundo do ser da pessoa e não que a Palavra de Deus retalha a pessoa em diversos pedaços e que esses pedaços constituem o que ela é, a sua divisão natural.

Se a pessoa fosse “corpo, alma e espírito” (3 partes), Hebreus 4:12 ficaria sem sentido, pois, estaria falando em dividir algo que já seria dividido!

Um texto parecido com esse está em Deuteronômio 6:5: “Amarás, pois, o SENHOR, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de toda a tua força”.

Será que ao invés do ser humano ser somente corpo e alma, na realidade, ele é corpo, alma, coração e força? Evidentemente, o texto não está particionando o ser humano, mas mostrando que devemos amar a Deus com tudo que somos.

Se fossemos considerar cada sinônimo dado para o nosso ser interior, nossa parte imaterial, certamente seríamos subdivididos em dezenas de partes, tais como (âmago, coração, mente, alma, ser, entendimento, sentimento, espírito, interior, etc.). Todas essas “partes” são citadas na Bíblia. 

(4) Mas talvez o texto mais citado por aqueles que afirmam que somos corpo, alma e espírito seja 1 Tessalonicenses 5:23 “O mesmo Deus da paz vos santifique em tudo; e o vosso espíritoalma e corpo sejam conservados íntegros e irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo”.

Mas uma vez não temos um texto de Paulo que tenha como objetivo tratar das partes que compõe o ser humano. O que temos aqui é Paulo considerando a pessoa humana de pontos de vistas diversos (em sua totalidade) e não como partes diversas que a compõe.

O mesmo acontece, por exemplo, em Marcos 12:30: “Amarás, pois, o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de toda a tua força”.

Aqui são citadas quatro diferentes nuances da nossa parte imaterial e material, o que não significa que somos compostos por essas quatro partes como que separadas.

(4) Dessa forma, fica bastante claro que somos um corpo, que é o que representa a nossa materialidade. E somos um espírito ou alma, que representa a nossa parte imaterial que, unida ao corpo, compõe o nosso ser criado por Deus em sua totalidade.

Um texto que deixa isso bem claro é este: “e o pó volte à terra, como o era, e o espírito volte a Deus, que o deu” (Eclesiastes 12:7) 

Dentro do corpo e alma (ou espírito) temos diversas nuances que demonstram a nossa complexidade enquanto seres humanos feitos à imagem e semelhança de Deus.

O segredo para ter experiências sobrenaturais com Deus na prática!

 Postado por Presbítero André Sanchez

Você Pergunta: Eu me sinto muito frio espiritualmente. Vejo pessoas contando experiências grandiosas com Deus e eu não sinto nada na minha vida, tudo parece parado e frio. Será que existe algum problema na minha com minha fé? O que eu poderia fazer para ter experiências marcantes, experiências sobrenaturais com Deus? Pode me ensinar? 

Caro leitor, muitos crentes gostam de criar um tipo de termômetro para medir como estão suas vidas com Deus. E esse termômetro, geralmente, é alimentado por emoções.

Ou seja, quanto mais tocado emocionalmente eu estiver, mais fervoroso estou. Quanto mais arrepios, quanto mais vontade chorar, quanto mais coração disparado, mais experiência com Deus eu tenho!

No entanto, apesar das emoções terem sim parte em tudo na nossa vida, sinto desapontar a muitos, mas experiências emocionais não são a base para que você tenha uma experiência verdadeira e até sobrenatural de fé com Deus!

Mas tem isso na Bíblia, presbítero? Sim, vou te mostrar!   

A verdadeira experiência profunda com Deus

Quando Jesus tem um encontro com Zaqueu, aquele personagem rico e que era publicano, apesar de termos emoções envolvidas ali, o que chama a atenção é que a decisão de Zaqueu é que toma centralidade no texto:

“Entrementes, Zaqueu se levantou e disse ao Senhor: Senhor, resolvo dar aos pobres a metade dos meus bens; e, se nalguma coisa tenho defraudado alguém, restituo quatro vezes mais” (Lucas 19:8).

A Bíblia não diz que Zaqueu caiu ao chão, nem que chorou por horas, nem que teve um tipo de experiência sobrenatural. Ele creu em Jesus e seu coração se converteu, gerando ATITUDES de justiça e fé. Jesus diz após isso:

“Então, Jesus lhe disse: Hoje, houve salvação nesta casa, pois que também este é filho de Abraão” (Lucas 19:9).

A maior evidência de contato com Deus que pode haver no coração de um servo de Deus, não é uma experiência emocional e sobrenatural, mas um arrependimento sincero que gera transformações reais de vida. Ali Deus está!

