TEXTO ÁUREO
“Lembra-te, agora: qual é o inocente que jamais pereceu? E onde foram os sinceros destruídos? Segundo eu tenho visto, os que lavram iniquidade e semeiam o mal segam isso mesmo.” (Jó 4.7,8)
VERDADE PRÁTICA
Embora transcendente, Deus tem prazer em se relacionar com o homem terreno.
LEITURA DIÁRIA
Segunda – Jó 4.1-4 Sobre a paciência para ouvir
Terça – Jó 4.4-6 Você tem confiança em Deus?
Quarta – Jó 4.6-8 O inocente pereceu? Os retos foram destruídos?
Quinta – Jó 15.1-4 O sábio daria respostas vazias?
Sexta – Jó 22.1,2 O homem será de algum proveito para Deus?
Sábado – Jó 22.3-5 O Todo-Poderoso tem prazer em que você seja justo?
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Jó 4.1-8; Jó 15.1-4; 22.1-5
Jó 4
1 – Então, respondeu Elifaz, o temanita, e disse:
2 – Se intentarmos falar-te, enfadar-te-ás? Mas quem poderá conter as palavras?
3 – Eis que ensinaste a muitos e esforçaste as mãos fracas.
4 – As tuas palavras levantaram os que tropeçavam, e os joelhos desfalecentes fortificaste.
5 – Mas agora a ti te vem, e te enfadas; e, tocando-te a ti, te perturbas.
6- Porventura, não era o teu temor de Deus a tua confiança, e a tua esperança, a sinceridade dos teus caminhos?
7 – Lembra-te, agora: qual é o inocente que jamais pereceu? E onde foram os sinceros destruídos?
8 – Segundo eu tenho visto, os que lavram iniquidade e semeiam o mal segam isso mesmo.
Jó 15
1 – Então, respondeu Elifaz, o temanita, e disse:
2 – Porventura, dará o sábio, em resposta, ciência de vento? E encherá o seu ventre de vento oriental,
3- arguindo com palavras que de nada servem e com razões que de nada aproveitam?
4 – E tu tens feito vão o temor e diminuis os rogos diante de Deus.
Jó 22
1 – Então, respondeu Elifaz, o temanita, e disse:
2 – Porventura, o homem será de algum proveito a Deus? Antes, a si mesmo o prudente será proveitoso.
3- Ou tem o Todo-Poderoso prazer em que tu sejas justo, ou lucro algum em que tu faças perfeitos os teus caminhos?
4- Ou te repreende pelo temor que tem de ti, ou entra contigo em juízo?
5 – Porventura, não é grande a tua malícia; e sem termo, as tuas iniquidades?
OBJETIVO GERAL
Destacar o pensamento teológico de Elifaz que faz uma defesa contundente da religião tradicional segundo a qual somente os pecadores sofriam.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Abaixo, os objetivos específicos referem-se ao que o professor deve atingir em cada tópico. Por exemplo, o objetivo I refere-se ao tópico I com os seus respectivos subtópicos.
1 Apontar a defesa de Elifaz acerca da justiça retributiva;
2 Mostrar a associação de Elifaz a respeito do pecado à quebra da tradição religiosa;
3 Identificar o abismo que Elifaz diz existir entre o Criador e a criatura.
INTERAGINDO COM O PROFESSOR
Neste mundo, só quem comete pecado sofre? Muitos têm uma percepção teológica parecida com a de Elifaz, conforme veremos nesta lição. A justiça retributiva, embora seja uma lei que está presente nas Escrituras Sagradas, nem sempre dá conta de toda a realidade. O Livro de Jó mostrará exatamente isso. O sofrimento que o patriarca passava nada tinha a ver com a consequência de algum pecado cometido no passado. É importante aprendermos essa lição a fim de não proferirmos julgamentos precipitados em relação ao sofrimento de um irmão ou de uma irmã em Cristo.
