Texto: Gálatas 5.22-25
O fruto do Espírito Santo é em si como um prezado e desejado fruto.
Introdução – A famosa passagem de Paulo sobre o fruto do Espírito Santo é em si como um prezado e desejado fruto. Não somente devemos admirá-lo, senão, também, ingeri-lo e beneficiar-nos dele. Aparece em uma seção da epístola do Apostolo Paulo aos Gálatas, na que explica a maneira correta de usar nossa liberdade e autonomia cristã, mediante o fruto e o caráter cristão (Gl 5.13-26).
I. Os versículos (13-15)
1. Os versículos 13-15 declaram que nossa liberdade da escravidão à lei (5.1), não deve converter-se em uma escusa para egoísmo.
2. Não devemos abusar de nossa liberdade permitindo que a carne, nossa antiga natureza egoísta, seja salga com a sua.
3. Não devemos utilizar nossa liberdade para dissimular a maldade, (1 Pe 2.16).
4. Como troca, devemos praticar a liberdade em amor: “Servindo-nos uns aos outros com amor”, (Gl 5.13).
5. A carne, o egoísmo e a iniquidade – É a capacidade de pecar que persiste nos crentes. É o inimigo em nosso interior que busca destruir nossa liberdade em Cristo e levar-nos a uma escravidão ou pior. Portanto, os filhos de Deus necessitam de uma mão que os ajude e contenha para protegê-los de usa própria natureza maligna.
6. Achamos esta ajuda no paracleto divino (o consolador) que habita em nós. Mediante o Espírito Santo, podemos caminhar um passo de cada vez, dia a dia, semana a semana, mês a mês, ano a ano, sempre e em toda a vida, e ter a fortaleza para não satisfazer aos desejos da carne (5.16).
7. O Espírito Santo pode controlar-nos de tal maneira que impeça que nos entreguemos aos nossos próprios caprichos e à gratificação dos desejos da antiga natureza.
8. Por meio do Espírito Santo podemos dar morte às atitudes negativa e aos maus hábitos, que são as atividades naturais de nossa própria natureza e viver (Rm 8.13).
9. Se pertencermos verdadeiramente a Jesus Cristo – temos tomado a decisão de considerar o “velho homem” (Rm 6.6), ou a carne, com suas paixões e desejos, como algo crucificado (Gl 5.24).
10. Nosso eu antigo – sem a regeneração, o que sabíamos ser antes, nunca pode converter-se. A mudança somente ocorre quando o “homem novo” se converte no dominante.
11. O Espírito Santo e a carne – O Espírito Santo que habita em nós e a “carne”, ou a natureza ímpia, são antagônicos no cristão. Cada um deles possui o desejo profundo de reprimir ao outro. Estão travados em constante batalha. Estão entrincheirados em uma atitude de oposição mútua de modo que o cristão não pode fazer o que deseja. Paulo desenrolou este fato de uma forma mais extensa, em Romanos (7.14-25), ao relatar sua própria experiência inicial como Cristão.
12. Quando o Espírito Santo penetra em nós no momento de nossa conversão – É como a invasão dos aliados em Normandia durante o período da Segunda Guerra Mundial. Deus tem regressado a ocupar o que lhe pertence por direito. Quanto mais coopere o novo crente, como os habitantes franceses na Normandia, com o “Invasor”, tanto mais pronto se poderá reclamar e liberar por completo o território que se encontrava nas mãos do inimigo.
II. O contraste das obras da carne e o fruto do Espírito Santo
1. Primeiro: Adultério, fornicação, impureza e lascívia (atentados irrefreados e deliberados contra toda a decência), relacionados com a imoralidade sexual. Boa parte disso nem sequer era considerada pecado pela sociedade em geral. Porém, a Igreja do Senhor Jesus Cristo, não pode admitir pensar ou regrar-se de tal maneira como o mundo.
2. Segundo: Idolatria (tanto as imagens, como aos deuses que representavam, como, também, à pessoa e objetos), e Feitiçaria (inclusive a magia, os encantamentos (espirituais e humanos), e o uso de drogas nos rituais religiosos), relacionados com as religiões de origem humana.
