Capítulo 15
Torne-se o melhor amigo de sua Esposa
Gosto de leite desnatado; ele gosta de leite integral. Gosto de dirigir obedecendo aos limites de velocidade e de parar quando o farol está amarelo. Ele lê as placas de limite de velocidade com uma margem de dez: se a placa diz oitenta quilômetros por hora, ele diz que é seguro dirigir a noventa por hora; ele vê o farol amarelo como um sinal para acelerar e ganhar do vermelho. Eu gosto de fazer de uma viagem um passeio; gosto de parar ao longo do caminho. Ele gosta de ajustar o cronômetro e se sente um fracassado se não batermos o tempo da nossa ultima viagem. Gosto de chocolate quente, ele gosta de café. Gosto de fazer compras, ele gosta de caçar, mesmo em uma loja. Gosto das manhãs, ele gosta do entardecer. Gosto de ser impulsiva e fazer tudo na ultima hora; ele gosta de ter as coisas planejadas com um mês de antecedência. Adoro a criatividade em meus esforços organizacionais; ele gosta de ordem bem mantida. Eu gosto dele; ele gosta de mim.
É surpreendente como duas criaturas podem ser tão imensamente diferentes e ainda assim loucamente atraídas uma pela outra. Se mantidas na perspectiva correta, essas diferenças servem para ressaltar e acrescentar beleza e excitação a um relacionamento. Por que depois da lua-de-mel muitos casais erguem os olhos do seu café da manhã e franzem a testa, imaginando o que os atraiu um ao outro? Em que ponto da jornada do amor eles trocaram o compromisso pela complacência? Como pode um casal manter-se fortemente unido com tudo o que a vida lança sobre eles? Acredito que a resposta está na amizade.
Houve uma época em meu casamento em que Art e eu perdemos de vista a nossa amizade, o que fez com que nos distanciássemos. Ele se envolveu em seu trabalho e eu tinha as crianças que me mantinham mais do que ocupada. Brigávamos por pequenas coisas e nunca tínhamos tempo para falar de coisas importantes. Acabamos nos afastando, perdendo a conexão que já nos tinha mantido unidos como verdadeiros companheiros e adequados para a coexistência. Uma frieza se instalou sobre nós. As cordas do amor que já nos tinham amarrado com tanta força agora se afrouxavam.
Meus esforços para consertar as coisas se concentravam em tentar consertar o Art. Minhas palavras eram como flechas em seu coração. Eu o acusava. Eu o atormentava. Apresentava-lhe longas listas de coisas que estava fazendo errado. Eu vociferava e ameaçava. Finalmente, me decidi pela ultima flecha, o silencio. Mas o meu silencio não era do tipo bom: era cheio de pensamentos amargos e olhares irados.
Art, como um animal ferido, começou a retirar-se cada vez mais para longe de mim. Quando nos falávamos, Art usava palavras que me feriam tanto quanto eu o tinha ferido. Estávamos presos em um horrível circulo vicioso. Patrick Morley diz: "Palavras que magoam são como flechas pontiagudas envenenadas que saíram de um arco: uma vez que estão no ar, não podem ser recuperadas".
Um dia, enquanto eu orava para que Deus consertasse o Art, um pensamento tocou a minha consciência: Mas e se não for ele quem precisa de conserto? Eu me livrei daquele pensamento enquanto relembrava uma lista de coisas horrorosas que ele tinha me dito ultimamente, mas o pensamento não me abandonava. Não muito tempo depois, li Efésios 4.29-32, que diz: "Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, mas ó a que seja boa para a necessária edificação, a fim de que ministre graça aos que a ouvem. E não entristeçais o Espírito Santo de Deus, no qual fostes selados para o dia da redenção. Toda a amargura, e cólera, e ira, e gritaria, e blasfêmia sejam tiradas dentre vós, bem como toda a malícia. Antes sede bondosos uns para com os outros, compassivos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus vos perdoou em Cristo".
Esta palavra fez com que o meu pensamento rodopiasse. Deus estava me chamando para ser a que iria agitar a bandeira branca da rendição e voltar para o lado do meu marido. Eu não estava apenas entristecendo o meu companheiro, também estava entristecendo o Espírito Santo de Deus. Então eu não tinha o direito de me agarrar à procura de uma vingança pelo modo como Art tinha me magoado? De maneira nenhuma. Eu tinha que deixar isso de lado e perdoar, como Cristo havia me perdoado. Eu tinha que procurar as maneiras de melhorá-lo de acordo com as suas necessidades, e tinha que me livrar da amargura.
Deus está lhe chamando para ser a pessoa que hoje terá forças, agitará a bandeira branca e voltará para o lado de sua esposa. Deixe de lado as dissensões, esqueça o passado, abandone o seu direito de estar certo e peça perdão a ela. Peça que ela o perdoe por todas as vezes em que você colocou outras coisas antes dela. Peça-lhe que o perdoe por ter sido egoísta e sem consideração. Peça-lhe que o perdoe por procurar vingança ao invés de perdão. Diga a ela que você quer ser o seu melhor amigo. Peça que ela lhe mostre como fazer isso.
Apesar de todas as diferenças entre as pessoas, o casamento pode ser maravilhoso quando os cônjuges se apegam a forte similaridade de seu desejo de serem os melhores amigos. Eu ainda gosto de leite desnatado; Art ainda gosta de leite integral. Eu ainda gosto de dirigir obedecendo aos limites de velocidade e de parar quando o farol está amarelo. Ele ainda lê as placas de limites velocidades com uma margem de segurança de dez! Eu ainda gosto de fazer de uma viagem um passeio, e ele de ajustar o cronômetro. Eu ainda gosto de chocolate quente, e ele de café. Eu ainda gosto de fazer compras, ele de caçar. Eu ainda gosto das manhãs. E ele do entardecer. Eu ainda gosto de ser impulsiva, e ele de ter as coisas planejadas. Eu ainda adoro a criatividade; ele ainda gosta de ordem. Eu ainda gosto dele; ele ainda gosta de mim.
MELHORIA PARA O LAR – Escreva cinco coisas que você poderia fazer para alimentar a sua amizade com a sua esposa.
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