20 novembro 2024

Qual a diferença entre ressurreição e reencarnação?

Postado por Presbítero André Sanchez

Você Pergunta: Eu tenho uma amiga que é espírita kardecista. Estávamos conversando a respeito da reencarnação, e eu disse a ela que não era bíblico, mas ela me disse algo que me deixou sem resposta: ela me disse que reencarnação e ressurreição são a mesma coisa. Inclusive, que os judeus da época em que a Bíblia foi escrita acreditavam na reencarnação. Não soube contestá-la biblicamente. Pode me ajudar a entender essas duas palavras e se existe diferença entre elas biblicamente? 

 Cara leitora, realmente muitos confundem essa questão, e o espiritismo kardecista usa inclusive em suas obras essa citação de que ressurreição e reencarnação são a mesma coisa e, por esse fato, segundo eles, a reencarnação seria bíblica.

Mas será que é isso mesmo? Vamos analisar à luz da Bíblia se são a mesma coisa para entendermos com mais profundidade.

Reencarnação e Ressurreição são a mesma coisa?

(1) Primeiramente, vamos analisar o significado de cada uma das palavras:

Reencarnação: É a volta à vida “física” de alguém que já morreu. Essa pessoa volta à vida em outro corpo, totalmente diferente do anterior.

A pessoa pode reencarnar diversas vezes segundo critérios do mundo espiritual e baseado na forma com que ela se comportou em vida.

Ressurreição: Tem dois significados na bíblia. Primeiro, quando um morto volta a vida (no mesmo corpo). Exemplo: Lázaro, que foi ressuscitado por Jesus (João 11:43).

Segundo, quando todos os que estiverem mortos, sem exceção, serão ressuscitados por ocasião da segunda vinda de Jesus Cristo (1 Tessalonicenses 4:13-18).

(2) Feitas as explicações sobre as duas palavras, creio que fica evidente que não são a mesma coisa. Vamos pontuar algumas das principais diferenças: Na reencarnação a pessoa volta à vida várias vezes e em corpos diferentes. 

  Na ressurreição, os que estiverem mortos, voltarão à vida apenas uma vez (no mesmo corpo, que será transformado) e isso acontecerá quando Jesus Cristo voltar segunda vez.

Na reencarnação a pessoa volta à vida em um novo corpo mortal (o que contraria Hebreus 9:27). Na ressurreição os mortos voltam à vida num corpo glorificado e imortal:

“num momento, num abrir e fechar de olhos, ao ressoar da última trombeta. A trombeta soará, os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados. Porque é necessário que este corpo corruptível se revista da incorruptibilidade, e que o corpo mortal se revista da imortalidade” (1 Coríntios 15:52-53).

Na reencarnação a pessoa volta sempre em um estado imperfeito, mortal. Na ressurreição a pessoa volta à vida num estado perfeito e final, quando receberá o julgamento de Deus por ocasião do juízo final.

(3) Dessa forma, a Bíblia é bastante clara e rejeita o conceito da reencarnação. Ele é inconsistente e contrário a dezenas de textos bíblicos sobre o assunto, entrando em atrito de forma muito grande com o conceito bíblico da ressurreição.

O que nos faz rejeitar veementemente o ensino da reencarnação, pois não é bíblico. Inclusive, o próprio Jesus usou fortemente o termo ressurreição quando falou de sua autoridade. Mas nunca usou o termo reencarnação, vejamos: “Disse-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá” (João 11:25).   

 Mas e João Batista, que falam que era Elias reencarnado? Vejam palavras do próprio João:

“Então, lhe perguntaram: Quem és, pois? És tu Elias? Ele disse: Não sou. És tu o profeta? Respondeu: Não” (João 1:21).ítero André Sanchez


19 novembro 2024

Noé NÃO LEVOU 2 animais de cada espécie na arca!

 Postado por Presbítero André Sanchez

Você Pergunta: Sempre aprendi desde pequeno que os animais entraram na arca de Noé de dois em dois, ou seja, dois de cada espécie, um macho e uma fêmea. Mas estudando mais detalhadamente o texto vi que existe a menção ali também da entrada de 14 animais de cada espécie, ou seja, sete pares, o macho e a fêmea. Pode me explicar melhor essa questão? 

