18 maio 2011

Parceria Total



PARCERIA TOTAL

O casamento é um contrato de parceria de duração contínua, assumido espontaneamente entre um homem e uma mulher, por força e obra daquele sentimento que acompanha o ser humano desde a criação, a que se dá o nome de amor.
Casamento não é dominação de um sobre o outro. Nem dele nem dela. É parceria. Parceria a vida inteira. Parceria total. Parceria em tudo:
Na troca de atenções
Na manutenção da paz
Na liberdade da queixa
Na generosidade do perdão
No progresso da cordialidade
Na economia do lar
No governo da casa
Nas responsabilidades domésticas
Nas compras e nas vendas
Na eventualidade das mudanças
No traçar dos alvos
Na semeadura prolongada
Na colheita dos frutos
Na alegria e na fartura
Na adoração e nas ações de graça
No planejamento familiar
Na realização sexual
Nos nomes dados aos rebentos
Na educação dos filhos
No exemplo a ser mostrado
Na devoção religiosa
Na santificação do lar
No aperfeiçoamento do caráter
Na privação da soberba
Na caminhada rumo à plenitude da salvação
Nos cuidados com a saúde
No sofrimento da doença
No derramar das lágrimas
No enfrentamento da morte
Na maneira de lidar com as perdas

Um casamento assim, caracterizado pela parceria a vida inteira, pela parceria total, chega aos 25 anos, chega aos 30 anos, chega aos 50 anos, chega aos 70 anos, como o do arquiteto Oscar Niemeyer. Em um casamento assim, comemoram-se todas as festas de aniversário da união: as bodas de madeira, estanho, cristal, porcelana, prata, pérola, coral, rubi, ouro, diamante, ferro e brilhante. Um casamento assim, só a morte acaba com ele.
Em alguns casos, nem a morte acaba com o casamento: antes de morrer no início de maio, o jurista e acadêmico Raymundo Faoro, de 78 anos, determinou que os restos mortais de sua esposa Pompéia fossem colocados no mesmo caixão, à altura de sua cabeça.
A parceria é uma estratégia essencialmente cristã, apropriada não só para a relação conjugal (entre o marido e a esposa), mas também para a relação familiar (entre pais e filhos, avós e netos, tios e sobrinhos, irmão e irmão, primo e primo) e para a relação eclesial (entre pessoas ligadas entre si não pelo sangue, mas pela adoção, por terem recebido graciosamente o "direito de se tornarem filhos de Deus").
A prática da parceria é explícita na teologia do Novo Testamento. A expressão "uns aos outros" aparece várias vezes nas Epístolas de Paulo, Pedro e João:
"Amem-se sinceramente uns aos outros, porque o amor perdoa muitíssimos pecados" (1 Pe 4.8);
"Dediquem-se uns aos outros com amor fraternal" (Rm 12.10);
"Aceitem-se uns aos outros, da mesma forma que Cristo os aceitou, a fim de que vocês glorifiquem a Deus" (Rm 15.7);
"Consolem-se uns aos outros com essas palavras" (1 Ts 5.18);
"Vivam em paz uns com os outros" (1 Ts 5.13);
"Levem os fardos pesados uns dos outros e, assim, cumpram a lei de Cristo" (Gl 6.2);
"Exortem-se e edifiquem-se uns aos outros, como de fato vocês estão fazendo" (1 Ts 5.11);
"Sirvam-se uns aos outros mediante o amor" (Gl 5.13);
"Tenham uma mesma atitude uns para com os outros" (Rm 12.16);
"Deixemos de julgar uns aos outros. Em vez disso, façamos o propósito de não colocar pedra de tropeço ou obstáculo no caminho do irmão" (Rm 14.13);
"Sejam humildes uns para com os outros" (1 Pe 5.5);
"Saúdem uns aos outros com beijos de santo amor" (1 Pe 5.14);
A parceria por toda a vida — parceria total — começa no amor, trafega pela renúncia, exterioriza-se no beijo — aquele gesto singelo, incontido e inefável — e afasta para sempre a idéia, o desejo e a necessidade da separação e do divórcio!
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Extraído da revista Ultimato -

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