INTRODUÇÃO
Nesta lição, estudaremos o discurso de Elifaz. Ele é o primeiro amigo de Jó a expor sua concepção teológica acerca da situação degradante em que se encontrava o homem de Uz. Nesse sentido, veremos que, para Elifaz, a justiça retributiva é certa, ou seja, só os pecadores sofrem e os justos não passam por revezes. Para ele, Jó contrariou esse ensinamento, atacou a forma religiosa de pensar e, portanto, feriu a ortodoxia que deveria guardar. Finalmente, veremos também as respostas de Jó a cada acusação de Elifaz.
PONTO CENTRAL
Não só os pecadores sofrem.
I – OS PECADORES NO CONTEXTO DA JUSTIÇA RETRIBUTIVA
1. A lei da semeadura e da colheita. Depois de firmar um princípio oriental de cordialidade, Elifaz se dirige a Jó com uma defesa contundente do pensamento teológico tradicional – a justiça retributiva. Ele está firmemente convencido de que a lei de causa e efeito é um princípio da ortodoxia teológica que não pode ser contraditado.
2. O homem colhe o que plantou. Essa primeira parte de seu discurso compreende os capítulos 4 e 5, em que defende que o homem colhe o que plantou: “Segundo eu tenho visto, os que lavram iniquidade e semeiam o mal segam isso mesmo” (Jó 4.8). Para Elifaz nós habitamos em um universo moral que exige consequências de nossas ações. A Bíblia mostra esse princípio. Por exemplo, o salmista confirma que Deus é bom e justo e, por isso, recompensa os bons e pune os maus (Sl 1.6). O Novo Testamento também atesta esse princípio: “Porque os olhos do Senhor estão sobre os justos, […] mas o rosto do Senhor é contra os que fazem males” (1 Pe 3.12). Portanto, Elifaz defende que o pecado sempre produz consequências, mas que somente os pecadores pagam por isso. Assim, segundo Elifaz, se Jó estava sofrendo era porque havia pecado. Cabia a Jó, então, assumir a responsabilidade moral de seu pecado. Não havia outra opção.
Quantos são os que fazem acusações precipitadas quando alguém passa por momentos delicados na vida? Ao julgar precipitadamente, muitos cometem injustiças e esquecem de que Deus é quem pode ver todo o lado da questão.
3. A queixa de Jó. Em sua defesa, Jó se contrapõe à teologia de Elifaz (Jó 6—7). Essa teologia era a base de como se imaginava o universo governado por uma lei moral de causa e efeito: Há uma recompensa para os bons e punição para os maus. Elifaz não estava de todo errado, mas equivocou-se quando pensava que esse pressuposto era o único existente. Tratava de parte da verdade, mas não de toda. Sua teologia não se aplicava no caso de Jó.
O patriarca não aceita a tese de Elifaz e, por isso, sente-se alienado de Deus, (6.1-7), de si mesmo (6.8-13) e de seus amigos (6.14-23). Isso leva Jó a se queixar de Deus (Jó 6.1-13). Ele se queixa pela sua atual situação. É uma queixa fundamentada ainda nos antigos pressupostos teológicos: Ele era justo, não estava em pecado, portanto, não merecia sofrer. Em seguida, Jó se queixa a Deus (Jó 7.11-21), desejando abrir uma porta de diálogo com o Altíssimo. Ele não quer explicações baseadas em teorias teológicas antigas, mas uma conversa sincera através de um relacionamento direto com o Criador, onde Jó fala com Ele e Deus fala com Jó.
No momento da dor, a melhor coisa a se fazer é se dirigir pessoalmente a Deus.
SÍNTESE DO TÓPICO I
Elifaz traz a lei retributiva, da semeadura e da colheita; mas Jó contesta essa lei em relação a si mesmo
SUBSÍDIO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO
Antes de iniciar o primeiro tópico é importante contextualizar mais uma vez o aluno a respeito da estrutura do Livro de Jó. Informe a ele que a partir desta lição iniciaremos o estudo da parte principal do livro: os diálogos de Jó com os seus amigos Elifaz, Bildade e Zofar (Jó 4.1–25.6). Para facilitar esse processo, leve em conta o seguinte: Há pelo menos três ciclos de diálogo entre Jó e seus amigos; (1) O primeiro (4.1–14.22) está assim organizado: Elifaz e Jó (4.1–7.21), Bildade e Jó (8.1–10.22), Zofar e Jó (11.1–14.22); o segundo ciclo (15.1–21.34) está estruturado assim: Elifaz e Jó (15.1–17.16), Bildade e Jó (18,19), Zofar e Jó (20,21); finalmente, o terceiro ciclo de diálogo (22.1–25.6) está organizado desta forma: Elifaz (22), Jó (23.1–24.25) e Bildade (25.1-6). Exponha essa estrutura aos alunos, pois certamente os ajudará na melhor compreensão desses diálogos.