3. Terceiro: Inimizades (ódio), porfias (contendas, discórdia, brigas, discussões), emulações (inveja daquilo que os outros têm), iras (explosões de raivas, perda de paciência); pelejas (intrigas por motivos mercenários, devoção aos próprios interesses, como na busca de empregos públicos, vantagens, etc.), heresias (diferenças de opinião, especialmente ao ponto de causarem divisões), invejas (expressadas em termos de má vontade e de malícia), e, homicídios (resultados dos motivos citados: ver Mateus 5.21-23; 1 João 3.14,15). Todas essas coisas relacionam-se com os conflitos que surgem nos próprios impulsos naturais e os desejos egoístas.
4. Quarto – Bebedices e glutonarias (com as orgias, farras e pândegas).
São esses os nossos impulsos naturais que guerreiam contra os desejos que o Espírito Santo tem para o nosso bem. A civilização, a educação, a cultura, a criação numa boa família podem revestir coisas de uma camada superficial, para deixar o descrente com boa aparência. Usualmente, porém, pouca coisa já basta para essas obras da carne romper a superfície.
O cristão, ao identificar-se com o Salvador salvífico e crucificado, realmente crucificou a carne com as suas paixões e concupiscência. Mas, aquela vitória, que é potencialmente nossa, deve e tornar ativa e real. Nós, como cristãos, vivemos no Espírito Santo, no sentido de termos nossa vida mediante o Espírito Santo de Deus. Mas, também, devemos andar no Espírito para as tendências, os impulsos, e os desejos da carne ser realmente purificados na nossa experiência diária (Romanos 8.4,5).
III. Reflexões sobre a vida cristã e o fruto do Espírito Santo
Depois de enumerar várias das diversas práticas horrorosas da carne (Gl 5.19-21), Paulo nos ilustra um maravilhoso contraste. É como encontrar uma vide carregada de suculentas uvas, ou uma árvore coberta de maças maduras e vermelhas, em meio a um matagal e brejos, sujos e maltratados. “Numa mudança, o furto do Espírito Santo é Amor, Alegria, Paz, Longanimidade (paciência), Benignidade (amabilidade), Bondade, fidelidade (fé), mansidão (humildade) e Domínio Próprio”, (vv. 22-23).
1. No versículo 22 a palavra “fruto” está no singular, tendo a enfatizar a unidade e a coerência da personalidade daqueles que andam no Espírito Santo. Visto que o Espírito os guia e dirige e controla, sua vida é íntegra, curada e abundante. Em contraste, a palavra “obras” ou “feitos” ou “frutos” em (5.19) estão no plural, para fazer ressaltar a falta de organização e estabilidade da vida regida pelos ditames da carne. A vida impenitente se encontra fragmentada e em conflito com ela mesma.
2. Paulo sempre utiliza a palavra “fruto” (karpos) como um substantivo coletivo no singular, exceto em (2 Timóteo 2.6). De modo que não devemos considerar o amor como o único fruto, o qual está descrito em seus diversos aspectos pelas oito palavras que se seguem. Sem dúvida, alguns preferem considerar o furto do Espírito como um ramo com suas uvas individuais, ou como uma laranja com seus diferentes gumes ou seguimentos.
3. Nada demonstra isso mais do que nosso relacionamento uns com os outros. Se cobiçarmos as vanglórias (se nos tornarmos jactanciosos, com ambições excessivas), provocamos e invejamos uns aos outros (Gálatas 5.26). Se formos espirituais (vivendo no Espírito, andando no Espírito, vivendo em comunhão ativa com Ele), seremos humildes. Em vez de rebaixarmos nosso próximo, de buscarmos nossa própria vontade, levemos as cargas uns dos outros e sejamos solícitos em restaurar o irmão caído (6.1,2).
IV. O fruto do Espírito Santo e suas manifestações em nossa vida diária – amor - (nossa relação com Deus).
Em 1 Coríntios 13 se descreve o amor de uma maneira belíssima.
