“Aprendi a viver contente”
Autor: Igreja Presbiteriana Luz do Mundo13
Todos sofremos perdas, enfermidades, situações adversas e até algum tipo de segregação e perseguição. Reagimos de maneiras diferentes. Há também situações favoráveis de honra, prosperidade e bem estar que também pedem uma atitude apropriada, sábia e humilde. Não é fácil.
Agradecendo as ofertas que os cristãos de Filipos lhe haviam enviado, o apóstolo Paulo escreveu-lhes:
“Alegrei-me, sobremaneira, no Senhor porque, agora, uma vez mais, renovastes a meu favor o vosso cuidado… Digo isto, não por causa da pobreza, porque aprendi a viver contente em toda e qualquer situação…” (Fp 4.10-11).
O apóstolo tivera muitos privilégios e boas oportunidades, mas também passara por circunstâncias as mais adversas, incluindo viagens difíceis, naufrágio, incompreensões, perseguições, açoites, cadeias e prisões (II Co 11.12-29). Ele estava preso em Roma quando escreveu essa carta aos Filipenses, a mais alegre do Novo Testamento. Qual era o segredo do apóstolo? Como podia viver contente em toda e qualquer situação? Vamos ver.
1. “Aprendi…”
A primeira coisa a notar é que esse estado de espírito não acontece assim num momento, como resposta a uma única oração ou por decisão pessoal. É algo que se aprende.
Nas sucessivas lutas da vida, alguns aprendem a se fechar para os outros, até para parentes, amigos e igreja; aprendem o ódio e a amargura; aprendem a se queixar como ninguém. Outros, como o apóstolo Paulo, passando pelas mesmas provações, aprendem a viver contentes. Vêem cada experiência, boa ou ruim, como uma oportunidade para exercitar o contentamento. Têm, portanto, uma postura positiva diante das dificuldades, uma atitude de alunos, de aprendizes; não de vítimas, de coitados. Rm 8.28-29, 35-39 ajuda.
2. “… a viver contente…”
“Aprendi a viver contente…” É interessante notar que a palavra “contente” traduz o termo grego “autarkes”, que deu origem à nossa palavra autarquia. Significa administração ou governo autônomo, auto-suficiente, independente. Era um termo famoso dos filósofos gregos; eles primavam pela auto-suficiência, ou seja, não permitiam que as circunstâncias externas perturbassem a sua tranquilidade interior. Isso é contentamento. O filósofo Sêneca, no século IV a.C. já dizia: “Feliz é o homem que, em quaisquer circunstâncias em que se encontre, sente-se contente”.
Então, o que Paulo quis dizer aos Filipenses? Que costumava rir á toa quando enfrentava adversidades? Que nada o entristecia? Claro que não! O sofrimento incomoda! As feridas doem!
Paulo só estava dizendo que as dificuldades da vida lhe haviam ensinado a controlar suas emoções; até porque sabia que Deus estava no controle, graciosamente trabalhando seu caráter e amadurecimento espiritual. O apóstolo não se impressionava muito com o que poderiam ser ruim; pensava no que certamente resultaria de bom. Tanto que escreveu: “Todas as coisas cooperam para o bem…” Por isso, não se queixava, não se abatia, não desanimava, não ficava deprimido, não ficava com raiva da vida e muito menos de Deus.
3. “… em toda e qualquer situação”.
Paulo aprendeu a reagir assim em toda e qualquer situação. “Tanto sei estar humilhado como também ser honrado; de tudo e em todas as circunstâncias, já tenho experiência, tanto de fartura como de fome; assim de abundância como de escassez…” (Fp 10.12).
Deste modo, o apóstolo lembra-nos que precisamos aprender a estar contentes, a controlar nossas emoções, a manter a sobriedade e a fé tanto numa situação de louvor e honra, como numa situação de crítica e humilhação; tanto na riqueza como na pobreza. As duas situações são difíceis: na primeira, que parece melhor, a tentação é para o sentimento de superioridade, para a vaidade e para o orgulho; na segunda, tida como a pior, sentimo-nos inferiorizados, humilhados, envergonhados e nos queixamos demais. Nos Provérbios, lemos esta oração de Agur: “Não me dês nem a pobreza nem a riqueza; dá-me o que me for necessário; para não suceder que, estando eu farto, te negue e diga: Quem é o Senhor? Ou que, empobrecido, venha a furtar e profane o nome de Deus” (Pv 30.8-9).
É difícil administrar uma e outra situação. Depende muito de maturidade emocional e espiritual, e do referido aprendizado. O Mestre é Jesus! Tanto que Paulo acrescentou…
4. “Tudo posso naquele que me fortalece!”
Este versículo (Fp 10.13) é ainda mais conhecido e, às vezes, mal interpretado. As aplicações mais comum são: Porque eu sou de Jesus, eu posso tudo: TER, FAZER, ADQUIRIR, CONQUISTAR, PROSPERAR!
Não é nada disso! Interpretado dentro do seu contexto, este versículo significa: Tudo posso ADMINISTRAR porque Jesus me fortalece!
Paulo aprendeu, porque Cristo era o seu Mestre; vivia contente porque que Cristo estava no controle; em toda e qualquer situação porque em todas elas tinha consciência da presença e do amor de Cristo.
Boa coisa para se aprender! Estamos aprendendo!
Pr. Éber Lenz César, Igreja Presbiteriana Luz do Mundo, 06/09/2009
:: bySandr@ ::
Nenhum comentário:
Postar um comentário