O patriarca se expressa em linguagem poética, mas sua mensagem é profética.
II – OS PECADORES NO CONTEXTO DA TRADIÇÃO RELIGIOSA
1. Ortodoxia engessada. Em seu segundo discurso (Jó 15.1-35), Elifaz argumenta que as palavras de Jó são uma ameaça ao dogma religioso aceito: “E tu tens feito vão o temor e diminuis os rogos diante de Deus” (15.4). Assim, se Jó estivesse certo, a religião tradicional, que sempre ensinou a prosperidade dos bons e o sofrimento dos maus, estaria errada. Nesse aspecto, Jó era uma ameaça àquela forma de pensar. Por isso Elifaz ataca Jó de uma forma contundente dizendo que suas palavras não revelam sabedoria, mas são palavras ao vento.
O patriarca se expressa em linguagem poética, mas sua mensagem é profética.
2. Uma ameaça à tradição religiosa. A partir do versículo 7 do capítulo 15, Elifaz apela para a tradição religiosa como forma de validar seu princípio teológico: “Que sabes tu, que nós não saibamos? Que entendes, que não haja em nós? Também há entre nós encanecidos e idosos, muito mais idosos do que teu pai” (15.9,10). Segundo Elifaz, ainda que fosse homem sábio, Jó não era mais sábio nem mais antigo do que o dogma que ele estava negando.
3. Um defensor celeste. Em sua defesa, Jó se contrapõe ironicamente ao argumento de Elifaz (Jó 16—17). Aqui não podemos esquecer de que a resposta de Jó deve ser ouvida na forma poética, conforme o fazemos em salmos, orações e súplicas recitados assim. Isso evita um literalismo rígido que empobrece o sentido do texto, quando este é poético, e, consequentemente, transforma Jó em um sacrílego.
Nesse texto Jó reclama, mas não blasfema contra Deus. Ele tem consciência de que a teologia de seu amigo firmava-se na terra, mas o homem de Uz apelava aos céus. Sua fé o projeta para o alto, à procura de quem possa defendê-lo. Ele quer um defensor que interceda por ele no céu (Jó 16.18—17.2). O patriarca se expressa em linguagem poética, mas sua mensagem é profética. Seu anseio por um mediador prenuncia o justo advogado, Jesus Cristo (1 Jo 1.5,7).
SÍNTESE DO TÓPICO II
Diante do novo discurso de Elifaz, Jó reclama, mas não blasfema contra Deus.
SUBSÍDIO BÍBLICO-TEOLÓGICO
“Jó também afirmava possuir uma sabedoria igual ou superior à dos seus amigos. Elifaz sarcasticamente pergunta acerca da base de sua afirmação: És tu, porventura, o primeiro homem que foi nascido? (7). Jó havia admitido que a sabedoria vinha com a idade (12.12). Ironicamente Elifaz pergunta se Jó se considerava um ser especial, alguém que ouviu o secreto conselho de Deus (8) no princípio dos tempos. Ele também pergunta: A ti somente limitaste a sabedoria? A sabedoria aqui referida é a sabedoria divina. Será que Jó, como membro do conselho celestial, tinha acesso ao conhecimento dos mistérios de Deus? Elifaz responde à pergunta que ele mesmo levantou, concluindo que Jó, na verdade, não é mais sábio do que eles: Que sabes tu, que nós não saibamos? Na verdade, existe alguém no meio deles (seria o próprio Elifaz?) que tem idade para ser pai de Jó (10). Se existe uma relação entre idade e sabedoria, então existe alguém muito mais sábio do que Jó. Elifaz também afirmou em seu primeiro discurso ter recebido sabedoria por meio de revelação divina” (CHAPMAN, Milo L.; PURKISER, W. T.; WOLF, Earl C. (et al). Comentário Bíblico Beacon: Jó a Cantares de Salomão. Rio de Janeiro: CPAD, 2014, p.55).