Caro leitor, de fato, em muitas historinhas bíblicas, principalmente aquelas contadas para as crianças, o foco que se tem é na entrada na arca de Noé de dois animais de cada espécie (macho e fêmea), no entanto, o texto bíblico tem maiores detalhes sobre isso e nos ensina que não foi exatamente assim. Surpreso?

Vamos aprender mais detalhes sobre isso agora.   

Entraram na arca de Noé dois pares ou sete pares?

(1) Na primeira parte da ordem de Deus a Noé, Deus orienta o seguinte: “De tudo o que vive, de toda carne, dois de cada espécie, macho e fêmea, farás entrar na arca, para os conservares vivos contigo” (Gênesis 6:19).

Para a sua análise aqui, concluindo que Deus teria orientado que apenas dois de cada espécie entrassem na arca. 

 No entanto, a grande regra de ouro da interpretação bíblica é SEMPRE ler o contexto do texto. Isso ajuda a tirar conclusões mais corretas. Vejamos o que o contexto nos mostra:

(2) Na sequência da ordem de Deus, já no período em que Noé iria entrar na arca, Deus detalha muito mais a ordem e diz a ele: “De todo animal limpo levarás contigo sete pares: o macho e sua fêmea; mas dos animais imundos, um par: o macho e sua fêmea” (Gênesis 7:2). 

Observe que agora, sete dias antes de começar o dilúvio, Deus traz maiores pormenores da quantidade de animais de cada espécie. Temos a adição de dois termos: animais limpos e animais imundos.

Dos animais “limpos” Noé deveria levar 7 pares (7 machos e 7 fêmeas = 14 animais de cada espécie). Dos animais “imundos” deveria levar 1 par (1 macho e 1 fêmea = 2 animais de cada espécie ).

Agora sabemos que de algumas espécies eram 2 animais e de outras 14 animais. Mas o que seria esse termo animais limpos e imundos?

(3) O texto não explica em detalhes essa diferenciação. É verdade que em Levítico Deus separa os animais em limpos e imundos, com referência aos animais que o povo de Israel podia ou não podia comer, mas aqui não temos uma diferenciação tão clara.

Algumas hipóteses são que os animais limpos seriam aqueles que poderiam ser comidos mais tarde e, assim, por ser em maior número, poderiam se multiplicar mais rápido para serem alimento. 

 Também já se pensou que essa diferenciação seria entre animais selvagens e não selvagens. Ou mesmo que os limpos seriam os animais que Deus aceitava para serem usados nos sacrifícios que viriam mais tarde.

O fato é que somente Noé tinha essa resposta de forma totalmente detalhada vinda do próprio Deus.

Mas observe que um grupo de animais é citado como limpo: “Também das aves dos céus, sete pares: macho e fêmea; para se conservar a semente sobre a face da terra” (Gênesis 7:3).

(4) Dessa forma, concluímos que na arca de Noé tivemos a entrada de 1 par de cada espécie de animais chamados de “imundos” e também 7 pares de cada espécie de animais chamados “limpos”.

Concluímos também que a primeira parte da ordem de Deus (dada em Gênesis 6) é mais resumida e geral com relação aos animais, porém, depois, mais próximo do momento do dilúvio, a ordem se torna mais detalhada.

Toda essa matemática nos ajuda a entender como Deus cuidou de cada detalhe, como ele de fato cuida de tudo, gerencia tudo, organiza tudo para nos abençoar!

18 novembro 2024

Jesus deu poder aos discípulos para perdoar os pecados das pessoas?

 Postado por Presbítero André Sanchez

Você pergunta: Ao ler João 20:23 fiquei um pouco em dúvida sobre o significado desse texto, pois ali parece que Jesus está dando poder aos Seus discípulos para perdoar os pecados das pessoas. Mas esse poder não é só Deus que tem? Ou era alguma espécie de dom especial que Jesus deu a eles para que conseguissem avaliar o arrependimento das pessoas e darem ou não o perdão a elas? 

