Texto Dt 34.10
“E nunca mais se levantou em Israel profeta algum como Moisés, a quem o SENHOR conhecera face a face” .A presença de Deus em nossas vidas faz a diferença em cada momento.
Não é incomum que as pessoas desejem ser abençoadas. Melhor ainda quando a bênção é resultado de uma promessa do próprio Deus em relação a nós. Mas será que em nossos dias estamos vendo as bênçãos de Deus como mais importantes do que a presença dEle conosco? Moisés nos mostra que a presença dEle conosco é a melhor dádiva que podemos ter.
I. MOISÉS E SUA CHAMADA
1. Tirado das águas. Moisés, o homem de Deus, tem sua história contada a partir de seu nascimento, quando tem sua vida, ainda bebê, preservada pelo Senhor. Ele nasceu em um período péssimo para um menino ser trazido ao mundo, justamente quando crianças do sexo masculino, descendentes de hebreus, no Egito, eram mortos por ordem de Faraó, para que o povo não se multiplicasse e se voltassem contra os egípcios caso houvesse uma guerra. Os hebreus, nessa época, eram mão de obra escrava, trabalhando exaustivamente e sem remuneração.
Salvo das águas, e protegido pela filha de Faraó, Moisés, cujo nome significa “tirado das águas”, cresceu em um palácio, como um príncipe, e “foi instruído em toda a ciência dos egípcios” (At 7.22). Até o momento em que precisou fugir do convívio com os egípcios por ter matado um deles, o futuro legislador de Israel teve uma excelente educação, que o prepararia para assumir cargos de liderança.
2. Desculpas para não ser usado por Deus. Já aos oitenta anos, como fugitivo do Egito e apascentando as ovelhas de seu sogro, Moisés é chamado por Deus para libertar Israel do cativeiro egípcio. Ao aparecer a Moisés, o Eterno diz que ele havia sido escolhido para libertar os hebreus, mas Moisés dá desculpas para não se envolver nessa empreitada. Os anos como fugitivo dos egípcios deram a Moisés uma zona de conforto da qual ele não se afastaria, senão por uma ordem divina. Ele tinha conhecimento de sua ascendência hebreia, mas não imaginava que seria usado por Deus para uma grande obra.
Moisés se considerava uma pessoa limitada diante de um chamado divino. Vemos, no diálogo com Deus, Moisés apresentando ao menos cinco desculpas para não cumprir o que Deus havia determinado:
a) Quem sou eu? (Êx 3.11). Moisés não acreditou de imediato que Deus poderia usá-lo. Ele olhou inicialmente para si, não para o Senhor que o estava chamando.
b) Qual é o nome do Deus que te enviou? (Êx 3.13). Essa pergunta estava na mente de Moisés, pois as divindades egípcias tinham nome. O Deus dos hebreus, aparentemente, não havia recebido um nome que designasse o seu poder na sua inteireza. Deus mesmo disse que: “E eu apareci a Abraão, e a Isaque, e a Jacó, como o Deus Todo-Poderoso: mas pelo meu nome, o SENHOR, não lhes fui perfeitamente conhecido” (Êx 6.3).
c) Deus não apareceu a você (Êx 4.1). Um receio sobre a vocação de pessoas tementes a Deus é a certeza de que Deus as chamou para aquela atividade ou ministério. As pessoas até poderiam ter dúvidas sobre Deus ter realmente aparecido a Moisés, mas Moisés não poderia ter dúvidas de que estaria sendo enviado da parte de Deus.
d) Não sou eloquente (Êx 4.10). Moisés entendeu que não ser uma pessoa convincente em palavras era um impeditivo ao poder de Deus. Há quem defina a expressão “pesado de língua” como uma possível referência à gagueira. De qualquer forma, essa limitação, qualquer que fosse, apenas reforçaria o poder de Deus na vida de Moisés.
e) Manda outro (Êx 4.13). Por fim, Moisés pede a Deus que mande outra pessoa em seu lugar. Depois de tudo que o Senhor havia falado, e das garantias que deu a Moisés, o ancião ainda preferiu não fazer parte do cumprimento do plano divino. O Eterno se irou com Moisés, e mencionou o nome de Arão.
3. Deus confirma a chamada de Moisés. O Eterno sabia que o ancião daria tais desculpas, mas impulsionou o limitado Moisés à sua chamada. Deus não apenas chancelou sua vocação, mas também agiu confirmando com milagres o que havia dito a Moisés. Note que a cada situação de conflito ou oposição por parte de Faraó, o Senhor orientava seu servo a uma ação diferente. Os encontros com Faraó, as reuniões com os líderes de Israel e as pragas contra o Egito, já eram conhecidas pelo Todo-Poderoso, e a direção divina esteve com Moisés em cada momento.
II. APÓS O EGITO, O DESERTO
1. Dias com Deus na montanha. Depois de libertar o povo da escravidão, vencer o Mar Vermelho e o exército de Faraó, Moisés tem um encontro com Deus no Monte Sinai. O Senhor o chamou para passar uns momentos a sós com Ele, onde recebeu a Lei. O povo precisava de regras claras de conduta, pois se antes eram escravos, agora eram pessoas livres, rumo a uma nova terra, da qual não poderiam viver sem orientações. Os hábitos com os quais estavam acostumados no Egito não serviam para a nova realidade com que se deparariam.
O tempo que Moisés passou com Deus foi suficiente para que recebesse as orientações necessárias para a condução do povo. Mas nem sempre estar com Deus na montanha significa que não haja problemas lá embaixo.
