14 abril 2025

Por que Paulo ordenou que as mulheres ficassem caladas na igreja?

  Postado por Presbítero André Sanchez

Você Pergunta: Na carta aos Coríntios, Paulo ordenou que as mulheres ficassem caladas na igreja, e hoje existem muitas mulheres pregando o Evangelho. Queria entender o motivo pra ele dizer que as mulheres deviam ficar caladas. Não foi um pouco de machismo isso? E hoje em dia, as mulheres não podem falar na igreja? As que falam estão pecando? 

Cara leitora, um dos textos que realmente causa muita polêmica na Bíblia Sagrada é o texto de 1 Coríntios 14:34, que diz:

“conservem-se as mulheres caladas nas igrejas, porque não lhes é permitido falar; mas estejam submissas como também a lei o determina”.

Esse texto é muito mal compreendido e usado por algumas pessoas para afirmar que a Bíblia diminui a mulher e que a mulher não tem possibilidade de se expressar dentro da igreja.

Muitos aproveitadores utilizam este texto, interpretado de forma isolada, para atacar a Bíblia Sagrada como preconceituosa e também muitas mulheres se sentem menosprezadas por não terem o entendimento correto do real significado do que Paulo quis transmitir aqui. 

 

Mulheres não podem falar na igreja, nem pregar, bem evangelizar?

(1) No contexto em que está inserido esse verso, Paulo trata de um culto confuso e desordeiro que está sendo prestado a Deus na igreja de Corinto por causa de um exercício incorreto dos dons (1 Co 14:26-32).

“Que fazer, pois, irmãos? Quando vos reunis, um tem salmo, outro, doutrina, este traz revelação, aquele, outra língua, e ainda outro, interpretação. Seja tudo feito para edificação” (1 Coríntios 14:26).

São vários os problemas ali e Paulo trata os principais, dando ordens para que houvesse ordem e decência no culto para que todos fossem edificados. Ao final das orientação, a conclusão de Paulo é:

“Tudo, porém, seja feito com decência e ordem” (1 Coríntios 14:40)

(2) E é nesse contexto que Paulo parece trabalhar um problema existente ali na igreja de Corinto que envolve algumas mulheres da igreja.

Possivelmente se tratava de alguma intrusão não autorizada de algum grupo de mulheres nos cultos das igrejas e que causava problemas para que esse culto tivesse ordem e decência. 

Observe que no verso 35 Paulo estabelece que as mulheres consultem, em casa, seus maridos, o que sugere que interrupções no culto estavam acontecendo, atrapalhando a edificação, assim como também, por exemplo, o uso errado da línguas que Paulo também trata nesse mesmo contexto: 

“Se, porém, querem aprender alguma coisa, interroguem, em casa, a seu próprio marido; porque para a mulher é vergonhoso falar na igreja.” (1 Coríntios 14:35).

(3) Paulo não deixa claro, por exemplo, sobre as que são solteiras e que não têm marido para consultar em casa, ou seja, não parecem estar incluídas nesse sermão de Paulo.

Por isso, é bem mais provável que essa palavra seja para algum grupo específico de mulheres que estava causando desordem naquela igreja, e não uma ordem de Paulo que proíbe todas as mulheres em todas as épocas de falar qualquer coisa na igreja.

Colabora com esse pensamento o fato de Paulo ter falado em 1 Coríntios 11:5  que “Toda mulher, porém, que ora ou profetiza com a cabeça sem véu desonra a sua própria cabeça, porque é como se a tivesse rapada”.

Observe que nesse texto não existe a proibição da mulher falar. Inclusive relata mulheres que oravam e profetizavam em público.

(4) Ao que parece essas práticas de oração e pregação da palavra eram feitas nos cultos ou em reuniões da igreja, o que incluía a participação das mulheres de alguma forma.

Esse fato fortalece ainda mais a ideia de Paulo estar tratando um problema pontual da igreja de Corinto e de outras que pudessem ter problemas parecidos.

Dentro de todo esse contexto é loucura afirmar que Paulo escreveu aqui uma ordem para que as mulheres não falassem nada, em nenhum momento, de nenhuma forma nas igrejas!

(5) Assim, não há motivo para que as mulheres fiquem ofendidas com tal palavra do apóstolo. As mulheres podem sim ser muito usadas por Deus em diversos ministérios da igreja, inclusive falar na igreja, sem problema algum, claro, da mesma forma que para os homens, que sejam palavras embasadas na Escrituras Sagradas com ordem e decência.

Tanto homens quanto mulheres devem estar debaixo das ordens bíblicas de decência e ordem. Veja, por exemplo, o que Paulo ensinou sobre quem deseja usar outra língua no culto público:

“No caso de alguém falar em outra língua, que não sejam mais do que dois ou quando muito três, e isto sucessivamente, e haja quem interprete. Mas, não havendo intérprete, fique calado na igreja, falando consigo mesmo e com Deus” (1 Coríntios 14:27-28)

O princípio que Paulo trata da ordem e decência, da edificação mútua e da fidelidade às Escrituras são diretrizes para todos os cristãos em todos os tempos.