Caro leitor, alguns escritos bíblicos sobre coisas que Jesus disse entram em uma categoria que costumo chamar de ditos difíceis de Jesus, ou seja, são frases que nos trazem certas dúvidas sobre seu real significado e que exigem que nos apliquemos mais ao estudo para buscar uma compreensão correta. Mas não é porque são difíceis que são impossíveis de entender com boas doses de estudo!  

Jesus deu aos discípulos o poder de perdoar pecados?

(1) O texto referido é de João 20:23: “Se de alguns perdoardes os pecados, são-lhes perdoados; se lhos retiverdes, são retidos”. Essa fala de Jesus foi dita aos Seus discípulos após a Sua ressurreição, em um domingo, no final da tarde, em uma casa onde eles estavam trancados com medo dos judeus (João 20:19). 

Jesus apareceu milagrosamente no meio deles. O foco da mensagem de Cristo a eles ali naquele momento era sobre a missão que eles teriam: “Disse-lhes, pois, Jesus outra vez: Paz seja convosco! Assim como o Pai me enviou, eu também vos envio” (João 20:21).

A seguir Jesus sopra sobre eles o Espírito Santo: “E, havendo dito isto, soprou sobre eles e disse-lhes: Recebei o Espírito Santo” (João 20:22). E, então, vem a frase objeto desta nossa análise. O que Jesus estava querendo dizer com essa frase?

Os apóstolos receberam um dom especial para perdoar pecados?

(2) Essa é a possibilidade que um exame superficial nos leva a entender, no entanto, é pouco provável que Jesus tivesse realmente dado esse tipo de dom a eles.

Perdoar pecados requer uma análise infalível do coração das pessoas, um conhecimento pleno de fatos ocorridos e do que se passa no coração de alguém. 

Esse tipo de análise, que leva em conta todos esses aspectos, na Bíblia, só pode ser feita plenamente por Deus: “porque o SENHOR não vê como vê o homem. O homem vê o exterior, porém o SENHOR, o coração” (1 Samuel 16:7).

Existe uma menção do apóstolo Pedro declarando algo que se passou no coração de Ananias (Atos 5:3), no entanto, não temos menções ou quaisquer relatos que apoiem a ideia de que os discípulos de Cristo tivessem o poder de perdoar ou não os pecados das pessoas.

Qual o ensino de Cristo sobre esse texto, então?

(3) O mais provável é que Jesus esteja ensinando aos Seus discípulos que eles estavam sendo enviados e equipados com o Espírito Santo para proclamar que o perdão dos pecados no nome de Cristo estava disponível a todos os arrependidos e que, também, a rejeição a Cristo representaria a retenção, ou seja, o não perdão dos pecados das pessoas.

Essa autoridade foi dada aos apóstolos e a todos nós que somos discípulos de Jesus. Nós temos a autoridade para declarar às pessoas o evangelho, a boa notícia sobre o perdão pleno dos pecados pelo sacrifício de Jesus e também de mostrar o quão terrível é manter-se longe Dele. 

Não podemos também excluir aqui a autoridade da igreja de Cristo para ligar e desligar no céu e na terra, ou seja, a aplicação das disciplinas a pessoas que estão em desacordo com as exigências do evangelho.  

(4) Esse entendimento é fortemente apoiado pela observação do que os apóstolos fazem logo após esse encontro com Jesus.

Por exemplo, numa das primeiras pregações do apóstolo Pedro após a ascensão de Jesus, ele declara: “Respondeu-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos vossos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo” (Atos 2:38).

Essa é exatamente a mensagem ordenada por Cristo, o poder de apresentar às pessoas o perdão de Deus disponível pelo sacrifício de Cristo. Observe que Pedro não perdoou ele mesmo os pecados das pessoas, mas levou as pessoas a se arrependerem diante de Deus e crerem no sacrifício feito pelo Senhor Jesus para a remissão dos pecados.

Ao mesmo tempo, aqueles que rejeitaram essa mensagem continuaram com a culpa de seus pecados sobre si mesmos.