1. O amor ágape – É o amor inteligente e com propósitos, que é mais um ato da vontade que emoção e sentimento;
2. O amor é força interior que dá energia e ativa a nossa fé e a motiva a atuar: “A fé que atua mediante o amor” (Gálatas 5.6).
3. O Amor se revela pelo serviço mútuo (5.13);
4. Sua única fonte, a qual é Deus (Jo 4.7-8), é a que nos concede esta classe de amor.
5. Deus tem derramado seu amor em nossos corações, por meio do Espírito Santo (Romanos 5.5; 2 Timóteo 1.7).
Esta é uma ilustração do fruto do Espírito Santo que começa com o Amor, e que se resume no Amor. É chamado Fruto do Espírito, porque brota do Espírito. Não cresce naturalmente do solo da nossa carne humana.
6. O amor é idêntico ao que Deus demonstrou no Calvário, quando ele enviou seu filho para morrer por nós, enquanto ainda éramos pecadores (Romanos 5.8).
7. O amor é descrito em 1 Coríntios 13.4-7, como:
8. Sofredor – Paciente com os que nos provocam e nos lesam;
9. Benigno – Que paga o mal com o bem;
10. Livre de inveja – Inclusive da malícia e da má vontade;
11. Humilde – Sem se encher da sua própria importância;
12. Sempre cortês – Pronto para ser gentil e dedicado;
13. Nunca egoísta – Voltado para o próprio, mas ao servir;
14. Nunca cobiçoso – Que deseja o que é de outrem não contentando-se com o seu;
15. Nunca irritável – Que se irrita com facilidade e com os debilidades de outrem;
16. Não facilmente provocado – Levando em consideração as fraquezas dos mais fracos e, também, quando uma provocação lhe visa descontrolar;
17. Nunca levando em conta os danos que sofre – Trabalhando para evitar isso, mas, se os tiver, tratá-los com moderação sempre;
18. Não se alegra nas falhas ou desgraças alheias – Mas de condoer e desejar o bem;
19. Tudo sofre – Mesmo que em sacrifício, o que não significa lerdeza;
20. Tudo crê – Sempre procura acreditar nas pessoas, mesmo que elas às vezes, procurem o seu mal, vence o mal com o bem;
21. Tudo espera – Ajuda, orienta, sugere, instrui e tudo espera das pessoas, espera sempre o bem e nunca o mal;
22. Tudo suporta – É muito edificante quando, no que depender de mim e você, suportemos as fraquezas dos mais fracos, procuremos ajudá-los, e, quando se trata de alguém maldoso, não se pague mal com mal, mas com o bem; e, quem por índole própria deseja o nosso mal, Deus tratará e retribuirá conforme a promessa feita a Abraão: “ Abençoarei os que te abençoarem, e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem...” (Gêneses 12.1-7).
23. O amor suporta tudo e todas as circunstâncias da vida com fé e esperança.
Verdade - não é de se admirar que o verdadeiro amor nunca falhará ou fracassará e nunca cessará.
24. A caridade nunca falhará, mas havendo profecias; serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá; Porque, em parte, conhecemos e, em parte profetizamos. Mas, quando vier aquele que é perfeito, então, o que o é em parte será aniquilado.
Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria e procedia como menino; mas, agora, que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino.
Porque, agora, vemos por espelho e por enigma; mas, então, veremos face a face; Agora, conhecemos em parte, mas, então, conhecerei como também sou conhecido.
Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estas três, mas, a maior destas é o amor.
25. O amor não é baseado em sentimentos humanos. É o vínculo da perfeição, a maior das virtudes cristãs (1 Co 13.13; Cl 3.14), é divino. É como já falamos, o ágape, ou o que vem de Deus, derramado, pelo Espírito Santo sobre nós; exercido pelo coração e pela mente, englobando sentimentos e vontade. É idêntico ao demonstrado por Jesus no Calvário, enviando Seu Filho, para morrer por nós, quando não merecíamos, sendo nós ainda pecadores (1 Co 13.4-7: Rm 5.8; Jo 6.16).
Pr. Jônatas Câmara
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