▼
18 junho 2022
Lição 10: A cura do paralítico de Cafarnaum- Milagres de Jesus — A Fé realizando o Impossível.
Comentarista: César Moisés Carvalho
TEXTO DO DIA
“E Jesus, vendo-lhes a fé, disse ao paralítico: Filho, perdoados estão os teus pecados” (Mc 2.5).
— Is 43.25 Por amor a si Deus apaga as transgressões
— Is 55.7 Deus perdoa com generosidade
— Cl 3.13 Perdoar como o Senhor nos perdoou
— 1Jo 1.9 Se confessarmos os pecados, Ele nos perdoa
— Ef 1.7 Em Jesus temos o perdão dos pecados
— Cl 1.13,14 Em Jesus temos a remissão dos pecados
OBJETIVOS:
DISSERTAR a respeito do ministério do Senhor Jesus Cristo tendo-o como modelo absoluto;
VALORIZAR a amizade sincera;
CATEGORIZAR a dupla restauração realizada por Jesus na vida do homem.
Que somos seres gregários ninguém tem dúvida. A Bíblia fala, por diversas vezes, acerca da amizade (1Sm 18.1-3; Rt 1.16,17; Pv 17.17; 18.24; 27.9,10; Ec 4.9,10). O seu valor é inegável. Até mesmo o nosso querido Mestre falou a respeito do fato de que Ele não considerava os seus discípulos como servos, mas sim como amigos (Jo 15.15). Assim, além do milagre objeto de hoje, o tema transversal — a amizade —, leva-nos a refletir sobre a importância dos relacionamentos. Não apenas do fato de tê-los, mas também da qualidade de tais relacionamentos (Pv 13.20; 22.24,25; 1Co 15.33). É gratificante saber que temos amigos e que podemos contar com eles. Contudo, dificilmente pensamos e refletimos acerca de que tipo de amizade oferecemos às pessoas ou que tipo de amigo temos sido. Sim, em vez de cobrar, que tal fazer um autoexame e pensar no quanto temos sido amigos das pessoas?
Na imagem abaixo ilustra e auxilia na compreensão de como os quatro homens tiveram acesso ao teto da casa, bem como entender como foi “fácil” descobri-la para que pudessem baixar o homem paralítico.
TEXTO BÍBLICO
Marcos 2.1-8.1 — E, alguns dias depois, entrou outra vez em Cafarnaum, e soube-se que estava em cas
2 — E logo se ajuntaram tantos, que nem ainda nos lugares junto à porta eles cabiam; e anunciava-lhes a palavra,3 — E vieram ter com ele, conduzindo um paralítico, trazido por quatro.4 — E, não podendo aproximar-se dele, por causa da multidão, descobriram o telhado onde estava e, fazendo um buraco, baixaram o leito em que jazia o paralítico.5 — E Jesus, vendo-lhes a fé, disse ao paralítico: Filho, perdoados estão os teus pecados.6 — E estavam ali assentados alguns dos escribas, que arrazoavam em seu coração, dizendo:7 — Por que diz este assim blasfêmias? Quem pode perdoar pecados, senão Deus?
8 — E Jesus, conhecendo logo em seu espírito que assim arrazoavam entre si, lhes disse: Por que arrazoais sobre estas coisas em vosso coração?
INTRODUÇÃO
Apesar de menor entre os quatro Evangelhos, o de Marcos tem sido tradicionalmente apresentado como o mais antigo deles e também fonte dos sinóticos (Mateus e Lucas). Trata-se, portanto, de um texto muito importante, cuja narrativa simples e direta destina-se a falar do essencial — o Evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus (Mc 1.1) — isto é, o novo tempo trazido pelo Senhor, cuja condição para dele fazer parte é o arrependimento e a fé (Mc 1.14,15).
Ao tratar primeiramente da questão do pecado na vida do paralítico de Cafarnaum, Jesus demonstra que este, na verdade, é o grande problema do ser humano.
I. O MINISTÉRIO DE JESUS CRISTO
1. Cafarnaum, cidade base do ministério de Jesus na Galileia. O texto bíblico da lição inicia informando que Jesus “entrou outra vez em Cafarnaum, e soube-se que estava em casa” (v.1). Situada às margens do mar da Galileia, Cafarnaum tornou-se a cidade escolhida por Jesus para fixar residência após Ele deixar Nazaré (Mt 4.12,13; 9.1). Tal iniciativa se deu de acordo com o texto bíblico e como já foi comentado, para que se cumprisse o que fora predito pelo profeta Isaías (9.1,2 cf. Mt 4.14-16), isto é, que para um povo sem esperança, uma grande oportunidade chegara, pois desde que João Batista fora preso, “veio Jesus para a Galileia, pregando o evangelho do Reino de Deus e dizendo: ‘O tempo está cumprido, e o Reino de Deus está próximo. Arrependei-vos e crede no evangelho’” (Mc 1.14,15).
2. A aglomeração de pessoas. Apesar de a questão cronológica não ser unanimidade em qualquer texto bíblico, é possível verificar no arranjo do texto de Marcos uma atividade intensa do Senhor Jesus na região da Galileia, ainda no início deste Evangelho (Mc 12). Jesus surge pregando a mensagem da chegada do Reino de Deus e convoca os primeiros discípulos, vai a sinagoga ensinar e ali liberta um homem que tinha um espírito imundo; dirige-se à casa de Pedro e cura a sogra deste, levanta-se de madrugada para orar e depois convida seus discípulos a ir às aldeias pregar e, nestes locais, Ele comparece nas sinagogas; por toda a região da Galileia e expulsa demônios, além de curar um leproso (Mc 1.14-45). Portanto, o fato de o Senhor estar em “casa” certamente significava uma pausa necessária para um descanso, mas isso não foi possível, pois quando souberam, “logo se ajuntaram tantos, que nem ainda nos lugares junto à porta eles cabiam” [...] (v.2a).