2. O bezerro de ouro. Enquanto Deus falava com Moisés, o povo se reuniu, e numa expressão de ingratidão para com Ele e Moisés, decide fazer um ídolo em forma de animal para ser adorado. Bastou Moisés se afastar um pouco deles para que buscassem outra forma de culto (Êx 32.1). Eles se referem a Moisés como se ele fosse uma pessoa distante e descartável. A proposta de adoração daquele ajuntamento de pessoas não refletia gratidão para com tudo que Deus lhes fizera. Eles queriam fazer um culto, mas nos moldes do Egito, onde haviam sido escravos.
Os egípcios dependiam de ídolos para representarem a sua fé; enquanto Moisés estava na montanha, um bezerro foi feito com ouro doado pelos próprios israelitas. A jornada que aguardava Moisés seria realmente dura.
3. Refaça as tábuas da lei. Por ocasião da descida da montanha, Moisés se surpreende com o bezerro de ouro que o povo fez com Arão. O legislador fica tão indignado com o que viu, que acabou, num acesso de ira, jogando as tábuas da Lei no chão e quebrando-as. As tábuas que Deus entregou a Moisés, contendo a Lei, estavam despedaçadas.
Passado o momento de ira, Moisés deveria tomar a iniciativa para reconstruir o que Deus fizera. “Então, disse o SENHOR a Moisés: Lavra-te duas tábuas de pedra, como as primeiras; e eu escreverei nas tábuas as mesmas palavras que estavam nas primeiras tábuas, que tu quebraste” (Êx 34.1). Duas lições importantes aprendemos neste cenário: A primeira é que não podemos ser pessoas intempestivas ou dominadas pela raiva, a ponto de destruir ou inviabilizar algo que Deus fez ou deseja fazer. A segunda lição é que devemos tomar a iniciativa para restaurar algo que foi destruído. O Senhor não fará a parte que nos cabe. Deus colocaria as suas palavras novamente por escrito, mas Moisés deveria providenciar as novas tábuas, para substituir as que quebrou anteriormente. Moisés teria de escolher as pedras, cortá-las e levá-las montanha acima. Seria um trabalho árduo e pesado. E mais um detalhe: Moisés não poderia ser ajudado a levar montanha acima as pedras substitutas: “E ninguém suba contigo” (Êx 34.3). Que venhamos a valorizar o que Deus fez, e manter intacto seu plano para nossas vidas.
III. A BÊNÇÃO SEM A PRESENÇA DE DEUS
1. Um anjo vai à frente. Após o episódio do bezerro de ouro, Deus diz a Moisés que Ele irá cumprir o que havia prometido aos patriarcas: dar à descendência deles a Terra Prometida. Ele manteria a promessa feita, mas não estaria com o povo naquela caminhada. “E enviarei um Anjo adiante de ti (e lançarei fora os cananeus, e os amorreus, e os heteus, e os ferezeus, e os heveus, e os jebuseus), a uma terra que mana leite e mel; porque eu não subirei no meio de ti, porquanto és povo obstinado, para que te não consuma eu no caminho” (Êx 33.2,3). O povo de Israel era tão rebelde que chegou a deixar Deus realmente “irritado”. Como se esqueceram rápido do Deus que os tirou do Egito? Eles não perderam o senso religioso, pois queriam adorar, mas adorar a algo, não a alguém. Bastou Moisés se afastar uns dias e os israelitas logo escolheram outro deus.
2. Se o Senhor não for comigo. Deus estava dizendo ao povo que Ele cumpriria com a promessa feita aos patriarcas, mas que não estaria mais junto deles na caminhada até a Terra Prometida. Bastaria um anjo de Deus para que os caminhos fossem abertos e a promessa fosse cumprida. De qualquer forma, o Senhor não deixaria de realizar aquilo que tinha prometido a Abraão, a Isaque e a Jacó. A promessa seria cumprida, pois Ele é fiel. Mas para Moisés, a intimidade com Deus e a sua presença fariam toda a diferença naquela caminhada (Êx 33.15). Moisés viu a diferença entre estar acompanhado da promessa de Deus e estar acompanhado da presença dELe. Há quem prefira ser contemplado por bênçãos e não ter qualquer relacionamento com Deus. Moisés, por sua vez, tinha plena certeza de que a presença de Deus valia muito mais do que suas bênçãos. A presença de Deus em nossas vidas vale muito mais do que as bênçãos que podemos receber como consequência da comunhão.
3. Um gigante de Deus. Como todos nós, Moisés tinha suas limitações, e em um momento de descuido, foi impedido por Deus de entrar na Terra Prometida. Ele chegou a ver a terra de longe, mas outro líder conduziria o povo até ali. Tal fato não tira de Moisés todo o trabalho de Deus em sua vida, nem o quanto esse homem foi usado pelo Altíssimo no tempo em que viveu. Ele era tão usado pelo Todo-Poderoso que o apóstolo Pedro o mencionou como referência em comparação ao ministério profético de Jesus: “Porque Moisés disse: O Senhor, vosso Deus, levantará dentre vossos irmãos um profeta semelhante a mim: a ele ouvireis em tudo quanto vos disser” (At 3.22).
Pense!
Deus se importa se valorizamos ou não a presença dEle em nossa vida e em nossas atitudes?
Ponto Importante
Ele se importa, sim, com o valor que damos à sua presença, e isso deve ser mostrado em palavras e atos.
CONCLUSÃO
O diálogo entre Moisés e Deus nos mostra que é preferível ter a presença do Todo-Poderoso, ao invés de ter somente uma bênção. Mas só prefere a presença dEle aquele que o ama, que entende a grandiosidade dos momentos que passam a sós, em comunhão. Deus está pronto para nos abençoar, mas a maior bênção é desfrutar da sua presença conosco em todos os momentos. Ter a bênção dEle é muito bom, mas a sua presença sempre será maior que as dádivas que Ele possa nos conceder.
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