Claro, isso não significa que a emoção não pode estar em tudo isso. Mas ela não é central. Ou seja, mesmo que não tenha emoção alguma, se houver coração quebrantado, isso é suficiente e é muito sobrenatural! É Deus agindo! 

Por isso, quem quer ter experiências sobrenaturais reais com Deus, precisa entender que a obediência a Deus é a maior experiência sobrenatural que você deve ter e desejar! Se Deus te proporcionar algo a mais do que isso, ótimo! Mas saiba que isso não deve ser seu foco principal!

Quando Tiago explicou o que era a verdadeira religião, ou seja, o que realmente mostrava que alguém se conectou com Deus de verdade, ele ensinou: 

“A religião pura e sem mácula, para com o nosso Deus e Pai, é esta: visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações e a si mesmo guardar-se incontaminado do mundo” (Tiago 1:27).

Observe novamente que a Bíblia não usa o termômetro de experiências sobrenaturais ou emocionais! O termômetro é servir ao próximo e ser santo!

Reafirmo: a maior experiência sobrenatural que podemos ter com o Senhor é fazer a vontade Dele, estarmos no caminho da santidade! Isso é maravilhoso e algo grandioso, pois a nossa natureza humana não quer essas coisas!

Mas, então, eu não posso desejar ver um anjo, ou ver a luz de Deus, ou sentir meu interior queimando com a presença do Espírito Santo? 

O segredo para ter experiências sobrenaturais com Deus

Sim, você pode desejar isso, pode até orar pedindo isso. No entanto, isso não pode ser o seu alicerce. Pois essas coisas não são essenciais e não precisam acontecer para que Deus esteja em sua vida. Se elas não acontecerem você deve ser capaz de continuar cheio da presença de Deus em sua vida, obedecendo e fazendo a vontade Dele!

apóstolo Paulo foi alguém que teve muitas experiências sobrenaturais com Deus. Algumas delas estão escritas para nosso conhecimento. Mas quando ele fala sobre sua vida com Deus diante das problemáticas do mundo, ele declara:

“Pelo que sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias, por amor de Cristo. Porque, quando sou fraco, então, é que sou forte” (2 Coríntios 12:10).

Observe que o apóstolo só cita sentimentos e experiências difíceis, geralmente dolorosas, que mexem negativamente com as emoções. Mas ele conseguiu, através da sua fé e amor incondicional a Deus, ver além delas, além das emoções doídas que vivia! 

Ele consegue ver Deus através de tudo que vivia! Esse é o segredo para ter muitas experiências sobrenaturais com Deus. Enxergar a mão de Deus em todas as coisas, vê-lo trabalhando até na nossa dor!

Vê-lo cumprindo Suas promessas mesmo quando não sentimos nada do que desejamos! Mesmo quando nossos sentimentos, ao contrário, estejam nos dizendo que Deus não está em nada (pois nosso coração é enganoso!)

O apóstolo Paulo ainda nos relata que ele sabia o que o esperava em sua missão e não eram somente experiências sobrenaturais gostosas de se sentir:

“E, agora, constrangido em meu espírito, vou para Jerusalém, não sabendo o que ali me acontecerá, senão que o Espírito Santo, de cidade em cidade, me assegura que me esperam cadeias e tribulações” (Atos 20:22-23).

Por fim, experiências sobrenaturais não são fator fundamental para uma fé forte. Lembremos do povo de Israel, que foi liberto do Egito, teve experiência de ver as pragas, viu o Mar Vermelho ser aberto, viu água brotar no deserto! Muitas experiências sobrenaturais, não é mesmo? Mas o que ocorreu com eles? Abandonaram o Senhor e se entregaram à murmuração!

Como bem nos ensinou o Senhor Jesus: “Disse-lhe Jesus: Porque me viste, creste? Bem-aventurados os que não viram e creram” (João 20:29).

27 junho 2024

O livro de Malaquias foi escrito somente para os sacerdotes?

 Postado por Presbítero André Sanchez

Você pergunta: Ultimamente tenho ouvido muitas pregações, principalmente contrárias aos dízimos, dizendo que o livro de Malaquias foi escrito para os sacerdotes, ou seja, não eram orientações para o povo em geral. Qual sua opinião sobre isso? Gostaria de entender se o livro de Malaquias foi escrito para os sacerdotes ou para todo o povo de Israel. 

Caro leitor, eu também já ouvi tais pregações dizendo que Malaquias teria sido escrito para sacerdotes. Mas será que essa é a realidade do livro? Hoje iremos analisar dentro do próprio livro a quem foram endereçadas as mensagens trazidas pelo profeta.  