3. O anúncio da Palavra. Longe de irritar-se ou fugir, Marcos informa que diante da aglomeração que se formou, o Mestre fez o que lhe competia — “anunciava-lhes a palavra” (v.2b). O texto lembra outras ocasiões em que Jesus deixava de fazer outras coisas necessárias à vida para cumprir sua missão, pois tinha consciência de que o tempo de seu ministério terreno seria breve (Jo 4.31-34).
II. UMA GRANDE DEMONSTRAÇÃO DE FÉ
1. O valor da amizade. O versículo 45 do capítulo primeiro de Marcos informa que, após curar um leproso, “Jesus já não podia entrar publicamente na cidade, mas conservava-se fora em lugares desertos; e de todas as partes iam ter com ele”. Tal informação indica que o fato de Ele aguardar alguns dias para entrar em Cafarnaum tem uma razão de ser: provavelmente despistar a multidão para que pudesse estar em casa. Todavia, souberam que Ele “estava em casa” e então a aglomeração de pessoas foi inevitável (vv.1,2). Sabendo que o Senhor estava em casa, quatro amigos resolveram conduzir, em uma maca, um companheiro paralítico (v.3). Não é possível saber a distância que eles percorreram conduzindo aquele homem nas estradas poeirentas da Galileia, sob o sol escaldante, e nem se este era magro ou obeso. O certo é que aquele homem tinha quatro amigos e, como diz Provérbios, o “homem que tem muitos amigos pode congratular-se, mas há amigo mais chegado do que um irmão” (18.24).
2. Uma atitude ousada. Ao chegar a casa, “por causa da multidão”, os quatro amigos foram impedidos de aproximar-se de Jesus. Contudo, pela atitude dos quatro homens é possível verificar que sequer passou pela cabeça deles desistir. Marcos diz que eles descobriram o telhado da casa onde o Senhor “estava e, fazendo um buraco, baixaram o leito em que jazia o paralítico” (v.4). As casas simples daquela época possuíam uma escada lateral que permitia fácil acesso ao telhado que, muitas vezes, era utilizado como caixa d'água. A cobertura era basicamente feita de madeira, com uma camada de areia e basalto, que servia como material impermeabilizante. Portanto, não deve ter sido muito fácil “cavar” o telhado, fazer um buraco e baixar o homem paralítico até Jesus.
3. Uma fé quase palpável. Para alguém que estava pregando, tal movimentação certamente interrompeu o ato, não obstante, Jesus não se mostrou incomodado, antes, diz o texto, “vendo-lhes a fé” (v.5). A ousada atitude daqueles homens revelou uma fé quase “palpável”, pois o fato de trazer o amigo até ali e por causa da multidão não poderem ter acesso ao Mestre não os impediu de fazer algo inusitado e que poderia gerar um efeito contrário do que eles esperavam. No entanto, foi justamente essa ação, nada convencional, que fez com que o Senhor os atendesse.
III. UMA RESTAURAÇÃO COMPLETA
1. O questionamento dos doutores da Lei. Após ser interrompido pelos quatro amigos resignados que baixaram o homem diante de Jesus, o Mestre “vendo-lhes a fé, disse ao paralítico: Filho, perdoados estão os teus pecados” (v.5). Uma vez que, como já foi dito, havia uma associação muito grande entre sofrimento e pecado (Jo 9.1,2), o Senhor tratou primeiramente da questão que aflige a todos, trazendo restauração espiritual ao paralítico. Contudo, havia entre a multidão um grupo numeroso de escribas (v.6 cf. Lc 5.17), o qual seguia os passos de Jesus com intenções muito distintas das do povo (Lc 20.19,26). Estando ali assentados, começaram a questionar, argumentando em pensamento: “Por que diz este assim blasfêmias? Quem pode perdoar pecados, senão Deus?” (v.7). O Mestre, entretanto, “conhecendo logo em seu espírito que assim arrazoavam entre si”, os inquiriu acerca do porquê de estarem questionando (v.8).
2. As inquirições e o milagre. Se a primeira pergunta feita pelo Senhor já parecia surpreendente (como Ele sabia o que os escribas estavam pensando?), as próximas indagações vão muito além: “Qual é mais fácil? Dizer ao paralítico: Estão perdoados os teus pecados, ou dizer-lhe: Levanta-te, e toma o teu leito, e anda?” (v.9). É preciso notar que o Mestre não pergunta sobre o que é mais “difícil”, e sim o que é mais “fácil”. Denotando que não há nada que lhe seja impossível, pois Ele é Deus (Lc 1.37). Digno de nota é também o fato de que “dizer” que os pecados de alguém estão perdoados é algo subjetivo, mas ordenar a alguém, paralítico, que se levante, tome sua maca e ande, é algo completamente objetivo e verificável. E foi exatamente isso que Jesus fez. Utilizando um de seus títulos para referir-se a si, Filho do Homem, o Mestre então prova que tem poder para perdoar pecados, ordenando que o paralítico se levante, tome seu leito e dirija-se para sua casa (vv.10,11). Os que antes não queriam abrir espaço para os seus amigos que o trouxeram, tiveram agora que dar lugar para que ele mesmo passasse.
CONCLUSÃO
A grande mensagem desta lição é que Deus vê a nossa fé através de nossas atitudes e não simplesmente das nossas palavras e crenças. Outra mensagem é que muito mais importante do que se ter amigos, devemos ser amigos a ponto de fazer coisas que talvez até fuja daquilo que, religiosamente falando, é convencional e protocolar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário