Postado por Presbítero André Sanchez
Você Pergunta: Eu tenho costume de montar uma árvore de natal em casa, como uma forma de decoração, para deixar o ambiente mais bonito nessa época. Uma irmã que veio me visitar me disse que isso é pecado, pois árvore de natal tem origem pagã, é coisa do diabo, traz coisas malignas para minha casa. Isso é correto?
Você sabe qual é a origem da árvore de natal e também das guirlandas, que são muito usadas em nossos finais de ano como enfeites em casas, prédios, ruas, etc?
Se você pesquisar na Internet vai encontrar dezenas de explicações, dezenas de origens que ligam tanto a árvore de Natal quanto as guirlandas a rituais pagãos dos mais diversos, onde essas peças seriam utilizadas em cultos a deuses dos mais variados, até hipóteses ligando árvore de natal com nomes famosos do protestantismo, como Martinho Lutero.
No entanto, gostaria de falar exatamente a respeito desse tipo de critério que as pessoas usam para dizer se algo é correto ou não. Seria um critério correto?
A verdade sobre a árvore de natal e a guirlanda
A origem das coisas
(1) Você pesquisa a origem de todas as coisas antes de usá-las? Você sabe a origem desse computador, desse celular ou desse tablet que está usando?
Você sabe se quem o produziu o ofereceu aos seus próprios deuses ou se o criador dessas coisas era um adorador do diabo?
Aquele arroz e feijão que você comeu hoje na hora do almoço, você sabe se foi plantado por algum agricultor que ofereceu sua colheita aos seus deuses ou se a fábrica que fez o beneficiamento pertence a alguém que todos os dias oferece a sua produção ao diabo?
O seu chinelo, sapato, camisa, calça, seu sabonete, sua pasta de dente, a gasolina do seu carro, verificou se cada uma dessas coisas não veio de origem pagã?
(2) Aqueles que satanizam a árvore de natal e as guirlandas por conta de sua SUPOSTA origem pagã, deveriam também pesquisar a origem de todas as coisas que usam em seu dia a dia, caso contrário, isso tem aquele cheiro da famosa hipocrisia, que foi muito condenada por Jesus.
Agora imagine comigo: já pensou se nós fossemos pesquisar a origem de cada coisa que usamos por causa desse medinho que muitos têm do diabo como se ele fosse o criador das coisas e como se ele tivesse um poder que está acima do poder de Deus? Iríamos ficar doidos, perder toda a nossa liberdade em Cristo!
(3) Paulo passou por um problema parecido. Mas na época dele o problema eram as coisas vendidas no mercado. Era comum as pessoas oferecerem suas colheitas e seu alimentos aos seus deuses e muitas vezes os servos de Deus ficavam sem saber se aquilo que compravam no mercado era algo sacrificado a ídolos.
Qual foi a orientação de Paulo? Vejamos: “Comei de tudo o que se vende no mercado, sem nada perguntardes por motivo de consciência; porque do Senhor é a terra e a sua plenitude” (1 Coríntios 10:25).
Em outro momento Paulo teve problemas com pessoas que proibiam outras de comer carne, pois essa carne seria uma carne que foi oferecida a ídolos. A orientação de Paulo é libertadora
“Não é a comida que nos recomendará a Deus, pois nada perderemos, se não comermos, e nada ganharemos, se comermos” (1 Coríntios 8:8).
Paulo deixa claro que esse “poder” que algumas pessoas conferem a qualquer ídolo, como se ele fosse capaz de ter alguma coisa, de criar alguma coisa, é uma grande besteira, é conferir aos ídolos algo que eles não têm:
“No tocante à comida sacrificada a ídolos, sabemos que o ídolo, de si mesmo, nada é no mundo e que não há senão um só Deus” (1 Coríntios 8:4).
Jesus fazia exatamente dessa forma. Lembra que várias vezes ele comia com pecadores? Certamente esses pecadores tinham seus deuses e muitos de seus alimentos eram oferecidos a esses deuses.
Mas Jesus sabia que essas coisas não tinham poder sobre Ele ou sobre um servo de Deus, “pois tudo que Deus criou é bom, e, recebido com ações de graças, nada é recusável” (1 Timóteo 4:4).
Quando usar árvore de natal e guirlandas pode ser pecado?
Analise a sua motivação e seus objetivos
(4) A motivação do nosso coração pode indicar que usar árvore de natal e guirlandas pode se tornar algo que não agrada a Deus quando essa motivação em usar esses objetos não glorifica a Deus na forma como isso é usado, ou quando usa-se o objeto para glorificar a outros deuses.
É importante dizer que podemos também ter esse tipo de motivação com qualquer tipo de objeto e não somente com objetos natalinos.
Podemos ter uma motivação errada com a casa que temos, com o carro, com os alimentos, com as roupas, com tudo. O homem tem a grande capacidade de transformar tudo em algum deus falso e adorá-lo.
Outra coisa importante a cuidar é do nosso testemunho com os de fora. Paulo, quando tratou dos assuntos que mencionei acima, traz uma ressalva importante: “E, por isso, se a comida serve de escândalo a meu irmão, nunca mais comerei carne, para que não venha a escandalizá-lo” (1 Coríntios 8:13).
Se de forma clara e consciente a nossa atitude em aceitar algo, seja árvore de natal, guirlandas ou qualquer outra coisa, ferir de alguma forma a consciência de alguém, segundo a orientação de Paulo, é melhor não priorizar a confusão, mas abrir mão daquilo em favor daquele que é mais fraco e não tem ainda condição de perceber que comer aquela carne ou ter aquela árvore de natal em casa não faz de ninguém um adorador de outro deus.
Conclusão
(5) A verdade sobre a árvore de natal e sobre as guirlandas é que existe muita polêmica boba sobre elas. Não existe qualquer atestado de autenticidade sobre as lendas de sua origem e que são usadas por muitos de forma hipócrita para proibir o seu uso.
O crente pode usar sim de forma saudável como enfeite sem qualquer problema, desde que com motivação correta e sem o objetivo de ferir a consciência dos mais fracos na fé.
Ou seja, a verdade sobre a árvore de natal e as guirlandas é que não temos o poder de proibir quem quer que seja de usá-las sobre o pretexto de que elas teriam sido usadas num passado que ninguém sabe ao certo por pagãos em supostos rituais.
Se fizermos esse tipo de proibição, que sejamos coerentes e analisemos a origem de todas as coisas que usamos e tiremos tudo aquilo que tem origens parecidas. Está disposto a viver essa prisão desnecessária?
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