A verdadeira conversão dá segurança ao homem, mas não lhe permite cessar de vigiar”. (C. H. Spurgeon)
Texto: Juízes 16.1-22
A Bíblia nos adverte que “enganoso é o coração, mais do que todas as coisas”. A história de Sansão é uma prova de que nossas emoções podem comprometer a nossa caminhada com Deus, levando-nos ao sofrimento. Sabemos que o nosso sucesso, ou o nosso fracasso, está diretamente ligado à qualidade das nossas escolhas. Daí a importância de vigiarmos constantemente (Mateus 26.41). Nosso alvo deve ser poder dizer como Paulo: “Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé”.
Em nosso sermão de hoje vamos analisar alguns fatos sobre a vida de Sansão. Um homem que apesar de todos os seus equívocos foi muito importante para a história de Israel. Seu nome está registrado na galeria dos heróis da fé (Hebreus 11.32).
Quem foi Sansão
Sansão (ilustre, pequeno sol) viveu por volta de 1075 a.C. Sua história está registrada nos capítulos 13 a 16 do livro dos Juízes. Era filho de Manoá, um homem de Zorá, da tribo de Dã. Sua mãe era estéril quando foi visitada por um anjo do Senhor. Ela foi avisada de que daria à luz um menino, que livraria o povo de Israel das mãos dos Filisteus. Sansão era um nazireu de Deus (Números 6.1-21; Juízes 13.5). Um homem consagrado antes mesmo do nascimento. Deus era com Sansão (13.24,25; 14.6; 15.14). Sansão casou-se com uma filisteia de Timna (14.1). Foi traído ao ter o segredo do seu enigma revelado. Ele então se apaixonou por uma mulher chamada Dalila, que subornada pelos filisteus usou todo o seu charme para arrancar de Sansão, após quatro tentativas, o segredo de sua força (16.17). Ele nunca havia cortado o cabelo, mas deixando-se levar pela atração que nutria por Dalila, contou toda a verdade. Enquanto dormia teve seus cabelos cortados. Quando tentou abrir os olhos, era tarde demais. Ele havia perdido os olhos e a força e passou a ser como qualquer outro homem. Os filisteus o levaram para uma prisão, onde ele, humilhado, passou a trabalhar girando o moinho no cárcere.
Enquanto os filisteus exaltavam o deus “Dagom” e zombavam do Deus de Israel, Sansão se apoiou nas colunas mestras que sustentavam o templo e clamou ao Senhor (16.28). O templo desabou sobre todos os líderes, sobre o povo e sobre Sansão. Todos morreram. O corpo de Sansão foi levado por seus irmãos, que o sepultaram no túmulo de seu pai, Manoá. Sansão julgou Israel por 20 anos. Ele foi o 13° juiz.
A história de Sansão serve de alerta, nos proporciona as seguintes lições:
1. Devemos tomar cuidado com o nosso envolvimento no mundo
Sansão se envolveu com os filisteus; apaixonou-se e casou-se com uma filisteia, ignorando o alerta dos seus pais (14.3). Envolveu-se com uma prostituta quando foi a Gaza (16.1) e por fim rendeu-se aos encantos de Dalila, uma mulher que sabia usar seus encantos para conseguir seus intentos (16.16). A queda de Sansão está diretamente ligada a sua disposição em viver longe do seu povo. Ela aconteceu aos poucos.
Enquanto igreja militante, teremos que viver, trabalhar, negociar e estudar neste mundo. Mas não podemos esquecer que “fomos chamados para fora”. Somos a igreja de Cristo, um povo que vive na terra com um estilo de vida de acordo com aqueles que um dia viverão no céu. “Não ameis o mundo, nem o que há no mundo”.
2. Não podemos colocar as emoções à frente da razão
Sansão deu vazão à emoção. Estava nos braços de uma bela mulher, que o levou à queda. Ele havia se acomodado ao ambiente, achava-se forte o bastante para qualquer situação. Ele teve três oportunidades de avaliar os fatos e reagir, mas optou por ignorar o perigo e em seguida caiu. Sansão tornou-se uma presa fácil para Dalila e para os filisteus.
A Bíblia nos alerta: “Não sejas sábio a teus próprios olhos; teme ao Senhor e aparta-te do mal”. Mesmo assim muitos estão optando por seguir dando vazão apenas às emoções. Vivemos numa época em que todos querem sentir, se arrepiar, etc. Poucos falam sobre pensar. Daí o grito do cantor João Alexandre ao escrever a canção intitulada “É proibido pensar”. Nossa vida precisa estar aliada à razão. Precisamos pensar antes de agir. Precisamos estabelecer princípios que priorizem nossa integridade diante de Deus. Precisamos cultuar de forma racional.
Precisamos ouvir a voz do Espírito Santo, o nosso ajudador. Precisamos priorizar andar segundo a Palavra de Deus (Salmo 119.11). Precisamos renovar o nosso entendimento diariamente. Agindo assim, experimentaremos a “boa, agradável e perfeita vontade de Deus”.
3. Nem sempre será possível ser como antes
Essa é uma triste conclusão que a história de Sansão revela. A sua falta de vigilância custou muito caro. Mesmo Deus ouvindo a sua oração naquele templo, Sansão não teve como recuperar os seus dias de glória.
Um dos melhores antídotos contra o pecado é pensarmos nas consequências dele. No preço caríssimo a ser pago diante de Deus e dos homens. A maioria das quedas não acontece do dia para a noite. Há tempo para pensar, avaliar, resistir e se necessário fugir (Tiago 1.14,15). Quantas vidas e famílias seriam preservadas se aqueles que caíram tivessem aplicado essas e outras regras de segurança. Precisamos estabelecer limites, avaliar as consequências dos nossos atos antes de agir.
Sabemos que quando confessamos ao Senhor os nossos pecados (1Jo 1.9), eles são perdoados. Mas também sabemos que muitas vezes haverá um triste salário a ser pago em consequência deles. Na presença de Deus podemos resistir às tentações. Então: “Aquele, pois, que pensa estar em pé, olhe não caia”.
4. Mesmo estando “no fundo do poço” clame ao senhor
Os erros de Sansão o levaram a uma condição a que ele jamais havia imaginado chegar. Mas em meio às pesadas consequências ele fez um pedido a Deus e foi atendido.
Sempre é tempo de clamar. Foi o Senhor quem disse: “se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar e orar, buscar aminha face e se afastar dos seus maus caminhos, dos céus o ouvirei, perdoarei o seu pecado e curarei a sua terra” (2 Crônicas 7.14).
Nenhuma condição deve nos afastar de Deus. Clamemos ao Senhor, não importa a circunstância. A. W. Pink afirmou: “O propósito da oração não é fornecer a Deus o conhecimento das coisas de que precisamos, mas confessar-lhe nosso sentimento de necessidade”.
Conclusão: A história de Sansão é um exemplo que serve de alerta quanto ao nosso envolvimento com o mundo. Um homem consagrado antes mesmo do nascimento, uma vida que tinha tudo para dar certo, mas que após viver momentos de extremo sofrimento teve um triste fim. Alguém poderia dizer: “Ah, se Sansão tivesse vigiado um pouco mais!”.
A história na vida real não se baseia em suposições. Ela é escrita com as decisões que tomamos no dia a dia. Por isso, “a melhor maneira de não falhar nunca é temer sempre”. É permanecer com a armadura de Deus para que possamos resistir no dia mau (Efésios 6.10-18). Portanto, antes que seja tarde demais, clame ao Senhor.
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