Mulheres e homens que falam o que não devem na igreja, que não têm zelo pelas Escrituras Sagradas, que causam confusão e não edificação no culto, devem ficar calados

  Postado por Presbítero André Sanchez

Fonte: Esboçando Ideias

https://www.esbocandoideias.com/

13 abril 2025

Qual a diferença entre mandamentos, leis, ordenanças e estatutos?

 Postado por Presbítero André Sanchez

Você Pergunta: Eu fico um pouco confuso para diferenciar quando a Bíblia fala que algo é lei, mandamento, ordenança do Senhor ou estatuto! Como distinguir cada uma dessas coisas e o que cada uma delas significa? Você pode fazer um estudo para aprendermos a diferenciar cada uma delas? 

Muitos estudantes ficam confusos com as diversas nomenclaturas encontradas na Bíblia para expressar aquilo que Deus ordena ao seu povo. Em alguns momentos, a Escritura Sagrada fala de “mandamentos”, em outros de “leis”. Veja este exemplo:

“Então, disse o SENHOR a Moisés: Até quando recusareis guardar os meus mandamentos e as minhas leis?” (Êxodo 16:28).

Aqui, haveria alguma diferença entre mandamentos e leis? Deus está querendo comunicar que tipo de detalhe?

Além disso, a Bíblia também menciona “ordenanças” e “estatutos”, tornando a questão ainda mais complexa para alguns:

“Então, Moisés clamou ao SENHOR, e o SENHOR lhe mostrou uma árvore; lançou-a Moisés nas águas, e as águas se tornaram doces. Deu-lhes ali estatutos e uma ordenação, e ali os provou” (Êxodo 15:25).

Aqui, estatutos e uma ordenação seria exatamente o quê? Teria alguma diferença de significado se comparado com mandamentos e leis?

Diante disso, surge uma pergunta sincera: o que Deus quis comunicar com cada uma dessas nomenclaturas? Há diferenças reais entre elas, ou elas apontam para a mesma coisa?  

O uso de sinônimos na escrita hebraica

Para compreender a distinção entre esses termos, precisamos considerar um aspecto importante da escrita hebraica: o uso de sinônimos e repetições para enfatizar uma ideia.

Essa forma de escrita é bastante comum nas Escrituras e serve para reforçar a importância do que está sendo dito, para chamar a atenção para algo. 

Dessa forma, quando Deus usa diferentes termos como “lei”, “mandamento”, “estatuto” e “ordenança”, Ele não está necessariamente diferenciando de forma significativa cada uma dessas coisas, mas sim reafirmando a mesma ideia de formas variadas. Vamos analisar cada um desses termos:

Mandamento: Refere-se a uma ordem direta de Deus que deve ser obedecida. Um exemplo clássico são os Dez Mandamentos dados a Moisés no monte Sinai. Os mandamentos têm coisas que DEVEMOS e coisas que NÃO DEVEMOS FAZER.

Estatuto: Tem um significado prático semelhante ao de “lei”. Trata-se de uma determinação estabelecida por Deus que deve ser seguida pelo povo. Bem similar ao mandamento! 

Lei: Refere-se às instruções divinas reveladas aos seres humanos, seja de forma geral ou específica.

Ordenança: Indica uma diretriz ou regulação estabelecida por Deus para que Seu povo siga.

Perceba que todos esses termos apontam para a vontade de Deus revelada, indicando o que deve ou não ser feito. Sendo assim, de forma geral, esses termos acabam funcionando como sinônimos.

Exemplos bíblicos do uso intercalado dos termos

A Bíblia usa esses termos de forma intercalada para reforçar a seriedade das ordenanças do Senhor. Veja um exemplo:

“Cumpridas todas as ordenanças segundo a Lei do Senhor, voltaram para a Galileia, para a sua cidade de Nazaré” (Lucas 2:39). 

Aqui, “ordenanças” e “Lei do Senhor” aparecem juntos, reforçando a ideia de que ambos fazem referência à vontade de Deus que foi cumprida por José e Maria.

Outro exemplo:

“E será como sinal na tua mão e por memorial entre teus olhos; para que a lei do SENHOR esteja na tua boca; pois com mão forte o SENHOR te tirou do Egito” (Êxodo 13:9).

A expressão “lei do SENHOR” aqui enfatiza o conjunto de instruções divinas que deveriam ser memorizadas e praticadas pelo povo de Israel.

Sendo assim, diante do que analisamos, não há necessidade de diferenciar rigidamente os termos “lei”, “mandamento”, “estatuto” e “ordenança”, pois todos indicam, essencialmente, a vontade de Deus expressa nas Escrituras.

Em alguns textos, a repetição desses termos serve para dar ênfase. Em outros, eles são usados de forma intercalada, mas sempre apontando para a mesma realidade: a revelação da vontade de Deus ao Seu povo em forma de mandamentos.

Dessa forma, o mais importante não é a diferença entre os termos, mas a obediência àquilo que Deus instruiu.