O livro de Malaquias foi escrito para os sacerdotes? 

(1) Malaquias profetizou quando Israel tinha voltado do exílio babilônico e estava retornando a sua vida normal, reconstruindo aquilo que havia sido destruído.

No entanto, ainda era uma comunidade que estava abatida e desesperançada. Apesar do exílio vivido algum tempo antes, o povo estava voltando às práticas pecaminosas que Deus havia condenado.

O profeta é enviado, então, para trazer não somente palavras de condenação, mas de orientação e esperança na futura vinda do Messias.

Malaquias escreveu para os sacerdotes?

(2) O capítulo 1 já demonstra que esse primeiro trecho não foi escrito especificamente para os sacerdotes. Vejamos:

“Sentença pronunciada pelo SENHOR contra Israel, por intermédio de Malaquias. Eu vos tenho amado, diz o SENHOR; mas vós dizeis: Em que nos tens amado? Não foi Esaú irmão de Jacó? —disse o SENHOR; todavia, amei a Jacó…” (Malaquias 1:1-2).

Observe que a primeira acusação de Deus é ao povo como um todo (observe que Deus fala de Sua escolha desse povo), povo esse que desafiava o amor de Deus, questionando-o. 

Na sequência, no próximo trecho, Deus se dirige aos sacerdotes de forma específica, que não O estavam honrando, pois faziam um trabalho mal feito ao Senhor:

“Quando trazeis animal cego para o sacrificardes, não é isso mal? E, quando trazeis o coxo ou o enfermo, não é isso mal? Ora, apresenta-o ao teu governador; acaso, terá ele agrado em ti e te será favorável? —diz o SENHOR dos Exércitos” (Malaquias 1:8). 

Vejam também Malaquias 1:6, onde está claro a fala específica aos sacerdotes nesse trecho.

(3) No capítulo 2 de Malaquias Deus continua falando duramente com os sacerdotes, mostrando a eles que suas atitudes receberiam duros castigos:

“Por isso, também eu vos fiz desprezíveis e indignos diante de todo o povo, visto que não guardastes os meus caminhos e vos mostrastes parciais no aplicardes a lei” (Malaquias 2:9).

Podemos observar com isso que a liderança de Israel nesse período da história estava totalmente distante das leis de Deus, o que resultava também em um povo que seguia esses passos ruins. 

Na sequência do capítulo dois Deus tira o foco dos sacerdotes e volta novamente ao povo, condenando a infidelidade deles:

Judá tem sido desleal, e abominação se tem cometido em Israel e em Jerusalém; porque Judá profanou o santuário do SENHOR, o qual ele ama, e se casou com adoradora de deus estranho” (Malaquias 2:11).

Nesse trecho fica clara a reprovação direcionada de Deus com as atitudes do povo como um todo e não especificamente (e somente) de sacerdotes.

(4) Continuamos agora no capítulo 3 onde Deus fala da vinda do precursor do messias (Malaquias 3:1-5), que mais tarde foi identificado como sendo João Batista.

Evidentemente essa profecia tem foco em todo o povo e não somente nos sacerdotes. Segue-se o famoso texto sobre dízimos e ofertas. Para quem Deus está falando ali?

Vejamos: “Porque eu, o SENHOR, não mudo; por isso, vós, ó filhos de Jacó, não sois consumidos. Desde os dias de vossos pais, vos desviastes dos meus estatutos e não os guardastes; tornai-vos para mim, e eu me tornarei para vós outros, diz o SENHOR dos Exércitos; mas vós dizeis: Em que havemos de tornar?” (Malaquias 3:6-7). 

Observe que essa parte da acusação de Deus é feita ao povo e não a sacerdotes. Fica fácil de identificar isso no trecho destacado acima e mais ainda em Malaquias 3:9-10, quando Deus acusa a “nação toda” de roubá-Lo e manda trazer os dízimos à casa do tesouro.

Quem trazia os dízimos? O povo, claro! Em Malaquias 3:12 Deus finaliza olhando para todo o povo e dizendo que as nações os chamarão de felizes por causa das bênçãos do Senhor sobre eles.

Evidentemente está falando para a nação como um todo e não com sacerdotes de forma exclusiva.

(5) Creio que até aqui conseguimos perceber claramente que Malaquias trouxe sentenças direcionadas a sacerdotes, mas também a todo o povo.

É um grave erro de interpretação dizer que Malaquias inteiro foi escrito para sacerdotes de forma específica.

Conforme demonstrei acima, Deus quis falar sim com os líderes do povo, mas também com o próprio povo, já que os pecados tratados estavam enraizados na nação toda e não somente na liderança.