III – OS PECADORES DIANTE DE UM DEUS INFINITO
1. Deus não se importa com quimeras humanas. Em seu terceiro discurso (Jó 22), Elifaz apela para a transcendência divina ao atacar Jó. Grosso modo, a transcendência diz respeito ao conjunto de atributos do Criador que ressalta a sua superioridade em relação à criatura. Significa que Deus está acima da Criação e não é limitado por ela. Realça, portanto, a infinitude divina em contraste com a finitude humana (Jó 22.1-3). Para Elifaz, o sofrimento de Jó era um atestado de que ele havia pecado e que, por isso, Deus o havia abandonado; Ele era grande e não poderia se envolver em quimeras humanas, principalmente nas do pecador Jó. A teologia de Elifaz destaca um Deus transcendente, porém, distante, que não se importa muito com o que acontece aqui na terra, indiferente às coisas que criou (Jó 22.12). Não adiantava Jó chorar ou reclamar. Ele precisava se arrepender.
2. Deus caminha com os homens. Nessa parte da poesia Jó expõe seus argumentos de forma mais clara (Jó 23.1—24.25). Ele demonstra que nunca negou a transcendência de Deus como Elifaz quer dar a entender. Ele reconhece que Deus é excelso e pode fazer o que intenta: “Mas, se ele está contra alguém, quem, então, o desviará? O que a sua alma quiser, isso fará” (Jó 23.13). Todavia, esse é apenas um lado da história. Jó está consciente que esse Deus, embora grande, também caminha com os homens (Jó 23.10). A ideia no texto hebraico é que Jó passa a ficar cada vez mais seguro e consciente, não apenas de seu caminhar com Deus, mas do caminhar de Deus com ele. É exatamente isto: Não devemos temer mais em ficar diante de Deus, pois o andar com Ele é reto. Em Cristo Jesus, Deus caminha com os homens; sendo o Altíssimo transcendente, envolve-se com os seres humanos nos diversos detalhes da vida.
SÍNTESE DO TÓPICO III
Enquanto para Elifaz Deus não se importava com as quimeras humanas, para Jó Ele caminhava com os homens.
SUBSÍDIO BÍBLICO-TEOLÓGICO
“Somente parte desta resposta a Elifaz, de forma semelhante às outras, é dirigida diretamente aos amigos. Jó também se dirige a Deus, e também há um tipo de conversa introspectiva que Jó tem consigo mesmo. O apelo prévio de Jó a Deus (13.20-28) permaneceu sem resposta. Deus aparentemente recusou-se a responder a Jó ou revelar-se a ele. Jó tinha a esperança de que seu apelo honesto aos céus convenceria seus amigos da integridade dele. Em vez disso, ele é acusado do uso astuto das palavras para ocultar o seu pecado (15.5-6). Elifaz tenta convencer Jó de que seus amigos o abandonaram, e Jó reage com ira, movido por profunda dor” (CHAPMAN, Milo L.; PURKISER, W. T.; WOLF, Earl C. (et al). Comentário Bíblico Beacon: Jó a Cantares de Salomão. Rio de Janeiro: CPAD, 2014, p.57).
CONCLUSÃO
Estudamos o pensamento teológico de Elifaz, um dos amigos de Jó. Para ele só os maus sofriam os infortúnios da vida. Ele estava convencido de que ao se negar a reconhecer de que estava em pecado, Jó depunha contra a religião tradicional que sempre associou as desgraças ao cometimento de algum pecado. Para ele, Jó estava abandonado por Deus e isso era uma prova irrefutável de que havia pecado. Jó o contrapôs e defendeu sua integridade e comunhão diante de Deus.
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