Outras perspectivas sobre estatuto e ordenança

Embora consideremos que a diferença entre “estatuto” e “ordenança” não seja significativa, alguns estudiosos fazem distinções entre esses termos:

  • Estatutos (חֻקִּים – “chuqqim”): Seriam os mandamentos de Deus cujas razões nem sempre são explicadas. Muitos envolvem práticas rituais, como leis dietéticas e regras de pureza cerimonial.
  • Ordenanças (מִשְׁפָּטִים – “mishpatim”): São regras geralmente associadas à justiça e ao convívio social, como leis sobre propriedade e punições para crimes.

No Novo Testamento, algumas “ordenanças” são mencionadas como tendo sido abolidas em Cristo (Efésios 2:15), enquanto princípios morais da lei permanecem.

Essas diferenças são debatidas em algumas correntes teológicas, mas, para nosso propósito, reforçamos que todos esses termos expressam a vontade de Deus para Seu povo.

Sendo assim, não existe uma diferença objetiva nas palavras que possa mudar radicalmente a compreensão desses termos.

  Postado por Presbítero André Sanchez

Fonte: Esboçando Ideias 

https://www.esbocandoideias.com/

12 abril 2025

Na Bíblia está escrito que não cai uma folha sem a permissão de Deus?

 Postado por Presbítero André Sanchez

Você pergunta: Esses dias estava refletindo sobre algo que meu falecido pai me falava quando eu ainda não era evangélico, ele dizia que não cai uma folha sem a permissão de Deus. Na época ele dizia que isso estava na Bíblia. Agora que sou evangélico tentei achar isso na Bíblia, mas não encontrei. Essa frase existe mesmo na Bíblia ou é alguma invenção? 

Caro leitor, existem muitas frases que são repetidas todos os dias e que as pessoas atribuem como estando na Bíblia, mas que não estão nela. É o caso desta que diz que não cai uma folha sem a permissão de Deus. Mas vamos analisar melhor essa questão: 

Não cai uma folha sem a permissão de Deus. Onde está na Bíblia?

(1) Essa frase não é encontrada na Bíblia. Ela é encontrada no Alcorão, na 6ª Surata, Versículo 59, escrito por Maomé, que diz o seguinte: “Ele possui as chaves do incognoscível, coisa que ninguém, além d’Ele, possui; Ele sabe o que há na terra e no mar; e não cai uma folha (da árvore) sem que Ele disso tenha ciência; não há um só grão, no seio da terra, ou nada verde, ou seco, que não esteja registrado no Livro lúcido”.  

No entanto, essa frase, apesar de não estar na Bíblia na forma em que está escrita, certamente também encontra seus princípios na Bíblia. Digo isto porque o princípio ensinado por essa frase não é incorreto, ele é encontrado em muitos textos da Bíblia Sagrada, que trazem esse ensino em outras palavras, mas de forma clara.

(2) Não cai uma folha sem a permissão de Deus ensina a soberania plena de Deus. A Bíblia ensina que Deus é soberano sobre todas as coisas e governa tudo e todos: “Ele, em seu poder, governa eternamente; os seus olhos vigiam as nações; não se exaltem os rebeldes” (Salmos 66:7). 

Além disso, Deus também é o dono de todas as coisas: “Ao SENHOR pertence a terra e tudo o que nela se contém, o mundo e os que nele habitam” (Salmos 24:1).

A natureza está totalmente submetida a Ele, que escreveu as leis naturais que regem o nosso universo: “E eles, possuídos de grande temor, diziam uns aos outros: “Quem é este que até o vento e o mar lhe obedecem?” (Marcos 4:41).

(3) Além disso, temos um ensino de Jesus que diz de forma clara também sobre essa grandiosa soberania de Deus. Vejamos: “Até os cabelos da vossa cabeça estão todos contados…” (Lucas 12:7). Observe que temos aqui no ensino de Cristo o mesmo princípio de soberania e conhecimento pleno de Deus de todas as coisas, até as mais mínimas. Isso demonstra uma soberania de Deus que está além de nossa compreensão, devido a sua grandeza. 

(4) Assim, concluímos que a frase não cai nem uma folha sem a permissão de Deus não está na Bíblia dessa forma como a conhecemos. Ela vem do Alcorão, mas também tem princípios sobre o significado dela na Bíblia Sagrada.

(5) Mas preciso pontuar aqui que temos muitos ditos populares, frases e até citações de outros livros que não representam verdades bíblicas e que muitas vezes repetimos sem refletir com sabedoria. Por exemplo, um muito conhecido diz que “a voz do povo é a voz de Deus”.

Esse é um ditado que não tem base bíblica, já que a voz de Deus nem sempre está com a maioria. Muitas vezes a maioria pode estar do lado errado. Por isso, devemos ter cuidado com o que aceitamos como verdade e, principalmente, ao afirmar que algo é mencionado na Bíblia sem sabermos se realmente é verdade.

Se quer ver mais alguns ditados populares analisados, assista o vídeo acima, nele eu analiso mais 4 ditados populares, se são ou não são corretos biblicamente!

 Postado por Presbítero André Sanchez

Fonte: Esboçando Ideias

https://www.esbocandoideias.com/